domingo, 8 de fevereiro de 2015

A mensagem de Paulo

Nas igrejas que reconhecem e acatam a autoridade da Palavra de Deus, as Sagradas Escrituras ocupam um lugar de destaque. Os pastores destas igrejas devem pregar fielmente a mensagem bíblica às suas congregações, enunciando claramente nos seus sermões as verdades divinas.

Paulo, o evangelista e fundador de várias igrejas locais, enfatizava sempre a importância da pregação. Mas não a pregação de qualquer mensagem. Paulo tinha em sua mente que a mensagem do evangelho de Cristo estava fundamentada na graça de Deus.  A mensagem que Paulo recebeu de Deus para transmitir era a graça demonstrada de modo claro no plano de Deus traçado desde a eternidade para perdoar o pecador.

Efésios 2:8-10 nos diz: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas."

A mensagem pregada por Paulo tinha sempre esta mesma ênfase:

1) Paulo destacava a importância da fé. A fé não pode ser entendida como algo místico ou sem propósito, como muitos defendem hoje em dia. De modo bíblico, podemos definir a fé como a plena convicção a respeito do que Deus diz da maneira como diz na Sua Palavra. Fé é concordar que a Palavra de Deus é suficiente,  e que a salvação em Cristo é exclusivamente um presente de Deus. A salvação é apresentada nas Escrituras, o Espírito Santo guia o homem a entender esta plano de salvação e a aceitá-lo mediante a fé. A Bíblia diz que sem fé é impossível agradar a Deus, ou seja, sem a convicção embasada em quem Deus é e a Sua obra em prol de Sua própria glória, é impossível termos um relacionamento com Ele.

2) Paulo também destacava a importância do graça de Deus. A graça de Deus é um ensino profundo que não pode ser limitado por palavras humanas. Entender a grandeza da graça do Senhor é algo que foge dos limites de qualquer pessoa. Para a Sua própria glória, Deus nos amou de modo indescritível a ponto de enviar o Seu único filho para pagar o preço do pecado que pesava contra nós. Este ato de Deus é descrito na Bíblia como propiciação, ou seja, Deus foi propício ao pecador por meio do sacrifício de Cristo na cruz do Calvário. É a expressão mais evidente da graça do Senhor. Ele mesmo se fez carne para habitar entre pecadores, e consumar o pleno perdão a pecadores que mereciam a punição eterna.

3) Paulo também destacava o papel das obras. Na pregação de Paulo, o apóstolo inspirado por Deus não deixava dúvidas sobre o papel das obras na salvação. A prática de boas obras como caridade, jejum e devoção pessoal não levam ninguém a ter a salvação eterna. A Bíblia nos diz que as obras humanas são consideradas como trapo de imundícia, ou seja, sem valor nenhum para redimir o pecador diante de Deus. Nossas boas obras não pagam o preço que o Deus santo requer, pois a sua santidade é infinita e as obras humanas estão manchadas pelo pecado. Mas as obras tem um papel importante em evidenciar que alguém foi realmente salvo. Deus requer que os Seus filhos vivam de modo agradável, uma vez que já foram salvos e justificados pela graça de Cristo. Devemos, portanto, apresentar um testemunho saudável e claro sobre a transformação que Deus fez em nós através da prática de obras que glorifiquem ao nosso Pai que está nos céus.

Programa Viva com Cristo

sábado, 7 de fevereiro de 2015

A PUREZA CENTRALIZADA EM CRISTO

Corinto era um cidade conhecida internacionalmente pela sua devassidão. Era uma sociedade permissiva e corrompida moralmente. Não diferente dos nossos dias, um mundo imensamente obcecado pelo sexo como panaceia universal para o vazio de seus habitantes. Em nome da liberdade outorgada por Cristo, a maior premissa dos coríntios era: "Todas as coisas me são lícitas" (v. 12). Talvez fosse um lema coríntio ou uma frase de efeito usada pelo próprio Paulo. Mas não pode ser defendida cegamente sem um contexto devido e claro. Assim como a famosa frase que Agostinho proferiu certa feita: "Ame a Deus e faça o que quiser."

A chamada publicitária "Just do it" (apenas faça) é bastante comum nos outdoors. A ideia de não se importar com as implicações morais e as consequências danosas de um ato é a tônica do nosso tempo. Uma das muitas pichações nos muros da cidade de Berkeley, na Califórnia, no fim dos anos 60, dizia: "O sexo liberta".

O dilema de Paulo foi acentuado pela presença dos antinomianos e dos legalistas na igreja de Corinto. Ele estava fadado a lutar contra os dois lados: se fizesse concessões demasiadas numa direção, daria muita liberdade ao extremo oposto. Andar no Espírito sempre é equilibrar-se na corda bamba, entre a licenciosidade e o excesso de regras e regulamentos.

É importante lembrar que mundo de cultura grega no tempo de Paulo fomentava uma atitude estoica para com o corpo, como se ele fosse a camisa-de-força da alma. Um provérbio grego da época dizia: "O corpo é uma sepultura." A ideia de banalizar o corpo é diabólica. Dar ao corpo plena liberdade de ação e satisfação de cada capricho e fantasia era uma prática aceita e incentivada, porque este afinal não tem significado moral algum e certamente não afeta a alma e o espírito.

A frase “nem tudo convém” significa que não é proveitoso, não é útil ou não traz acréscimo. Paulo deseja que tudo o que façamos tenha um resultado positivo e efetivo em nossas próprias vidas e nas vidas com que nós cruzamos no dia-a-dia. É verdade que o evangelho cristão traz uma mensagem de liberdade, mas isso não significa que toda e qualquer coisa seja conveniente ou aconselhável. O modo como procedemos deve ser genuinamente conveniente para o nosso testemunho diário diante dos incrédulos.

Paulo ainda acrescenta: “Não me permitirei escravizar por nada.” Na verdade, o homem que precisa expressar a sua liberdade está escravizado à necessidade de provar que é um homem livre. O homem genuinamente livre não tem nada a provar. A verdadeira liberdade é não ser escravos do pecado, e sim escravos de Cristo. Nosso direito à liberdade está relacionado com a consciência tranquila de que o pecado não nos cega ou nos domina. Paulo é firme em declarar que não renderá o controle de sua vida a qualquer coisa ou pessoa, a não ser ao "Senhor Jesus Cristo" e ao "Espírito de Deus". Ele se considera um escravo de Jesus Cristo e por isso não permitirá, de modo algum, que a sua pessoa ou o seu comportamento sejam controlados por qualquer outra força.

Paulo continua o seu argumento destacando a questão do corpo dado a todo homem. Há uma diferença enorme entre o alimento, que é digerido pelo estômago e lançado fora pelo intestino, e o relacionamento sexual, que afeta a pessoa toda e não pode ser desprezado levianamente como um fenômeno puramente fisiológico. Os coríntios consideravam o sexo simplesmente como um apetite a ser saciado, não uma dádiva a ser utilizada no contexto apropriado designado por Deus. Mas Paulo insiste que apresentemos os nossos corpos a  Deus como sacrifício vivo. Se não forem expressas em nosso corpo, a obediência ou a desobediência não serão expressas em nenhum outro lugar. Deus não se dirige a nós como se fôssemos apenas mente, ou emoção, ou vontade, mas como pessoas com corpos. Seu interesse não está em atos abstratos, como o adultério em teoria, ou a imoralidade em teoria, mas o seu interesse está na pessoa toda que pratica tais atos.

A argumentação de Paulo prossegue nos versos seguintes (13-20) destacando pontos importantes para defender a pureza centralizada em Cristo:

a) O propósito do corpo no Senhor (v. 13)

"O corpo é para Cristo, para lhe pertencer e para servi-lo; e Cristo é para o corpo, para nele habitar e santificá-lo." Deus tem um propósito para os nossos corpos, e certamente não devemos ser indulgentes com eles em relação a qualquer tipo de imoralidade sexual

b) A ressurreição do corpo no Senhor (v. 14)

Nossos corpos não são dispensáveis, no sentido final: são a matéria-prima de uma criação mais gloriosa. É o poder dinâmico (dynameos) do Senhor que garante a ressurreição de nossos corpos; nenhum outro poder na terra poderia alcançar tal resultado. Devemos olhar para os nossos próprios corpos mortais frágeis e dizer com a mesma certeza: "Eu creio na ressurreição do corpo."

c) A interação do corpo com o Senhor (vs. 15-17)

Se os membros físicos de cada cristão realmente pertencem a Cristo, é inconcebível (como também imoral) abusar do corpo, buscando o relacionamento sexual com prostitutas. A intimidade envolvida no ato sexual não deve ser de modo algum banalizada pelo cristão, que ao buscar o sexo por meio de prostituição (impureza) torna-se um só corpo em pecado com o parceiro sexual.

d) A habitação do corpo pelo Senhor (v. 19)

Paulo prossegue afirmando que "o vosso corpo é santuário do Espírito Santo" (v. 19). O nosso corpo não é um simples invólucro orgânico de notável composição: é templo do Espírito Santo. Antes, Paulo afirmou que toda a igreja de Deus em Corinto era templo de Deus, advertindo seriamente qualquer um que pudesse destruir esse templo. Agora, ele usa a mesma metáfora para relembrar aos indivíduos cristãos em Corinto que Deus concedeu a cada um o dom da habitação do seu Espírito Santo de Deus. Este é ao mesmo tempo um privilégio e uma grande responsabilidade.

e) A redenção do corpo pelo Senhor (vs. 19-20)

"Não sois de vós mesmos... fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo." Antes de começarem a experimentar a liberdade para a qual Cristo os libertou, os coríntios encontravam-se na mais servil escravidão. Eram escravos de si mesmos, de seus desejos egocêntricos, da autossatisfação e das paixões físicas. Jesus redimiu os crentes mediante preço infinito e gracioso (o Seu próprio sangue), pagando o resgate necessário. Fomos libertos da futilidade e da servidão do estilo de vida anterior. Já que não pertencemos a nós mesmos, devemos ter uma postura digna para agradar aquele que nos comprou.

Urge que aprendamos do Espírito de Deus o que significa glorificar a Deus em nossos corpos. Paulo ordena energicamente aos coríntios que fujam de dois pecados: da imoralidade (6:18) e da idolatria (10:14). José precisou fugir dos ataques sexuais da esposa de Potifar. Os cristãos atualmente não precisam ser cidadãos de Corinto, nem atraentes visitantes das cortes egípcias imorais, para descobrirem a sabedoria prática de fugir das tentações quando elas aparecem. Somente os loucos é que zombam do pecado.

 

Estudo bíblico com base no livro: A Mensagem de 1 Coríntios - A vida na igreja local (Autor: David Prior)

sábado, 31 de janeiro de 2015

Roupa suja se lava em casa


A igreja de Corinto era mesmo complicada. Havia ali uma labuta espiritual a ser empreendida pelo apóstolo Paulo para trazer os membros daquela igreja a repensar o seu modo de viver e o testemunho que davam aos incrédulos. No contexto maior da carta, percebemos que existiam muitos egos inflados naquela comunidade de irmãos. E cada um tinha "os seus direitos" para defender, custe o que custasse. O apóstolo Paulo tràz à tona a questão de levar irmãos na fé até os tribunais do Estado, argumentando que estes problemas deveriam ser sanadas à luz da instrução bíblica.

Algumas considerações básicas podem ser feitas com base no texto em 1 Coríntios 6:1-11:

1) Os cristãos de Corinto davam um péssimo testemunho aos nãos cristãos.

Os crentes gentios em Corinto moviam ações judiciais contra irmãos e os levavam a debates no meio dos impíos (juízes do Estado). É importante salientar que os judeus incrédulos tratavam seus litígios nos tribunais das próprias sinagogas. Ao levar os problemas de cristãos aos tribunais do Estado e discuti-los diante de ímpios e incrédulos, os cristãos de Corinto enfraqueciam o testemnho do evangelho. Os irmãos coríntios que recorriam à justiça contra pessoas da própria igreja desonravam o nome do Senhor e da igreja.

2) A congregação não vivia à altura de sua posição em Cristo.

Os santos participarão do julgamento do mundo e até dos anjos caídos, portanto, devem ser capazes de acertar suas diferenças aqui na Terra. Os coríntios orgulhavam-se de seus dons espirituais maravilhosos, então porque não usavam do dom de discernimento para resolver seus problemas internos?

3) Os membros que processavam uns aos outros já eram derrotados.

Melhor é perder dinheiro ou bens (sofrer o dano) do que perder o testemunho por mover demandas judiciais contra irmãos em Cristo. Em um querela judicial entre crentes, ninguém sai ganhando exceto o diabo. Somos instruídos pelo próprio Cristo a deixar de lado "nossos direitos", para que o Seu nome seja exaltado por nossas ações neste mundo.

4) Os crentes são chamados a um viver transformado pelo poder de Deus

Com a frase "tais fostes alguns de vós", o apóstolo Paulo deixa claro que o poder santificador da graça divina agiu no meio dos coríntios. Lembrando que a cidade de Corinto era extremamente corrupta e imoral, mergulhada em devassidão total. Mas dentro deste ambiente de imundície, Deus separou um povo exclusivamente para Si, que deve dar evidências reais de transformação e testemunho coerente com as Escrituras.

EBD Jovens (Estudos na Primeira Carta de Paulo aos Coríntios)

sábado, 17 de janeiro de 2015

Submissão e discipulado

O tema de hoje será: "A submissão de Pedro à Palavra de Cristo e ao chamado para ser um discípulo", tendo como base o texto em Lucas 5: 1-11:

1 Aconteceu que, ao apertá-lo a multidão para ouvir a palavra de Deus, estava ele junto ao lago de Genesaré;
2 e viu dois barcos junto à praia do lago; mas os pescadores, havendo desembarcado, lavavam as redes.
3 Entrando em um dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da praia; e, assentando-se, ensinava do barco as multidões.
4 Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar.
5 Respondeu-lhe Simão: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos, mas sob a tua palavra lançarei as redes.
6 Isto fazendo, apanharam grande quantidade de peixes; e rompiam-se-lhes as redes.
7 Então, fizeram sinais aos companheiros do outro barco, para que fossem ajudá-los. E foram e encheram ambos os barcos, a ponto de quase irem a pique.
8 Vendo isto, Simão Pedro prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador.
9 Pois, à vista da pesca que fizeram, a admiração se apoderou dele e de todos os seus companheiros,
10 bem como de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus sócios. Disse Jesus a Simão: Não temas; doravante serás pescador de homens.
11 E, arrastando eles os barcos sobre a praia, deixando tudo, o seguiram.

Submissão é uma palavra bastante desgastada hoje em dia. Quando ouvimos falar em submissão logo vem a mente a imagem de uma pessoa obrigando outra a passar por algum constrangimento ou até ser maltradada para obedecer alguma ordem. Podemos imaginar a figura de um senhor que oprime os seus escravos de modo cruel, submetendo todos eles a uma vida bastante penosa.

Mas a submissão de que a Bíblia fala não se compara a este tipo distorcido de submissão. Quando Pedro ouviu a ordem de Jesus para lançar as redes novamente ao mar, ele foi imediatamente submisso porque reconheceu a autoridade de Cristo. Jesus estava pregando naquela região do lago de Genesaré, e todos reconheciam que Ele pregava com autoridade. Esta é a primeira lição deste encontro inicial de Pedro com Jesus: para sermos submissos precisamos reconhecer quem exerce a autoridade. Hoje em dia muitos falsos líderes querem mandar em Deus, determinando bênçãos, profetizando libertação e marcando hora para os milagres. Esquecem totalmente quem é o Senhor da história e que somente Cristo é o Rei supremo. Se não reconhecermos que Cristo tem autoridade e que a Sua Palavra é autoridade final sobre nossas vidas, nunca teremos condições de viver à luz do verdadeiro Evangelho.

Não podemos esquecer que somos escravos (doulos) de Cristo, mas esta escravidão não é de forma alguma penosa, pelo contrário é agradável e boa. Jesus mesmo disse: "Vinde a mim, vós que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei. Porque o meu fardo é suave e o meu jugo é leve" (Mateus 11:28-30). Em resumo, ser escravo de Cristo é a melhor forma de viver neste mundo.

Assim como Pedro, nós que somos discípulos do Mestre, estamos debaixo da autoridade de Jesus e da Sua Palavra. Portanto, não devemos viver de modo independente e autônomo, como fazem os pagãos que vivem escravizados aos seus desejos e paixões. Agora uma pergunta: quem ou o que exerce autoridade sobre você? Talvez seja a ganância por sucesso e riquezas, pode ser a loucura desenfreada por sexo e diversão, ou até mesmo algum relacionamento distorcido que você tem com alguma pessoa. Estes ídolos são senhores cruéis que cobram um alto preço e exercem um tirania sem comparação. A melhor decisão é submeter-se ao senhorio de Cristo, que nos oferece uma vida abundante e feliz sob a Sua maravilhosa autoridade. Não perca a oportunidade de seguir a Jesus como verdadeiro discípulo e experimentar uma grande transformação em seu coração.


Meditação para o Programa Viva com Cristo

sábado, 10 de janeiro de 2015

TU ÉS O CRISTO

Jesus levou seus discípulos para território gentio, na região de Cesaréia de Filipe. Nesta região norte da Palestina, a cerca de 190 quilômetros de Jerusalém havia uma forte influência de várias religiões: desde o culto a Baal a adoração ao deus grego Pan. Em meio a essas superstições pagãs, Pedro fez uma confissão marcante sobre Jesus: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”.

É impressionante como as pessoas criavam em suas mentes confusão a respeito de quem era Jesus, mas o discípulo Pedro prontamente reconheceu que não estava diante de um homem qualquer ou de mais um líder do povo judeu. Muitos tinha a ideia que Jesus seria um líder político que estabeleceria o seu governo e tiraria do poder os império romano que governava sobre Israel. Associar Jesus com João Batista ou com Elias tinha uma certa conotação revolucionária. Hoje muitos associam Jesus com um bom mestre, ou com alguém iluminado que viveu nesta terra. Ou simplesmente com um mártir que sofreu uma grande injustiça nas mãos dos homens.

A compreensão espiritual de Pedro para fazer esta afirmação tinha como fonte a iluminação divina. Afinal, as verdades espirituais só podem ser compreendidas por aqueles cujas faculdades espirituais foram despertadas por Deus (1 Co. 2:11-14). Pedro fez esta afirmação com base numa fé profunda em Jesus, diante de tudo o que Jesus já tinha ensinado e das maravilhas que Ele já tinha operado.

  • TU ÉS O CRISTO: Esta afirmação tem relação com a missão de Jesus, que veio como o Messias ungido por Deus para cumprir o Seu plano traçado desde a eternidade. Somente Jesus tinha qualificação para ser o CRISTO de Deus, aquele que pagaria o preço justo pelo pecado do homem na cruz do Calvário. Por isso, quando Pedro confessa que Jesus é o Cristo, ele está reconhecendo que a missão de Jesus tinha sido concedida diretamente por Deus e que somente Jesus estava apto para cumpri-la e satisfazer ao Pai.

  • O FILHO DO DEUS VIVO: Esta afirmação de Pedro tem relação com o reconhecimento da divindade de Jesus. Com estas palavras, Pedro declara que Jesus não era um homem comum, com fraquezas próprias do homem em pecado. Jesus não tinha pecado porque Ele foi concebido de modo divino, sendo gerado pelo poder do Espírito Santo. Isto é importante, porque somente alguém sem pecado poderia pagar o preço do pecado que a justiça de Deus Pai exigia.

É fundamental para a salvação confessar o que cremos a respeito de Jesus (Rm 10:9, 10). Pedro se torna um exemplo para todo aquele que declara a sua confiança absoluta em Jesus Cristo. Será se você já reconheceu o que Pedro afirmou com tamanha fé? Jesus não é um homem qualquer, nem o maior filósofo ou psicólogo que já existiu. Jesus é único e singular, Ele é o Senhor da terra e céu, Ele é o Cristo, o Filho do Deus vivo, que morreu a nossa morte para termos nova vida.


Programa Viva com Cristo

sábado, 3 de janeiro de 2015

O fracasso de Pedro


Todos conhecem a narrativa bíblica que apresenta o discípulo Pedro como aquele que negou a Jesus por três vezes numa mesma noite antes que o galo cantasse. É interessante notar que os quatro evangelhos registram este pecado de Pedro. Ele tinha um papel de liderança entre os demais discípulos e por conta da sua personalidade muitas vezes se precipitava tanto em palavras quanto em atitudes. Pedro era o tipo de pessoa que não pensa muito antes de falar, ele assumia riscos sem refletir seriamente no que estava dizendo. Na noite em que Jesus estava reunido com seus discípulos pela última vez, Pedro fez uma ousada declaração de fidelidade ao Mestre: “Ainda que todos te abandonem, eu nunca te abandonarei!” Pedro pensava que era melhor do que os outros, mas Jesus lhe disse que seria mais covarde do que todos. Aquele discípulo aparentemente destemido O negaria três vezes naquela mesma noite. O fracasso de Pedro pode ser explicado porque ele confiou demais em si próprio.

Mas é importante destacar que o fracasso de Pedro aponta também para a misericórdia de Deus. Os fracassos em nossa trajetória não são o ponto final. Deus muitas vezes utiliza-se de nossos fracassos para realçar ainda mais o poder d’Ele em nos moldar de maneira que traga glória ao Seu nome. A maravilhosa verdade do evangelho é que o nosso pecado aponta que carecemos de Cristo, o Salvador, todos os dias da nossa vida.

O escritor Dave Harvey, no livro Resgatando a Ambição, faz uma bela observação com base no fracasso de Pedro.

“O evangelho nos mostra que Jesus escolhe os que são fracassos para demonstrar a Sua glória. Pedro negou a Cristo três vezes e fugiu dele no momento de sua maior necessidade. Era um fracasso como discípulo e como amigo. O evangelho não faz sentido para aqueles que não se enxergam no fracasso de Pedro. Aqueles que não são fracassos não têm necessidade de boas novas. Jesus mesmo disse: “Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores” (Marcos 2:17). Somos pecadores, portanto, falhamos e fracassamos.”

Quero deixar duas orientações práticas com base neste episódio na vida de Pedro. Primeiro, não devemos confiar em nossas próprias habilidades orgulhosas. É muito fácil contar vantagens sobre nós mesmos, porque gostamos de ser o centro das atenções quando tomamos alguma atitude nobre. Mas devemos ser cautelosos para não confiarmos em nossa força, sabedoria, ou estratégia. Tudo o que somos e o que fazemos, o somos e o fazemos pela força que Deus supre. É sempre Ele quem nos supre com os recursos necessários para a vitória. Nunca devemos deixar brechas para o orgulho do nosso coração enganoso. Segundo, os fracassos de nossa jornada não podem ser vistos como o fundo do poço, quando não há mais esperança. De forma alguma! Deus restaura vasos quebrados que humildemente confiam em Sua graça, para usá-los de maneira extraordinária conforme os Seus planos soberanos. É só lembrarmos que o discípulo Pedro foi grandemente usado por Deus para expansão da Sua igreja. O Senhor é especialista em nos dar esperança real mesmo quando tudo desmorona em nossa volta. Ele é o restaurador fiel de corações contritos e arrependidos.

A pregação do cristianismo genuíno deve sempre iniciar com o fracasso do homem que não consegue agradar a Deus por si próprio. O homem não tem qualificações para entrar na presença do Senhor e ser-lhe aprazível. Somente por meio da obra redentora consumada mediante o sangue de Cristo, é que podemos ter acesso ao Pai sem restrições. Isto é pura graça, isto é o evangelho!

 

Programa Viva com Cristo
Estudando os personagens bíblicos

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Ano novo, vida nova. Será?

É interessante como a mudança do ano do calendário exerce uma influência quase mágica na mente de muitas pessoas. Não é incomum nesta época de início de um novo ano encontrarmos amigos ou parentes estabelecendo novas resoluções e metas para os próximos 365 dias. Às vezes pode ser uma dieta, um novo esporte, uma nova oportunidade de serviço, uma nova rotina diária para conquistar a tão sonhada vaga em um concurso público. Enfim, poderíamos elencar vários planos que são feitos geralmente no final de dezembro ou no início de janeiro.

O grande problema é que esta forma de encarar a vida pode trazer enorme frustração, pois muitas destas metas não são exequíveis no prazo de um ano. A euforia causada pelas festas de final de ano muitas vezes resultam em decisões que são tomadas e não são levadas ao trono de Deus em oração, para que haja efetividade real. São votos de um ano bom, com paz, saúde e realizações pessoais, mas que não estão alicerçadas numa devoção ainda mais clara e profunda ao Senhor do tempo.

Sendo assim, forma-se um estranho círculo vicioso que não leva a lugar nenhum, tal como a velha ilustração do cachorro que corre atrás do próprio rabo. É interessante avaliarmos nossas vidas, mas não apenas no final de ano. É prudente o estabelecimento de metas, mas podemos fazê-las em momentos diferentes do ano e certamente contaremos com a graça e recursos divinos para consecução de objetivos centrados n'Ele somente.

Votos de fim de ano são ridículos se não passam de verborragia vazia e falácia. É necessário muito mais do que resoluções. Precisamos arregaçar as mangas e agir sem covardia, para que os próximos dias que vivermos nesta terra sejam gastos com o que é de fato valioso e eterno. Não adianta fazer planos e corrermos atrás do vento, é vaidade, como disse o velho pregador do livro de Eclesiastes. Precisamos de um destemor que nasce de um relacionamento correto com Deus, via meditação e apreensão de verdades bíblicas úteis para cada dia do ano, e não somente para quando dezembro ou janeiro chegar.

Fazer votos e não cumpri-los é tolice, é brincar com Deus. Não sejamos crentes "eternas-promessas" que se contentam com vidas de faz-de-conta e assim desperdiçam o precioso tempo. Saiamos fora do arraial, prontos para combater o velho homem que prefere o comodismo. Que sejamos de fato homens e mulheres tementes ao Senhor em qualquer data do calendário (com alegrias ou dificuldades), pois para tal propósito é que fomos regenerados por Cristo e remidos pelo Seu sangue.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Disciplina Eclesiástica

"E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as."  (Efésios 5.11) 

Há dois tipos básicos de disciplina na vida da igreja:

A) Disciplina formativa (Aspecto Preventivo)

Advertência por meio de ensino (2 Tm 2.24-26; Tt 1.9); Admoestação sobre a seriedade do pecado (1 Ts 5.14; Tt 3.10-11).

B) Disciplina corretiva (Aspecto Repressivo)

O pecado já encontra-se consumado. O arrependimento não foi evidenciado pela via prescrita em Mateus 18, então a disciplina eclesiástica corretiva é aplicável ao pecador. A disciplina pressupõe uma preocupação ativa uns com os outros no Corpo de Cristo, pois o alvo é sempre corrigir as transgressões da lei de Deus entre o povo de Deus. Paulo percebeu a ausência total, entre os coríntios, de uma sensibilidade adequada diante de um pecado específico, que realmente provê aos inimigos do cristianismo um motivo ainda mais forte para amaldiçoar e ridicularizar as suas afirmações.

No capítulo 5 da carta, Paulo aborda o procedimento disciplinar em três contextos: a autoridade total de Jesus Cristo como Senhor (em nome do Senhor Jesus), a presença corporativa de toda a comunidade cristã em Corinto (apoiada pela sua própria presença em espírito, v. 3) e o controle soberano do Senhor sobre tudo o que Satanás tem permissão para fazer, mesmo a um cristão rebelde. Não se trata de o cristão, mesmo quando culpado do tipo de pecado grosseiro aqui descrito, perder a esperança na salvação eterna e distanciar-se do estado da graça. Pelo contrário, o pior dano que Satanás pode causar (a destruição da carne, v. 5) está totalmente sob a autoridade de Jesus Cristo.

OBS.: Convém destacar que esse membro excluído perderia toda a utilidade potencial de sua vida nesta terra e, portanto, toda a esperança de ser recompensado por sua mordomia fiel dos dons de Deus, quando chegasse à plenitude da vida eterna.

O fracasso da igreja atual ao exercer a disciplina correta na igreja geralmente brota de uma convicção distorcida, e talvez covarde, de que tais assuntos são atribuições da liderança, e não da congregação como um todo. Paulo dirigiu suas palavras de repreensão severa (não chegastes a lamentar) a toda a igreja, não apenas à liderança.


Propósitos da disciplina na igreja:

1) Para o bem da pessoa disciplinada
2) Para o bem de outros cristãos, quando percebem o perigo do pecado
3) Para a saúde da igreja como um todo
4) Para o testemunho coletivo da igreja (devemos marcar pela diferença)
5) Para a glória de Deus, quando refletimos a Sua santidade

Observações importantes:

- O resultado almejado da disciplina na igreja é sempre o arrependimento e a restauração do ofensor.

- A conivência ativa com o pecado (fermento) sempre vai acarretar maiores prejuízos para a igreja. Todo o culto e toda a vida da comunidade cristã se transformam em uma farsa, cheia de insinceridade e hipocrisia.

- O mundo anseia por ver uma igreja que leva o pecado a sério, que desfruta plenamente o perdão, e que, em seus momentos de reunião, mistura celebração cheia de alegria com um respeitoso senso da presença e da autoridade de Deus.

- O arrependimento genuíno consiste em mais do que tristeza e lágrimas (2 Co 7.9-11). O arrependimento verdadeiro torna-se evidente quando um transgressor está disposto não somente a abandonar seu pecado, mas também a confessá-lo a todos que são por ele afetados.

- A disciplina é designada para ajudar o cristão individual e a congregação a crescerem em piedade, e a fazer brilhar a luz da verdade de Deus sobre o erro e o pecado.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

A ressurreição e a vida

No Evangelho de João, está registrado que Jesus proferiu as seguintes palavras: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente.”  (Jo. 11:25-26)

O contexto desta passagem é bem conhecido. Lázaro, o amigo de Jesus, tinha morrido. Seu corpo estava em uma gruta que lhe servia de tumba. A decomposição do corpo tinha começado, pois o texto bíblico nos informa que o corpo havia 4 dias que fora sepultado e já fedia. Mas, o Senhor Jesus, ele mesmo senhor da vida e da morte, se aproximou da tumba e mandou tirar a pedra que fechava a entrada. 

Jesus é o Deus encarnado. Nele reside o pleno poder para trazer a vida alguém que já está morto. Quando Ele diz ser "a ressurreição e a vida", ele faz referência a este poder que modela todo o nosso mundo. O poder da ressurreição foi experimentado pelo próprio Cristo, após 3 dias de sua morte na cruz do Calvário. Muitas pessoas viram a Jesus após a sua ressurreição, e alguns discípulos o tocaram. Não era um espírito (como muitos afirmam), era o corpo humano do Senhor em todo a sua majestade e glória.

O mesmo poder que ressuscitou Lázaro e que operou na ressurreição do Senhor Jesus, será manifestado na vida daqueles que morreram em Cristo. Aqueles que tomaram o caminho da cruz, e morreram para o próprio EU, para suas vontades pecaminosas e se renderam ao senhorio de Cristo, certamente ressuscitaram para uma vida eterna. A graça que alcança o pecador é a mesma graça que triunfa sobre a morte. A fé em Jesus nos tira de um estado de morte espiritual e nos traz vida espiritual verdadeira. E o corpo que jaz num túmulo há de ressurgir para habitar eternamente com o Senhor nos céus. 

Este ensino é um dos pilares da fé cristã. Paulo nos adverte: “se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé” (1 Co. 15:14). E também: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.” (1 Co. 15:19).

Se você não é cristão e se ainda não ouviu o chamado da graça de Deus, eu o advirto que um dia você também será ressuscitado, não para vida eterna, mas para vergonha e horror eterno. E a você que é cristão, eu gostaria de exortá-lo a viver de modo digno de alguém que foi ressuscitado para uma vida nova, e que habitará eternamente com Cristo.


sábado, 13 de dezembro de 2014

PAULO: UM PAI ESPIRITUAL

O apóstolo Paulo apresenta-se como pai espiritual dos fieis em Corinto. Esta ilustração fala de uma relação estreita, familiar e próxima. Mas seus filhos espirituais se rebelaram contra sua autoridade, dando início a um longo e doloroso processo de conflito. Mas é importante perceber que Paulo não desistiu desta igreja rebelde e complicada. Com amor e firmeza ele soube dosar a doutrina correta para admoestar os coríntios. Admoestar significa literalmente “colocar alguma coisa dentro da mente”, com o objetivo de instruir e corrigir. Alcançar a mente com a verdade de Deus, que transforma o homem de dentro para fora é objetivo de todo fiel ministro do Senhor.

Paulo afirma que não era um mero preceptor – “paidagogos” (o escravo que tinha a responsabilidade de cuidar de uma criança e conduzi-la para a escola); seu papel tinha sido o de gerar muitos filhos espirituais por meio do Evangelho de Cristo. Vejamos como o apóstolo assumiu este papel de pai espiritual das pessoas que estavam sob a sua responsabilidade:

· O pai como exemplo para os filhos: ensinar não apenas por aquilo que diz, mas sobretudo por aquilo que faz. Paulo imitava a Cristo, e servia como exemplo para os seus filhos na fé. O que os coríntios deviam imitar em Paulo? A paixão e o zelo por um ministério centrado na pregação da cruz de Cristo, que não deixava espaço para orgulho ou qualquer presunção humana. Outra aspecto do ministério de Paulo digno de imitação era o fato de que ele não queria um fã-clube em seu nome. O que Paulo queria não era a fidelidade dos coríntios ao seu nome, mas a obediência ao seu exemplo como cristão. Outros textos que mostram este anseio de Paulo: “Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós” (Fp 3:17). “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1 Cor. 11:1).

Você tem sido um modelo para outros irmãos? Você poderia ser considerado um referencial de retidão para os que lhe rodeiam?

· O pai como disciplinador dos filhos: O pai não apenas promete disciplina, mas a aplica em justa medida. Há um momento em que a única forma de alcançar o coração do filho é o expediente da disciplina. Reter a vara do filho é pecar contra ele. Um pai que ama não pode ser indulgente com os filhos que insistem num caminho de rebeldia. Crianças mimadas são um grave problema na família; da mesma forma crentes mimados são a tragédia da igreja.

· O pai como canal de afeto e carinho para os filhos: a ternura do pai deve estar presente no trato com os filhos. Há sentimentos de proximidade, intimidade e amabilidade dentro da igreja que precisam ser cultivados pela liderança e por todos os cristãos. Vejamos outros textos bíblicos que mostram este caráter cuidadosos e atencioso de Paulo: “meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós” (Gl. 4:19) “Embora pudéssemos, como enviados de Cristo, exigir de vós a nossa manutenção, todavia, nos tornamos carinhosos entre vós, qual ama que acaricia os próprios filhos.” (1 Ts. 2:7). O servo de Deus precisa estar atento às necessidades daqueles que estão sob a sua liderança, exercendo sempre com fidelidade o papel de cuidador.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Propaganda enganosa

Texto: Mateus 6:1-8; 16-17

A propaganda ou publicidade enganosa é a que contém informação falsa capaz de convencer o consumidor a adquirir um produto ou serviço diferente do que pretendia - ou esperava - na hora da compra. De acordo com o Art. 37, do CDC, “considera-se enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, que seja capaz de induzir o consumidor a erro a respeito das características, qualidade, quantidade e propriedades de produtos e serviços.” Recentemente, a filial de uma grande marca esportiva na Austrália foi multada em R$ 700 mil por propaganda enganosa e condenada a pagar US$ 25 milhões em reembolso para os compradores de seus modelos EasyTone e RunTone. Segundo a campanha de marketing, o tênis “EasyTone” ajudavam a melhorar o tônus muscular das pernas com o simples ato de caminhar. A empresa anunciou falsamente que o tênis proporcionava 28% a mais de força e tonificação nos músculos e 11% mais força nos ligamentos e panturrilhas do que os tênis comuns. O problema é que este fortalecimento dos músculos não foi comprovado cientificamente pela fabricante do tênis.

E por falar em propaganda enganosa (que não fica somente no campo do marketing de grandes empresas), o presente texto nos apresenta Jesus expondo a raiz do problema no coração do homem. Ao longo do ministério de Cristo, os fariseus e escribas foram alvos de duras críticas porque por fora se mostravam muito piedosos, mas não passavam de uma fraude completa (por fora bela viola, por dentro pão bolorento). Eles alardeavam boas obras e atitudes caridosas, mas não estavam dispostos a romper com o padrão errado de interpretação das Escrituras e nem com o pensamento ímpio. No contexto do Sermão do Monte, Jesus passa a abordar três instâncias da vida muito comuns para o judeu (dar esmolas, orar e jejuar). Nestas atividades, a propaganda enganosa estava muito presente. As três abordagens seguem um padrão idêntico. Em imagens pitorescas e irônicas, Jesus pinta um quadro da falsa propaganda promovida pelos pretensos religiosos da sua época.

Mas não devemos ficar confortáveis nesta questão, pois na vida cristã autêntica não há espaço para a propaganda enganosa. Somos convocados a nos despir de qualquer dolo ou malícia, e nos revestir da verdade. Para isso, temos ao nosso dispor o auxílio do Santo Espírito e a orientação da Palavra da Verdade. Nunca foi projeto de Deus que aparentemente sejamos piedosos, precisamos verdadeiramente ser piedosos. A verdadeira piedade deve vir do interior. O homem regenerado é transformado radicalmente de dentro para fora. Aqueles que promovem propagandas enganosas não desejam esta transformação radical, preferem criar ilusões para si e para os outros.

PROPOSIÇÃO:

“Promover propaganda enganosa de piedade é inadmissível para os discípulos de Cristo”

Por três MOTIVOS:

Vamos acompanhar o argumento de Jesus para combater este terrível mal da propaganda enganosa no reino de Deus. Vamos abordar três motivos que estão presentes no seu argumento para que possamos ser despertados para um viver autêntico e sem máscaras. A pergunta que nos cabe ao longo deste sermão: será se somos promotores de propaganda enganosa? Será que as nossas vidas refletem o cristianismo genuíno e reto? Como discípulos de Cristo Jesus, não nos é cabível promover propaganda enganosa de piedade, e se o fazemos é por conta de nossa própria rebeldia e orgulho, que precisa ser urgentemente tratado à luz das Escrituras.


1) Porque Cristo enfatizou o caráter discreto da verdadeira piedade
"não toques trombeta... nas sinagogas e nas ruas" (vs. 2)
"ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita" (vs. 3)
“entra no teu quarto e, fechada a porta” (vs. 6)
“não vos mostreis contristados” (vs. 16); “com o fim de não parecer aos homens” (vs. 18)

A nossa natureza egoísta quer estar no centro dos holofotes. Por conta da queda preferimos endeusar a nossa imagem pessoal, e isto é feito de várias maneiras. Uma delas é ostentar atos piedosos em demonstrações públicas. Em geral, os fariseus tinham o costume de deixar bem evidente os atos praticados. “Tocar trombeta” é uma hipérbole que Cristo usa para denunciar e ironizar a forma calculada que os fariseus adotavam para que as pessoas notassem suas virtudes. A ilustração da mão esquerda que desconhece o que faz a direita reforça o ensino sobre a importância do sigilo. “Entrar para o quarto e fechar a porta” é a evidência de que o nosso relacionamento com Deus é nutrido sem a necessidade dos holofotes e dos aplausos humanos. Os fariseus desfiguravam o rosto quando jejuavam para apresentar uma expressão abatida, a fim de despertar atenção, suscitar compaixão e receber elogios. Em todos estes exemplos, fica evidente que o problema da falta de discrição estava na motivação incorreta, que tornava os fariseus devotos de si mesmos. Querendo ser admirados, eles buscavam pontos para si mesmos através da estratégia do espetáculo (Mateus 23:5-7). O ego dos fariseus desejava sempre estar inflado.

Ilustração: a discrição foi a marca na vida do nosso Mestre. Cristo não buscou chamar atenção para si em seu ministério, sempre houve discrição nos atos miraculosos que Ele realizava e não procurava ocasiões para exibicionismo. “Não clamará, nem gritará, nem fará ouvir a sua voz na praça.” (Is. 42:2). Ele buscou silenciar o entusiasmo gerado por suas curas (Mt. 9:30; Mc. 7:36).

Mas como conciliar o ensino de Jesus sobre a discrição dos discípulos com o ensino sobre ser luz que brilha entre os homens? À primeira vista, estas palavras parecem contradizer o seu mandamento anterior: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras” (Mt. 5:16). Não há contradição nenhuma, pois quando fazemos brilhar a nossa luz o objetivo é sempre que os homens glorifiquem ao nosso Pai e não a nós mesmos. Jesus não aprova nos seus discípulos nem a covardia (deixar a luz oculta) e nem a vaidade (brilhar para chamar atenção para si). Bruce resumiu bem: “quando tentados a esconder, devemos evidenciar a nossa fé e quando tentados a mostrar, devemos ser discretos.”

Na literatura de sabedoria discrição está associada com prudência e discernimento. A discrição também está diretamente atrelada com a humildade, e deve ser uma característica permanente na vida de todo cristão. Chamar a atenção em benefício próprio é uma tentação sempre presente, é muito tentador “tocar a nossa própria trombeta” para sermos percebidos e aclamados. Jesus nos convoca a uma vida piedosa que seja marcada pela discrição, sem nenhuma ostentação dos feitos realizados em prol do reino de Deus. Não somos chamados a alardear os nossos atos de misericórdia, quando feitos em favor de pessoas (esmolas, ajuda) ou em favor de nossa própria alma (oração, jejum). Os ministérios na igreja devem ser exercidos com discrição e sem estrelismo.

Obviamente, não há nenhum problema em fazer orações em público, como por exemplo na igreja, mas o genuíno discípulo não faz da sua oração um discurso de autoglorificação. A oração privada deve ser o alicerce das orações feitas em público. Sem vida privada de oração, as orações em público podem resultar em espetáculo. A oração particular é o melhor treinamento para a oração pública. Não há nenhum problema em repartir o que Deus tem nos dado com outros menos favorecidos, mas isto não deve ser feito visando glória pessoal e destaque. Sermos generosos e misericordiosos é bíblico, mas a vanglória sobre estes atos é plenamente carnal. É diabólico tentar construir a nossa reputação com propaganda de atos piedosos, que visam alimentar o nosso ego. Portanto, é necessário muito cuidado com o que fazemos como representantes do Senhor.


2) Porque Cristo enfatizou o padrão superior da verdadeira piedade
“não toques... como fazem os hipócritas” (vs. 2)
"não sereis como os hipócritas" (vs. 5)
"não vos mostreis contristados tal como os hipócritas" (vs. 16)

As recomendações repetitivas do texto (não toques, não sereis, não vos mostreis) servem para salientar que o que Cristo requer dos seus seguidores é um procedimento muito superior. Nesta exortação do Mestre, há um contraste implícito entre duas concepções de vida: uma superficial e cheia de falsidade e uma altaneira e autêntica. O padrão de Cristo para os discípulos ultrapassa em muito a justiça mesquinha dos homens, por isso ele mesmo alertou: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus” (Mt. 5:20). Visto que a justiça dos fariseus estava corrompida por intenções medíocres e razões maliciosas, o discípulo de Cristo deve mirar o padrão de excelência que o próprio Mestre demonstrou. Jesus não era um ator representando um papel, Ele era a própria verdade encarnada entre os homens pecadores. Os hipócritas eram atores de palco que se apresentavam representando um estereótipo, mas, na concepção de Jesus, hipócrita é alguém que usa atos de piedade deliberadamente para esconder seus pecados e promover o benefício próprio. Os hipócritas escondiam-se atrás de máscaras; da mesma forma podemos estar interpretando um papel com objetivos mesquinhos e sem avanços efetivos na vida cristã. O discípulo não deve adotar um estilo de vida marcado por rituais e falso moralismo, tal como os fariseus.

Ilustração: a vida de Daniel é um forte exemplo de alguém que não se deixou levar pelo padrão que estava a sua volta. Mesmo sendo levado cativo para uma terra estranha e hostil, Daniel resolveu firmemente não se contaminar com as iguarias que eram oferecidas nos banquetes do rei da Babilônia. Não se tratava de adotar uma mera dieta diferenciada. Daniel tinha como objetivo um padrão superior de conduta que estava alinhada com a pureza diante de Deus. Ele não seria incomodado se adotasse os mesmos alimentos, mas sua consciência estava cativa à autoridade de Deus, e por isso não se deixou contaminar. Daniel, a despeito das perdas, não foi um jovem influenciado, mas um influenciador. Ele não negociou seus valores, não se corrompeu e não se mundanizou. O desafio é sermos cristãos resolutos e constantes em nossa decisão de agir com base no padrão elevado da Palavra de Deus, cristãos acima da média.

Precisamos marcar esta geração pela diferença adotando o estilo de vida reto. Mesmo que a maioria das pessoas se porte com base em conveniências, o cristão genuíno não se conduz como a maioria. Somos convocados a viver “fora da moda”, rumando sempre contra a maré que tenta nos impulsionar a abandonar princípios e valores do reino em prol da aceitação popular. A vida não é um palco de teatro no qual representamos um papel, somos chamados a viver a realidade de um padrão superior que segue na contramão de qualquer conveniência. Neste mundo, não há padrão moral e ético mais elevado do que o Cristianismo; nenhuma filosofia humana pode ser comparada com os ensinos e sabedoria provenientes das Escrituras. Enquanto as pessoas deste mundo se nivelam por baixo, o cristão busca o que é superior e age conforme um cidadão dos céus.

O Evangelho está tão diluído em nossos dias, que a decisão de adotar o padrão superior de conduta muitas vezes encontrará resistência até dentro dos arraiais cristãos. Por isso é que as máscaras são colocadas, mas e quando a máscara cair? Deus requer autenticidade em nossos atos, pensamentos e decisões. John Stott escreveu: “A justiça que agrada a Deus é a justiça motivada pelas razões corretas, que brotam de um relacionamento correto com Deus.” Temos o auxílio do Senhor para evidenciarmos o padrão digno do Evangelho de Cristo que nos resgatou das trevas. Somos constrangidos pelo Seu imenso amor a vivermos de modo coerente com os Seus ensinos, nos distanciando cada vez mais das encenações teatrais revestidas de piedade. Fomos chamados para sermos discípulos que fazem a diferença e buscam a excelência.


3) Porque Cristo enfatizou o valor inestimável da verdadeira piedade
"...eles já receberam a recompensa." (vs. 2; 5; 16) – Valor efêmero
"...e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará" (vs. 3, 6, 18) – Valor duradouro

Os fariseus se contentavam com o reconhecimento e aplausos dos homens ao redor. No entanto, os aplausos dos homens servem para alimentar o ego apenas por um certo momento, e depois é necessário mais empenho para obter mais reconhecimento: é um verdadeiro círculo vicioso. Cristo ressalta que esta busca por ninharias está em total contraste com o eterno peso de glória reservada aos discípulos genuínos, que são e serão recompensados diretamente pelo Pai. O que é duradouro (recompensa eterna) entra em contraste com o que é efêmero (eles já receberam sua recompensa). Nosso velho homem gosta muito de aplausos, e na maioria das vezes somos movidos por aplausos. Em submissão à Cristo, o discípulo reconhece que importa muito mais ter o louvor do Senhor sobre as nossas vidas do que o louvor humano. O valor inestimável da verdadeira piedade está alicerçado na pessoa de Deus que promete recompensar de modo abundante os servos piedosos. Por isso, o discípulo de Cristo busca satisfação em ter a aprovação de Deus sobre a sua vida: “muito bem, escravo bom e fiel, entra no deleite do Teu Senhor”.

Ilustração: O missionário americano Jim Elliot sabia do valor inestimável de ter aprovação do Senhor. Ele e outros missionários resolveram levar o Evangelho para a tribo dos Aucas no Equador, que era totalmente hostil a qualquer pessoa de fora. Jim disse: “Não é tolo aquele que dá o que não pode guardar para ganhar o que não pode perder.” Mesmo em face da morte, ele mirava a recompensa eterna, que não se compara a nada neste mundo cheio de enganos.

Existem recompensas para o povo fiel que não se omitiu de servir humildemente a Cristo, mesmo com a constante pressão de agradar aos homens. Tanto recompensas terrenas, quanto eternas, administradas e entregues pela boa mão do nosso Deus. A própria alegria de quem foi abençoado por alguma atitude do cristão já deve ser considerada como uma grande recompensa. Ter um coração livre e generoso para ser um canal de graça, por si só já se constitui numa grande recompensa, afinal “mais bem-aventurado é dar que receber” (At. 20:35). Para o cristão, ter momentos em que pode desfrutar da comunhão com Deus em oração e comunhão com Sua Palavra é uma recompensa que dispensa qualquer outra satisfação nesta vida. Ser nutrido e alimentado pelas verdades eternas que aprimoram os nossos valores, é uma recompensa que nenhum louvor humano pode substituir. Mais uma maravilhosa recompensa: quando observamos o caráter de Cristo sendo formado em nós por conta do agir santificador de Deus. Não há recompensa maior do que sermos “herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo” (Rm. 8:17).

Os galardões são as benditas recompensas eternas que estão reservadas aos santos. Jesus falou muito sobre galardões eternos que estão prometidos aqueles que sofreram perseguição em Seu nome ou pela fidelidade ao chamado. O escritor da carta de Hebreus nos fala que uma das evidências da fé genuína é apoiar-se neste fato: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador (alguém que recompensa de forma justa) dos que o buscam” (Hb. 11:6). O ensino do apóstolo Paulo é que as realizações de cada crente serão galardoadas diante do Bhema: “Pois importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo.” (2 Co. 5:10).

A certeza da recompensa futura deu ao apóstolo Paulo uma ousadia inabalável para testemunhar a respeito de Cristo Jesus até o crepúsculo da sua vida (2 Tm. 4:7-8). Obviamente, isto não deve nos tornar mercenários (caçadores de galardão), mas cristãos cada vez mais comprometidos com a corrida que nos está proposta. Muito embora Deus não seja obrigado a nos recompensar, faz parte da Sua natureza ser dadivoso e Ele regozija-se em galardoar os Seus filhos amados que cumprem o Seu querer. Grande riqueza é ter o sorriso de Deus sobre nós!

 

Sermão pregado dia 23/11/2014
IGREJA BATISTA REGULAR JARDIM AMAZONAS
Soli Deo Glori

sábado, 22 de novembro de 2014

A parábola dos dois filhos

Texto: Mateus 21:28-32

Somente no Evangelho de Mateus encontramos a parábola a respeito dos dois filhos. Ele é caracterizada por ser curta e simples. Em resumo, a parábola nos ensina que a pessoa que se recusa a fazer o que lhe é pedido, mas que mais tarde muda de ideia e faz a tarefa, é melhor do que aquela que promete cuidar de suas obrigações, mas nunca as realiza.

Jesus contou que certo pai possuía uma vinha que era a fonte de renda da família. Esta vinha deveria ser cultivada por todos os membros da família. Fazia parte da cultura judaica os filhos estarem diretamente envolvidos no cultivo das videiras para sustento da casa.

O pai se dirigiu então ao primeiro filho, que de maneira polida concordou em ir trabalhar na vinha: “Sim, Senhor”. Ele mostrou cortesia e respeito ao seu pai. O problema é que este não foi para a vinha. Este primeiro filho iguala-se aos líderes religiosos (escribas e fariseus) cuja justiça própria os impede de responder bem a qualquer chamada ao arrependimento. Eles se mantêm rebeldes e não admitem a necessidade de mudança de direção. São os justos que se acham bons, honram a Deus com palavras, mas não estão dispostos a obedecer na íntegra ao que diz a Palavra de Deus.

O pai se dirigiu ao segundo filho e disse-lhe para ir trabalhar na vinha. O filho sem se preocupar em mostrar cortesia ao seu pai, respondeu apenas: “Não quero”. Sua má vontade prevaleceu naquele momento, mas depois, arrependido, foi trabalhar na vinha. O segundo filho, que se nega a ir, mas depois muda de ideia e vai, corresponde aos publicanos e pecadores que, embora de início estivessem longe de ser justos, depois se arrependeram e mudaram de postura como resultado da pregação do Evangelho.

Embora seja uma parábola curta e simples, a sua mensagem não é de modo algum trivial. Ela nos mostra o ensino presente em todas as páginas das Escrituras: É melhor obedecer do que ter um excelente discurso evangélico. Obediência que implica em mudança prática de direção na vida. Jesus disse aos seus discípulos em outra ocasião: “Vós sois meus amigos se fazeis o que eu vos mando” (Jo. 15:14). O próprio Jesus falou abertamente contra aqueles que honravam a Deus com os lábios e cultivavam uma aparência piedosa, mas que não se dobravam diante da autoridade dos Seus ensinos. Ele questionou os que não lhe prestavam obediência: “Por que me chamais Senhor e não fazeis o que eu vos mando?”

O cristianismo bíblico não é para ser vivido com base em verborragia vazia. Muitos que se dizem servos de Deus apenas fazem belas confissões de fé sem implicações práticas. Como cristãos, precisamos seguir os passos de Jesus e devotar-lhe obediência irrestrita pois o nosso objetivo deve ser avaliarmos a nós mesmos como servos inúteis: aqueles que fazem apenas o que foi mandado. A auto-avaliação como servos inúteis já está de bom tamanho, já que a essência do ensino de Cristo pode ser resumida nas palavras de Tiago: “Tornai-vos pois praticantes da Palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tg. 1:22).


Programa Viva com Cristo
Série: As parábolas que Jesus contou

sábado, 15 de novembro de 2014

O credor sem compaixão

No Seu ministério, Jesus fortemente condenou o espírito orgulhoso, impiedoso e sem compaixão de pretensos religiosos, e isto fica bastante claro na parábola do servo incompassivo, peculiar ao Evangelho de Mateus (Mt. 18.23-25). A parábola nos mostra a figura de um rei, bastante compassivo e bondoso, que perdou ao seu servo uma dívida muito grande. Depois observamos o servo que foi perdoado agindo sem a menor compaixão com outro conservo que lhe devia uma quantia infinitamente menor. Em vez de compartilhar com esse conservo a alegria do perdão que havia recebido, o servo perdoado o maltratou e exigiu que lhe pagasse toda a dívida.

A pergunta-chave que nos resta desta parábola é a seguinte: Uma vez que havia sido perdoado, o servo não deveria também perdoar o seu próximo? Ou: uma vez que recebemos um perdão tão imenso do Senhor não deveriamos nós agir com graça para com nossos irmãos?

Deus nos perdoou de uma dívida eterna, que nenhum homem teria condições de pagar. O preço deste perdão foi elevadíssimo, o preço do sangue puro e santo do Cordeiro de Deus, Cristo Jesus. O cristão que foi remido por este sangue estava totalmente falido espiritualmente, caído em pecado e rumava para a morte. Mas Deus, que é rico em misericórdia e graça, tomou a iniciativa de amar de modo abundante, e fez o que é humanamente absurdo: perdoar os próprios ofensores que não tinham mérito nenhum. Então, você e eu, que somos cristãos precisamos entender que o perdão que nos alcançou não cabe em nenhuma definição humana, pois a graça de Deus vai muito além do nosso raciocínio e lógica.

Mas quando estamos na posição de credores e encontramos pessoas que estão em dívida em relação a nós? Talvez alguém que nos causou algum mal, ou que não nos ajudou quando precisamos. Será que estas pessoas terão a oportunidade de enxergar em nossas atitudes o mesmo perdão que um dia nos alcançou através de Cristo Jesus? É pela forma de tratar os outros que revelamos a verdadeira condição de nosso coração. Quando nosso coração é humilde e contrito, perdoamos nossos irmãos com prazer sem exigências mesquinhas. Mas onde há orgulho e desejo de vingança é porque não houve verdadeiro arrependimento. A forma como tratamos os que nos devem indica claramente se somos ou não filhos de Deus, se fomos ou não regerados pelo graça perdoadora do Senhor e se há em nós a verdadeira fé que brota da ação do Espírito Santo.

Será se já não é hora de você descer do seu pedestal de orgulho e tratar os outros da forma como Deus tem lhe tratado? Se o nosso objetivo é de fato honrar a Deus por meio dos nossos relacionamentos, precisamos desistir de viver de modo egoísta e sem piedade para com o próximo. Não podemos agir como credores sem compaixão, pois todos os dias precisamos da compaixão divina em nosso favor, senão seríamos duramente consumidos.

"Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós" (Colossenses 3:13).


Programa Viva com Cristo
Série: As parábolas que Jesus contou

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Um namoro excelente

A chave para qualquer relacionamento e para qualquer decisão correta na vida é a INTEGRIDADE. No relacionamento com Deus, Ele requer de nós integridade, o que envolve devotar-Lhe todo o nosso ser (coração, alma e entendimento) em amor e obediência. Deus não se agrada que sejamos pessoas divididas entre duas ou mais afeições, pois Ele se relaciona com a inteireza do nosso ser. A integridade também deve ser a marca de nossas amizades. Não podemos criar vínculos fortes com nossos semelhantes sem que a inteireza de propósitos e expectativas sejam colocadas à mesa. É triste ver relacionamentos que se rompem com facilidade porque não há integridade por parte das pessoas envolvidas. Da mesma forma, quando pensamos em namoro cristão com excelência é fundamental que haja integridade entre o casal, até porque o propósito maior dos laços estabelecidos no namoro é o estreitamento de vínculos para o casamento. Se não for este o propósito, perde-se totalmente a direção e não haverá avanço efetivo no relacionamento a dois.

O namoro cristão não deve ser uma espécie de passatempo ou apenas enrolação. Quando não há uma visão orientada para o futuro, apenas com ênfase em viver a intensidade do momento "aqui e agora", o casal de namorados corre um sério risco de contrair a paixonite aguda. Por isso que o casal cristão de namorados deve rejeitar de pronto a mentalidade mundana que é vendida nas propagandas e filmes do cinema. O homem e mulher que desejam honrar a Deus não devem se submeter ao padrão vigente nesta sociedade que jaz no maligno, pois o padrão de Cristo para os remidos é mais elevado e mais excelente.

Concentrar na intimidade física é claramente pecaminoso. Deus exige pureza sexual do Seus filhos. E Ele faz isso para o nosso próprio bem. O envolvimento físico na maioria das vezes distorce a perspectiva de cada um dos namorados e os leva a tomar decisões erradas. Muita energia desnecessária é gasta no processo de aumentar a intimidade física de um casal, mas os resultados não serão proveitosos. O envolvimento físico faz com que duas pessoas se sintam próximas, quando na realidade seus corações estão totalmente distantes um do outro. Assim, o relacionamento é nada mais do que uma ilusão.

Com base no que o pastor Hernandes Dias Lopes postou no início deste ano, quero comentar alguns pontos que se referem ao namoro entre cristãos. O namoro pode ser a antessala de um bom casamento ou o prelúdio de um grande desastre. Para se ter um bom namoro, alguns princípios devem ser observados:

1) Ouvir os conselhos dos pais (honrar e submissão os pais é fundamental, em qualquer estágio de nossas vidas, pois os nossos pais são autoridades constituídas por Deus para nos orientar);

2) Namorar uma pessoa de caráter (busque ser alguém que se submeta aos valores e princípios cristãos, e procure uma pessoa assim também);

3) O namoro precisa ser respeitoso (nada de querer se aproveitar da outra pessoa, fazendo dela um objeto para satisfação de desejos carnais e egoístas);

4) O namoro precisa objetivar o casamento (se não há este objetivo, é melhor que não dar prosseguimento ao relacionamento, evitando maiores frustrações e pecados ao longo do tempo);

5) O namoro precisa ser regado de afeto e não de atitudes egoístas, possessivas, ciumentas e agressivas (os frutos do Espírito devem estar presentes em qualquer relacionamento: amor, alegria, paz, longanimidade, fidelidade, mansidão, domínio próprio);

6) O namoro precisa ser com uma pessoa que conheça a Deus (namorar com ímpios é uma afronta ao Senhor que nos remiu por meio de um alto preço, um jugo desigual não vai acabar bem);

7) O namoro precisa tornar os namorados mais felizes (quando o namoro aprisiona os dois num relacionamento centralizador, até com agressões verbais ou físicas, é um claro sinal de que o trem não está nos trilhos).

O homem que pretende namorar deve ser homem o suficiente para tratar uma mulher corretamente, sabendo que está submisso ao que Deus diz em Sua Palavra, esforçando-se para ser verdadeiro e íntegro em todas as suas ações. As mulheres devem lembrar sempre que o seu namoro precisa apresentar um padrão elevado, exigindo tudo que é real e honesto para o bem do relacionamento. Os bons namoros exigem trabalho, paciência, autodisciplina, sacrifício e submissão. Nesta trilha haverá choro e dor, mas os resultados produzidos serão excelentes, sem os quais o casamento não resistirá às tempestades e dificuldades da vida a dois.

Como servos e filhos de Deus, o homem e mulher cristãos precisam rejeitar com vigor as noções egoístas de que o namoro tem a ver com o que pode ser obtido ao invés do que pode ser dado. O apóstolo Paulo escreveu: “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros” (Filipenses 2:4). Além disso, cada relacionamento é uma oportunidade para dar forma e expressão ao amor de Cristo. O mundo saberá que seguimos a Cristo pela maneira como amamos uns aos outros. É nosso privilégio como cristãos mostrar a este mundo em trevas um padrão excelente de um namoro que visa a glória de Deus, sem artíficios carnais, mediocridade ou chantagens emocionais.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Contracultura cristã

Comentando sobre o discurso mais conhecido de Jesus, o Sermão do Monte, John Macarthur nos apresenta um resumo bem claro das palavras do Mestre. Observe que Jesus deixou evidente que a mensagem do cristianismo que Ele mesmo inaugurou é diametralmente oposta a tudo que este mundo defende e valoriza.

Os “pobres em espírito” (v. 3) são os que sabem que não têm recursos espirituais próprios. Os que choram” são pessoas contritas, que realmente sofrem por causa de seus próprios pecados. Os humildes” (v. 5) são os que realmente temem a Deus e sabem que não são dignos à luz da santidade de Deus. Os que têm fome e sede de justiça” (v. 6) são os que, tendo se desviado do pecado, anseiam o que Deus ama. Essas quatro bem-aventuranças são qualidades internas da fé autêntica. Descrevem o estado do coração do cristão. Mais especificamente, descrevem como o cristão se vê diante de Deus: pobre, triste, humilde e com fome.

As últimas quatro bem-aventuranças descrevem as manifestações externas dessas qualidades. Concentram-se principalmente no caráter moral do cristão e descrevem como deveria ser o cristão autêntico para um observador objetivo. “Os misericordiosos” (v. 7) são os que, como beneficiários da graça de Deus, estendem essa graça aos outros. “Os puros de coração” (v. 8) descrevem pessoas cujos pensamentos e ações são caracterizados pela santidade. “Os pacificadores” (v. 9) referem-se principalmente àqueles que espalham a mensagem da “paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 5:1) — que é a única paz verdadeira e duradoura. E, obviamente, “os perseguidos por causa da justiça” (Mateus 5:10) são cidadãos do reino de Cristo que sofrem por causa de sua associação e de sua fidelidade a Ele. O mundo os odeia porque odeia Cristo (João 15:18; 1 João 3:1,13).

A ordem é significativa. Quanto mais à risca a pessoa viver de acordo com as sete primeiras bem-aventuranças, mais sofrerá a perseguição mencionada na oitava. Todas essas qualidades divergem radicalmente dos valores do mundo. O mundo valoriza mais o orgulho do que a humildade, ama a alegria ao pranto, acredita que a agressividade obstinada é superior à verdadeira mansidão e prefere a satisfação dos prazeres da carne a uma sede da verdadeira justiça. O mundo considera com total desprezo a santidade e a pureza de coração, desdenha todo pedido de paz com Deus e constantemente persegue quem é, de fato, justo. Jesus não poderia ter inventado uma lista de virtudes que estivesse mais em desacordo com sua cultura.

 

JOHN MACARTHUR
LIVRO: A OUTRA FACE DE JESUS