sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Para derrubar árvores

Certo dia, havia um lenhador que conseguiu derrubar 70 árvores. O recorde do seu grupo era de 72 árvores.

Ou seja, ele chegou muito perto de quebrar o recorde e decidiu que queria alcançar essa marca e entrar para a história.

Sendo assim, no dia seguinte ele acordou mais cedo e trabalhou duro. Mas no final só conseguiu cortar 68 árvores.

Ele não desistiu. Tentou mais um dia, acordando ainda mais cedo, esforçando-se ainda mais, mal parou para almoçar e ao final do dia só conseguiu cortar 60 árvores.

O lenhador ficou desolado e totalmente desestimulado.

Foi então que um velho companheiro de trabalho, muito experiente, chegou ao seu lado e ouvindo o desabafo do jovem, perguntou:

"Rapaz, quanto tempo você separou para afiar o machado?"


Moral da história:
Precisamos nos concentrar na preparação antes de partir para a ação. A efetividade e eficácia de nossas ações só serão reais quando a preparação for bem feita. Sem "afiar o machado" é impossível cortar mais árvores. 


Biblicamente, devemos ouvir o que diz o Senhor Jesus:
"Porquanto, qual de vós, desejando construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o custo do empreendimento, e avalia se tem os recursos necessários para edificá-la? Para não acontecer que, havendo providenciado os alicerces, mas não podendo concluir a obra, todas as pessoas que a contemplarem inacabada zombem dele, proclamando: ‘Este homem começou grande construção, mas não foi capaz de terminá-la!"
(Lucas 14:28-30)

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Empecilhos para a jornada da fé

Texto: Hebreus 11: 24-26

O escritor da carta aos hebreus no capítulo 11 nos relembra diversas histórias de personagens do Antigo Testamento, que exerceram sua fé de modo objetivo mesmo diante dos desafios e empecilhos que tiveram em suas vidas. Foram diversos os obstáculos na jornada de Abraão, Jacó, Josué e tantos outros.
Todos nós lidamos com empecilhos diversos que atrapalham a nossa carreira cristã. O escritor aos hebreus também nos lembra a necessidade de “desembaraçar-nos de todo peso do pecado que tenazmente nos assedia”. Se não fizermos isso, a corrida será um fracasso absoluto. Outro empecilho é a nossa agenda superlotada com nossos projetos pessoais, e em muitos casos antagônicos ao propósito de Deus.

"Com sua decisão de abandonar a corte egípcia, o patriarca Moisés suplantou alguns empecilhos para a jornada da fé."
Com sua decisão de abandonar a corte egípcia, quais EMPECILHOS para a jornada da fé o patriarca Moisés suplantou, e que nós devemos também suplantar ainda hoje?

1) O anseio humano por prestígio e poder
"recusou ser chamado filho da filha de Faraó"
Importante destacar que a sociedade egípcia estava dividida em classes sociais rígidas: o faraó, obviamente, ficava no topo; logo abaixo vinham os nobres (originários da família do Faraó); em seguida os funcionários palacianos (sacerdotes, escribas e oficiais militares); depois vinham os soldados, mercadores, artesãos, operários e camponeses; e por fim os escravos, que eram conquistados em guerras ou ficavam naquela posição por não terem como pagar os impostos.
Mas o patriarca Moisés não se deixou iludir pelo status junto à corte egípcia, em ser membro da nobreza ou ter assento junto à mesa com os poderosos do Egito. O tempo do verbo recusou, no original, indica um ato específico de escolha. O patriarca conhecia bem sua origem, seu próprio nome lhe indicava isto: “tirado do rio”. Ele sabia que a sua preservação foi obra do Deus de seus pais. Foi criado como filho pela filha de Faraó, mas quando cresceu não ficou refém do prestígio social que teria na corte do Egito. O prestígio da posição de príncipe no Egito não lhe era em nada atrativo, em razão de propósitos muito maiores que ele enxergava para a sua vida. Ele decidiu renunciar a toda glória terrestre e ao poder humano que estava ao seu dispor.
Ilustração: o anseio por poder, honra, glória e prestígio fez o jovem Absalão ambicionar o trono ocupado por seu pai, o rei Davi (2 Samuel 15). Depois de conquistar a confiança do povo, tomou a decisão de sustar o trono e estabelecer o seu reinado. Sua atitude ensandecida fez perecer 20.000 soldados numa batalha e por fim foi morto. A tragédia que se abateu sob Absalão foi grande, pois o trono não lhe pertencia, não era propósito de Deus para a vida dele.
O poder não é intrinsecamente negativo. Deus concede poder e autoridade a certos homens para que cumpram um papel específico. Por si só, o poder não é bom nem mau, mas recebe o seu significado a partir das decisões e atitudes daquele que o usa. O grande problema é quando posições de autoridade geram cobiça em nosso coração, e nos fazem perder as qualidades de servo. Como o pecado corrompeu todas as coisas, o exercício do poder também foi radicalmente afetado em todos os sentidos.
É bastante comum ver pessoas se apegando ao prestígio social que possuem, de modo a viver com a fé totalmente estagnada. O anseio por posições e status tem feito muitos naufragarem na fé e mergulharem numa profunda apatia com relação aos empreendimentos no reino de Deus.  junto aos poderosos deste mundo raramente é acompanhado de uma fé robusta e de atitudes que fazem oposição ao padrão dominante. Geralmente, o prestígio social só é mantido por conta de concessões pecaminosas, negociatas e fraudes que são antagônicas à fé cristã. Este ardente anelo de gozar de prestígio nesta sociedade corrompida pelo mal, mostra que o nosso coração não está plenamente satisfeito com a pessoa de Cristo.
As pessoas querem prestígio para serem bajuladas e desejam poder para serem mestres do próprio destino. Mas o que é elevado entre os homens é abominável aos olhos de Deus. O louvor que é dirigido aos poderosos e influentes deste mundo corrupto nada tem de excelente aos olhos de Deus. Precisamos diagnosticar se nossos maiores esforços têm sido direcionados para alcançar posições de poder, em detrimento da solidez da fé em Cristo.
O maior prestígio que o crente deve almejar é ser um autêntico servo (doulos) de Cristo) e a posição mais honrosa é estar rendido ao pé da cruz. Enquanto os discípulos vinham discutindo sobre quem seria o maior entre eles, Jesus dá um exemplo de serviço e lava os pés de cada um, inclusive daquele que em poucos momentos o trairia. Não busquemos a honra dos primeiros lugares, querendo ter a primazia em tudo. Estabeleçamos um nobre propósito pra nossas vidas: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo” (Fp. 2:3). Vamos descer de nossos pedestais e reconhecer que grande só há o Senhor que nos remiu e nos reclama pra Si.

2) O anseio humano por conforto e segurança
"preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus"
"considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito"
A opulência do Egito era bem conhecida no mundo antigo, em especial o conforto e a segurança que tinha o faraó e os nobres do palácio. O luxo da família do faraó era sustentado pelo camponês que, todo ano, era obrigado a repassar o excedente da produção ao faraó. Era essa riqueza que financiava a vida opulenta desses reis, de sua família e dos funcionários do palácio. O conforto e as regalias do palácio de Faraó ainda hoje surpreendem os estudiosos do antigo Egito. Moisés certamente tinha desfrutado desta vida confortável e segura junto à corte egípcia. O conforto vinha da opulência que os palácios do Egito apresentavam, de acordo com as descobertas arqueológicas. A segurança material estava atrelada à parte dos tesouros de que ele se tornaria herdeiro se permanecesse como membro da corte.
Mesmo diante de todos os atrativos, Moisés decidiu aliar-se aos oprimidos israelitas e dizer adeus ao futuro de riqueza, tranquilidade, comodidades e domínio real. Sobre isso o comentarista Moffat escreve: “A coragem de abandonar o conforto com o qual está acostumado e de aceitar com ânimo a ação como vontade de Deus, é de uma índole muito estranha e elevada; só pode ser criada e sustentada por maior visão espiritual”. Moisés aspirou uma segurança muito mais valiosa do que os tesouros materiais poderiam lhe proporcionar. Ele saiu de uma zona de conforto para enfrentar as duras provas junto com o seu povo escravizado no Egito preferindo ser maltratado.
Todos nós ansiamos por uma vida confortável, sem maiores percalços. Um verso de uma canção popular brasileira afirma: “É proibido sofrer, não vale a pena a viagem, é muito cara a passagem” (Leoni). Será se não vale a pena passar por maus-tratos e dificuldades quando o foco é a obediência a Cristo?
Ilustração: Um pensamento anônimo diz que: “O conforto chega como um convidado, demora-se até se tornar um hóspede e permanece para escravizar-nos.” E o pastor Samuel Rutherford escreveu: “Não construa seu ninho em nenhuma árvore aqui, pois o Senhor da floresta condenou todas elas à destruição.” Quando estamos acostumados aos confortos deste mundo, os resultados para a fé são desastrosos. Não podemos achar que a segurança verdadeira está numa conta bancária, ou num plano de previdência que vai garantir o nosso futuro. Quem somos nós para presumir que amanhã estaremos vivos? A vida autêntica de fé implica que o conforto/segurança desta vida presente não nos prende e não nos deixa apáticos em relação ao reino de Cristo.
Em Lucas 12: 16-21, lemos sobre um homem que confiou em seus tesouros, e colocou neles sua esperança. “Então, direi à minha alma: tens em depósito muitos bens para muitos anos, descansa, come, bebe, regala-re.” Qual foi o veredito divino? Louco! Por conta de nossa natureza que anseia por conforto e segurança neste mundo, precisamos ser lembrados constantemente sobre a natureza transitória dos recursos deste mundo que nos vendem a sensação de conforto e segurança. É muito perigoso quando o nosso coração descansa e se regala nos ídolos que oferecem conforto e segurança, entre eles Mamom. O apego excessivo aos bens materiais vem acompanhado de um esfriamento espiritual e revela o que nós consideramos mais precioso. Na busca desenfreada por uma vida mais confortável esquecemos facilmente o Doador e passamos a idolatrar as benesses conseguidas. A fé neste contexto será pouco a pouco sufocada, e não haverá frutos para a glória do Senhor. A autopreservação tem sugado nosso vigor espiritual, pois que quiser preservar a sua vida , perdê-la-á, mas quer quiser perder a vida por causa de Cristo, acha-la-á. Santo e bendito paradoxo!


3) O anseio humano por satisfação e autogratificação
"a usufruir prazeres transitórios do pecado"
É inato ao homem pós-queda a busca insana por autogratificação. E geralmente está autogratificação está associada com prazeres e pecados que envolvem satisfações perniciosas. A terrível tríade apresentada por João em sua primeira carta descreve bem o que era o Egito: um ambiente inóspito, dominado pela concupiscência da carne, pela concupiscência dos olhos e pela soberba da vida. Permanecer na corte de Faraó significaria gozar dos prazeres variados da carne, isto é, a gratificação dos sentidos, mas só por algum tempo. Eram comuns os banquetes regados a muito vinho, danças e orgias sexuais no palácio do faraó. Sem falar das práticas de zoofilia registradas por historiadores como Heródoto. A prática de prostituição nos templos à deusa da fertilidade Ísis era rotineira, com muita lascívia e frouxidão moral. No entanto Moisés entendeu algo que muitos de nós não damos a devida atenção: o máximo que o pecado pode fornecer é o prazer temporário, mas os prejuízos causados na alma não têm igual caráter temporário. A ênfase do pecado aqui apresentado resume-se numa troca do que é permanente pelo que é transitório.
Ilustração: É só um prato de lentilhas. Mas foi por um prato de lentilhas (uma satisfação momentânea) que Esaú vendeu o seu direito de primogenitura em Gn. 25: 29-34. A expressão “dê-me um pouco desse ensopado vermelho aí. Estou faminto!”, indica no hebraico aqui um pedido apressado e impulsivo de alguém que vive para o momento, para o aqui e agora. Raramente paramos pra pensar que realizar ou satisfazer nossos aimorés desejos seja a pior coisa que pode nos acontecer.
No seu livro A mortificação do pecado, o puritano John Owen escreve um tratado sobre esta questão sensível. Ele escreve: “A fé e o prazer pecaminoso definitivamente não caminham juntos. A causa principal para o esfriamento espiritual são os pecados acariciados que estão escondidos no sótão do coração”. Para Owen, a mortificação do pecado não é apenas um chamado à luta, mas também um chamado ao deleite. De acordo com Owen o vigor espiritual depende muito de mortificarmos o pecado em nós. Owen realçou a contradição prática de estar unido com Cristo e negligenciar a mortificação de pecados. Em grande parte dos casos, a apatia que tomou conta de muitos crentes professos é resultado de concessões aos prazeres deste mundo, em busca de satisfações perniciosas que iludem e escravizam. Eis um grande empecilho ao empreendimento de uma jornada de fé.
Cada vez mais este mundo caminha para maior desordem moral. Vivemos dias em que a libertinagem está sendo naturalizada, e os valores minimamente nobres e morais têm sido considerados fora de moda. Como diz o velho hino: “ruge forte, contundente, a guerra do pecado”. A sociedade hedonista (amante dos prazeres) em que estamos inseridos despreza o bom senso da moral judaico-cristã. Temos observado que a apelação sexual nos programas de televisão e em músicas tem atingido níveis animalescos, o que favorece todo tipo de promiscuidade e imoralidade. O pecado é vendido em seriados da Netflix com a maior naturalidade, e o espanto ou reprovação que causaria há poucos anos atrás já não faz sentido. Hoje em dia, palavras chulas que denotam alguma insinuação imoral já não causam maiores constrangimentos.
Um dos grandes equívocos é elevar os desejos de satisfação carnal à categoria de necessidades. Aqueles que se equivocam nisso caem grande cilada e ruína espiritual, sucumbindo a todo o catálogo de idolatrias que, somente temporariamente, enchem o vazio antes preenchido pela alegria no Senhor. É imprescindível fecharmos as brechas e não abrirmos concessões. Quais as brechas que você percebe em sua vida que o levam a distanciar-se do deleite em Deus? Quais as concessões que você tem feito em benefício de um prazer temporário? Neste mundo pervertido precisamos vencer a barreira da imoralidade, dar um basta naquilo que resulta em prazeres pecaminosos e fugir de toda aparência do mal. Continuemos firmes na luta contra aquilo que desonra a Deus no que diz respeito à santidade do corpo, pois a Bíblia nos diz que ele é um santuário que deve ser dedicado ao Espírito Santo.
Quem está escravizado pelos deleites deste mundo não tem vigor espiritual. Quem está rendido aos prazeres da lascívia não tem como ser um canal de bênçãos para a vida da igreja. Portanto, é impossível prosseguir adiante na jornada da fé estando acorrentado às propostas de prazer e satisfação que o sistema corrompido deste mundo oferece. Um vaso impuro só será útil ao Possuidor se houver a purificação necessária, mediante arrependimento e confissão. Onde quer que exista fé genuína e bíblica, existe arrependimento; onde quer que exista arrependimento, existe fé. Pelo poder que há em Cristo e na Sua graça, não permita, meu caro irmão, que a sua jornada de fé seja malograda pelas propostas indecentes desta era, que tentam todos os dias roubar o seu coração. Tenha um plano de contingência para não se deixar enganar pelas paixões e tentações carnais, que fazem guerra contra a sua alma.