quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Adoração - um propósito sublime

"Palavra que da parte do Senhor foi dita a Jeremias: Põe-te à porta da Casa do Senhor, e proclama ali esta palavra, e dize: Ouvi a palavra do Senhor, todos de Judá, vós, os que entrais por estas portas, para adorardes ao Senhor."
Jeremias 7: 1-2


UM PROPÓSITO TÃO SUBLIME COMO A ADORAÇÃO EXIGE DE NÓS ALGUMAS MUDANÇAS URGENTES


1) DE UM PROCEDIMENTO NEGLIGENTE PARA UM PROCEDIMENTO EXCELENTE

“Emendai os vossos caminhos e as vossas obras.” (Vs. 3)
“Se deveras emendardes os vossos caminhos e as vossas obras.” (Vs. 5)

O povo estava trilhando caminhos pecaminosos e não praticando obras reprováveis por Deus. Este era o quadro que o profeta Jeremias tinha diante de si. Uma completa negligência em proceder de modo agradável a Deus e uma completa ruptura com os padrões de santidade que Deus exigiu para o seu povo. E mesmo com este procedimento, o povo se dirigia ao templo do Senhor com a intenção de adorar ao Senhor, como se não tivessem feito nada. Jeremias foi muitas vezes incisivo com aqueles rebeldes, e não deixou de alertá-los sobre as conseqüências de tais atos.
A vida do cristão deve ser um testemunho vivo e permanente da transformação efetuada pelo Espírito Santo de Deus. O nosso procedimento está intimamente ligado à adoração, porque a nossa vida dever ser um culto ao Senhor. Se desejamos adorar ao Senhor na beleza da Sua Santidade, devemos afinar nosso procedimento, conforme ele mesmo requer de nós: “Sede santos, porque eu sou santo.”
A vida de muitos crentes é um completo estorvo porque não adoram a Deus através de um procedimento excelente. O nosso testemunho precisa estar alinhado com o propósito para o qual vivemos. Não devemos negligenciar os padrões que Deus exige e continuar afirmando com os lábios que adoramos a Deus.


2) DE UMA COMPREENSÃO DISTORCIDA PARA UMA COMPREENSÃO COERENTE

“Não confieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este.” (Vs. 4)

O povo de Israel compreendia de forma distorcida a essência da adoração. Para aqueles adoradores, o templo era um local “diferenciado”, e portanto deveriam dedicar-se a adorar ao Senhor somente no templo. Assim, eles transformaram o templo num covil de salteadores (Jr. 7:11), onde se reuniam para aliviar a consciência cumprindo rituais vazios de significado. O grande problema foi a supervalorização do “local”, uma ênfase exagerada na suntuosidade do grande templo construído por Salomão. A questão importante aqui não é o onde, mas o como e a quem.
Ex. ilustração: (Mulher samaritana). A mulher samaritana também possuía uma compreensão distorcida sobre adoração. Ela associava adoração a ajuntamentos no monte Gerizim, que era o local de culto escolhido pelos samaritanos. João 4: 20-24 nos mostra este episódio. Jesus responde que adorar a Deus é uma atitude que extrapola os limites impostos por templos e rituais.
“Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” (João 4: 23,24)
“Adorar em espírito é o contrário de adorar de maneiras meramente externas. É o contrário do formalismo e do tradicionalismo vazios. Adorar em verdade é o contrário da adoração baseada em um entendimento inadequado de Deus.” (JOHN PIPER)
Nós precisamos ter também uma compreensão coerente a respeito do significado da adoração. Não devemos restringir a adoração aos cultos ou a reuniões da igreja. É claro que congregar-nos como irmãos é importante, traz comunhão e progresso para o corpo. Mas o grande risco que corremos é supervalorizar os finais de semana e os cultos da igreja, como se a adoração a Deus estivesse restrita ao templo.
A coerência está implícita quando Paulo nos exorta a apresentar os nossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o culto racional (Rm. 12:1). Esta compreensão precisa estar alinhada com o culto que prestamos a Deus, e somente assim poderemos apresentar um sacrifício de adoração que seja agradável ao Senhor.
Nós somos templo do Senhor (I Cor. 6:19), e esta compreensão nos leva a ter uma postura de adorador em todo momento. A vida do cristão deve ser um culto constante. Quantas pessoas não colocam toda a sua motivação de vida cristã em reuniões, programas e eventos na igreja? Não há nada errado em programações que glorificam a Deus, mas o foco do cristão deve estar muito além disso. Que possamos viver de modo a glorificar a Deus em qualquer situação, em qualquer ambiente e diante de qualquer pessoa.


3) DE UM ENVOLVIMENTO SUPERFICIAL PARA UM ENVOLVIMENTO DILIGENTE

“Se deveras praticardes a justiça, cada um com o seu próximo; ... se não oprimirdes o estrangeiro, e o órfão, e a viúva.” (Vs. 5b, 6a)

O próximo é todo aquele que carecia de amparo, e era obrigação de todo judeu ajudar os que não tinham recursos e viviam na precariedade. O estrangeiro, o órfão e a viúva eram pessoas que viviam à margem da sociedade. E por isso Deus instituiu várias leis que favoreciam estas pessoas. Era ordenado que estas pessoas fossem acudidas em suas carências e necessidades. Mas ainda assim não havia obediência a este princípio de cuidado com os menos favorecidos.
Nossa adoração precisa incluir a comunhão do corpo de Cristo, pois cada crente em Jesus deve partilhar com seus irmãos de fé as riquezas espirituais que lhe são concedidas por Deus. Um envolvimento de interesse mútuo, visando o bem dos que estão ao nosso redor, atesta que a nossa adoração ao Senhor está em consonância com a Sua Vontade.
A comunhão entre os membros da família de Deus é uma grande expressão de adoração. E não há como dissociar a comunhão entre os irmãos e adoração a Deus. Como vamos dizer que amamos a Deus se não amamos nossos irmãos? (I Jo. 4:20) É uma verdadeira falácia afirmar que adoramos a Deus se não cultivarmos um envolvimento pessoal e diligente com os que fazem parte do corpo de Cristo.
Precisamos priorizar um envolvimento diligente para o bem de nossos irmãos e irmãs, favorecendo o crescimento em comunhão em todas as oportunidades. O grande problema é que nós achamos que a adoração a Cristo pode ser resumida aos poucos minutos que passamos reunidos como igreja. Diligência exige esforço de nossa parte, e para isso temos que sair da zona de conforto em que nos acostumamos a viver.


Marcos Aurélio de Melo
Estudo Bíblico baseado em Jeremias 7: 1-7

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Alegria no labor cristão

"Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão. Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes."
Salmo 126: 5-6



“Lágrimas”, neste versículo aponta para o árduo trabalho de reconstrução que o povo teria pela frente. “Semear e ceifar” aponta para a tarefa a ser desempenhada, que exige disciplina e dedicação. Deus restaurou a sorte, trazendo-os de volta a terra que tanto amavam, mas agora eles teriam que trabalhar e suar a camisa. Deus não faz o que é da nossa responsabilidade: Ele faz o impossível, mas o possível (que está ao nosso alcance) Ele nos outorga o privilégio de exercer para a Sua Glória. Muitas lágrimas já tinham sido derramadas e muitas ainda seriam, no serviço de reconstrução daquela nação. Mesmo diante da constante oposição dos inimigos, Neemias animava o povo para concluir a obra de reconstrução dos muros de Jerusalém (Ne. 2: 18-20). Era uma obra de grande porte, que exigiria de todos os envolvidos coragem e disposição. Mesmo diante das críticas de Tobias e Sambalá e das investidas para dar fim àquela obra, o povo se uniu no mesmo propósito: servir ao Senhor com todas as forças. Diz a Bíblia que a reconstrução dos muros durou 52 dias (Ne. 6:15). Neemias afirmou que alegria do Senhor é a nossa força (Ne. 8:10) – é esta alegria que nos motiva a seguir adiante no laborioso serviço no seu Reino.

É interessante observar que depois deste laborioso serviço de reconstrução, quando o povo se ajuntou para celebrar a dedicação dos muros, um verso chama a atenção: “No mesmo dia, ofereceram grandes sacrifícios e se alegraram; pois Deus os alegrara com grande alegria; também as mulheres e os meninos se alegraram, de modo que o júbilo de Jerusalém se ouviu até de longe.” (Ne. 10:43). A alegria verdadeira tem sua fonte somente em Deus, porque o serviço que prestamos é um privilégio e nunca é desconsiderado por Ele.

Isto me faz considerar as palavras de Jesus em Mateus 5: 11-12, quando ele fala sobre as dificuldades que os discípulos teriam que enfrentar. O serviço no reino de Deus muitas vezes pode ser acompanhado de perseguição e injúrias, mas Cristo nos lembra que este serviço jamais será desconsiderado por Deus: “Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão no céu.” Em Atos 5, alguns apóstolos tinham sido presos e levados ao Sinédrio para julgamento, mas foram liberados depois de serem açoitados. Mas eles se regozijaram por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas pelo nome de Jesus. Eles eram masoquistas? Não. Eram crentes que se alegravam em Deus, e que tinham a convicção de que o laborioso serviço jamais é desconsiderado por Deus. E o que dizer do apóstolo Paulo? Um homem que entregou-se completamente ao serviço no Reino de Deus, que muitas vezes sofreu duras penas por causa de sua obediência em anunciar o evangelho aos gentios. Paulo provou na pele o que é um laborioso serviço. Ele escreve sua carta aos Filipenses da prisão, exortando os irmãos: “Alegrai-vos sempre no Senhor, outra vez digo: Alegrai-vos.” (Fl. 4:4) Mesmo que pagasse com a própria vida, Paulo estava alegre, e recomendava a todos os irmãos que tivessem a mesma alegria. (Fl. 2:17-18)

Certa vez perguntaram ao compositor alemão Franz Joseph Haydn qual a razão de suas composições sacras serem tão alegres, mesmo vivendo numa época dominada pelo pessimismo. Ele respondeu: “ – Não posso fazê-las de outro modo. Quando penso em Deus e em Sua graça manifestada em Jesus Cristo, meu coração fica tão cheio de alegria que as notas parecem saltar da pena com que escrevo. Já que Deus me tem dado um coração alegre, deve ser-me permitido servi-lo com alegria.” Às vezes estamos muito acostumados com a letra de certos hinos, mas não vivenciamos estas verdades na prática. Por exemplo, o Hino 410: “No serviço do meu Rei eu sou feliz / Satisfeito, abençoado.” Até que ponto isto é verdade na minha e na sua vida? Estamos felizes e alegres por servir ao Senhor com o dom específico que Ele nos concedeu?

É muito importante que tenhamos em mente o tamanho privilégio que é servir ao Senhor. E mesmo que seja enfrentando dificuldades, podemos ter a certeza de que a alegria é certa e o prazer de servir a Deus supera qualquer obstáculo pelo caminho. Somos exortados a servir ao Senhor com alegria (Salmo 100:2) e tenho razões bíblicas para crer que o serviço cristão que não é exercido com alegria e prazer não é uma oferta agradável a Deus. Quando deixamos de nos alegrar em Deus, o serviço prestado se torna um fardo. Muitas vezes teremos que renunciar nosso “ego”, para agir em prol do reino do Senhor, como bons servos. Mas se não houver regozijo em nós, e se não acreditarmos na promessa de que Ele considera o nosso labor, o serviço prestado não passará no teste de qualidade.


Marcos Aurélio de Melo
Última postagem do estudo no Salmo 126

sábado, 12 de dezembro de 2009

Esperança para o futuro

"Restaura, SENHOR, a nossa sorte, como as torrentes no Neguebe."
Salmo 126:4

Como é possível haver torrentes no deserto? É possível imaginar uma corrente de águas impetuosas num lugar deserto? As torrentes do Neguebe era um fenômeno natural bastante famoso naquela região. O termo Neguebe, significa sul, ou deserto do sul. Ao redor deste deserto existem montanhas, onde se acumulam águas da chuva. Em determinada época do ano, as chuvas que caem nas montanhas descem irrigando o deserto. O que o salmista está pedindo é que assim como aquelas torrentes de água eram aguardadas pelos agricultores no pé da montanha com muita esperança, o que lhes dariam condições de plantio e provisão até a próxima safra, assim, o salmista deseja que eles sejam supridos abundantemente pelas bênçãos do Senhor. A esperança para um futuro cheio das bênçãos do Senhor é um marco importante neste salmo. Esta esperança só poderia ser confirmada pelo Senhor, na Sua soberana providência, e por isso, o salmista deposita toda a sua confiança no Senhor que dá provisão. A nação estava regressando e todos tinham muitas expectativas para esta nova etapa na sua terra de origem, mas somente confiando e se alegrando nas promessas de Deus o povo poderia olhar para o futuro com esperança.

Na época em que viveu o profeta Jeremias, ele falou sobre as esperanças para o futuro daquele povo que estava na Babilônia. Embora estivessem no cativeiro, Deus tinha planos para trazê-los de volta a terra (veja Jeremias 31:17). Esta esperança para o futuro deveria impactar a vida dos filhos de Israel ainda cativos e também depois de libertos. Deus cumpriria os seus propósitos de restaurar aquela nação depois do período de disciplina. A NVI traduz muito bem o texto hebraico em Jeremias 29:11: “Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês', diz o Senhor, 'planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro’.” Em momento algum do cativeiro Deus deixou os filhos de Israel sem esperança, mas eles tinham que confiar que os planos do Senhor eram melhores e mais abrangentes. É Deus quem conhece os planos que serão úteis para o crescimento de seus filhos, e por isso devemos nos alegrar em Deus a cada dia.

A alegria invade o nosso viver quando confiamos que somente Deus é quem pode nos dar esperança para o futuro. Nós não temos a menor condição de saber o que acontecerá nos próximos dias da nossa vida, não sabemos o que esta semana nos reserva, mas podemos nos alegrar em saber que Deus tudo conhece, e tudo faz como Lhe agrada. Precisamos depositar confiança na misericórdia do Senhor por nossas vidas e seguir alegremente quando parecem faltar motivos para ter esperança. No livro dos Lamentos nota-se um lampejo magnífico da esperança que nutria Jeremias, em Lm. 3: 21-23: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não tem fim; renovam-se a cada manhã.”

Nós não somos donos do nosso futuro. Devemos fazer planejamentos, traçar alvos e metas, mas não devemos esquecer que o nosso futuro está nas mãos do Senhor. E somente Ele pode confirmar Sua boa, agradável e perfeita vontade sobre as nossas vidas. Nós muitas vezes oramos e já enfatizamos que resposta de oração Deus deve nos dar. Pensamos que Deus está no céu esperando talvez uma sugestão para começar a agir, mas esta forma de pensar está muito distante do ensino bíblico. Em Pv. 19:21, lemos: “Muitos propósitos há no coração do homem, mas o desígnio do Senhor permanecerá.” Nós não estamos lidando com alguém semelhante a nós (falível), que pode errar nos seus desígnios. Devemos reconhecer que a nossa alegria tem sua fonte em Deus, porque somente Ele é quem pode nos dar a verdadeira esperança para o futuro.

Paulo faz uma observação muito importante sobre a esperança do Cristo e sua relação com a alegria. Escrevendo a respeito da ressurreição, ele afirma: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.” Observe que a esperança do cristão deve estar além desta vida, num lar eterno onde iremos habitar para sempre como o Senhor. Saber disso deve nos encher da verdadeira alegria. No final de sua epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo lembra aos seus leitores: “E o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo” (Rm 15.13).

Quantos já perderam sua alegria porque deixaram de ter esperança para o futuro! Muitos vivem apenas o aqui e o agora, sem se importar com o amanhã. Quem não tem esperança para o futuro não pode se alegrar plenamente. E quem não se alegra em Deus não pode viver em dependência constante, confiando que os planos de Deus para o futuro são melhores e mais valiosos.


MARCOS AURÉLIO DE MELO
Estudo baseado no Salmo 126

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O Deus dos impossíveis

Os setenta anos de cativeiro trouxeram cicatrizes profundas para o povo de Israel, muitas dores e tristezas. É interessante observar que a promessa de regresso já tinha sido feita (Jr. 30: 17-19), mas o povo não confiou que isto seria possível diante de tantos fatores contrários que se mostravam em redor. No Salmo 126 logo no primeiro versículo há uma constatação da enorme alegria que o regresso causou em todos: “ficamos como quem sonha” (eles estavam maravilhados). Notem ainda a repetição do termo “grandes cousas” (magníficas), que serve para destacar ainda mais esta dádiva recebida das mãos do Senhor. Até as outras nações deram testemunho da mão de Deus atuando em favor do seu povo. Quando os edificadores lançaram os alicerces do templo, os levitas louvaram ao Senhor, cantando a Sua bondade e misericórdia (Ed. 3:10). Era um motivo mais do que especial para a alegria contagiante. Esta alegria diante da restauração se deu porque o povo de Israel estava totalmente sem perspectivas na Babilônia, e não havia nenhum alento no coração diante das impossibilidades.

O povo tinha passado setenta anos no cativeiro babilônico e agora estava de volta a sua terra natal. Este milagre foi uma obra operada na íntegra pela mão de Deus. O Senhor moveu líderes de impérios (Medo-Persa, Persa) para cumprir o seu propósito de fazer regressar os exilados, como por exemplo: Ciro, Artaxerxes. Ciro, rei da Pérsia, expediu um decreto que autorizava o povo judeu a ir até a sua terra natal. Em Isaías 44:28, está escrito que Ciro é um pastor que cumprirá tudo o que estiver nos planos de Deus. O Senhor também levantou líderes do povo para conduzir este processo como Neemias, Esdras, Zorobabel e Mordecai (Esdras 2:2).

O nosso Deus é um Deus de impossíveis. Quando ficamos frente a frente com situações aparentemente sem solução, o Senhor graciosamente nos oferece livramento. Foi assim várias vezes na história do povo de Deus. Por exemplo, foi assim com José que estava preso por motivos injustos, mas foi elevado à posição de ministro do Faraó para cumprir os propósitos de Deus. Foi assim com o povo de Israel diante do Mar Vermelho, que viu o exército inimigo se aproximando sem uma possibilidade de saída. Deus então faz o mar Vermelho se abrir, todos os israelitas passaram com pés enxutos e o exército egípcio morreu afogado. Foi assim com o exército de Israel, sem formação militar nenhuma, que foi vitorioso contra a fortaleza de Jericó. Foi assim com o jovem Davi, diante de um gigante aterrorizante, que confiou no Senhor dos Exércitos para obter a vitória. Diante da ameaça do povo judeu ser destruído por causa da astúcia de Hamã, Ester intercedeu junto ao rei Assuero, para trazer libertação ao seu povo (Ester 8:16). E quantas impossibilidades foram colocadas diante do Senhor Jesus! Nas bodas de Cana da Galiléia, faltou o vinho, mas da água Ele fez um vinho mais excelente do que o primeiro. Todas estas situações trouxeram grande alegria a todos que estavam envolvidos, porque Deus tem todo o poder para agir em favor dos que Ele ama. Lembre-se que uma impossibilidade aos olhos humanos não é uma impossibilidade aos olhos de Deus, porque os Seus propósitos se cumprirão. Mas é bom lembrar que não se trata de realizar os caprichos humanos (desejos distantes da vontade do Pai), mas os propósitos soberanos de Deus.

Diante das impossibilidades da vida podemos ter várias reações. A mais comum é lamentar e encontrar motivos para a lamúria. Estas situações aparentemente impossíveis geralmente sugam a alegria e satisfação do crente, mas não é este o propósito de Deus para os seus filhos. Diante das impossibilidades devemos reconhecer na prática que a fonte da nossa alegria está somente em Deus. O salmista Asafe escreveu: “Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra.” (Sl. 73:25).

Na grande maioria das vezes, os nossos olhos se voltam somente para as situações impossíveis e concentramos nossos esforços para tentar uma saída. No fundo isto é uma demonstração de orgulho, pois não é acompanhada de uma verdadeira alegria em Deus, que deve ser o nosso maior objetivo. Não se trata de masoquismo cristão, que é uma afronta ao nosso Deus, mas de reconhecer que a única fonte de nosso prazer está somente em Deus.

Precisamos encarar as nossas impossibilidades segundo um ponto de vista centrado em Deus, que é o Todo-poderoso e Soberano sobre nossas vidas. Os propósitos de Deus se cumprirão, mesmo que tenhamos que passar por vales da sombra da morte. Em nosso viver, teremos que lidar com situações que servem como teste para apontar onde está a nossa alegria. Como peregrinos neste mundo, a nossa alegria deve estar fundamentada em Deus, que opera maravilhas para cumprir os Seus planos soberanos. Uma das afirmações mais marcantes de toda a Bíblia nos vem do profeta Habacuque, Hb. 3: 17-18, que demonstra total alegria em Deus. Que possamos amadurecer a tal ponto de proclamar como Habacuque:


"Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; todavia eu me alegrarei no SENHOR; exultarei no Deus da minha salvação."

MARCOS AURÉLIO DE MELO


segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A fonte da alegria verdadeira

Os salmos 120 a 134 formam uma coleção distinta no Saltério. Esses salmos eram cânticos frequentemente usados (depois do retorno do exílio) pelos adoradores que subiam a Sião para os três grandes festivais do ano judaico. Talvez fizessem parte de uma coletânea de bolso, que os peregrinos levavam consigo no caminho para Jerusalém, subindo em direção ao monte Sião, e por isso eram chamados também de cânticos de romagem.

Neste contexto, o salmo 126 transborda alegria e júbilo. Este salmo é notável porque dele fazem parte o riso, a alegria, o regozijo e o cântico em caráter proeminente. Observamos neste texto um celebrar magnífico da alegria em Deus. Em quase todos os versículos há palavras que se referem ao júbilo, alegria e prazer. Não sabemos quem escreveu este salmo, mas há indícios de que foi alguém que experimentou a tristeza do cativeiro na Babilônia, e então expressa de forma efusiva a alegria de estar de volta a sua terra. No salmo 137, no entanto, nota-se uma tristeza profunda, porque os exilados estavam em terra estranha, e não tinham ânimo para cantar os cânticos de Sião. Mas o salmo 126 serve como um contraste muito forte, depois do retorno do cativeiro (note Isaías 35:10).

A alegria é a própria essência do evangelho. Em Lucas 2:10, os anjos anunciaram aos pastores: “Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” Em João 15:11, Jesus Cristo fala aos discípulos, depois de explicar que Ele era a videira verdadeira: "Tenho-vos dito estas coisas para que o meu gozo esteja em vós, e o vosso gozo seja completo." Esta palavra que foi traduzida ccomo completo, tem o sentido de “preencher até a borda, até que nada falte para completar a medida.” GOZO, no original significa: Alegria, plena satisfação. É interessante notar que um dos frutos do Espírito, citados em Gálatas 5, é exatamente a alegria. A carta de Paulo aos filipenses é conhecida como a epístola da alegria, pois o apóstolo exorta os leitores à alegrarem-se no Senhor. Billy Sunday escreveu: “Se você não tem alegria na vida cristã, existe vazamento em algum lugar de seu cristianismo.” Nosso viver deve ser um testemunho constante da alegria de um redimido – pois fomos comprados pelo sangue de Cristo.

O mundo em que vivemos entende alegria de uma forma totalmente equivocada. E esta forma de entender o que é alegria tem invadido até as igrejas. Há uma confusão entre alegria e euforia, e o que se vê hoje em muitos redutos evangélicos não passa de euforia, uma explosão de emoções descontroladas e desordenadas. Hoje a reverência deu lugar a cultos desprovidos de qualquer senso de temor, nos quais os fiéis são levados a experimentar emoções sem o uso da razão. Mas a verdadeira alegria, que brota de um relacionamento de comunhão com Deus, não é percebida no dia a dia de muitos cristãos. Observamos crentes descontentes com suas vidas e lamuriando pelos cantos, sem a menor condição de ajudar outros porque estão presos numa masmorra em que falta propósito e prazer.

Em que está a razão da sua alegria? Qual a fonte da sua alegria? Por que será que muitas pessoas já perderam a alegria de viver? Neste Salmo 126, no qual observamos o júbilo dos peregrinos e sua forte expressão de regozijo, há lições muito importantes sobre a verdadeira alegria na vida do cristão, que é também é um peregrino neste mundo (I Pe. 2:11). Somos exortados neste salmo a identificar a fonte da verdadeira alegria. Como peregrinos neste mundo, devemos reconhecer que a alegria verdadeira tem sua fonte somente em Deus.

Mas quando digo que o cristão deve reconhecer esta verdade, não quero me restringir a um mero reconhecimento intelectual/mental. Refiro-me a um reconhecimento prático, no dia a dia, na lutas diárias, nos vales e montes, nas situações menos favoráveis ou nos grandes desafios. Até pensamos nesta verdade em nosso momento de oração, quando entregamos a Deus nossas tristezas, mas não devemos entregar os pontos quando os testes surgem na vida. Este tipo de reconhecimento não é o que a Bíblia nos convoca a ter.

Como peregrinos neste mundo, muitas vezes seremos provados neste quesito. E teremos que responder em muitas ocasiões: Quem é a fonte da minha alegria? Quem é que satisfaz plenamente minha busca por satisfação? Que possamos responder com júbilo ainda maior que a nossa alegria tem sua fonte somente em Deus



MARCOS AURÉLIO DE MELO
Baseado no Salmo 126