quinta-feira, 24 de novembro de 2011

ENCORAJAMENTO

TEXTO BÍBLICO: I CORINTIOS 4: 13-18

TEMA: ENCORAJAMENTO

O ex-presidente Lula está passando por um tratamento de quimioterapia contra um câncer que foi diagnosticado na laringe. Ele até já rapou a cabeça antes dos efeitos da quimioterapia. E neste momento de abatimento e temor, muitas pessoas (celebridades e desconhecidos) enviam mensagens de conforto e esperança para o ex-presidente. Algumas mensagens de encorajamento de presidentes, cantores e artistas também foram apresentadas na mídia.

O texto bíblico em epígrafe é uma grandiosa mensagem de encorajamento. Obviamente não se trata de um encorajamento antropocêntrico, ou seja, centrado no homem. Mas se trata de um encorajamento teocêntrico, centrado em Deus e na Sua Palavra. Nesta sociedade humanista em que vivemos a tônica para o sucesso está na motivação pessoal. Muitos livros são produzidos anualmente nesta área de motivação. Mas qualquer tipo de encorajamento ou motivação centrado no homem tende a ser apenas momentâneo. Vamos abordar o encorajamento que possui durabilidade e tem base sólida em Deus. Por isso eu gostaria de afirmar que:

ALGUMAS CERTEZAS TRAZEM ENCORAJAMENTO PARA O CRENTE DIANTE DAS AFLIÇÕES

Quais são as certezas que trazem encorajamento para o crente diante das aflições?
1 – UM TRIUNFO GLORIOSO ESTÁ GARANTIDO APESAR DAS AFLIÇÕES (VS. 14, 17)

Humanamente falando o pior que pode acontecer conosco é a morte. Mas temos a promessa que ressuscitaremos com Cristo, e habitaremos para sempre com o Senhor. Esta promessa nada ou ninguém pode roubar de nós. Paulo inicia sua epístola aos Coríntios, com base na esperança de ressurreição: “De fato, já tínhamos sobre nós a sentença de morte, para que não confiássemos em nós mesmos, mas em Deus, que ressuscita os mortos” (2 Cor. 1:9). Sendo assim, o cristão precisa cultivar anseios que o levam a pensar no dia em que vai encontrar-se com Cristo. O apóstolo Paulo nos ensina no verso 17 que o peso de todas as aflições temporais era leve em si, enquanto a glória vindoura era uma substância de peso e duração além de qualquer descrição.

Temos a tendência de concentrar-nos apenas nos anos que viveremos neste mundo. Por isso, muitas vezes ignoramos as promessas quanto ao futuro glorioso que nos aguarda. Precisamos desta certeza diariamente: a eternidade ao lado de Cristo será um triunfo glorioso para todos os filhos de Deus. Ficamos perplexos diante das aflições e sem nenhum ânimo para prosseguir, porque a nossa esperança em Cristo está limitada apenas a esta vida (1 Cor. 15:19). A fé é convidada a fazer o seguinte: colocar em uma balança a aflição presente, no outro, a glória eterna. No máximo nossa aflição é para esta vida presente, que é como um vapor que aparece por um pouco de tempo e então desaparece.

Jesus nos ensinou no Sermão do Monte que as perseguições sofridas deveriam encher o coração de alegria: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.” (Mt. 5:11-12). Escrevendo aos Romanos, Paulo nos assegura: "Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós." (Rm. 8:18)


2 – ESTAMOS SENDO APERFEIÇOADOS POR MEIO DAS AFLIÇÕES (VS. 16)

Em meio às provações o nosso homem interior se renova de dia em dia. Deus utiliza o sofrimento na vida dos seus filhos para que eles se assemelhem mais e mais com Jesus Cristo. A Bíblia diz que estamos sendo transformados de glória em glória (2 Cor. 3:18) na perfeita imagem do Senhor Jesus. E o método que Deus escolheu para continuar este processo de santificação não exclui dores e aflições. Ou seja, as aflições não podem ser encaradas com desconfiança, pois o Divino Oleiro está trabalhando em nós para que sejamos um vaso útil ao possuidor.

O salmista Davi conclui sabiamente que o propósito das aflições é aperfeiçoar o servo de Deus: "Antes de ser afligido andava errado; mas agora tenho guardado a tua palavra" e "Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus decretos" (Salmo 119: 67 e 71).

José entendeu que as aflições que teve ao longo de sua vida foram úteis para que ele se tornasse vice-rei do Egito. Deus trabalhou em José de uma forma providencial em meio às dificuldades que ele enfrentou. Aqueles anos de cativeiro no Egito foram essenciais para o aperfeiçoamento do caráter de José, um homem forjado no calor da provação.

Quando o crente age biblicamente diante das aflições em sua vida é uma prova de que ele está sendo transformado. Foi assim que o escritor C. S. Lewis resumiu o assunto:

"Nós somos, não em metáfora, mas verdadeiramente, uma obra-de-arte divina, algo que Deus está fazendo, e portanto, algo com o qual Ele não ficará satisfeito até que possua umas tantas e determinadas características."
Em João 15:2, lemos que o Agricultor está interessado em que os ramos produzam muito fruto, por isso o serviço de poda é essencial. Da mesma forma, Deus trabalha nos crentes que produzem frutos, levando-os a situações de aflição para que produzam mais ainda. Deus trabalha as circunstâncias dolorosas da nossa vida e as canaliza para o nosso bem, QUE É CONFORMAR-NOS À CRISTO (Gn 50:20; Rm 8:28).

Se nós tivermos esta certeza diante das aflições vamos adotar um posicionamento totalmente diferente. Teremos ânimo para continuar a carreira cristã, pois sabemos que Deus tem interesse em nos moldar diariamente por meio das lutas e dissabores que enfrentamos. Por outro lado existem pessoas que se tornaram decepcionadas e amarguradas em meio às aflições, porque ainda não entenderam o real propósito das aflições em suas vidas.

3 – A NOSSA VISÃO ESPIRITUAL É REDIRECIONADA POR MEIO DAS AFLIÇÕES (VS. 18)

Quando encaradas em submissão a Deus mediante obediência a Sua Palavra, as aflições possuem um efeito positivo em nossas vidas. Elas servem para redirecionar o foco de nossas vidas. Temos a tendência de enxergar apenas o que é temporal e o que pertence a este mundo. Mas quando passamos por aflições começamos a atentar para o que realmente tem valor, para o que é eterno.

Muitos servos de Deus tiveram sua visão espiritual redirecionada por meio das aflições. Jó enfrentou duras perdas e experimentou profunda provação em sua vida, mas ao final ele afirmou que sua visão espiritual foi aclarada: "Bem sei que tudo podes e nenhum dos teus planos pode ser frustrado. Eu te conhecia só de ouvir falar, mas agora os meus olhos te veem." (Jó 42: 2 e 5)

Depois que Paulo ouviu que a graça do Senhor já era o bastante para sua vida, ele redirecionou sua visão do espinho da carne e passou a gloriar-se na sua fraqueza, para que o poder de Cristo repousasse sobre ele (2 Cor. 12: 7-10). As aflições na vida de Paulo redirecionaram sua visão para depender ainda mais de Deus e assim ele prosseguiu e completou sua carreira. Paulo nos ensina que depender exclusivamente da graça de Deus é suficiente para que sejamos vitoriosos em meio às lutas.

Você já redirecionou sua visão após ter passado por alguma aflição? Com certeza algumas coisas visíveis perdem o valor e o que é eterno passa a ser muito mais apreciado. John Piper escreveu que “o sofrimento nos desmama do mundo e nos ensina a viver em Deus, que é invisível.”

O crente não pode estranhar o sofrimento como se fosse algo incompatível com a vida cristã. O crente até mesmo tem que esperar as provações, porque vivemos num mundo caído e hostil. John Bunyan, o famoso escritor do livro O Peregrino, escreveu outro livro que descreve o tempo de sofrimento que ele enfrentou na prisão. Neste livro, ele apresenta os frutos da aflição em sua vida: “Em tempos de aflição nós encontramos frequentemente as mais doces experiências do amor de Deus.”

A. W. PINK nos ensina: “Aflição afasta nosso coração do amor pelo mundo; nos faz almejar mais por aquele tempo em que seremos tirados deste mundo de pecado e tristeza; nos permitirá apreciar as coisas que Deus tem preparado para os que O amam.” Pela fé, homens e mulheres de Deus reconheceram a importância das aflições em sua caminhada com Cristo. Que possamos seguir o exemplo destas pessoas, das quais o mundo nunca será digno.


MARCOS AURÉLIO DE MELO
HOMILIA PREGADA NO CULTO DE ORAÇÃO
DATA 24/11/2011

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Anorexia espiritual

Merece uma reflexão como anda a dieta espiritual dos cristãos de nossa geração, qual a quantidade e a qualidade do alimento oriundo da Palavra de Deus que vem sendo consumido. A fraca alimentação espiritual tem produzido alguns tipos de cristãos:

a) Crente “faquir”: Só se alimenta aos domingos, pois pensam que a pregação dominical dará os nutrientes necessários para sua vida espiritual.

b) Crente “Fast food”: Só faz a leitura da Palavra em devocionais prontos e somente ora antes das refeições e ao dormir.

c) Crente “Junk Food”: Consome lixo, porque se alimenta de pregações de auto-ajuda, da teologia da prosperidade, nos programas evangélicos da TV.

d) Crente “bulímico”: Vomita todo alimento espiritual que ingere, não retém nada, põe para fora por meio da crítica e da dureza de coração todas as verdades bíblicas.

Assim, a má qualidade nutricional da dieta espiritual de muitos cristãos vem estabelecendo uma geração de crentes desnutridos e que não se desenvolvem espiritualmente. É impossível que alguém viva um cristianismo bíblico sem a Bíblia, mas, infelizmente é a tarefa que muitos intentam fazer.

De forma geral, há um desinteresse dos cristãos pela Palavra de Deus, pois cada vez mais, a práxis cristã vem se moldando à necessidades e idiossincrasias humanas, e em virtude disso muitos cristãos cortaram de suas vidas as verdades inconvenientes das Escrituras, que confrontam os seus estilos de vidas. Por isso, infelizmente temos que firmar a constatação: vivemos em meio a uma geração de anoréxicos espirituais.


Extraído do Boletim da Igreja Batista Fundamentalista Cristo é Vida
Informissões ANO XXIII - Nº 861 - Fortaleza, 30 de outubro de 2011