segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Buscar a santidade

A SANTIDADE DEVE SER BUSCADA ARDOROSAMENTE SEM, CONTUDO, PERDER-SE DE VISTA QUE A SALVAÇÃO É PELA FÉ, E NÃO PELA SANTIDADE

Augustus Nicodemus

Muitos cristãos tendem à introspecção e a buscar a certeza da salvação dentro de si próprios, analisando as evidências da obra da graça em si para certificar-se que são eleitos. Não estou dizendo que isso está errado. Embora a salvação seja pela fé, no meu entendimento, a certeza dela está ligada ao processo de santificação.

Contudo, os crentes correm o risco de confundir as duas coisas. Se a busca contínua pela santidade não for feita à luz da doutrina da justificação pela graça, mediante a fé, levará ao desespero, às trevas e à confusão. Quanto mais olhamos para dentro de nós, mais confusos ficaremos. “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas; e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?” (Jeremias 17.9).

Não estou descartando o exame próprio e a análise interior de nossos motivos. Apenas estou insistindo que devemos fazer isso olhando para Cristo crucificado e morto pelos nossos pecados. Somente conscientes de que fomos justificados pela graça, mediante a fé, sem as obras da lei, é que podemos prosseguir no longo caminho da santificação.

O elo entre a justificação e a santificação


Muito se discute nos arraiais evangélicos sobre a necessidade da justificação mediada por Cristo a fim de sermos parte do reino de Deus. Certamente, há farto amparo bíblico para este assunto, afinal aos que Deus chamou, a estes justificou. A justificação é uma declaração judicial unilateral por parte de Deus de que já não há mais culpa que condene o homem redimido, visto que seus pecados foram totalmente pagos pela obra vicária de Cristo Jesus.

Mas não podemos ignorar a ampla gama de textos bíblicos que afirmam a necessidade de crescimento e amadurecimento na fé, afinal sem santidade ninguém verá o Senhor. Menoscabar a santificação como um processo inexorável na vida do cristão é fazer pouco caso da graça maravilhosa do Senhor. Neste aspecto, o progresso na piedade deve ser evidente e realizado sob a dependência da graça.

Portanto, há forte ligação entre a justificação e a santificação. Enquanto a justificação nos livra da culpa do pecado, a santificação nos livra do poder do pecado. Somente conscientes de que fomos justificados pela graça, mediante a fé, sem as obras da lei (Rm. 5.1; 3.28), é que podemos prosseguir confiantes no caminho da santificação. E assim vamos amadurecendo em glória, parecendo-nos mais e mais com a estatura de varão perfeito.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Raízes

por Charles R. Swindoll

Marcos 4:1-41; Efésios 3:1-21; Colossenses 2:1-23
Existe uma árvore no meu jardim que me dá um trabalho enorme, várias vezes ao ano. Ela tomba. Não, ela nunca quebra ou para de crescer… só tomba. Ela é bonita, muito verde, encorpada. Mas deixe que uma boa rajada de vento a encontre – e lá vai ela para o chão – rapidamente.
Isso aconteceu hoje. Estava muito bem, até que ventou. É uma vergonha que essa charmosa árvore não consiga se manter em pé. Retire as cordas que a sustentam e é somente uma questão de tempo… ela não é páreo na luta contra seu invisível amigo.
Por quê? Na linguagem dos jardineiros, ela é uma cabeça-pesada. Muitas folhas e pesados ramos acima do chão (que apreciamos e gostamos), mas abaixo do solo, fracas raízes. Poucas raízes aqui e ali, procurando por água e nutrientes… mas insuficientes para suportar tudo o que cresce acima. E a árvore não para de produzir novas folhas para esperar as raízes se fortalecerem.
Então, eu vou de manhã e a coloco em pé novamente. Converso com ela, dou vários conselhos e, com gestos, falo para se “endireitar”. Mas é só aparecer outro ventinho mais forte, que ela vai ser nocauteada.
Essa árvore passa uma lição que eu não posso mais ignorar: raízes fortes estabilizam o crescimento. Se isso é verdade para as árvores, com certeza é crucial para os cristãos. Raízes fortalecem e nos sustentam contra os fortes ventos da persuasão. Quando os ventos “tombadores-de-mentes” atacarem sem aviso, será o emaranhado de sólidas raízes que irá nos segurar e nos manter em pé. Bonitos ramos e rendadas folhas, não importando quão atrativos possam ser, falham em nos fortificar quando a velocidade cresce. São necessárias raízes resistentes, profundas, poderosas raízes para nos manter em pé.
Isso explica por que o Salvador disse aquilo sobre a planta que secou. Ela tinha um problema de raízes (Marcos 4:2) e não pôde aguentar os raios de sol. E por que a oração de Paulo pelos jovens e enérgicos crentes de Éfeso incluiu o pensamento de “… estando arraigados e alicerçados…” (Efésios 3:17). Raízes fortes estabilizam o crescimento. É por essa razão que elas são tão importantes. Sem elas nós tombamos e às vezes estalamos.
Mas antes que você fique empolgado querendo criar uma série de fortes raízes, deve se lembrar de algo importante: isso leva tempo. Não existe uma rota instantânea para a criação de raízes. E não é uma das coisas mais divertidas de se fazer. Envolve trabalho duro e dedicado. E também não é um processo facilmente perceptível. Ninguém gasta tempo cavando ao redor do caule de uma árvore, admirando: “Que raízes fortes você tem!”. Quanto mais fortes e profundas forem as raízes, menos visíveis elas se tornam. Menos aparecem.
Grave isso. O processo é lento. E também não haverá barulho ou fumaça no seu crescimento. O processo é silencioso. Mas no final do processo, o produto será insubstituível… de valor incalculável.
Se você está procurando um crescimento rápido, superficial, do tipo “levante daí rapidinho”, então eu tenho o ideal. Apareça qualquer dia aqui em casa e eu vou vender para você um espécime perfeito – com cordas e tudo!