quinta-feira, 27 de junho de 2013

Justificados do pecado

 

O único jeito de se ser justificado do pecado é se alguém pagar o preço do pecado, quer seja o pecador, quer seja um subs­tituto apontado por Deus para pagar a dívida. Não existe meio de escapar, a não ser que alguém assuma a culpa. Como pode ser justificada uma pessoa que foi condenada por um crime e sentenciada à prisão? Somente indo para a cadeia e pagando a penalidade de seu crime. Uma vez cumprida a sentença, então poderá deixar a prisão, justificada. Não precisa mais temer a polícia ou os magistrados, pois as demandas da lei já foram satisfeitas. O criminoso está justificado de seu pecado.

O mesmo princípio prevalece se a penalidade for a morte. Não há meio de ser justificado, a não ser cumprindo a pena. Você pode dizer que, neste caso, pagar a pena não é um meio de escape. E você teria toda a razão, caso estivéssemos falando de pena capital na terra. Uma vez executado o assassino (em países onde sobrevive a pena de morte), sua vida na terra se acabou. Ele não pode voltar a viver justificado na terra, tal como uma pessoa que cumpriu uma sentença de prisão. Está morto. O maravilhoso no que se refere a nossa justificação cristã, no entanto, é que a nossa morte é seguida por uma ressurreição, na qual nós podemos viver a vida de uma pessoa justificada, tendo pago a pena de morte (em e através de Cristo) pelo nosso pecado.

Conosco, portanto, é assim que acontece. Nós merecíamos morrer pelos nossos pecados. E de fato morremos, se bem que não pessoalmente, mas na pessoa de Jesus Cristo, nosso substi­tuto, que morreu em nosso lugar e com quem nós fomos unidos pela fé e pelo batismo. E pela união com esse mesmo Cristo nós ressurgimos uma vez mais. Assim a antiga vida de pecado se acabou, pois nós morremos para ela, e começou uma nova vida, de pecadores justificados. Em virtude de nossa morte e nossa ressurreição com Cristo, é inconcebível retornarmos à velha vida. É neste sentido que a nossa natureza pecaminosa perdeu o seu poder e nós fomos libertados.

 

John Stott 
Comentário sobre Romanos

sexta-feira, 21 de junho de 2013

O que penso sobre as manifestações


Obviamente não podemos afirmar que há orgulho em ser brasileiro, como diz o famoso jingle. Com tanta falcatrua e corrupção em todas as esferas da sociedade é difícil cultivar esperanças nos objetivos escritos na bandeira nacional: "ORDEM E PROGRESSO". O noticiário diário (tendencioso ou não) apresenta imagens gravadas de homens e mulheres recebendo propina para aprovação de projetos ou liberação de verbas públicas para obras faraônicas. O status quo da sociedade brasileira e da representatividade do povo nos poderes constituídos inspira um misto de tristeza e vergonha. Certamente as manifestações ordeiras e pacíficas em muitas cidades, lideradas na maioria por jovens universitários, servem para desentalar um grito pela justiça e transparência no meio político, econômico e social da nossa pátria amada.

Mas há um grave problema. Aliás, um problema que nenhuma conjutura política ou social poderá resolver. O coração do problema é o problema do coração humano, corrupto e devastado pelo pecado. Já nascemos com um potencial enorme para o mal, para sonegar impostos driblando a Receita Federal, para aprovação em exames pescando de quem está do nosso lado, para sermos beneficiados de alguma forma nas falcatruas que nos rodeiam. Este é o nosso real estado: vil, deplorável, corrompido até a raiz. A ética que impera em nossos corações pecaminosos é a ética do egoísmo ("farinha pouca, meu pirão primeiro"). Todos que foram para as ruas gritar por melhorias na política e na sociedade carregam a semente de maldade, bem como os governantes que esbanjam o dinheiro público que hoje estão no poder afloram um pouco da pecaminosidade humana.

Então de que nós precisamos tendo em vista a natureza corrupta do coração humano? Precisamos de arrependimento aos pés da cruz de Cristo. Precisamos de corações dobrados à autoridade da Palavra de Deus, de homens e mulheres dispostos a sacrificar-se para o bem do próximo, de crentes que vivem na integralidade o que se requer de cada um, de pessoas abnegadas em prol da verdade bíblica, de pastores que preguem o que está nas Escrituras, não o que as massas anseiam ouvir, de homens e mulheres que proclamem a necessidade de regeneração verdadeira como fruto da ação soberana do Deus Onipotente.

Obviamente, não cultivo doces ilusões. Sei que nem todos os políticos se converterão. Nem todos os líderes de movimentos sociais se prostrarão à autoridade bíblica. Nem todos os defensores de arruaças e badernas se arrependerão aos pés de Cristo Jesus. Não defendo o universalismo, nem penso que teremos neste mundo um paraíso livre de pilantragens.

Mas o papel que cabe a mim e a você, cristão que entendeu o propósito de ser sal e luz neste mundo, é vivermos de tal modo que as pessoas ao nosso redor entendam claramente a étiba bíblica e sintam-se incomodadas com a influência que exercemos. Como embaixadores do reino da luz devemos proclamar que a situação política do nosso Brasil é um problema de rebeldia contra Deus. Como profetas precisamos ter na Bíblia nossa regra de fé e conduta, e exercemos com fidelidade o papel de arautos do Rei. Mas que não carreguemos frases sem propósito que atingem o mal pela periferia. Que não entoemos músicas que caíram na graça do povo, com xingamentos e imoralidade nos lábios. Que não nos juntemos à desordem e ao vandalismo típico de marginais e bandidos. Que proclamemos de modo claro para aqueles que convivem diariamente conosco que Cristo é precioso Salvador que tomou o nosso lugar no madeiro do Calvário. Vamos viver de modo digno do Evangelho, como cidadãos do céu, exercendo com integridade e honestidade as funções que desempenhamos enquanto peregrinamos neste mundo passageiro.

Mentes materialistas

Então, direi à minha alma: "tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te." (LUCAS 12:19)

Alguém que raciocina desta forma é um materialista nato. Tal pessoa reconhece que o dinheiro pode comprar-lhe tudo, inclusive sossego e prazer. Ela vive presa numa falsa sensação de segurança. A confiança que possui no "depósito de muitos bens" é o sinal de um mente corrompida pelo deus Mamon e de um coração escravizado pela cobiça material.

Não somos deste mundo. Como peregrinos e forasteiros precisamos trabalhar. É pelo suor do nosso rosto que a provisão divina está garantida. Mas não devemos nos esquecer que a moeda corrente neste mundo é bastante enganadora e sedutora. A partir do momento em que nossos objetivos se resumem em termos uma vida regalada e livre de qualquer infortúnio, é um claro indicativo de que fomos iludidos pelo canto da sereia. A sereia deste século faz muitos crentes naufragarem na fé e tira o fôlego de muitos homens e mulheres para a obra de Deus  O príncipe deste mundo tenebroso tem conseguido enganar muitos que, no afã de ganhar dinheiro, tornam-se presas fáceis do materialismo.

O círculo vicioso pode ser resumido da seguinte forma: "quanto mais temos, mais achamos que precisamos ter. E, à medida que adquirimos mais, mais tempo precisamos para cuidar do que temos. Quanto mais tempo dedicamos àquilo que temos, menos tempo dedicamos ao Senhor." E nesta busca desenfreada muitos cristãos estão totalmente distantes de um compromisso genuíno com a causa do Mestre, com o "ide" de Jesus, com a oração e profunda meditação nas Escrituras.

Nós, como sal e luz, herdeiros de Deus e forasteiros neste mundo, não devemos ser escravos do materialismo. Precisamos trilhar o caminho do discipulado requerido por Cristo Jesus. Ele nos convocou para uma missão preciosa, a de sermos embaixadores do reino da luz, mostrando ao mundo que há salvação somente por meio do sacrifício do Cordeiro de Deus. Não devemos desperdiçar nossa vida na vã tentativa de ganhar o mundo e de tornar famoso o nosso nome. Que possamos trilhar o caminho da renúncia e da generosidade, e não o caminho do egoísmo, próprio de mentes materialistas.


Marcos Aurélio
MEDITAÇÃO – Estudos na carta de Tiago (1: 9-11)

terça-feira, 11 de junho de 2013

Fé autêntica gera prática bíblica

Estudando sobre a carta de Tiago, no capítulo 1, quando ele aborda a necessidade de pedirmos sabedoria ao Senhor, percebi que há uma condição indispensável para entendermos o que as Escrituras ensinam. Precisamos ser verdadeiramente regenerados pelo poder de Cristo, portadores de uma fé genuína no filho do Deus vivo que morreu a nossa morte. Ao nascermos de novo, em nós passa a habitar o Espírito Santo que nos convence de pecado e nos conduz a toda a verdade. A Bíblia nos ensina em vários textos (Rm. 8, por exemplo) que a ação purificadora do Espírito só acontece naqueles que possuem a fé legítima.

O homem de ânimo dobre ao qual Tiago se refere é aquele inconstante nos seus caminhos, que não está disposto a fazer o que Deus diz em Sua Palavra. Este homem nunca será perseverante na vida cristã e cedo ou tarde sua fé se mostrará irreal. Mas o homem que persevera em submeter seus propósitos ao crivo das Escrituras e obedece confiantemente, este será aprovado pelo Senhor, de quem ouvirá as belas palavras: "Muito bem, servo bom e fiel!"

Conclusão: A preciosa sabedoria do Senhor está disponível somente para os que possuem a fé autêntica, para os que não vacilam e não retrocedem ao vivenciar o que as Escrituras revelam. A fé autêntica certamente gera prática bíblica e leva o crente a progredir em maturidade e retidão.

O Deus pródigo

 

Você consegue perceber o que Jesus está ensinando na parábola dos dois filhos? Nenhum dos filhos amava o pai de verdade. Ambos estavam usando o pai para seus próprios fins egoístas, em vez de amá-lo, em vez de des­frutar da companhia dele e em vez de servi-lo para seu próprio bem. Isso equivale a dizer que você pode se rebelar contra Deus e permanecer alienado em relação a Ele tanto ao quebrar suas regras quanto ao obedecer a todas elas de forma diligente. É uma mensagem surpreendente: a obediên­cia zelosa à lei de Deus pode servir como meio de rebeldia contra Deus.

Se, como o irmão mais velho, você busca con­trolar Deus por meio de sua obediência, então toda sua moralidade não passa de uma maneira de usar Deus para fazer com que Ele lhe dê aquilo que você realmente deseja.

Se, como o filho mais velho, você acredita que Deus tem de abençoá-lo e ajudá-lo porque você deu duro para obedecer a Ele e para ser uma boa pessoa, então talvez Jesus possa lhe ajudar, talvez ele possa ser um exemplo, até́ mesmo uma inspiração, mas Ele não é seu Salvador. Você está sendo o seu próprio Salvador.

Os irmãos mais velhos obedecem a Deus apenas para atingir objetivos. Não obedecem a Deus para conseguir chegar ao próprio Deus — para a Ele se as­semelharem, para amá-lo, para conhecê-lo, e para nEle se deleitarem. Do mesmo modo, pessoas moralistas e religiosas podem servir como seu próprio Senhor e Salvador, como acontece com os irmãos mais novos que dizem não acreditar em Deus e que decidem o que é certo e o que é errado por si sós.

Através desta parábola, Jesus nos mostra que todas as pessoas se dedicam ao projeto da autossalvação, usan­do a Deus e aos outros para obter poder e controle para si mesmas. A única diferença reside no caminho escolhido.

 
Extraído do livro: O Deus Pródigo
Timothy Keller