sexta-feira, 26 de junho de 2015

Entretenimento e lazer a todo custo

"Vivemos na época do entretenimento escapista que deliberadamente falsifica, despersonaliza e manipula a realidade." (Eugene Peterson)

Num mundo cada vez mais voltado para o escapismo, o lazer e o entretenimento ocupam um espaço de destaque nas vidas das pessoas. O mercado cinematográfico, musical, teatral e televisivo, nos seus mais variados ramos, objetiva vender um remédio de alívio para as dores e lutas da grande massa. Nestes dias, o tempo que se dedica em prol do bem-estar é um atestado da realidade de um homem cada vez mais alienado de seus propósitos e valores mais básicos de honra e amadurecimento. Em certo sentido, homens que deviam fincar a bandeira dos valores morais mais elevados, estão querendo voltar ao jardim da infância na busca insaciável por recreação e lazer.

Cito a seguir o escritor A. W. Tozer, que destaca de forma enfática esta realidade:

As pessoas não mais pensam no mundo como sendo um campo de batalha, mas como um lugar de lazer. Não estaríamos aqui para lutar; estaríamos aqui para brincar. Não estaríamos num país estrangeiro; estaríamos em casa. Não estaríamos preparando-nos para a vida, mas já estaríamos vivendo a nossa vida, e o melhor que poderíamos fazer é livrarmo-nos de nossas inibições e de nossas frustrações para viver esta vida o máximo que pudéssemos. Isto, cremos, é um correto resumo da filosofia religiosa do homem moderno, abertamente professada por milhões e tacitamente aceita por muito mais pessoas ainda, que vivem de acordo com essa filosofia, mesmo que não a admitam por meio de palavras.

O lazer quando bem equilibrado e ordenado é de grande valia para o bem-estar do homem. Mas como tudo que é bom, se mal utilizado, pode se constituir em uma armadilha para todos nós. Precisamos estar sempre alertas sobre a mordomia do tempo, algo fundamental para a boa administração do bem mais precioso que Deus nos outorgou. Se de fato queremos remir o tempo, é necessário dedicar atenção especial ao que trará efetivo crescimento às nossas vidas, valorizando na medida certa o que Deus criou para o nosso aprazimento. Coloquemos nossa esperança não na instabilidade dos prazeres transitórios desta vida, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamento para nossa mais profunda alegria.

sábado, 13 de junho de 2015

Resistindo à tentação


Diante dos assédios da esposa de Potifar o jovem José manteve-se íntegro e puro porque não queria desagradar ao Seu Deus. Deste episódio podemos extrair lições sobre a importância da santidade e pureza no meio de uma sociedade corrompida e sedutora.

Fica bem claro na história de José, que ele tinha um pensamento alinhado com a glória de Deus. Percebemos que a sua maior alegria era viver de modo agradável ao Senhor. Por isso quando foi assediado sexualmente pela mulher de Potifar, logo ele se lembrou que este ato seria uma afronta direta ao Senhor. Ele entendia que sua vida era um livro aberto diante do seu Deus. Muito embora a mulher de Potifar não se importasse com a integridade do seu casamento, José não via as coisas desta forma. A pureza de José diante das armadilhas sedutoras daquela mulher é um lembrete a todos nós sobre a importância da fidelidade e amor a Deus na luta contra o pecado.

Precisamos entender que a batalha pela pureza começa em nossas mentes (Mt. 5:28). Aquilo que é sensual e lascivo e alimenta as nossas mentes certamente trará prejuízos. Como diz o ditado: “Não podemos evitar que um pássaro voe sobre nossas cabeças, mas podemos evitar que ele faça um ninho”. Portanto, não flerte com o pecado. Não se deixe iludir pelas promessas de prazer fácil. A impureza sexual pode escravizar qualquer um de nós. Precisamos estar atentos a todo indício de imoralidade que esteja por perto, para que não sejamos enganados pela cobiça do nosso coração. Quando focamos a glória do Senhor e buscamos em tudo sermos agradáveis a Ele, lutaremos pela pureza em nosso viver e seremos vigilantes em todo tempo.

A advertência contra a impureza sexual não se restringe aos solteiros. O adultério continua sendo o grande motivador para o fim de muitos casamentos. Por isso o livro de Provérbios está repleto de exortações à pureza: “O que adultera com uma mulher está fora de si; só mesmo quem quer arruinar-se é que pratica tal coisa” (Pv. 6:32). O matrimônio deve ser honrado pelos cônjuges de maneira digna, a fim de que não haja espaço para imoralidades e seduções que destruam a confiabilidade entre o casal. Esta aliança feita perante o Senhor deve resistir aos ataques deste mundo caído, mediante o poder sustentador que provém das Escrituras.

Nesta sociedade corrompida em que vivemos, mais do que nunca precisamos levantar a bandeira da pureza. Estamos rodeados de convites à impureza e a luxúria desenfreada, que dominam os outdoors e propagandas da televisão. O sexo adquiriu status de deus e domina a vida de muitas pessoas. O Senhor nos convoca para sermos defensores da pureza em mundo que trata o sexo de forma banal e casual.

 

Programa Viva com Cristo
Rádio Grande Rio AM 680Khz

sexta-feira, 12 de junho de 2015

O Filho amado do Pai


De vez em quando ouvimos que Cristo é o Amado do Pai porque ele foi sempre um Filho obediente. Isso é verdadeiro e bíblico (Jo 8.29). Entretanto, faz-se necessário frisar que, nesta conexão, o que evocou o amor do Pai foi especialmente a qualidade desse amor.

O Filho, sabendo qual é o prazer do Pai e o que está em sintonia com sua vontade, não espera que o Pai lhe ordene fazer isto ou aquilo, mas espontaneamente se oferece. Ele, voluntariamente, faz a vontade do Pai. Não é passivo, nem mesmo em sua morte; pelo contrário, entrega sua vida. “Por isso o Pai me ama, porque eu dou minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou ...” (Jo 10.17,18; cf. Is 53.10). É esse maravilhoso deleite, por parte do Filho, em fazer a vontade do Pai, e desse modo salvar seu povo, ainda que às custas de sua própria morte, e morte de cruz (Fp 2.8), o que move o Pai a sempre exclamar: “Este é o meu Filho amado.”

Essencialmente, o Pai já pronunciou essa exclamação “antes da fundação do mundo”. Ainda derrama seu infinito amor sobre seu Filho (Jo 17.24), movido, sem dúvida, entre outras coisas, pela gloriosa decisão do próprio Filho: “Eis aqui estou” (Sl 40.7; cf. Hb 10.7). Sem dúvida que esta é a maneira humana de falar sobre essas realidades; porém, de que outra maneira falaríamos sobre elas? A exclamação do Pai foi repetida na ocasião do batismo do Filho (Mt 3.17), quando de forma visível ele tomou sobre si o pecado do mundo (Jo 1.29,33); e uma vez mais por ocasião da transfiguração (Mt 17.5; 2Pe 1.17,18), quando, outra vez, de uma forma ainda mais notável, o Filho voluntariamente escolheu o caminho da cruz.

 

William Hendriksen
Extraído do Comentário sobre Efésios

sábado, 6 de junho de 2015

A inveja no meio do povo de Deus


Alguém já disse que a inveja é um veneno que mata a nossa sensibilidade às boas notícias. De fato, o invejoso é alguém que não tolera saber que outros estão sendo bem-sucedidos em algum empreendimento ou que uma pessoa está progredindo na vida. Os onze irmãos de José notaram que ele tinha a preferência do seu pai (Jacó) e que os sonhos daquele jovem apontavam para o sucesso e a grandeza. Isto despertou neles uma inveja inflamada que se acumulou até se transformar em ódio contra José.

O texto bíblico em Gênesis 37 confirma com clareza este antagonismo sórdido contra José:

"Vendo, pois, seus irmãos que o pai o amava mais que a todos os outros filhos, odiaram-no e já não lhe podiam falar pacificamente." (Gn 37:4)

"Seus irmãos lhe tinham ciúmes; o pai, no entanto, considerava o caso consigo mesmo." (Gn 37:11)

A história é bastante conhecida. Movidos por esses sentimentos destrutivos, os irmãos de José “conspiraram contra ele para o matarem” (v.18). Mas Rúben e Judá não queriam a sua morte. Em acordo, os irmãos decidiram vendê-lo como escravo, sujar sua túnica de sangue de animal e entregá-la a seu pai Jacó para que pensasse que José havia sido devorado por um animal selvagem do deserto. Esta notícia mentirosa trouxe uma profunda tristeza a Jacó, que rasgou as suas vestes, cingiu-se de pano de saco e lamentou o filho por muitos dias.

A inveja nasce porque os homens vivem num constante espírito de competição. Assim também muitas igrejas estão sendo destruídas porque os irmãos vivem disputando prestígio ou posição. Infelizmente, a inveja e o partidarismo são claramente percebidos no meio da igreja, o povo que foi chamado para espelhar unidade e compromisso efetivo com a mutualidade cristã. É uma triste realidade que abala os alicerces da comunhão e emperra o amadurecimento de todos.

Para que a inveja seja eficazmente combatida, é necessário entendermos que não existe ninguém grande na igreja. Somente uma pessoa deve ocupar o lugar de destaque, e esta pessoa é o nosso Deus. Todos os irmãos são servos na mesma obra, trabalhando juntos para a edificação do corpo e crescimento da igreja. A igreja não é lugar para competições, caprichos ou estrelismo. A igreja não lugar para espetáculo de egos e nem palco para exibicionismos diversos. Somos todos cooperadores da mesma seara, com o objetivo singular de produzir frutos para a glória somente do Senhor.

O coração precisa sempre passar por um check-up. Para isso você procura um cardiologista. Da mesma forma, a nossa alma precisa sempre passar por um check-up espiritual, e para isso existem as Escrituras, que indicam o real problema e o tratamento adequado. A inveja e o ódio são pecados enraizados numa imagem errada que a pessoa tem dos outros e de si mesma. É necessário utilizar imediatamente o tratamento contra o orgulho, através da mortificação do velho homem que deseja sobressair e macular as conquistas das outras pessoas. Para isso, Deus requer que sejamos vigilantes e atuantes no combate ao menor indício de inveja. O antídoto é firmar a nossa alegria e contentamento em Deus somente e não nas glórias passageiras tão ambicionadas neste mundo.

terça-feira, 2 de junho de 2015

A consciência e o relógio

C. H. Mackintosh, escritor profícuo de comentários bíblicos, fez uma analogia interessante sobre o papel e funcionamento da consciência em nossas vidas. Ele utiliza-se do exemplo do relógio mecânico da época em que viveu, que funcionava através de um ajustador de molas. Dando corda no relógio com o regulador, a mola se enrola ainda mais, gerando uma tensão cuja liberação é exatamente a energia motriz do relógio.

A consciência pode ser comparada ao regulador de um relógio. Pode acontecer que os ponteiros do relógio estejam errados, mas enquanto o regulador tiver poder sobre a mola, haverá sempre meio de corrigir os ponteiros. Se esse poder deixa de existir, todo o relógio se torna inútil. Assim é com a consciência. Enquanto permanece fiel ao contato da Escritura Sagrada, aplicado pelo Espírito Santo, há sempre um poder regulador, seguro e certo; porém se ela se torna apática, dura ou viciada, se recusa a uma resposta verdadeira às palavras “Assim diz o Senhor”, há pouca ou nenhuma esperança.

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