quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A nova realidade que nos foi outorgada

“...segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança” (1 Pedro 1:3)

O texto enfatiza a misericórdia de Deus como o canal pelo qual nós fomos regenerados. Fomos feitos novas criaturas pela graça e bondade de Deus. Pedro assevera que o novo nascimento é outorgado por Deus, nós somos apenas receptores desta ação soberana do Senhor. Não há em nós poder nenhum para sermos feitos novas criaturas, somente a misericórdia ativa do Senhor nos proporcionou esta nova realidade espiritual. Estávamos mortos em delitos e pecados, mas pela ação de Deus foi nos dada uma nova vida. A regeneração é totalmente orquestrada pela vontade livre de Deus, Ele não está preso a nenhum mérito que eu e você achamos que temos. Por seu querer soberano, Deus nos insere numa nova realidade espiritual, na qual podemos desfrutar de alegria genuína.

Jesus disse para Nicodemos: “Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”. (João 3:3). Esta verdade está e sempre estará em plena vigência. Ver o reino de Deus é desfrutar da comunhão e do governo do Senhor sobre a nossa vida, e de toda alegria que esta nova realidade nos proporciona. No reino das trevas não há alegria, não a alegria legítima. Mas no reino de Deus, há plenitude de alegria, pois desfrutamos da presença maravilhosa de Deus conosco. Aliás, Paulo afirmou aos seus leitores que “o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm. 14:17). Sendo assim, o dia mais importante de nossa vida não é o dia do nascimento, mas o dia do novo nascimento, pois neste dia foi nos dada a bênção de desfrutar de uma nova realidade espiritual no reino de Deus. Eis o motivo de eterna alegria!

Só desfrutaremos da alegria genuína em nosso viver se não desconsiderarmos a preciosidade da obra regeneradora que Deus operou em nós. Devemos viver sempre conscientes desta maravilhosa dádiva do Senhor (Tiago 1:16-18). Muitas vezes o cristianismo que professamos já se tornou tão automático e já estamos tão acostumados com os versículos bíblicos que falam sobre a ação soberana de Deus na regeneração, que não desfrutamos mais da alegria diante de tamanho milagre. Qual é o maior milagre na vida de alguém? O maior milagre não é a cura de um câncer, o maior milagre na vida de alguém não ter sido poupado em um acidente, o maior milagre não é o sol nascer todos os dias, o maior milagre não é ser aprovado em um concurso público. O maior milagre, e, portanto, o que deve trazer maior alegria para nós cristãos, é o milagre do novo nascimento. Este é o milagre que nenhum de nós jamais pode esquecer que aconteceu em sua vida. Muitas vezes estamos murmurando pelos cantos desta vida, porque não valorizamos este milagre espiritual que Deus realizou. Não atentamos para esta nova realidade em que fomos colocados pela ação soberana do Pai.

Um sinal de que fomos de fato regenerados por Deus são as novas inclinações. O pecado já não nos é tão palatável, porque temos novos anseios espirituais. O pecado só traz tristeza, pesar e dor para o cristão genuíno. A regeneração é uma obra divina que nos dá recursos suficientes para não vivermos escravizados às paixões que tínhamos anteriormente em nosso viver. “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne.” (Ez 36:26). Ao sermos regenerados, Deus nos dá corações que se inclinem para as coisas do alto, que de fato nos fazem transbordar de verdadeira alegria. Isto não é automático, precisamos de suor para não sermos iludidos pela velho homem, mas como fruto da ação regeneradora de Deus temos recursos para isto. Você desfruta da alegria de estar vencendo as inclinações da velha natureza, como efeito da regeneração em sua vida?]

Na forma como você se relaciona, na forma como você serve na obra do Senhor, você precisa agir com base nesta nova realidade espiritual que lhe foi conferida. As pessoas ao nosso redor precisam enxergar que “as coisas antigas já passaram, e eis que tudo se fez novo” (2 Cor. 5:17). Somos pessoas regeneradas, e portanto, temos esta motivação legítima para sermos alegres.


Continua nas próximas postagens

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Compromisso com a alegria

O que você considera essencial para dar significado e propósito a sua vida? Ou, perguntando de outra forma: o que você considera ser de fundamental importância para dar sentido ao seu viver? Esta é uma das perguntas mais valiosas que você deve responder, com os critérios mais honestos possíveis: o que lhe confere sentido, significado e essência a sua vida? Uma resposta bastante coerente pode muito bem ser encontrada na oração do profeta Habacuque. Ele percebeu que apesar das crises e revezes do viver uma coisa traria significado e essência: a alegria ou satisfação em Deus. Habacuque tinha compromisso com a alegria no Senhor, um forte empenho perseverante em viver satisfeito na pessoa de Deus.

Na oração de Habacuque, a palavra mais desafiadora para o cristão é a conjunção “TODAVIA”. É uma conjunção adversativa que liga duas orações ou palavras, expressando ideia de contraste ou oposição. Embora não exista no texto hebraico, esta conjunção está presente no texto bíblico em português: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, TODAVIA, eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação.” (Hb. 3: 17,18). (O texto foi traduzido pela NVI da seguinte forma: “Ainda assim eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação.”) Creio que um dos maiores desafios da vida cristã é o verdadeiro compromisso com a alegria em Deus: exercer o autocontrole e não deixar ser vencido pelos sentimentos humanos, como fez o salmista no Salmo 42.

Por compromisso com a alegria, quero enfatizar a perseverança em estarmos contentes em Deus, sabendo que apenas em Deus temos nossa fonte completa de genuína alegria. Foi C. S. Lewis quem disse a famosa frase: "Alegria é negócio sério no céu." A isto em acrescentaria não somente no céu. A alegria na vida do cristão é um forte indicador de sua saúde espiritual aqui na terra. Certamente conhecemos os imperativos bíblicos que estão na carta aos filipenses: “Alegrai-vos no Senhor, outra vez digo: alegrai-vos” (Fl. 4:4). Obviamente, a alegria cristã à qual Paulo se refere não se trata de euforia ou um pico de emoções positivas. Pelo contrário, alegria conforme a Bíblia apresenta, se trata de um contentamento profundo e real na pessoa de Cristo, um anelo perseverante para desfrutar da Sua pessoa.

O texto bíblico em 1 Pedro 1: 3-9 (abra uma Bíblia e leia atentamente) evoca a noção de alegria cristã em meio às turbulências que os leitores certamente estavam enfrentando relacionadas com perseguições e sofrimento por amor a Cristo. Pedro exorta seus leitores imediatos a terem uma postura cristã marcada pela alegria exultante (vs. 6). Exultai - “Agalliasis”, é a mesma palavra que Maria utilizou no seu cântico Magnificat (Minha alma engradece ao Senhor, meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador) (Lc. 1:46-47). Mas para isso Pedro não faz uso de artifícios humanos para motivar seus leitores, nem apresenta os “7 Passos para uma vida de alegria” e nem faz um discurso para elevar a autoestima de seus leitores.

Não se trata de uma palestra motivacional, porque as palestras motivacionais nascem no homem e morrem no homem. Ele quer que os seus leitores olhem para além de si mesmos e que enxerguem a vida sob uma perspectiva totalmente diferente. Nós também podemos ter uma vida marcada pela alegria, mesmo que estejamos passando por turbulências e temporais diversos. Vamos considerar algumas motivações legítimas para termos vidas marcadas pela satisfação e júbilo diante do Senhor. (Continua nas próximas postagens).


MARCOS AURÉLIO DE MELO
Sermão em 1 Pedro

terça-feira, 22 de outubro de 2013

O Evangelho segundo Jesus


O evangelho que Jesus proclamava era um chamado ao discipulado, um chamado a segui-Lo em obediência submissa, e não um mero apelo a que se fizesse uma decisão ou uma oração. A mensagem de Jesus libertava as pessoas de sua escravidão do pecado, ao mesmo tempo em que confrontava e condenava a hipocrisia. Ela era uma oferta de vida eterna e perdão a pecadores arrependidos, mas também era uma censura aos religiosos de fachada, cujas vidas exibiam a verdadeira justiça. Era um alerta aos pecadores, para abandonar o pecado e abraçar a justiça de Deus. Em todos os sentidos, a sua mensagem eram boas novas. Porém, não era de modo algum uma fé fácil.

As palavras de nosso Senhor sobre a vida eterna vinham invariavelmente acompanhadas de alertas àqueles que pudessem ser tentados a encarar a salvação com leviandade. Jesus ensinava que o custo de segui-Lo é alto, que o caminho é estreito e que poucos o encontram. Disse Ele que muitos que O chamam de Senhor serão proibidos de entrar no reino dos céus (Mt 7.13-23).

O evangelicalismo moderno, de modo geral, ignora tais alertas. A visão predominante do que seja a fé salvadora continua a tornar-se mais aberta e mais superficial, enquanto que a apresentação de Cristo na pregação e no testemunho pessoal torna-se mais e mais impreciso. Qualquer um que se declare cristão poderá encontrar evangélicos dispostos a aceitar a sua profissão de fé, sem considerar se o seu comportamento demonstra ou não alguma evidência de rendição a Cristo.

Extraído do livro O EVANGELHO SEGUNDO JESUS, de John MacArthur

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Efeitos da regeneração

Um sinal de que fomos de fato regenerados por Deus são as novas inclinações. O pecado já não nos é tão palatável, porque temos novos anseios espirituais. O pecado só traz tristeza, pesar e dor para o cristão genuíno. A regeneração é uma obra divina que nos dá recursos suficientes para não vivermos escravizados às paixões que tínhamos anteriormente em nosso viver. “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne.” (Ez 36:26).

Quando somos regenerados, Deus nos dá corações que se inclinem para as coisas do alto, que de fato nos fazem transbordar de verdadeira alegria. Isto não é automático, precisamos de suor para não sermos iludidos pela velho homem, mas como fruto da ação regeneradora de Deus temos recursos para isto. A nós é dado o poder capacitador do Espírito Santo para vivermos de modo altaneiro, e não mais vendidos às ilusões do pecado e do mundo.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Frutos da fé salvífica


A epístola de Tiago foi considerada por Lutero como “uma epístola de palha”, isto é, sem peso e que não deveria ser considerada parte do cânon bíblico. No entanto, o estudo desta carta nos faz enxergar que Tiago não contradiz em momento nenhum o ensino da justificação pela fé somente. Somos salvos pela graça, mediante a fé em Cristo Jesus, mas as evidências desta salvação devem transparecer para que as pessoas vejam a maravilhosa transformação feita por Deus em nós. Um cristão genuíno dá firmes evidências do novo nascimento, e apresenta frutos dignos de um verdadeiro arrependimento aos pés de Cristo.

Precisamos avaliar se de fato temos a fé salvífica a partir dos frutos que são observados em nosso viver. Alguns questionamentos podem ser feitos, sugiro alguns na imagem a seguir. Tente fazer outras perguntas para si mesmo.

tIAGO

Estudos na Epístola de Tiago
União de Jovens IBR Jd. Amazonas

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Alegria transbordante


"Converteste o meu pranto em folguedos; tiraste o meu pano de saco e me cingiste de alegria, para que o meu espírito te cante louvores e não se cale. Senhor, Deus meu, graças te darei para sempre."
(Salmo 30: 11-12)

Neste e em muitos outros Salmos, Davi expressa alegremente com poesia e música o seu amor por Deus. A forma como o salmista se expressa deixa claro que não se trata de euforia ou de emoções passageiras. Davi reconhece que em sua vida a fonte da genuína alegria é o próprio Deus. Da mesma forma, nós somos convocados a nos alegrar somente no Senhor, por causa da grande obra que Deus fez e faz na vida do crente. Devemos transbordar em regozijo exultante, que é fruto do entendimento correto sobre a graça a nós outorgada: a salvação em Cristo e o relacionamento eterno com Deus.
O pecado sempre traz vergonha e nos coloca em situação humilhante. Para o crente, é entristecedor saber que transgrediu princípios da Palavra de Deus. Mas ao confessar com coração contrito e mirar o sacrifício perfeito de Cristo no Calvário, o cristão tem motivos de sobra para não deixar seu espírito calado. Deus, em Sua graça e perfeito amor, tira de nós o pano de saco e nos veste com a alegria verdadeira. Esta alegria da qual desfrutamos por meio do perdão divino é evidência de que Ele nos tem como filhos amados.
Somente Deus tem a prerrogativa de nos cingir com esta alegria que o mundo jamais entenderá. Somente o Senhor transforma verdadeiramente a nossa tristeza em regozijo na Sua presença. Somente Ele é o supridor de nossas necessidades espirituais, e sabemos que nada tem nos faltado para vivermos piedosamente. O conhecimento deste plano perfeito de Deus que objetiva nos santificar através da Sua Palavra também é motivo de alegria transbordante em todos os dias.
Que possamos viver com os olhos voltados para o Senhor, que nos tem abençoado com toda sorte de bênçãos espirituais e nos agraciado com razões maravilhosas para termos corações alegres e satisfeitos somente n’Ele.
Meu irmão, há em você um canto de alegria? Há em você um hino de louvor? Que não sejam apenas palavras, mas um canto de vida e amor, que testemunha de fato a vitória do Senhor e a transformação que Ele tem feito em você.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Constrangidos pelo amor de Cristo

Ser um cristão não significa apenas crer, de coração, que Cristo morreu por nós. Significa “ser constrangido” pelo amor demonstrado nesse ato. A verdade nos pressiona. Ela força e se apropria; impele e controla. A verdade nos cerca, não nos deixando fugir. Ela nos prende em intensa alegria.
...
Em outras palavras, tornar-se um cristão é chegar a crer não somente que Cristo morreu por seu povo, mas também que todo o seu povo morreu quando Ele morreu. Tornar-se um cristão é, primeiramente, fazer esta pergunta: estou convencido de que Cristo morreu por mim e de que eu morri nEle? Estou pronto a morrer, a fim de viver no poder do amor dEle e para a demonstração da sua glória. Em segundo lugar, tornar-se um cristão significa responder sim, de coração.

O amor de Cristo nos constrange a responder sim. Sentimos tanto amor fluindo da morte de Cristo para nós, que descobrimos nossa morte na morte dEle — nossa morte para todas as lealdades rivais. Somos tão dominados (“constrangidos”) pelo amor de Cristo, que o mundo desaparece, como que diante de olhos mortos. O futuro abre um amplo campo de amor.

Um cristão é uma pessoa que vive sob o constrangimento do amor de Cristo. O cristianismo não é meramente crer num conjunto de doutrinas a respeito do amor de Cristo. É uma experiência de ser constrangido por esse amor — passado, presente, futuro.


John Piper, no livro UMA VIDA VOLTADA PARA DEUS