segunda-feira, 27 de maio de 2013

Manejando bem a verdade bíblica

Neste texto, extraído do livro Princípios para uma Cosmovisão Bíblica, o pastor e escritor JOHN MACARTHUR nos oferece uma bela ilustração sobre o que significa “manejar bem a palavra da verdade”.


O Cristianismo autêntico é a "fé que uma vez por todas foi entregue aos santos" (Jd 1:3). A verdade cristã não está sujeita a mudança ou emenda. Não é anulada por alterações na opinião do mundo ou nos padrões do que possa ser politicamente correto. Não precisa ser adaptada e redefinida para cada nova geração.

Certamente que uma compreensão indivi­dual da verdade pode ser refinada e apurada pelo estudo das Escrituras, mas a verdade em si não necessita ser reinventada ou remoldada a fim de se tomar apropriada para os tempos em que vivemos. A mesma verdade em que Abraão, Moisés, Davi e os apóstolos acreditavam é ainda verdade para nós. Tempos mutáveis não mudam a verdade. As Escrituras são imutáveis como também o próprio Deus: " ... a palavra do Senhor, porém, permanece eternamente" (1Pe 1.25). Em outras palavras, nós precisamos adaptar nossa compreensão à verdade da Palavra de Deus, não tentar manipular as Escrituras num esforço vão de har­monizá-la com opiniões mutáveis deste mundo.

A verdade das Escrituras é algo precioso que deve ser cuidadosamente manejado e zelosamente guardado (1Tm 6.20). Mais uma vez, uma compreensão apropriada das Escrituras envolve estudo consciencioso e diligente. Segundo Timó­teo 2.15 diz, "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade." Por implicação nós vemos que todos os que não manejam as Escrituras corretamente, são trabalhadores desleixados que devem ser en­vergonhados A expressão traduzida por "maneja bem" vem da expressão grega que significa "cortar reto."

Paulo estava utilizando sua própria experiência como um fazedor de tendas e aplicando um princípio aprendido do ofício para a interpre­tação da Bíblia. Tendas eram feitas de materiais como peles de cabras. Visto que cabras são animais relativamente pequenos, nenhuma pele era grande o suficiente para fazer uma tenda. Portanto, o fazedor de tendas tinha de cortar muitas peles de cabras conforme um padrão e costurá-las para fazer uma tenda grande. Obviamente se os pedaços não fossem cortados retos eles não se ajustariam apropriadamente. Então quando o apóstolo Paulo diz que devemos "cortar reto" as Escrituras ele quer dizer que as passagens individuais das Escrituras devem ser interpretadas de modo que uma combina perfeitamente com a outra de uma forma coerente e harmoniosa.

sábado, 25 de maio de 2013

Repúdio ao pecado


"Vós, que amais o SENHOR, detestai o mal: ele guarda as almas dos seus santos, livra-os da mão dos ímpios" (Salmos 97:10). "Não podemos amar a Deus sem odiar aquilo que Ele odeia. Não somente devemos evitar o mal, recusando-nos a continuar nele, mas também devemos declarar guerra contra ele, voltando-nos contra ele com indignação no íntimo" (C.H. Spurgeon).

Um dos testes mais seguros que se pode aplicar à professada conversão é a atitude do coração para com o pecado. Sempre que o princípio de santidade houver sido implantado, necessariamente haverá repulsa por tudo quanto é profano. E se nosso repúdio ao mal for genuíno, então seremos gratos quando a Palavra reprovar até mesmo o mal de que nem suspeitávamos.

Essa foi também a experiência de Davi: "Por meio dos teus preceitos consigo entendimento; par isso detesto todo caminho de falsidade" (Salmos 119:104). Observemos atentamente que não devemos meramente "abster-nos do pecado", pois "detesto"; e não somente a "alguns" ou "muitos" pecados, mas antes, a "todo caminho de falsidade", e não apenas a "todo mal" mas a "todo caminho de falsidade". E continua o salmista: "Por isso tenho por em tudo retos os teus preceitos todos, e aborreço todo caminho de falsidade" (Salmos 119:128).

No entanto, dá-se exatamente o contrário no caso do ímpio: "De que te serve repetires os meus preceitos e teres nos lábios a minha aliança, uma vez que aborreces a disciplina e rejeitas as minhas palavras? " (Salmos 50:16,17).

E em Provérbios 8:13, lemos: "O temor do SENHOR consiste em aborrecer o mal; a soberba, a arrogância, o mau caminho, e a boca perversa, eu os aborreço". Ora, esse temor piedoso nos vem através da leitura da Palavra (ver a passagem de Deuteronômio 17:18,19). Com razão, pois, é que alguém declarou: "Enquanto não odiarmos ao pecado, não poderemos mortificá-lo, ninguém clamará contra o pecado, como os judeus clamaram contra o Cristo: ''Crucifica-O! Crucifica-O!'', enquanto realmente não abominar o pecado como Ele foi abominado" (Edward Reyner, 1635).

 

Texto de A. W. Pink, extraído do livro Enriquecendo-se com a Bíblia

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Julgai todas as coisas


O discernimento não é obrigação somente dos pastores e presbíteros. O mesmo discernimento cauteloso que Paulo exigiu dos pastores e presbíteros também é um dever de todo crente. 1 Tessalonicenses 5.21 foi escrito à igreja: “Julgai todas as coisas”. O texto grego não é complexo, de maneira alguma. Se traduzirmos a frase literalmente, descobriremos que diz apenas: “Examinem todas as coisas”.

A palavra grega traduzida por “julgai” (dokimazo) é comum no Novo Testamento. Em outras passagens, ela é traduzida por “aprovar”, “discernir” ou “provar”; e se refere ao processo de testar alguma coisa, a fim de revelar sua autenticidade, tal como no teste de metais preciosos. Paulo está exortando os crentes a examinarem todas as coisas que ouvem para verificar se são genuínas, distinguindo o verdadeiro do falso, separando o bem do mal. Em outras palavras, Paulo quer que os crentes examinem tudo de forma crítica. “Testem todas as coisas”, ele está dizendo. “Julgai todas as coisas.”

Espere um momento. O que significa Mateus 7.1 (“Não julgueis, para que não sejais julgados”)? Geralmente, alguns citam este versículo e sugerem que ele descarta qualquer tipo de avaliação crítica ou analítica daquilo em que os outros crêem. Jesus estava proibindo os crentes de julgarem o que era ensinado em seu nome? É claro que não. O discernimento espiritual para o qual Paulo nos chama é diferente da atitude hipócrita e crítica que Jesus proibiu.

O que Deus proíbe é o julgamento hipócrita e o julgamento dos motivos e pensamentos dos outros. Outras formas de julgamento são explicitamente ordenadas. Em toda a Bíblia, o povo de Deus é exortado a julgar entre a verdade e a heresia, entre o certo e o errado, entre o bem e o mal. Jesus disse: “Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça” (Jo 7.24). Paulo escreveu aos crentes de Corinto: “Falo como a criteriosos; julgai vós mesmos o que digo” (1 Co 10.15). Claramente, Deus exige que exerçamos discriminação no que diz respeito à sã doutrina.

 

John MacArthur
Extraído do livro: OURO DE TOLO, Capítulo 1 (Nem tudo que reluz…)

quinta-feira, 16 de maio de 2013

No princípio

“No princípio, criou Deus os céus e a terra.”

A fé na Palavra de Deus é a única prevenção verdadeira para não cairmos no erro. Crer no relato de Gênesis 1:1 nos livra dos grandes erros da filosofia humana. Os seguintes erros têm escravizado milhões, mas em apenas um versículo a Palavra de Deus contradiz todos eles:

A. Ateísmo - Gênesis 1:1 afirma a existência de Deus.

B. Agnosticismo - Os agnósticos afirmam que ninguém pode saber se Deus existe. Gênesis 1:1 assume que todo homem por natureza sabe que Deus existe.

C. Politeísmo - A maior parte da humanidade acredita em muitos deuses. Gênesis 1:1 fala de um só Deus.

D. Panteísmo - Esta filosofia afirma que Deus e o universo são um. A maioria das religiões orientais são baseadas em tais conceitos. Gênesis 1:1 ensina que Deus é separado e transcende o universo. Ele é um Deus pessoal, e não apenas uma força universal.

E. Materialismo - Esta filosofia afirma que a matéria é eterna. Evolucionistas verdadeiros são materialistas. Gênesis 1:1 declara que a matéria teve um começo no tempo.

F. Dualismo - Os dualistas ensinam que o universo foi criado e é controlado por duas forças opostas: uma boa e a outra má. Gênesis 1:1 ensina que existe um Deus, vivo e verdadeiro, que evidentemente é supremo.

Estes e uma multidão de outros “ismos” são destruídos por uma simples declaração de Deus. O homem sem a revelação inspirada das Escrituras é como um navio sem bússola, perdido em conceitos e pressupostos equivocados.

Texto adaptado

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Os enganos da soberba

Texto-Bíblico: Obadias 1 a 8

Você certamente já ouviu a seguinte frase: "Parece, mas não é.” É muito comum ouvirmos esta frase quando nos deparamos com imagens que nos enganam através de uma ilusão de ótica. O termo ilusão de ótica aplica-se a figuras, imagens ou objetos que “enganam” o sistema visual humano fazendo-nos ver qualquer coisa que não está presente ou fazendo-nos vê-la de um modo errôneo. Algumas imagens que à primeira vista apresentam uma flor, por exemplo, na verdade escondem o rosto de uma pessoa. Imagens que de imediato parecem um cavalo, também podem revelar o rosto de homem idoso quando observamos atentamente.No deserto também são muito comuns as famosas "miragens", ilusões de ótica criadas pela reflexo do sol na superfície, que transmitem para o nosso cérebro a ideia de "chão molhado". Ou seja, as ilusões nos enganam, transmitindo uma percepção diferente da realidade.

Na Bíblia por várias vezes somos desafiados a utilizar os recursos que Deus nos deu para não sermos iludidos pelo engano do pecado.Por exemplo, a respeito da loucura da idolatria, o profeta Isaías faz uma dura reprimenda ao povo de Israel: “O idólatra se apascenta de cinza; o seu coração enganado o iludiu, de maneira que não pode livrar a sua alma, nem dizer: Não é mentira aquilo em que confio?” (Is. 44.20). O pecado cega o nosso entendimento e nos faz acreditar em ilusões extremamente nocivas. Muitas pessoas passam a vida toda acreditando em mentiras, iludidas por sua própria natureza carnal. O profeta Jeremias

Neste texto em epígrafe do livro de Obadias somos alertados com o exemplo dos edomitas, um povo pequeno, mas ao mesmo tempo muito arrogante. São os descendentes do irmão de Jacó, Esaú. Este povo era traiçoeiro e sempre buscou ocasiões de fazer mal ao povo de Israel. O ódio que Esaú nutriu por seu irmão Jacó não se apagou do coração de seus descendentes. “A soberba do teu coração te enganou”. A palavra “engano” que aparece neste texto significa “ser iludido completamente, ser ludibriado."

No hebraico, a palavra "zadown" significa orgulho, insolência, presunção, arrogância. Sabemos que o orgulho será o nosso inimigo até o fim de nossas vidas. Temos em nós o potencial que anseia por independência e por primazia, portanto nunca é demais sermos alertados sobre os perigos de vivermos iludidos por nossa soberba. O salmista orou de maneira sábia: "Também da soberba guarda o teu servo, que ela não me domine; então, serei irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão." (Salmo 19:13).

A SOBERBA PROMOVE ALGUMAS ILUSÕES EM NOSSAS VIDAS

Palavra-Chave: ilusão

Sutilmente, a soberba tem um potencial enorme de criar uma fantasia, uma ilusão que nos engana. Precisamos estar alertas a este fato, para que o orgulho não nos leve para longe do Senhor. Por isso é extremamente relevante que sondemos diariamente o nosso coração com o auxílio do Senhor para que não sejamos iludidos pelo engano da soberba.

1) A SOBERBA PROMOVE A ILUSÃO SOBRE A NOSSA IMPORTÂNCIA (Vs. 2)

O povo edomita era pequeno e frágil, mas se julgava muito importante. A influência deste povo não era grande, mas a soberba o enganou. Dentre as nações, a frágil Edom não tinha destaque, mas insistentemente ousava oferecer resistência ao povo de Israel. O orgulho dos descendentes de Esaú era tamanho que em várias ocasiões, apesar de seu pequeno poderio bélico, sempre buscava ocasiões para atingir Israel. Edom considerava-se uma nação superior (vs. 3, 4), mas à vista de Deus era insignificante. Edom desejava ser tão poderosa como as demais nações, mas nenhuma a considerava como tal.

Da mesma forma, quando acalentamos a soberba em nossos corações, somos levados a acreditar na ilusão de que nossa importância é muito grande. Dentro do povo de Deus há pessoas que se consideram a última cereja do bolo. Pessoas assim são abomináveis aos olhos do Senhor. Deus não se agrada de altivos ou orgulhosos, Ele abomina tais pessoas. Dentro do povo de Deus não deve haver espaço para o estrelismo.

A soberba leva o homem a considerar-se acima da média e a buscar atrair elogios para si. Paulo nos adverte: “Ninguém pense de si mesmo além do que convém”. Portanto, procurar a própria honra é uma insensatez que fomentará disputas desnecessárias no meio da igreja.

Quando os discípulos de Jesus começaram a discutir entre si quem deles seria o maior, ouviram uma dura repreensão do Mestre. Jesus ensinou que a humildade como de uma criança é condição essencial de todo servo de Deus salvo pela maravilhosa graça. No livro de Provérbios lemos:"Em vindo a soberba, sobrevém a desonra, mas com os humildes está a sabedoria."

2) A SOBERBA PROMOVE A ILUSÃO SOBRE A NOSSA SEGURANÇA (vs. 3, 4)

Os edomitas moravam nas fendas das rochas, que eram considerados lugares muito protegidos: “e dizes no teu coração: Quem me deitará por terra?”. A pergunta dos edomitas está carregada de arrogância. Este povo construiu suas fortalezas nas montanhas de Seir (cerca de 600m de altura), e ali habitava achando que nada de mal lhe aconteceria. O historiador grego Diododo Sículo também indica que os edomitas armazenavam suas riquezas em cavernas nas rochas (vs. 6). A soberba deste povo o levou a acreditar que estavam sãos e salvos, e nada poderia lhe abalar.

Somos frágeis, e se não dependermos do Senhor certamente amargaremos terríveis prejuízos em nosso viver. O alerta é que não nos agarremos aquilo que nos oferece uma falsa sensação de segurança. Observamos também a mesma arrogância do homem descrito por Jesus em Lucas 12: 16-19. A sua soberba o levou a confiar em suas riquezas como segurança infalível e isto certamente acabou mal.

Pessoas soberbas se agarram a qualquer coisa que possa lhes oferecer segurança nesta vida. Pessoas soberbas geralmente não pensam no dia de amanhã, no qual terão que prestar contas a Deus de como viveram neste mundo. Pessoas soberbas sentem-se protegidas em seus castelos.

Quantas coisas neste mundo tentam nos oferecer uma segurança ilusória?! O dinheiro, um dos deuses da nossa era, vende uma ilusão de segurança e muitos acabam comprando.O cristão não pode deixar ser levado pelo coração enganoso que começa a confiar nas riquezas ou no poder adquirido. Como diz a letra do Hino 314, só estamos de fato seguros quando descansamos no poder de Deus e desfrutamos de comunhão com o Seu filho. Esta segurança ninguém pode nos roubar, porque é outorgada por meio da graça divina.

3) A SOBERBA PROMOVE A ILUSÃO SOBRE A NOSSA SABEDORIA (vs. 7c, 8)

Os edomitas achavam-se sábios porque tinha feito aliança com nações poderosas como a Babilônia. Eles pensavam que suas escolhas e planos nunca seriam frustrados. A ideia deste versículo é que o Juiz de toda terra faria calar todos os argumentos de pretensa sabedoria do povo de Edom. A soberba levou este povo a confiar nos seus argumentos e estratégias, pensando que tudo sairia conforme foi arquitetado.

A Bíblia nos adverte claramente: “Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao SENHOR e aparta-te do mal” (Pv. 3:7). Muitas vezes amargamos situações difíceis porque nos agarramos a sabedoria humana para resolver algum problema. Ao tomar decisões precisamos recorrer a sabedoria de Deus, enxergando os fatos com a lente das Escrituras, para que não sejamos iludidos por nosso próprio orgulho. Nenhum passo deve ser dado sem a orientação das Escrituras, pois a sabedoria humana é loucura aos olhos de Deus. Só compreendemos bem quando nossa cosmovisão está pautada no que Deus diz na Sua Palavra.

O apóstolo Tiago nos adverte sobre a essência da verdadeira sabedoria na sua epístola: “Quem entre vós é sábio e inteligente? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras. Se, pelo contrário, tendes em vosso coração inveja amargurada e sentimento faccioso, nem vos glorieis disso, nem mintais contra a verdade. Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; antes, é terrena, animal e demoníaca. Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins. A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento” (Tiago 3:13-17).

O livro de Provérbios é uma convocação a pautarmos nossas vidas na sabedoria que procede do Senhor. Deus já nos entregou o manual de instruções para vivermos de modo agradável a Ele, fazendo a Sua vontade. Que não sejamos soberbos a ponto de confiar no que diz a multidão ou seguir os ditames do nosso coração enganoso e rebelde.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

A onipotência de Deus

 

Texto de R. C. Sproul, extraído do livro “Verdades essencias da fé cristã”


Todo teólogo mais cedo ou mais tarde tem de responder a uma pergunta feita por um aluno, a qual é colocada como um "quebra-cabeça que não pode ser montado". A antiga pergunta é: Deus pode criar uma pedra tão grande que ele mesmo não possa movê-la? A primeira vista, essa pergunta parece encurralar o teólogo com um dilema insolúvel. Se respondermos que sim, estamos dizendo que existe algo que Deus não pode fazer: Ele não pode mover a pedra. Se respondermos que não, então estamos declarando que Deus não pode criar tal pedra. De qualquer maneira que respondermos, seremos forçados a pôr limi-tes no poder de Deus.

Esse problema nos faz lembrar de uma outra charada: O que acontece quando uma força irresistível se choca contra um objeto irremovível? Podemos conceber uma força irre-sistível. Podemos, igualmente, conceber um objeto irremovível. O que não podemos conce-ber é a coexistência dos dois. Se uma força irresistível encontra um objeto irremovível, e o objeto se move, o mesmo não poderia mais ser chamado com propriedade de irremovível. Se o objeto não se mover, então nossa força "irresistível" não poderia mais ser chamada, com propriedade, irresistível. Portanto, vemos que a realidade não pode conter ambos — uma força irresistível e um objeto irremovível.

Enquanto isso, voltemos à rocha que não pode ser movida. O dilema colocado aqui (como no caso da força irresistível) é um falso dilema. É falso porque é construído sobre uma premissa falsa. Supõe que "onipotência" significa que Deus pode fazer qualquer coisa. Como termo teológico, contudo, onipotência não significa que Deus pode fazer qualquer coisa. A Bíblia indica várias coisas que Deus não pode fazer: Ele não pode mentir (Hb 6.18). Não pode morrer. Não pode ser eterno e criado, ao mesmo tempo. Não pode agir contra sua própria na-tureza. Não pode ser Deus e não ser Deus ao mesmo tempo e na mesma relação.

O que onipotência realmente significa é que Deus mantém poder absoluto sobre sua criação. Nenhuma parte da criação está fora do alcance e da abrangência do seu controle soberano. Portanto, existe uma resposta correta para o dilema da pedra. O quebra-cabeça pode ser montado. A resposta é não. Deus não pode criar uma pedra tão grande que não seja capaz de movê-la. Por quê? Se Deus criasse tal pedra, Ele estaria criando algo sobre o qual não teria poder. Estaria assim destruindo sua própria onipotência. Deus não pode deixar de ser Deus; Ele não pode deixar de ser onipotente.

sábado, 11 de maio de 2013

Arrependimento verdadeiro

 

A vida do crente é marcada pelo arrependimento. Tudo inicia-se com a chamada de Cristo, que nos convoca ao arrependimento aos pés da cruz. No monte do Calvário o preço foi pago de um modo cabal, para que os pecadores arrependidos possam entrar no reino de Deus. Portanto, não é demais lembrar que a nossa história começou quando Cristo nos comprou com seu precioso sangue, e, arrependidos, atendemos ao seu chamado eficaz.

Mas o arrependimento deve ser constante em nosso viver. Nunca devemos esquecer que o pecado tenazmente continuará a nos assediar até o fim de nossas vidas. Por isso, é primordial cultivarmos o verdadeiro arrependimento quando pecamos, com um coração sensível para a confissão e uma mudança de postura.

O verdadeiro arrependimento é constituído de cinco fases distintas porém muito entrelaçadas: convicção, contrição, confissão, conversão e restauração. Gostaria de abordar neste post cada uma delas.

A convicção a respeito do nosso pecado é condição sine qua non para um arrependimento genuíno. Devemos enxergar o quanto o pecado é feio e agride a santidade do Senhor. A Palavra de Deus nos mostra que o pecado nunca é bem-vindo, pelo contrário, deve ser abandonado com urgência. Portanto, o crente que deseja viver para agradar a Deus tem profunda convicção acerca do mal que o pecado traz. O pecado deve ser horrível aos nossos olhos. Sem esta convicção não haverá verdadeiro arrependimento, apenas uma tristeza passageira sem efeito duradouro. Como cristãos remidos pela graça, não devemos acalentar pecados em nosso viver, porque estamos diante do Deus santo que nos remiu para mortificarmos a velha natureza.

Outra fase no caminho do verdadeiro arrependimento é a contrição. Estar contrito tem a ver com profunda humilhação por conta do pecado e com o quebrantamento operado pelo Espírito Santo em nossas vidas. O pecado traz pesar, dor e tristeza para o crente autêntico. Não pode haver arrependimento se o nosso coração não é contristado de maneira profunda. A contrição nos faz enxergar que não há mérito nenhum em nós e o quanto somos dependentes da graça de Deus em nosso viver.

A confissão é a concordar com Deus sobre o pecado cometido. É dar nome aquilo que fizemos ou pensamos que não está de acordo com o padrão que o Senhor requer de nós. O pecado deve ser confessado sempre, é o orgulho que nos impede de confessá-lo. Enquanto encobrirmos nosso pecado nunca obteremos progresso na vida cristã. Portanto, é necessário confessarmos nossos pecados, depositando toda a nossa confiança na intercessão graciosa de Cristo Jesus, o nosso Sumo-sacerdote. Quando há confissão pautada no arrependimento autêntico, Deus outorga-nos o perdão por causa do que Cristo fez.

Mudar de rumo é necessário. A conversão é o estabelecimento de um rumo diferente, levando-nos a caminhar em veredas que glorificam a Cristo. O arrependimento genuíno certamente levará a mudanças genuínas em nossa maneira de viver. Deus requer do Seu povo um testemunho eficaz que apresente os frutos do arrependimento.

O verdadeiro arrependimento conduz o homem a uma restauração dos seus propósitos de vida com utilidade para o reino de Deus. A restauração de um vaso tem por objetivo trazê-lo de volta à utilidade. Da mesma forma, quando o caminho do verdadeiro arrependimento é trilhado, o cristão não ficará sentado à margem do caminho. Certamente continuará em firme resolução de ser útil para o serviço do Senhor ajudando outros a viverem de modo digno do Evangelho.

Não posso encerrar sem mencionar uma citação do pastor Tim Keller sobre o arrependimento: “O propósito do arrependimento é que cheguemos à alegria da nossa união com Cristo para enfraquecer nossa necessidade de fazer algo contrário à vontade de Deus.”