quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A respeito da salvação

Tornar-se semelhante a Deus é, e precisa ser, o supremo objetivo de toda criatura moral. Esta é a razão da sua criação, a finalidade sem a qual não existiria nenhuma desculpa para sua existência. Deixando de fora, no momento, aqueles estranhos e belos seres celestiais a respeito dos quais conhecemos tão pouco (os anjos), concentraremos nossa atenção na raça caída da humanidade. Criados originalmente na imagem de Deus, não permanecemos no nosso estado original, deixamos nossa habitação apropriada, ouvimos os conselhos de Satanás e andamos de acordo com o curso deste mundo e com o espírito que agora opera nos filhos da desobediência.

Mas Deus, que é rico em misericórdia, com seu grande amor com que nos amou, mesmo quando estávamos mortos em nossos pecados, proveu-nos expiação. A suprema obra de Cristo na redenção não foi salvar-nos do inferno, mas restaurar-nos à semelhança de Deus, ao propósito declarado em Romanos 8: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8.29).

Embora a perfeita restauração à imagem divina aguarda o dia do aparecimento de Cristo, a obra da restauração está em andamento agora. Há uma lenta, porém firme, transmutação do vil e impuro metal da natureza humana para o ouro da semelhança divina, que ocorre quando a alma contempla com fé a glória de Deus na face de Jesus Cristo ( 2 Co 3.18).

Agora, apresso-me em negar qualquer identificação com a idéia popular de salvação por esforço humano ou força de vontade. Estou radicalmente oposto a toda forma de doutrina, com “capa” cristã, que ensina a depender da “força latente dentro de nós”, ou a confiar em “pensamento criativo” no lugar do poder de Deus. Todas estas filosofias infundadas falham exatamente no mesmo ponto – por presumirem erroneamente que a correnteza da natureza humana possa ser levada a voltar e subir as cataratas no sentido contrário. Isto é impossível. “A salvação vem do Senhor”.

Para ser salvo, o homem perdido precisa ser alcançado pelo poder de Deus e elevado a um nível superior. Precisa haver uma transmissão de vida divina no mistério do novo nascimento, antes de poder aplicar à sua vida as palavras do apóstolo: “E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito” (2 Co 3.18, NVI).


A. W. TOZER

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