quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Soluções fáceis


Geralmente gostamos de soluções fáceis para problemas complexos. Na maioria das situações, não estamos dispostos a ir além do convencional e buscar resolver os problemas atacando a raiz. Preferimos a superficialidade e a conveniência das soluções que têm como fundamento a razão humana, não a divina. Depender da orientação da Palavra e dobrar nosso orgulho diante de Cristo, nos custa muito caro. Esta é razão porque decidimos seguir métodos ou estratégias superficiais na resolução de conflitos que surgem ao longo da vida. 

Mas a resposta bíblica para solução de problemas não é de modo nenhum convencional. Ela ultrapassa a fronteira do simplismo e perscruta o mais profundo da alma humana. Quando Deus disse para Moisés que exterminasse os rebeldes que fizeram para si um bezerro de ouro, certamente não foi uma medida fácil de implementar. Mas era a única solução referendada pela Palavra do Senhor, não havia alternativa. Outro exemplo: quando Paulo percebeu que o apóstolo Pedro tinha adotado algumas atitudes incompatíveis com a fé cristã, entendeu a necessidade de uma exortação sem rodeios. “Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe face a face, porque se tornara repreensível”(Gálatas 2:11).

O imediatismo tem produzido uma grande tragédia no seio da igreja. Na busca por soluções rápidas para o alívio imediato de situações complicadas, os cristãos têm andado em círculos e os problemas alcançam proporções ainda maiores, tal qual uma bola de neve. Podemos ter certeza de que, quando as respostas divinas são negligenciadas, o resultado não será nada alentador. Faz-se urgentemente necessário, portanto, que saiamos da zona de conforto e comodidade das soluções fáceis para problemas que exigem muito mais do que uma conversa superficial e repleta de pensamentos humanos. Confiar nas soluções simplistas forjadas pela sabedoria do homem, em detrimento da orientação que procede da boca de Deus, não nos levará a bom termo. Definitivamente, não!

Fábrica de ídolos


“O coração humano é uma fábrica de ídolos”, escreveu Calvino. “Cada um de nós é, desde o ventre materno, perito em inventar ídolos”. De fato, diariamente enfrentamos tentações para criar ídolos, nos quais depositamos nossa esperança. Esta esperança e confiança, em qualquer outra coisa, que não Deus, é a essência da idolatria. Ken Sandle escreve: “Em termos bíblicos, um ídolo é alguma outra coisa, que não Deus, na qual empregamos nosso coração (Lc.12:29, 1 Co. 10:6), que nos motiva (1 Co. 4:5), que nos controla ou governa (Sl. 119:133), ou a qual servimos (Mt. 6:24)”. Como Richard Keyes salienta, a idolatria é extremamente sutil e penetrante: “Toda sorte de coisas são ídolos em potencial, dependendo somente, das nossas atitudes e ações concernentes a elas. Idolatria pode não envolver negações explícitas da existência de Deus ou de Seu caráter. Ela pode vir também, na forma de um afeto excessivo a algo que é, em si mesmo, perfeitamente lícito. Um ídolo pode ser um objeto físico, uma propriedade, uma pessoa, uma atividade, uma posição, uma instituição, uma esperança, uma imagem, uma ideia, um prazer, um herói, qualquer coisa que possa substituir Deus”.
Nas Escrituras, observamos que os postes-ídolos que serviam para adoração pagã deviam ser derrubados. Os ídolos de todos os matizes que roubam a devoção de nossa mente, também precisam ser postos abaixo, pelo poder santificador da Palavra de Deus mediante o Espírito Santo. Não há verdadeira alegria e honestidade no culto prestado ao Senhor enquanto alimentarmos a devoção a ídolos no coração, nutridos por desejos desordenados e por pensamentos contrários à submissão a Cristo.
Se estamos dispostos a pecar contra o Senhor para conseguir algo, se pecamos para preservar isto ou se ficamos desapontados com a vida e com Deus se perdermos este objeto de afeição, indubitavelmente estamos diante de um ídolo. Quando um desejo, mesmo por algo não naturalmente mal em si mesmo, se torna um ídolo? Como posso determinar se eu quero alguma coisa exageradamente? Não é difícil de saber. Se esta coisa me é negada, o que acontece no meu coração? Continuarei, resolutamente, a procurar conformidade com Cristo ou me cercarei de autopiedade, amargura, malevolência ou queixumes (os quais, no fim das contas, são direcionados a Deus)?
A resposta sincera a estas questões apontará a qualidade da devoção que tanto professamos em cânticos congregacionais ou até proferimos em nossas orações particulares. Deus nos ordenou nas Escrituras a confiar somente nEle, o Único Soberano, como fonte suprema da realização de todas as coisas. Fora desse propósito continuaremos andando em círculos, sem avanços efetivos na corrida cristã e devotados a ídolos vãos e inúteis. Observemos atentamente o imperativo bíblico, na primeira epístola de João: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos”!