quinta-feira, 30 de abril de 2015

Relacionamentos são difíceis

A dificuldade dos relacionamentos não se encontra apenas no fato de serem difíceis. A dificuldade inclui aquilo que Deus nos chama a faze em meio à dificuldade. Deus chama cada um de nós a ser humilde, paciente, gentil, perseverante e clemente. Deus nos chama a falar com graça e a agir com amor, mesmo quando o relacionamento carece da graça e quando não somos tratados com amor.

Por isso, seus relacionamentos o levarão além dos limites da sua força normal. Eles o levarão além do alcance de suas habilidades naturais e além das fronteiras da sua sabedoria natural e adquirida. Os relacionamentos o forçarão a ir além dos limites da sua capacidade de amar, servir e perdoar. Eles o levarão além de você mesmo. De vez em quando, eles o levarão ao limite da sua fé. Às vezes, eles o levarão ao ponto da exaustão. Em certas situações, seus relacionamentos o deixarão decepcionado e desanimado. Eles exigirão de você o que você parece não possuir, mas é exatamente isso que Deus pretende. É precisamente essa a razão de Ele ter colocado esses relacionamentos exigentes no meio do processo de santificação, onde Deus, progressivamente, nos molda à semelhança de Jesus. Quando você desiste de si mesmo, você começa a depender d’Ele. Quando você está disposto a abrir mão dos seus próprios pequenos sonhos, você começa a depender d’Ele. Quando o seu jeito de fazer as coisas, mais uma vez, deixá-lo na pior, você está pronto para reconhecer a sabedoria do jeito de Deus fazer as coisas.

Os nossos relacionamentos não foram simplesmente criados para tornar-nos dependentes uns dos outros. Foram criados para guiar-nos até Ele em humilde dependência pessoal. Em algum momento, cada relacionamento nos leva ao nosso limite e, com Deus, não há lugar mais saudável do que esse. Quando estou disposto a confessar o quão fraco sou, estou pronto para receber a graça que pode ser encontrada apenas em Cristo. Ele esteve disposto a seguir o plano do Pai e tornar-se fraco para que pudéssemos receber a Sua força em nossos momentos de fraqueza. Essa dinâmica de dificuldade-fraqueza-força é a razão pela qual precisamos de tanto encorajamento em nossos relacionamentos. Tornamo-nos cegos pela dificuldade, desencorajados pela nossa fraqueza e acabamos perdendo de vista aquilo que nos foi dado em Cristo.

 

Timothy Lane e Paul Tripp

Extraído do livro: RELACIONAMENTOS – Uma confusão que vale a pena

sábado, 25 de abril de 2015

O bezerro de ouro e a nossa rebeldia


O povo de Israel sempre teve problemas com relação a idolatria. Na trajetória em direção a Canaã, o povo não quis esperar Moisés que estava no monte para receber as instruções que vinham da parte do verdadeiro Deus. Então, liderados por Arão, resolveram confeccionar um bezerro de ouro para representar os deuses que lhes tiraram do Egito. Então, o povo passou a festejar e comemorar, participando de uma verdadeira farra diante daquela estátua, cheios de uma falsa alegria e de um fervor passageiro. Na verdade, eles desviaram seus corações do propósito mais importante que é amar a Deus sobre todas as coisas.

A adoração é um item que está intimamente ligado a quem nós somos como seres humanos. Mas a adoração não está restrita somente a atividades religiosas, geralmente acompanhada de cultos ou oferendas. Muito mais que isso, a adoração é uma questão de identidade. Isto é, você e eu somos adoradores e nesta vida vamos nos curvar diante de algo. Nossos corações estão sempre sendo controlados por algo, e aquilo que controla o nosso coração também controla o nosso comportamento.

Em Mateus 6, Cristo explica que aquilo que nós adoramos é, também, aquilo que nos controla. Jesus disse: “onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração”. Com isto, Ele nos ensinou que se algo for de valor para nós, faremos tudo que for possível para conseguirmos. Ou seja: relacionamentos, trabalho, uma boa reputação ou um carro do ano, podem se tornar um ídolo para nós. Não que estas coisas sejam erradas, mas se tornam obstáculos ao nosso amadurecimento na fé quando assumem o valor de primazia que só Deus pode ter em nossas vidas.

Jesus também nos ensinou que “Deus é espírito, e importa que seus adoradores O adorem em Espírito e em verdade.” Tudo que nos impede de enxergar Deus como supremo e soberano sobre nossas vidas se constitui no nosso bezerro de ouro. Somente ao adorarmos a Deus por quem Ele é, conforme revelado nas Escrituras, é que somos capazes de enxergar a vida sob a perspectiva correta, e, assim, não seremos iludidos pelos falsos deuses que exigem a nossa devoção. Fugir da idolatria é uma ordem para todo cristão, e este imperativo engloba fugir da idolatria inclusive de si próprio. Há muitos que mergulharam de cabeça na autodevoção e até exigem que outras pessoas lhe prestem algum tipo de adoração.

Diante dos perigos iminentes da idolatria, precisamos nos curvar somente diante da autoridade exclusiva do Senhor sobre nossas vidas, que nos governa mediante a instrução sempre oportuna da Sua santa e bendita Palavra. É urgente a necessidade de dedicarmos tempo e esforço para “amar a Deus sobre todas as coisas”, pois da obediência a este mandamento derivam todos os demais atos que visam agradar ao Senhor que nos remiu.


Programa Viva com Cristo

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Olhando pelas lentes corretas

Relembrar quem Deus é e quem nós somos é o antídoto contra a murmuração. Se enxergarmos nosso mundo, nossas vidas e nossas circunstâncias através da lente da cruz de Cristo, tudo entrará no foco correto. E esta clareza de visão despertará a verdadeira alegria em nós. É olhando através destas lentes que nós encontramos profunda percepção do que significa ser amado por um Pai celestial bom e cuidadoso.

Extraído do site Desiring God

 

O mundo é cruel pois o pecado a tudo corrompeu. Até mesmo a criação, obra-prima de um Deus sábio, geme diuturnamente por conta dos efeitos perniciosos do pecado. Ademais, é muito fácil sermos dominados pelos sutis enganos do nosso próprio coração e mergulharmos numa apatia generalizada que rouba a alegria e emperra o nosso progresso espiritual. Em suma, o fato inconteste é que somos pecadores, e a conclusão certeira é que precisamos de um Redentor.

Cristo ofertou-se a Si mesmo como pagamento cabal por nosso pecado. A dívida que constava contra nós foi paga de uma vez por todas na cruz do Calvário. O sofrimento que Cristo carregou sobre Si era necessário para que o pecador não amargasse eterna condenação. Naquele memorável dia, cheio de dor e pranto, o Salvador estabeleceu a paz entre o homem e Deus e assim ofereceu plena liberdade a todos aqueles que confiam na Sua graça. Este é a mensagem pura e simples do Evangelho, sem floreios ou acréscimos humanos.

Precisamos olhar a vida por meio das lentes da cruz de Cristo. Não de uma maneira descuidada ou irrefletida, mas com profundo temor diante da majestade do Senhor e com real constrangimento por nossa rasa maneira de viver. Somente quando entendemos a grandeza do que foi realizado na cruz é que podemos ter alento para deixar de lado o nosso egoísmo que teima em desejar o melhor deste mundo. Somos totalmente dependentes do Senhor por toda a nossa vida, e esta história (nunca é demais lembrar) começou na cruz. Faremos um enorme bem a nossa frágil alma, colocando-nos na perspectiva correta para que possamos contemplar a realidade que nos cerca (dias difíceis) através da lente do amor imenso que o eterno Pai demonstrou no monte do Calvário.

Se continuamos tirando conclusões equivocadas e medíocres sobre as circunstâncias que nos cercam, é porque estamos olhando pelas lentes erradas. Talvez estejamos muito acostumados a usar as lentes do humanismo, modelo muito em evidência no qual nós mesmos ocupamos o centro do palco. Isto certamente não vai nos levar a resultados efetivos de amadurecimento na fé. Ou talvez gostemos muito de usar as lentes da “paz interior”, uma salada de emoções amenas que nos fazem sentir bem diante das situações favoráveis. Estas lentes podem nos fazer tropeçar, pois os sentimentos são por demais voláteis. Talvez tenhamos muito apreço pelas lentes do pragmatismo, em que o critério se resume aos resultados obtidos independente da legitimidade dos meios utilizados. Esta forma de olhar a vida nos torna reféns daquilo que funciona e afasta a relevância dos princípios bíblicos indispensáveis para nos servir de orientação.

No entanto, as lentes da cruz de Cristo humilham a nossa vã maneira de enxergar a realidade. Com a visão clara e límpida podemos perceber que não somos o centro da história, Deus o é. Percebemos também que não temos mérito algum de que nos orgulharmos, somente o Senhor recebe toda a glória. E assim, a realidade e as situações adversas que enfrentamos começam a se encaixar sob o foco correto. Deus nos ama, sim é verdade. Mas Ele nos ama não porque somos dignos deste amor. Ele nos ama porque, segundo o Seu querer e decisão soberana, resolveu compartilhar com pecadores a alegria da qual Ele mesmo já desfruta. Tal certeza deve encher os nossos corações de verdadeira paz e contentamento real, a despeito dos obstáculos que se apresentam diante de nós. Esta mesma convicção encheu a alma do apóstolo Paulo, que soube olhar a vida através das lentes corretas: “Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes,nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm. 8: 38-39).

Que possamos ter uma visão cada vez menos embaçada pelos enganos do nosso coração, e cada vez mais límpida por conta dos efeitos benéficos da majestade, bondade e justiça divinas que se manifestaram gloriosamente e de uma vez por todas na cruz do Salvador. Que haja sempre em nossas mentes a percepção correta sobre quem Deus é e quem de fato nós somos, pois somente através das lentes da cruz de Cristo é possível enxergar a vida com clareza.


Marcos Aurélio de Melo

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Qual é a vontade de Deus

O livro de Gary E. Gilley é desafiador pela abordagem a que se propõe. O autor, pastor da Igreja Southern View Chapel, Springfield, Illinois, trata do assunto de modo a deixar o leitor estarrecido ao ser confrontado com a visão que não é predominante no meio evangélico sobre a forma como Deus dirige as vidas dos homens. Há muito emocionalismo vazio e impressões pessoais sem qualquer amparo bíblico quanto à questão de "descobrir qual é a vontade específica de Deus para a minha vida". O autor não nega em momento algum que Deus é soberano e age como Lhe apraz para efetuar a Sua vontade, mas lança fortes argumentos contrários à preocupação e angústia dos crentes em descobrir e acertar qual é a vontade de Deus na tomada de decisões. Os princípios bíblicos e ensino das Escrituras são suficientes e eficazes para que vivamos de modo piedoso, inclusive na tomada de decisões que honrem a Deus.

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Deixo aqui algumas citações do livro para despertar também o desejo que você leia o livro na íntegra:

As vítimas espirituais perfeitas dos esquemas mentirosos são aquelas com o coração aquecido e a cabeça vazia (pág. 24).

A Bíblia em lugar nenhum ensina que Deus tem uma vontade específica para a vida de cada crente que que deve ser encontrada através de meio extrabíblicos (pág. 40).

Procuraremos em vão situações nas quais Deus dirigiu Seu povo através de pressentimentos e sugestões (pág. 44).

Um dos problemas com as circunstâncias é que elas têm natureza subjetiva; isto é, podemos entendê-las da maneira que desejarmos. Na melhor das hipóteses, as circunstâncias representam oportunidades (ou ausência de) que podem nos ajudar na tomada de decisões, mas não são ordens de Deus (pág. 53).

A questão é, em vez de tentar penetrar os céus para procurar pelos mistérios ocultos de Deus, nos concentrarmos naquilo que Deus revelou a nós. São as coisas reveladas que nos capacitam a viver em conformidade com os caminhos de Deus (pág. 57).

Não é possível a Deus dar revelação que não seja autoritativa e que não demande obediência (pág. 67).

Todas as vezes que Deus falou na história bíblica, o receptor não teve dúvidas de que estava ouvindo a voz de Deus (pág. 68).

A semelhança com Cristo é a marca do Espírito Santo, não um tipo particular de encontro emocional (pág. 75).

Em Atos, ninguém teve que aprender como ouvir a voz de Deus nem ninguém foi guiado por pressentimentos ou sugestões. A voz de Deus era inconfundível e Sua mensagem era cristalina (pág. 83).

Ele (Deus) não está nos desafiando para descobrir as pistas que vão levar ao Seu plano para nossas vidas. Em vez disso, Sua vontade está claramente impressa nas páginas das Escrituras (pág. 89).

No Novo Testamento não nos é dito para procurar a vontade de Deus, mas para tomarmos decisões baseadas nos mandamentos e princípios bíblicos. A compreensão destes princípios dá ao filho de Deus maravilhosa liberdade e grande confiança para conduzir a vida de maneira que agrade ao Senhor (pág. 95).