domingo, 25 de outubro de 2009

Raízes e fruto do egocentrismo

“Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas.”
II Tm. 3:1-2a

ETIMOLOGIA:
A palavra "egoístas" vem do grego "PHILAUTOS" (PHILOS: AMOR; AUTO: SI MESMOS) – Amantes de si mesmos

A recomendação do apóstolo Paulo a Timóteo inicia com uma palavra que está em moda nos nossos dias. Vivemos a época do narcisismo e da autoestima (autoamor ou autovalorização) – o homem busca cada vez mais o autoendeusamento. É um velho problema que nos leva à origem de tudo, no Éden. Como escreveu William Law: “Todo fiho de Adão está a serviço do ego.” É muito fácil perceber que Eva colocou o próprio ego em evidência pois ouviu a mentira de Satanás (Gn. 3:1-7). Autointeresse, autosatisfação e autoafirmação estavam por trás da motivação de Eva em desobeder à ordem clara de Deus. “Satanás induziu Eva a praticar o primeiro ato egoísta da história humana.”

O ser humano lida diariamente com os efeitos devastadores deste ato de rebeldia. Os esforços feitos pela movimento da autoestima elevada ou positiva buscam recriar o Éden e levar o homem de volta à felicidade. Esta visão humanista da vida está recheada de egocentrismo e tenta colocar o homem no centro do Universo. A todo instante, os professores da autoestima confrontam as crenças que valorizamos, trocando os princípios bíblicos por novos métodos, reescrevendo letras de música e exigindo mudanças na pregação. Até na questão de disciplina de filhos existem opiniões inovadoras: não prejudiquem a autoimagem positiva da criança!

Não podemos negar que há um desejo legítimo, colocado por Deus dentro de todas as pessoas, de encontrar propósito e significado de sua existência. O erro do humanismo e do movimento da autoestima positiva é buscar no ego aquilo que só Deus pode prover. Pascal falou de um vazio interior com a forma de Deus, o qual somente Deus pode preencher. Hoje, porém, esse vazio interior é explicado com a falta de valor pessoal e autoestima; são oferecidas soluções “eu-centralizadas” que não satisfazem a sede espiritual que o homem tem do próprio Deus.

O que os escritores do Novo Testamento realmente exigem de seus leitores? Exatamente o oposto das práticas de autoestima. Eles insistem que seus leitores amem a Deus e uns aos outros apesar de qualquer privação. Mas os defensores da autoestima tentam utilizar textos bíblicos para apoiar suas ideias. Por exemplo: Mateus 22: 36-40 (Amarás o teu próximo como a ti mesmo – Mt.22:39b). A ideia que está em evidência na mídia e em muitas igrejas é que “sem o amor-próprio não tem como existir amor por outras pessoas.” Os pregadores e escritores estão defendendo a seguinte tese: “somos incapazes de amar alguém porque não aprendemos a amar a nós mesmos.” No entanto, o mandamento neste texto bíblico é claro: “Você deve amar ao próximo como você já ama a si mesmo.” (Ef. 5:29) O mandamento de amar ao próximo está relacionado com intensidade, fervor e quantidade amor próprio que já temos por nós mesmos, pois o pecado de Adão e Eva foi trasmitido a todas as pessoas.

Não há sequer um herói ou heróina da fé em toda a Bíblia que possa ser apresentado como exemplo de alguém que cultivou uma autoimagem positiva ou autoestima elevada. Entre suas afirmações o apóstolo Paulo se rotulou como “o principal dos pecadores” (I Tm. 1:15), um “desventurado homem” (Rm. 7:24) e “o menor de todos os santos (Ef. :8). Paulo exortou os filipenses (e a nós também): “considerem cada um os outros superiores a si mesmo” (Fl. 2:3). Somos desafiados nas páginas da Bíblia a tirar o foco de nós mesmos e direcionar nossos esforços para abençoar outras pessoas, vivendo exclusivamente para a glória de Deus (I Co. 10:31).


Texto adaptado do livro Escapando da Sedução, de Dave Hunt.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A respeito da salvação

Tornar-se semelhante a Deus é, e precisa ser, o supremo objetivo de toda criatura moral. Esta é a razão da sua criação, a finalidade sem a qual não existiria nenhuma desculpa para sua existência. Deixando de fora, no momento, aqueles estranhos e belos seres celestiais a respeito dos quais conhecemos tão pouco (os anjos), concentraremos nossa atenção na raça caída da humanidade. Criados originalmente na imagem de Deus, não permanecemos no nosso estado original, deixamos nossa habitação apropriada, ouvimos os conselhos de Satanás e andamos de acordo com o curso deste mundo e com o espírito que agora opera nos filhos da desobediência.

Mas Deus, que é rico em misericórdia, com seu grande amor com que nos amou, mesmo quando estávamos mortos em nossos pecados, proveu-nos expiação. A suprema obra de Cristo na redenção não foi salvar-nos do inferno, mas restaurar-nos à semelhança de Deus, ao propósito declarado em Romanos 8: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8.29).

Embora a perfeita restauração à imagem divina aguarda o dia do aparecimento de Cristo, a obra da restauração está em andamento agora. Há uma lenta, porém firme, transmutação do vil e impuro metal da natureza humana para o ouro da semelhança divina, que ocorre quando a alma contempla com fé a glória de Deus na face de Jesus Cristo ( 2 Co 3.18).

Agora, apresso-me em negar qualquer identificação com a idéia popular de salvação por esforço humano ou força de vontade. Estou radicalmente oposto a toda forma de doutrina, com “capa” cristã, que ensina a depender da “força latente dentro de nós”, ou a confiar em “pensamento criativo” no lugar do poder de Deus. Todas estas filosofias infundadas falham exatamente no mesmo ponto – por presumirem erroneamente que a correnteza da natureza humana possa ser levada a voltar e subir as cataratas no sentido contrário. Isto é impossível. “A salvação vem do Senhor”.

Para ser salvo, o homem perdido precisa ser alcançado pelo poder de Deus e elevado a um nível superior. Precisa haver uma transmissão de vida divina no mistério do novo nascimento, antes de poder aplicar à sua vida as palavras do apóstolo: “E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito” (2 Co 3.18, NVI).


A. W. TOZER

sábado, 17 de outubro de 2009

Pedagogia da Disciplina

A disciplina na vida do cristão deve ser encarada como um período de treinamento que traz aperfeiçoamento moral para o filho de Deus. O cativeiro babilônico foi uma dura disciplina de Deus para o povo de Israel por causa da enorme idolatria que reinava na nação - eles abandonaram o Senhor, o manancial de águas vivas (Jr. 2:13). Neste contexto eu gostaria de compartilhar com todos os leitores deste blog três lições muito valiosas que o crente deve compreender após atravessar um período de treinamento moral, baseado em Jr. 29:10-13. Veja estas lições e compartilhe também com outros irmãos.




Marcos Aurélio de Melo
Estudo Bíblico - 14.10.2009
Culto de Oração da IBR Jardim Amazonas

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Lamentações Pecaminosas

Diz o texto bíblico em Números 14:1, que a congregação dos filhos de Israel gritou em alta voz e chorou muito naquela noite em Cades-arnéia. Foi o choro do desespero diante do desconhecido – o choro da insatisfação com a graça de Deus. O povo derramou muitas lágrimas no deserto porque imaginou que a mão do Senhor não seria suficiente para conduzi-los na conquista da terra de Canaã. A palavra que foi traduzida por choro ('anaq) tem o sentido de um clamor muito forte, como um grande gemido. A palavra está relacionada com a idéia de um choro além do comum e desproporcional.

E este tipo choro foi somente perca de tempo, porque estava manchado pelo pecado. Esta lamentação foi pecaminosa porque era fruto da insatisfação com a graça do Senhor. Esta lamentação foi pecaminosa porque os israelitas não olharam para o Senhor e a Sua Graça, mas para os seus próprios recursos humanos. O choro dos israelitas aconteceu na hora errada e pelos motivos errados. Não era hora de chorar. Era hora de confiar na abundante graça de Deus, que não abandonaria o Seu povo à própria sorte. Não havia motivos para chorar e lamentar, porque a promessa de Deus estava clara e o povo já tinha provado da bondade do Senhor desde que saiu do Egito.

Crentes com sintomas de autopiedade são encontrados facilmente. Não basta ir muito longe, basta olhar para nós mesmos em algumas circunstâncias da vida. Começamos a lamentar e até chorar em voz alta porque passamos a confiar muito em nós mesmos e não em Deus. Este choro Deus desaprova totalmente, porque parte de um coração autopiedoso que coloca o “eu” no centro do viver. Todos nós temos uma tendência natural para a autopiedade – e precisamos combatê-la. A pessoa busca se fazer de vítima em momentos de crise, e não olha para a manifestação da graça de Deus sobre a sua vida. O Senhor não nos dá nada além do que possamos suportar e sua graça sempre estará presente em nossa vida. Por isso não precisamos andar lamuriando nos cantos da vida, sem confiar que a graça de Deus será suficiente para atravessarmos o deserto e vencer os desafios pela frente.

As circunstâncias difíceis da vida geralmente servem para revelar a força ou a fraqueza que estão há muito tempo adormecidas dentro de nós. O que fará toda a diferença é saber onde colocamos a nossa confiança. O temor vai embora e o lamento perde a sua força quando colocamos a confiança na graça de Deus (Sl. 56:11). Em qualquer circunstância da vida devemos ter em mente que a graça de Deus será suficiente ao longo da jornada. Sempre é necessário pregar a nós mesmos esta mensagem.

Como você tem reagido diante dos desafios que a vida traz? Aqui sempre teremos aflições, mas devemos ter bom ânimo e ficar satisfeitos com a graça de Deus sobre a nossa vida. Que possamos deixar de lado as lamentações de autopiedade e o choro pecaminoso porque Deus está conosco e não há o que temer. No Salmo 42:11, observamos Davi questionando a si mesmo: “Porque estás abatida ó minha alma?” Vamos chorar e lamentar pelos motivos corretos e não por causa de insatisfação com a graça de Deus. Ela é suficiente – a graça de Deus nos basta (I Co. 12:9).


MARCOS AURÉLIO DE MELO

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Decisões precipitadas

Em Cades Barnéia (Nm. 14:1-12), os israelitas decidiram escolher um líder que os levasse de volta para o Egito. O retrocesso aqui é notório. Esta decisão precipitada é tomada no calor da situação, diante dos enormes perigos que os espias relataram ao povo. Sem a menor cautela eles passam por cima da liderança de Moisés e Arão e resolvem eleger um capitão que os conduza em “segurança” ao Egito. Também decidem apedrejar Josué e Calebe (Nm. 14:10) que falavam confiantes na graça de Deus, no Seu poder e majestade. Foram decisões precipitadas que colocaram em evidência o que estava no coração do povo: a falta de satisfação com a graça de Deus. Em momento algum desta narrativa observamos um mínimo de bom senso, apenas a precipitação em agir por impulso, sem ao menos consultar ao Senhor.

Este comportamento precipitado do povo de Israel já foi observado também na ocasião em que fizeram um bezerro de ouro (Ex. 32:1-6), porque Moisés demorava em descer do monte Sinai. Agiram por impulso novamente, pela dureza do coração em não estar satisfeito com a graça de Deus.

Não saber esperar em Deus é um indicativo de insatisfação com a Sua graça. Prudência cabe em qualquer lugar na vida, mas somente quem está plenamente satisfeito com a graça do Senhor terá condições de agir com prudência. Em Pv. 19:2, lemos: “Não é bom proceder sem refletir e peca quem é precipitado.” As decisões precipitadas estão diretamente relacionadas a falta de confiança no cuidado de Deus. Tomamos decisões precipitadas porque pensamos ter a melhor solução. Só depois descobrimos que foi um “tiro no pé” que nos deixará com cicatrizes por toda a vida. Por isso devemos sempre estar satisfeitos com o que Deus tem reservado para nós. Saber esperar sem agir precipitadamente é uma demonstração de satisfação com a provisão divina.

Às vezes somos levados no calor de um momento a tomar decisões precipitadas. Pressionados pelas circunstâncias deixamos de valorizar a graça do Senhor sobre nós e resolvemos agir por nossa conta. Este tipo de comportamento demonstra autossuficiência que é uma afronta ao nosso Deus. Podemos até pensar que estamos avançando, mas na realidade estamos retrocedendo quando deixamos de confiar na graça suficiente de Deus para tomar decisões precipitadas. Eleger um líder para voltar ao Egito ou decidir apedrejar dois servos de Deus demonstra um grande retrocesso do povo de Israel.

Como nós estamos em relação a este aspecto? Confiar na abundância da graça de Deus e estar satisfeito com ela é a melhor saída. Não esqueça disso! Que sejamos crentes que depositam esperança em Deus e não agem por impulso, movidos por decisões precipitadas que certamente acabarão mal. A vida do crente deve ser de completa dependência do Senhor em comunhão constante. Quando estamos insatisfeitos com a Sua Maravilhosa graça teremos dificuldade em esperar e depender de Deus. Vamos orar como Davi: “Esperei confiantemente no Senhor, Ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro” (Sl. 40:1). Esta é a melhor decisão: confiar na suficiência do Senhor.

MARCOS AURÉLIO DE MELO

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Conclusões Insensatas

Os israelitas estavam diante da terra Prometida, em Cades-Barnéia, mas ficaram receosos de ir adiante, sem a mínima confiança na graça de Deus. Diante dos fatos relatados pelos espias, todos os filhos de Israel tiraram a seguinte conclusão: “Oxalá tivéssemos morrido na terra do Egito! Ou mesmo neste deserto!” Eles concluíram que a melhor saída seria a morte no Egito ou no deserto. Chegaram a afirmar que o propósito de Deus era entregar seus filhos como presas nas mãos dos habitantes (gigantes) daquela terra. Estas conclusões são totalmente absurdas diante de tantas demonstrações da graça do Senhor, inclusive em preservar os filhos (presas) dos israelitas (Nm. 14:29 e 31). No raciocínio do povo, Deus os trouxe até aquele lugar para dar fim a todos eles, sem a menor explicação. Mas Deus não estava brincando com o seu povo ao tirá-lo do Egito com o propósito de levá-lo a Canaã. Depois de tantas demonstrações da graça de Deus em conduzir o seu povo, a conclusão do povo é totalmente desprovida de confiança no Senhor.

Em Dt. 1:27, Moisés registrou o que eles disseram: “O Senhor nos odeia”, esta foi a conclusão a qual os israelitas chegaram. Esta conclusão é totalmente insensata e nos mostra o quadro desesperador que se instala no coração humano, quando a graça de Deus é desprezada. Naquele dia os israelitas provaram que o coração do homem é muito enganoso e pode ser facilmente levado por conclusões insensatas que entram em contradição com a Palavra de Deus. O povo devia apenas contar com a graça e fidelidade do SENHOR para avançar em direção à Canaã, mas diante da insatisfação com a graça de Deus foram enganados por conclusões sem o menor sentido.

Em situações de teste na nossa vida somos levados a ter algumas conclusões. A pergunta é: que tipo de conclusão tem sido? Como reagimos diante dos desafios diários que temos em nosso viver? Muitos escolhem o mesmo caminho, e são levados a tirar conclusões erradas sobre a situação que estão enfrentando. Alguns assumem a postura que estão decepcionados com Deus e que a vida não vale mais a pena. Esta nunca foi a vontade de Deus para os filhos que Ele redimiu com graça e glória.

O apóstolo Paulo, depois de descrever várias faces da graça salvadora de Deus, nos leva a seguinte conclusão: “Aquele que não poupou a seu próprio Filho, antes, por todos nós o entre porventura não nos dará graciosamente com ele todas as cousas? Porque eu estou bem certo, de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem cousas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Romanos 8:32,38,39).

Que conclusões belíssimas Paulo teve ao provar e ficar satisfeito com a graça de Deus derramada sobre a sua vida! Que possamos também acertar nas nossas conclusões.

Marcos Aurélio de Melo