quarta-feira, 28 de maio de 2014

Um tributo à graça de Deus

A Igreja Batista Regular do Jardim Amazonas comemora em maio/2014 os seus 20 anos de existência. É uma data memorável. E é bom saber que ao longo dos anos esta igreja foi sustentada pela graça de Deus, sem a qual certamente não teríamos chegado até esta data. Precisamos olhar para o passado sem resquícios de um saudosismo melancólico, mas com o coração cheio de alegria por termos visto a poderosa ação de Deus ao longo da trajetória da nossa igreja.

Reconhecemos o papel singular que várias pessoas desempenharam no estabelecimento da igreja no início da década de 90, reconhecemos o empenho missionário para a construção deste templo, reconhecemos o suor despendido em labuta pelas ovelhas por líderes que por aqui passaram, reconhecemos o valor dos irmãos e irmãs que aqui exerceram ou exercem seus dons objetivando a glória de Deus: reconhecemos que tudo isso é fruto somente da boa mão do Senhor. Por isso, o foco deste pequeno texto é trazer-nos à memória um tributo à graça de Deus.

As primeiras reuniões nesta igreja aconteceram em chão batido, não havia piso, não havia bancos. Na minha lembrança ainda ecoam a melodia e letra de um pequeno cântico que era entoado: “Por mim morreu Jesus, cravado numa cruz, no monte do Calvário, por mim morreu Jesus.” De maneira simples, a mensagem do Evangelho de Cristo foi sendo proclamada e, pela graça do Pai, adultos e crianças daquela época entenderam o Evangelho e os frutos não demoraram a aparecer. É muito bom olhar ao redor e ver irmãos que iniciaram sua caminhada cristã nesta igreja e permanecem sendo conduzidos pelo Bom Pastor. Isto também merece ser recordado, e traz ao meu coração a certeza de quão gracioso Deus tem sido.

Com o passar do tempo, muitos daquela época abandonaram a corrida cristã, lembro disso com tristeza. Mas os que perseveraram servindo e seguindo a Cristo não fizeram isto por mérito próprio, foi também pela operação capacitadora da graça de Deus. O caminhar pela fé não é feito sem dependência constante de Cristo Jesus, afinal somente unidos à Videira verdadeira, é que permaneceremos no Seu amor. Por meio da Bíblia, entendemos que a mensagem do Evangelho não nos causa uma mera empolgação; o entendimento correto do Evangelho nos constrange a vivermos em conformidade com o que Deus requer dos Seus filhos, sempre com base na graça que nos salva e nos capacita.

Podemos lembrar-nos de irmãos queridos que já não andam mais conosco, porque partiram para habitar com Cristo, que os promoveu para o reino celestial. No plano eterno do Senhor, eles cumpriram o seu propósito no tempo em que permaneceram entre nós. O testemunho cristão, que resplandecia a verdade do Evangelho em suas vidas, permanece vivo em minha lembrança.

Dificuldades na jornada desta igreja também aconteceram, problemas internos e externos que de alguma forma se tornaram percalços no caminho. Mas o que continua vivo na minha memória, é a constância da graça de Deus em cuidar do Seu povo, mantendo-nos firmes na Palavra apesar das tempestades que vieram. É fato que igrejas perfeitas não existem, e membros perfeitos muito menos. Mas é o Senhor da igreja quem traz à tona o que precisa ser afinado com as Escrituras e confronta o Seu povo para fazer os ajustes necessários por meio da capacitação do Espírito. Com o ensino correto e com instrução bíblica, os membros experimentam crescimento em suas vidas e a igreja amadurece como Corpo. Isto também é evidência da maravilhosa graça de Deus.

O desenvolvimento saudável de um corpo é caracterizado pela adequação de cada membro ao propósito para o qual foi designado. Temos visto irmãos e irmãs ao longo destes anos se empenhando no uso de seus dons, para edificação de outros membros do corpo afim de que o corpo cresça ajustado e consolidado para o Senhor. No reino de Cristo, ninguém é autossuficiente a ponto de isolar-se do corpo, vivendo somente para si. A vida congregacional, mantida sob a verdade do Evangelho de Cristo, também é resultado da graça de Deus sobre o Seu povo.

E como fiéis soldados do Senhor não estamos aqui para combater em causa própria, estamos aqui para satisfazer Aquele que nos alistou e isto só é possível quando obedecemos na íntegra às Suas ordens. Louvamos a Deus por mais um ano que Ele nos concede como igreja, e agradecemos ao Senhor porque Ele nos capacitou por Sua maravilhosa graça a chegarmos até aqui, e certamente nos capacitará a cumprir o propósito para o qual fomos chamados. Alguns desafios se descortinam diante de nós, e por isso precisamos de coragem e firmeza. Portanto, “corramos com perseverança a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para Ele, o Autor e Consumador da nossa fé” (Hb. 12:2). Que Deus nos abençoe! E que continuemos sempre firmes e firmes e perseverantes como igreja, vivendo com o Senhor, pelo Senhor e para o Senhor.

terça-feira, 20 de maio de 2014

O que é um cristão

O que é um cristão? Um cristão é alguém que, antes e acima de tudo, foi perdoado de seu pecado e reconciliado com Deus, o Pai, por meio de Jesus Cristo. Isso acontece quando a pessoa se arrepende de seus pecados e coloca sua fé na vida perfeita, na morte substitutiva e na ressurreição de Jesus Cristo, o Filho de Deus.

Em outras palavras, um cristão é alguém que se esgotou a si próprio e todos os seus recursos morais. Reconheceu que, em desafio à lei de Deus, havia dedicado sua vida à adoração e ao amor às coisas e não a Deus — coisas como a profissão, a família, aquilo que o dinheiro pode comprar, a opinião das pessoas, a honra de sua família e da comunidade, o favor dos falsos deuses de outras religiões, os espíritos deste mundo ou mesmo as coisas boas que uma pessoa pode fazer. Também reconheceu que esses ídolos são senhores duplamente condenatórios. Seus apetites nunca são satisfeitos nesta vida. E provocam a ira justa de Deus na vida por vir, uma morte e um julgamento, dos quais o cristão experimenta um pouco nas infelicidades deste mundo.

Portanto, um cristão sabe que, se tivesse de morrer hoje à noite e comparecer diante de Deus, e Ele lhe dissesse: “Por que devo permitir que você entre na minha presença?” O cristão diria: “Senhor, não deves deixar-me entrar. Tenho pecado contra Ti e tenho para contigo uma dívida que sou incapaz de pagar”. No entanto, ele não pararia aí. Continuaria: “Mas, por causa de tuas grandes promessas e misericórdia, confio no sangue de Jesus Cristo que foi derramado como substituto por mim e pagou o meu débito moral, satisfazendo as Tuas exigências santas e justas e removendo a Tua ira contra o meu pecado!”

Com base na garantia de ser declarado justo em Cristo, o cristão é alguém que descobriu o começo da liberdade da escravidão ao pecado. Os ídolos e outros deuses nunca podiam ser satisfeitos, e seus apetites, plenamente atendidos; mas a satisfação de Deus quanto à obra de Cristo implica que a pessoa comprada da condenação por meio da obra de Cristo agora é livre! Pela primeira vez, o cristão é livre para virar suas costas ao pecado, não para substituí-lo servilmente com outro pecado, e sim com o desejo pelo próprio Cristo e pela norma de Cristo para a sua vida; este desejo é outorgado pelo Espírito.

 

Autor: MARK DEVER

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Fraco para com os fracos…

Alguns conceberam uma filosofia pragmática nas palavras do apóstolo Paulo em 1 Coríntios 9.20-23:

Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus; para os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei. Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse, não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os que vivem fora do regime da lei. Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns. Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador com ele.

Paulo estava falando de sua paixão por conquistar os perdidos a qualquer custo, até mesmo o extremo sacrifício pessoal. O versículo 19, que introduz esta seção, diz: "Sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos". Ele não estava advogando que devemos retalhar a mensagem a fim de remover o escândalo da cruz (Gl 5.11). Paulo não teria endossado a tendência atual de substituir a pregação firme por música, drama ou outros entretenimentos que não envolvem constrangimento ou confronto. Nesta mesma epístola aos coríntios, ele escreveu: "Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação" (1 Co 1.21).

Isso é o oposto da tendência atual, na qual encontramos a sabedoria mundana e os entretenimentos carnais substituindo a proclamação da Palavra de Deus e sendo usados como meios de evangelização.

Paulo lembrou aos coríntios que ele mesmo havia sido exemplo para eles: "Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado" (1 Co 2.1-2). Ele conservou sua mensagem simples, franca e direta, deixando a Palavra de Deus penetrar os corações deles em vez de tentar convencê-los com engenhosidade e exibição.

Paulo não queria que sua maneira de falar, seu comportamento pessoal, suas maneiras sociais ou quaisquer outras coisas externas fossem pedras de tropeço para ninguém a quem ele estivesse ministrando. Paulo evitou, a todo custo, ofender desnecessariamente a quem quer que fosse; isto é, ele se tornou "tudo para com todos" os homens (1 Co 9.22).

Porém, uma coisa que Paulo nunca teria feito, a fim de evitar escândalo, era amenizar ou alterar a mensagem do evangelho. De fato, suas palavras mais severas foram uma maldição pronunciada sobre qualquer um que, por amenizar ou alterar, modificasse a mensagem do evangelho (Gl 1.8). Paulo reconheceu que a mensagem da cruz, em si mesma, é uma enorme pedra de tropeço para os incrédulos (Gl 5.11; Rm 9.32-33; 1 Co 1.23), mas não deixou de proclamá-la com ousadia (At 19.8; Ef 6.19). Condenou categoricamente pregadores que com sua mensagem produzem coceiras nos ouvidos (2 Tm 4.3-5).

Então, é certo que não acolheria, por um momento sequer, a sugestão de que a mensagem do evangelho pudesse ser adaptada com o propósito de satisfazer as inclinações egoístas e carnais das pessoas. Paulo não suportaria os que acham que devem vencer a resistência e a incredulidade das pessoas por meio de uma nova maneira de apresentar o evangelho ou por omitir as exigências mais árduas do evangelho. Ele sabia que tal abordagem produziria muitos falsos convertidos.


John MacArthur
Extraído do Livro: NOSSA SUFICIÊNCIA EM CRISTO

quarta-feira, 7 de maio de 2014

A barbárie no coração

Estamos vivendo uma época de barbáries. Não que em anos passados as barbáries ocorriam em menor escala, mas agora com os meios de comunicação tudo é televisionado e se propaga rapidamente através da Internet e das mídias sociais. O caos na sociedade é visivelmente estarrecedor, visto que algumas ações típicas de bárbaros estão sendo praticadas por pessoas que se intitulam civilizadas.

Recentemente um jovem morreu após levar uma forte pancada na cabeça. O agressor atirou um vaso sanitário de uma altura de 20 metros atingindo em cheio o torcedor que deixava o estádio do Arruda em Recife-PE. O vandalismo misturado à falta de consideração para com o próximo gerou mais esta barbárie. No litoral de São Paulo, no Guarujá, uma senhora foi vítima de linchamento até a morte. Um grupo de pessoas fez justiça com as próprias mãos com a pessoa errada, pois confundiram a mulher com outra que era procurada no estado do Rio de Janeiro por sequestro de crianças. Mais uma barbárie que traz à tona um questionamento sobre a situação do homem e sua relação com os outros a sua volta. As barbáries que são vistas na tela da TV ou do computador apenas refletem que o homem continua se rebelando cada vez mais contra Deus, insistindo em buscar a própria forma de viver.

Não posso abordar este assunto sem me valer dos princípios bíblicos, que atestam a pecaminosidade inerente do homem. Desde o seu nascimento, há no homem a semente de rebelião contra Deus e contra os seus pares. É notório que as crianças já fazem requisições egoístas e entram em conflitos com outras crianças sem o menor constrangimento. Isto é evidência de que não é o ambiente que denigre o homem, é o próprio coração cheio de pecado e egoísmo que aflora toda sorte de malefícios e contendas nas relações interpessoais. Sendo assim, o remédio não será encontrado em posições filosóficas ou sociológicas que busquem entender o homem no seu habitat. Nem tampouco encontrar-se-á uma solução na busca por melhoria nas condições educacionais ou econômicas do povo.

A reforma legítima inicia-se por meio de uma abordagem teológica centrada na cruz de Cristo. O plano redentor de Deus, estabelecido na eternidade, estabelece o norte para que o homem não se afogue em suas barbáries. O retorno à sensatez só é possível quando entendemos com profundidade e clareza a vida sob o ponto de vista de Deus, que nos oferece recursos maravilhosos a fim de que possamos construir relações amenas e baseadas no altruísmo.

O entendimento do pecado e do justo juízo divino decorrente da rebelião do homem contra Deus, deve nos fazer mirar a cruz do Calvário como única solução. O sacrifício remidor do Cordeiro de Deus aplacou a ira divina e nos aproximou de um relacionamento vivo e dinâmico com o Pai. Junto a Deus há refúgio para o dia mau, para a alma abatida e para os contritos de espírito. Precisamos clamar ao Senhor que nos tire da inércia e que sejamos instrumentos de bênção no contexto em que estamos, transmitindo a graça e proclamando o maravilhoso amor de Deus, mesmo diante de cenas de barbárie e selvageria.