quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Um checkup espiritual

Texto: Marcos 14:17-21

Questionado por que tantas pessoas em idade jovem tem infarto, o médico que estava sendo entrevistado prontamente respondeu: “Muitos casos de infarto poderiam ser evitados com atividade física e consulta ao cardiologista regularmente”. Esta consulta e os exames de rotina que a acompanham ficou conhecida como check-up. O check-up é um procedimento importante para prevenção de doenças e manutenção da saúde do nosso organismo. Muitas doenças, quando são diagnosticadas no início, podem ser tratadas e possuem maior chance de cura. Por isso a importância de ser avaliado clinicamente por algum médico com certa regularidade.

A Bíblia é um livro que nos faz constantes exortações para realizarmos um check-up da nossa alma, do nosso estado espiritual. Ela é como um espelho que revela em nós o que não está correto e aquilo que precisa de ajustes. O pregador no livro de Provérbios disse: “Pondera a vereda dos teus pés” (Pv. 4:26, literalmente “pese em balança de precisão”), ou seja, avalie criteriosamente em que caminhos e como você tem caminhado. É importante um check-up regular de nossas vidas tendo como padrão a santa Palavra de Deus. Escrevendo à igreja de Corinto o apóstolo Paulo foi direto ao ponto: “Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados” (2 Cor. 13:5). Portanto, o exame criterioso das nossas vidas é sempre enfatizado tanto no AT como no NT das Escrituras.

No ministério de Jesus, doze homens foram escolhidos para andar com Ele e partilhar do Seu ministério terreno. Dentre eles, havia Judas Iscariotes, que no final do ministério traiu Jesus entregando-o aos sacerdotes com um beijo no rosto por 30 moedas de prata. Neste texto em epígrafe, Jesus está celebrando a Páscoa (Pesach judaica) com os seus discípulos e todos os 12 estavam presentes no cenáculo. Neste encontro particular, Jesus reparte o pão com seus discípulos e compartilha o cálice, associando com Seu próprio corpo que seria moído e o Seu sangue que seria vertido para salvar pecadores. Aquele momento foi singularmente importante na vida de todos os presentes, um momento de profunda alegria, tensão e anseios espirituais. Jesus então utiliza-se da sua onisciência como Deus e faz uma revelação perturbadora. O relato bíblico é extremamente conciso, mas rico em ensinamentos para nossas vidas. Com base no que foi dito e lembrando da importância de uma averiguação precisa da condição da nossa alma, eu afirmo que:

“À luz deste texto bíblico, precisamos averiguar seriamente qual o nosso real estado espiritual”

Por meio de algumas perguntas:

· Palavra-Chave: PERGUNTAS (que perguntas?)

· S.I. Que perguntas este texto bíblico nos apresenta para que averiguemos seriamente qual o nosso real estado espiritual?

· S.T. O texto bíblico nos apresenta algumas perguntas para que averiguemos seriamente qual o nosso real estado espiritual.

O médico geralmente faz perguntas numa consulta a fim de dar o diagnóstico. De acordo com as respostas do paciente, o médico pode traçar a melhor forma de tratamento ou recomendar alguns exames para maior investigação. Permitamos que o texto bíblico nos faça algumas perguntas para sermos averiguados quanto ao nosso real estado espiritual.

1) A comunhão que demonstramos ter com Cristo é genuína?

Sentar à mesa e comer na cultura judaica é uma expressão de comunhão íntima, um momento extremamente precioso e que delineia laços de afinidade profunda. Packer e Merril, no livro Vida Cotidiana nos Tempos Bíblicos escrevem: “Partir o pão juntos, significava dizer: Somos amigos; partilhamos de um laço comum. Tais sentimentos são evidentes por toda a Bíblia. É como se o comer fosse mais do que mera ingestão de alimento; é participar em tudo quanto significa pertencer a uma família e partilhar essa mutualidade com os que nos cercam.” Durante a refeição da Páscoa, eram cantados pela família reunida os Salmos do Halel (SI. 113-118). Portanto, aquele era um momento de profunda afeição mútua entre os que estavam naquela celebração íntima na presença do unigênito Filho de Deus, mas o coração de Judas estava cheio de cobiça. Sua mente não estava compenetrada na singularidade daquele momento com Cristo, pois os seus propósitos eram egoístas e maliciosos. Judas conviveu por 3 anos com Jesus, tinha proximidade com aquele que é a Luz do mundo, com aquele que é o caminho, a verdade e a vida.

Para ilustrar este ponto, quero destacar o ensino do apóstolo João: “Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma. Se dissermos que mantemos comunhão com Ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade.” (1 Jo. 1: 5-6). A prova cabal da comunhão com Deus é um viver na luz.

Ter comunhão com Jesus é algo sério. É partilhar dos seus interesses e propósitos para a nossa vida. É ter a Sua Palavra em alta consideração, é dobrar os nossos joelhos ante a Sua majestade, é trilhar o caminho da renúncia do “eu” para que o brilho de Cristo resplandeça cada vez mais. É vivenciar momentos agradáveis de restauração do nosso vigor para lutarmos bravamente contra o pecado que tenazmente nos assedia. É priorizar o reino de Deus e a Sua justiça, voltando os nossos olhos para o que é eterno. A comunhão bendita com o Senhor é um privilégio que necessariamente deve transformar as nossas vidas, nos tirando da zona de conforto em que estamos acostumados a viver. Quem goza desta comunhão produz os frutos do Espírito, como amor, alegria e paz. Ter comunhão com Jesus é desfrutar do alimento espiritual mais precioso que podemos experimentar. Nossas almas sofre de inanição quando não cultivamos a comunhão com Deus por intermédio de Cristo Jesus, sob o poder capacitador do Espírito Santo.

Portanto, não vamos pensar infantilmente que podemos ter uma caricatura de comunhão com Aquele que tudo sabe a nosso respeito. Podemos até passar uma imagem para os outros que somos pessoas de oração e relacionamento autêntico com Cristo, mas Deus conhece se temos sido verdadeiros. Não podemos mentir ao Espírito sobre a condição da nossa alma. A pergunta mais importante a ser respondida neste ponto é: “Eu desfruto de comunhão sincera e livre de embaraços com o meu Senhor e Salvador Cristo Jesus?” Quando me prostro em oração e louvor a Deus, sou de fato movido por sinceridade e inteireza de coração? Ou continuo abrigando interesses mesquinhos e propósitos egoístas?

Um teste eficaz para checar se temos comunhão genuína com Cristo é perceber qual a nossa reação imediata quando as nossas expectativas não são satisfeitas neste mundo. Expectativas não satisfeitas podem gerar frustração, desapontamento e até ira. Quando nossa comunhão com Cristo é autêntica estes sentimentos e pecados não encherão o nosso coração, pois confiamos que na soberana vontade do Senhor estamos na melhor situação que poderíamos estar.

C. H. Spurgeon certa vez afirmou: “Se formos fracos em nossa comunhão com Deus, seremos fracos em tudo.” Com a devida licença do príncipe dos pregadores eu afirmaria o seguinte: “Se formos falsos em nossa comunhão com Deus, seremos falsos em tudo”. De fato, nossa vida será repleta de máscaras quando negligenciamos a sinceridade no relacionamento com o Senhor. Os nossos relacionamentos interpessoais serão afetados com a hipocrisia, os nossos atos de serviço serão manchados pela mentira e os nossos valores se tornarão extremamente terrenos e carnais.

2) O pesar que sentimos quando somos confrontados por Cristo é genuíno?

Quando Jesus proclama “em verdade vos digo”, ele traz um tom solene ao seu anúncio, uma garantia da veracidade com a qual sempre se dirigiu aos discípulos. O texto aponta que após Jesus anunciar que um dentre os doze havia de O trair, os discípulos “começaram a entristecer-se”. O texto paralelo narrado por Mateus diz que eles ficaram “muitíssimos contristados”. A palavra é bem forte, transmite a ideia de um pesar profundo, comparado ao pesar de uma pessoa em luto. O momento era de celebração da Páscoa, um momento de lembrar o grandioso livramento do povo judeu, que saiu do Egito sob a mão poderosa do Senhor. De repente, o Senhor faz um anúncio tão delicado: o assunto da traição é trazido à tona em meio à celebração de um festa entre amigos íntimos. Podemos afirmar que o clima ficou pesado, gerado pela revelação de um fato já conhecido por Cristo. O ar de tranquilidade e aceitação mútua que caracteriza o compartilhar uma refeição foi imediatamente rompido por essas palavras de Jesus. O fato de destaque é que Judas estava entre aqueles que ficaram extremamente tristes no cenáculo, mas esta tristeza foi apenas aparente, não trouxe mudanças reais na vida de Judas.

Você já ouviu falar da expressão “lágrimas de crocodilo”? A origem da expressão é biológica. Quando o crocodilo está engolindo um animal, a passagem deste pode pressionar com força o céu da boca do réptil, o que comprime suas glândulas lacrimais. Assim, enquanto ele devora a vítima, caem lágrimas de seus olhos. São lágrimas naturais mas obviamente não significam que o animal se emocione ou sinta pena da sua presa. Daí vem a expressão “lágrimas de crocodilo”, querendo dizer que, embora a pessoa chore, suas lágrimas não significam que ela esteja sofrendo, e muitas vezes são mesmo apenas um fingimento. Irmãos, muitas vezes, podemos estar dominados pelos sentimentos de pesar quando somos confrontados pela Palavra e até choramos, mas não há avanço em direção ao que deve ser implementado em nossas vidas.

Pesar espiritual, contrição e coração quebrantado são uma parte importante da verdadeira espiritualidade, de acordo com as Escrituras. “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados” (Mt. 5:4). “Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito não o desprezarás, ó Deus” (Sl. 51:17). “Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e vivificar o coração dos contritos”. (Is. 57:15). O abatimento de espírito e a contrição são legítimos quando entendemos a seriedade do nosso pecado diante de Deus. Mas de nada vale uma falsa contrição ou um pesar espiritual sem sinceridade. O pesar que Davi sentiu quando foi confrontado pela Palavra de Deus, por meio do profeta Natã foi profundo e genuíno, pois o levou a sair da zona de conforto e da inércia em que estava.]

Paulo escreveu que somente a tristeza segundo Deus gera arrependimento para a vida e salvação (2 Co. 7:10). O nosso pesar quando somos confrontados pela Palavra de Deus deve nos levar à mudanças efetivas. Ele só tem real valor se nos conduzir a uma nova postura diante do Senhor. Não adianta dizer: “a mensagem foi muito forte”, enquanto não usarmos a força que Deus supre para tratar o que está em desarmonia com as Escrituras. Não adianta dizer que “o sermão mexeu comigo”, enquanto não sairmos de fato do comodismo espiritual. Não adianta dizer: “a Palavra foi tremenda, foi impactante”, ou algo do gênero, se a prática dos ensinos é ignorada ou deixada em segundo plano. É imprescindível, portanto, que o pesar gerado pela confrontação do Senhor mediante a Sua Palavra nos mova em direção à santificação.

Só podemos afirmar que o nosso coração se entristece sinceramente quando confrontado pela Palavra de Deus, quando os resultados são visíveis. Por exemplo, se ficamos entristecidos porque não temos um coração perdoador com a Bíblia nos exorta, a autenticidade deste pesar só será comprovada quando evidenciamos a prática do perdão bíblico com o nosso irmão(ã).

3) O compromisso que assumimos diante de Cristo é genuíno?

Ao perguntar “porventura sou eu?”, cada discípulo queria deixar evidente que estava comprometido em não ser aquele que Jesus anunciou como “o traidor”. O texto diz que os discípulos, um após o outro, começaram a questionar o Senhor. A tônica da pergunta esconde um receio, mas também um desejo por não ser o traidor anunciado: “certamente não sou eu quem tamanho ultraje praticará”. O comentarista Warren Wiersbe escreve: As perguntas dos discípulos deixam implícita uma resposta negativa: “Não sou eu, certo?” No texto paralelo, em Mateus 26:25, lemos que o próprio Judas fez o questionamento: “Acaso sou eu, Senhor?” Jesus respondeu categoricamente: Tu o disseste! Judas não tinha compromisso com Cristo e isto ficou evidente o longo do ministério de Jesus. Ele ficava responsável pela coleta de ofertas, e embolsava sua parte. Judas era frio e calculista, um homem que agia com segundas intenções. Quando expressa interesse pelos pobres, sua motivação real era regida por uma materialista ambição.

E por falar em compromisso assumido diante de Cristo é impossível não lembrarmos do apóstolo Pedro. Ele era um líder nato, e, por assumir muitas vezes esta posição, acabava enfiando os pés pelas mãos. Sua precipitação com as palavras era notória. Quando Jesus afirmou que todos os discípulos se escandalizariam e O abandonariam, Pedro imediatamente falou: “AINDA QUE TODOS TE ABANDONEM, EU, JAMAIS!” (Mc. 14: 27-31). Neste momento Pedro recebeu a famosa advertência que antes que o galo cantasse, ele negaria a Jesus três vezes. Pedro ainda insistiu com veemência: “Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei.”

Muitas vezes o nosso compromisso é como fogo de palha (de pouca duração, passageiro), pois é movido por picos de entusiasmo e pouco discernimento. O compromisso que assumimos com o Senhor deve ser perseverante, um compromisso que autentica a nossa fé é estável e constante. Não perfeito; mas um compromisso assumido com fidelidade. Podemos falar de compromisso em várias áreas: compromisso com o testemunho cristão, com a santificação, com a Palavra, com a alegria, com a família, oração, adoração, evangelismo, missões, etc. Mas em primeiro lugar está o compromisso que assumimos com Cristo, sem este compromisso firmado todos os demais desembocam em ativismo ou legalismo.

Não apenas Judas pode ser apontado como um discípulo sem compromisso genuíno. Os discípulos que ficaram dormindo ao invés de orarem (Mc. 14: 37 e 40); os demais que também desertaram e fugiram apavorados quando Cristo foi preso (Mc. 14:56); e Pedro que negou abertamente a Cristo por três vezes naquela noite. A pergunta é: quanto custa o seu compromisso com Jesus? Usando um pergunta contextualizada do nosso tempo: qual é o seu preço? Quando o que está em jogo é firmar o compromisso com Cristo e amargar as consequências, ou abrir mão deste compromisso e sair bem na fita deste mundo, qual é a nossa decisão? A nossa postura como cristãos deve declarar em alto e bom som que o nosso compromisso com Cristo vai até as últimas consequências.

Deus requer de seus servos autenticidade no compromisso assumido. Não podemos ficar em cima do muro, sem decidir de que lado vamos ficar. Para evidenciarmos este compromisso no contexto em que vivemos é necessário começar com duas virtudes: CORAGEM e RENÚNCIA. Coragem para dizer não, quando todos a nossa volta dizem sim; coragem para defender princípios que são considerados ultrapassados ou fora de moda; coragem para ficar do lado certo, mesmo sendo injuriados e criticados; coragem para ser um perseguido por causa da justiça; coragem para falar ousadamente a verdade do Evangelho num mundo pluralista e relativista. E muita renúncia para destronar o eu, e fazer a vontade de Cristo nas decisões que tomamos; renúncia para priorizarmos o reino de Deus, e não o nosso; renúncia para desistir das ambições egoístas que este mundo quer nos vender; renúncia para dar as costas para o pecado e viver segundo a reta Palavra de Deus.

 

Sermão pregado dia 05/01/14, IBR Jardim Amazonas.
Petrolina-PE

Liderança espiritual

John Piper define bem o que é a liderança espiritual:

“Eu defino liderança espiritual como saber onde Deus quer que as pessoas estejam e tomar a iniciativa de utilizar os métodos de Deus para levá-los lá confiando no poder de Deus. A resposta para onde Deus quer que as pessoas estejam é numa condição espiritual e estilo de vida que mostre a Sua glória e honre o Seu Nome.

Portanto, o objetivo da liderança espiritual é que as pessoas venham a conhecer a Deus e glorificá-lo em tudo o que elas fazem. A liderança espiritual é direcionada não tanto para orientar pessoas, mas para mudar as pessoas. Se quisermos ser o tipo de líderes que devemos ser, temos de fazer o nosso objetivo desenvolver pessoas, em vez de estabelecer planos.

Você pode levar as pessoas a fazer o que quiser, mas se elas não mudam em seu coração, você não as liderou espiritualmente. Você não as liderou para onde Deus quer que elas estejam.”

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

A fé que traz crescimento

A fé que nos impulsiona a crescer em maturidade na vida cristã é certamente um dom de Deus. O homem pecador não pode crescer em semelhança com o caráter de Cristo porque não tem capacitação espiritual para isso. Somente após o novo nascimento, que também é mediante a fé em Cristo Jesus, o homem passa a empreender um novo caminho em sua vida. Não digo que é um caminho fácil, pelo contrário, haverá inúmeras dificuldades, a luta contra o eu, contra o mundo e contra forças espirituais. Mas o crente que possui a fé salvadora necessariamente demonstrará crescimento em sua vida diária.


A fé que produz crescimento está fundamentada na certeza de que a Palavra de Deus é viva e eficaz. A Bíblia deve ser a regra de fé e de conduta de todo cristão. A partir do momento em que desprezamos o ensino bíblico, também não experimentaremos nenhum crescimento na vida cristã. O aprendizado das Escrituras nunca será um fardo para aqueles que foram salvos pela fé em Cristo, pois o maior prazer do cristão é viver sob a luz do Evangelho crescendo em santificação. Para isso, todos os recursos espirituais necessários estão disponíveis para o crente exercer a sua fé de modo digno do Evangelho de Cristo.
 
Portanto, a fé cristã é fundamental para trazer crescimento espiritual. Somente por meio da fé genuína na obra redentora de Cristo Jesus, o crente é suprido com a vitalidade para produzir frutos e viver para a glória de Deus.
 
 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

REFINAMENTO

Texto: Jó 42: 1-6

O apóstolo Pedro faz uso da ideia de sofrimento causado pela perseguição e comparar com fogo ardente. “Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo” (1 Pedro 4:12). O fogo sempre foi utilizado para refinar metais preciosos, pois o calor expurgas as impurezas e remove as escórias. No livro do profeta Isaías, Deus anuncia ao Seu povo em Jerusalém: “Voltarei contra ti a minha mão, purificar-te-ei como com potassa das tuas escórias e tirarei de ti todo metal impuro” (Is. 1:25). Seja por meio de um processo natural de sofrimento pelo qual passamos neste mundo, ou seja pelo sofrimento proveniente da disciplina do Senhor, a intenção é sempre tirar as impurezas e refinar o Seu povo.

Deus sempre nos quer melhores, refinados e mais úteis para Ele. Com este objetivo em mente, Ele não nos poupará de nenhuma circunstância dolorosa. Jó era homem íntegro e reto, mas o sofrimento ao qual foi submetido serviu para refinar ainda mais este servo do Senhor. Mesmo sendo doloroso, Deus coordenou as circunstâncias na vida do Seu servo para torná-lo ainda melhor. Manifestando-se em meio a um redemoinho, o Senhor falou majestosamente e Jó apenas ouviu. Naquele processo de dor e sofrimento, o servo Jó foi refinado.

! "Deus tem propósitos singulares ao nos refinar por meio do sofrimento"

? Quais são os propósitos singulares de Deus ao nos refinar por meio do sofrimento?


1) Para que nos sujeitemos ao governo absoluto do Senhor (vs. 1, 2)

“Tudo podes” e “Nenhum dos Teus planos”, colocam o governo de Deus no campo do absoluto. Jó precisava entender que quem governa tudo é o Senhor, sujeitando-se ao Seu governo. Enquanto Jó se debatia querendo saber os "porquês" e "para quês" da sua situação, Deus se revela majestosamente e anuncia "QUEM" é ELE. As obras magníficas do Senhor na criação atestam claramente que Ele reina soberano. Os planos do Senhor jamais serão impedidos por homem algum (nem por Satanás), pois nada está fora do Seu governo absoluto. Satanás tentou destruir a confiança de Jó através do sofrimento, mostrando que Deus não era nem soberano nem amor; mas Jó se curva diante da soberania de Deus.

Deus soberanamente dirigiu o povo de Israel para o mar Vermelho, um verdadeiro beco sem saída. Deus também moveu o coração do Faraó para perseguir o povo de Israel: “Endurecerei o coração de Faraó, para que os persiga” (Ex. 14:4). Portanto não havia nada fora de lugar naquela ocasião, o Senhor tinha tudo sob o Seu controle.

Precisamos dobrar a cerviz e reconhecer quem Deus é. Ele está acima e além do nosso mundo, governando soberanamente cada detalhe da Sua criação, e nada pode mudar o que Ele decretou. Falar sobre a soberania de Deus é até fácil. O difícil é dobrar-se diante dela, e saber que os planos de Deus, por mais dolorosos que sejam, ainda assim são os melhores para a nossa vida. Precisamos de corações submissos ante a Soberana vontade de Deus, que é sempre boa, perfeita e agradável. Viver com base na soberania de Deus traz paz e descanso ao nosso coração, o que Ele faz está em plena harmonia com o Seu amor e graça.

2) Para que reconheçamos a nossa própria limitação (vs. 3, 4)

Jó declara: "Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia." Jó reconheceu que seu entendimento era limitado, sua percepção era limitada e sua argumentação era limitada. Ao longo do livro, Jó na sua angústia levou aos céus 16 vezes a pergunta: POR QUE? Ele também trouxe ao Senhor muitas queixas: estão registradas 34 queixas contra Deus. Por ser limitado no saber, Jó precipitou-se em falar muitas palavras. Mas no verso 4, Jó reconhece que a sua posição é de um mero aprendiz e não de professor. Em 14 vezes Deus pergunta a Jó usando expressões como “quem gerou, quem encerrou, quem criou, onde você estava”.

Nós somos limitados. Deus é tapeceiro sabe o fim desde o começo e não se engana. Nós não temos condição nenhuma de enxergar além do que nos foi estipulado, e precisamos desistir de criar respostas ou argumentos especulativos.

Vivemos numa época de humanismo desenfreado. O homem se tornou o centro de tudo. A ênfase do nosso tempo baseia-se em autossatisfação, em autopromoção, e autoestima. As mensagens hoje em dia giram em torno de: "Você precisa potencializar o seu valor interior", "você precisa descobrir o poder de autorrealização", "você precisa descobrir-se e valorizar a si mesmo". E nesta busca desenfreada, o homem tem ignorado a sua limitação, e que a solução não está em fórmulas humanas aprendidas no consultório de psicanálise.

Portanto, Deus nos refina por meio do sofrimento para que deixemos de lado os "AUTOS", para que a nossa limitação seja evidente e desistamos de buscar todas as respostas por nós mesmos. Nós somos limitados até para entender o que está escrito nas Escrituras, por isso precisamos depender constantemente do Professor divino, o Espírito Santo, que nos guia a toda verdade.


3) Para que aprofundemos nosso relacionamento com o Senhor (vs. 5,6)

O paralelo que Jó estabelece entre OUVIR e VER tem o propósito de mostrar que ele melhorou ao passar por tudo aquilo. Sua percepção sobre Deus e sobre si mesmo o levou a enxergar a necessidade de mudanças efetivas na relação com Deus. Ele também se abominou e arrependeu no pó e na cinza, que é uma expressão de profundo pesar. Quando o sofrimento pelo qual passamos não nos leva a aprofundar nosso relacionamento com Deus, e nem nos faz nos arrepender de nossa arrogância, é sinal de que nossa espiritualidade vai muito mal.

O espinho na carne na vida de Paulo trouxe-lhe grande sofrimento. O apóstolo suplicou ao Senhor que aquele espinho fosse afastado de sua vida, mas o Senhor tinha outros propósitos: tornar Paulo mais dependente da graça de Deus e quebrar o orgulho que Paulo poderia ter pelas revelações que recebeu (1 Cor. 12:7-10).

Deus utiliza-se do sofrimento para trazer à tona o que precisa ser tratado em nossos corações e vidas. Sofrer em si não é motivo de alegria, mas os resultados que surgem deste processo doloroso devem ser motivo de regozijo.

O que nos impede de crescer e amadurecer na fé? Deus não nos poupará de sofrimento/disciplina para trazer-nos à realidade, e despertar em nós a necessidade de amadurecimento e progresso na fé. Se for necessário tirar de nós algo muito precioso, Ele o fará a fim de que o Seu nome seja glorificado e que o nosso caráter como cristãos seja aperfeiçoado.

Impiedade

Texto: Salmo 36: 1-4

“A carapuça lhe serviu? Se a carapuça lhe serviu, então você pode usá-la também.”

Esta sugestão geralmente é feita por alguém que traz à tona alguma acusação ou denúncia, e seu interlocutor também se encaixa na denúncia descrita ou carrega também a culpa pela mesma denúncia. Nos julgamentos da Inquisição portuguesa e espanhola, os acusados compareciam perante os tribunais religiosos vestidos com um chapéu longo e pontiagudo, geralmente em formato de cone (em castelhano carepuza). O acusado vestia a carapuça como sinal visível para o tribunal de aceitação da culpa. Então, o ditado “usar ou vestir a carapuça” assumiu esta mesma conotação: aceitar ou assumir a culpa diante de uma denúncia feita por alguém, pois se encaixa perfeitamente no contexto.

Inicialmente podemos ficar um tanto confortáveis presumindo que este texto só se aplica a pessoas que definitivamente e declaradamente não andam com Deus, aqueles que são descritos como “os ímpios” conforme o verso 1. De imediato podemos concluir que o salmista está se referindo àquelas pessoas abertamente inimigas de Deus. Mas com um olhar mais cauteloso para o texto, é possível que sejamos culpados das mesmas acusações que o salmista faz com relação ao ímpio. Será que a carapuça serve em nós? Se não for a graça de Deus atuando em e através de nós, temos o potencial de pecado para cometer as mais terríveis abominações. Através de denúncias muito claras, o salmo inicia-se com um forte tom contra os ímpios. Como diz o verso 1, A impiedade é resultado da falta do temor do Senhor.

O Salmo 36 é bem contrastante: inicialmente ele descreve a forma como a impiedade se alastra na vida de alguém que não teme ao Senhor (vs. 1-4), depois ele apresenta uma bela expressão de louvor/adoração a Deus. Este contraste serve para nos humilhar e constranger: O Senhor é tão bom, fiel, justo em Seu caráter e gracioso em Seus benefícios. Diante deste maravilhoso Deus como nos portamos? Vivemos à altura de tão gracioso amor, ou nos rebelamos contra o Seu querer, vivendo tal como ímpios?

A pergunta que faço é a seguinte: “Será se a carapuça vai nos servir? Será que as graves denúncias feitas por Davi com respeito aos ímpios se encaixam com o padrão das nossas vidas?” Vamos analisar o texto a fim de perceber se temos as características de um estilo de vida ímpio.

Será que as denúncias feitas contra o ímpio neste salmo se encaixam em nossas vidas?

Palavra-chave: denúncias

1) Acalentar falsas ilusões com relação ao pecado - vs. 2“e lhe diz que a sua iniquidade não há de ser descoberta, nem detestada.” Nesta denúncia, o salmista apresenta o ímpio como alguém que pensa que sua vida está acima de qualquer suspeita. O homem sem temor de Deus começa a se gabar por suas peripécias pecaminosas. Ele engana a si mesmo com a ideia de que não será descoberto em suas ações. Além de pensar que nunca será descoberto, ele também presume que nunca sofrerá algum dano. Quando alguém passa a desprezar o temor do Senhor, o primeiro resultado é insensibilidade em relação ao pecado. Assim, o pecado cria raízes cada vez mais profundas e escraviza o homem, tirando-lhe a percepção da rebeldia do próprio coração.

O profeta Amós trouxe um sério alerta ao povo que vivia na prática de idolatria, mas não se importavam em ser confrontados: “Ai dos que andam à vontade em Sião e dos que vivem sem receio no monte de Samaria” (Am. 6:1). Será que temos andado à vontade e despreocupadamente, pensando infantilmente que nossas transgressões estão bem guardadas? Quem nos iludiu com este pensamento tão ingênuo, que o nosso pecado passará despercebido? Ou que não haverá consequências danosas pelo mal cometido?

Quando Acã pegou a capa babilônica e escondeu debaixo da sua bagagem, ele certamente nunca imaginou que seria descoberto e que pagaria com a própria vida e a de seus familiares (Js. 7:11). O pecado será sempre ofensivo a Deus, e certamente não ficará impune de modo nenhum.

Os investigadores policiais geralmente dizem que “Não existe crime perfeito”. Por mais esperto que seja o assassino ou ladrão, a cena do crime traz provas e pistas para a polícia. Um fio de cabelo, um pedaço de unha, uma peça de roupa. Tudo pode ser utilizado na investigação. Eu diria que ao olhos do Senhor, não existe pecado que ficará sem cobrar o seu preço na vida de alguém. Não podemos esquecer jamais que em algum momento o pecado cobrará a sua conta: “o vosso pecado vos há de achar” (Nm. 32:23). Não relativizemos o pecado, porque ele nunca relativizará os prejuízos em nossas vidas. “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção.” (Gl. 6:7-8)

O pecado tem um poder ludibriante. Ele deseja nos enganar ao ponto de relativizarmos valores e princípios da palavra de Deus. Ele nos ilude fazendo-nos crer que estamos seguros, e nesta falsa sensação de segurança muitos prosseguem nas suas práticas pecaminosas sem nenhum temor. É um traço bem característico de um estilo de vida ímpio: criar e confiar em falsas ilusões quanto à malignidade do pecado, sem dar importância ao efeito devastador que trará para sua vida e para outros ao seu redor.

2) Empregar as palavras com sagacidade - vs. 3a“As palavras de sua boca são malícia e dolo” - As palavras gotejam da sua boca como água suja da pia (E. Peterson)

O salmista faz mais uma denúncia: o uso indiscriminado de palavras com base em mentiras, com intuitos maliciosos para arruinar relacionamentos/pessoas. Palavras carregadas de engano e malícia brotam facilmente nos lábios do ímpio, pois cada um só dá o que tem. A mentira é o meio de distorcer a verdade para tirar algum proveito da situação, ou livrar-se de contratempos. Palavras cheias de falsidade procedem de um coração que não teme com sinceridade ao Senhor.

No Salmo 19:14, Davi ora assim: “As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam sempre agradáveis na Tua presença, Senhor, Rocha minha e Redentor meu.” Este também deve ser o nosso sincero desejo, que brota de nossos corações. Tiago também inicia o capítulo 3 de sua carta denunciando o mau uso da língua. Não é correto que os remidos usem a língua com propósitos incoerentes ou divergentes: amaldiçoar/abençoar, jorrar água doce e água amarga; falar bem de um irmão em sua frente, e quando tem oportunidade caluniar e denegrir o mesmo irmão.

Quantas vidas destruídas por palavras ditas maliciosamente, visando prejudicar ou ferir as pessoas! Passamos boa parte do nosso tempo utilizando o recurso da fala. Portanto, temos que adotar a mesma postura do salmista em filtrar tudo o que sai de nossos lábios para não pecarmos contra o Senhor. Assim como a faísca dá início a um grande incêndio, palavras carregadas com mentira e malícia causam graves prejuízos. Não vamos permitir que nossos lábios sejam instrumentos do inferno para destruir vidas! “A imagem completa do diabo é uma mistura de malícia e falsidade” (Matthew Henry).

“Nossa língua, portanto, precisa ser fonte de vida, e não cova de morte; precisa ser medicina, e não veneno; precisa ser bálsamo que consola, e não fogo que destrói.” Não é conveniente e nem coerente que os cristãos usem os seus lábios para envenenar relacionamentos e causar tropeço na vida de outros. Necessitamos exercer o domínio próprio sobre os nossos impulsos e encher o coração com o que é agradável e bom para edificação (a boca fala do que está cheio o coração).

Relacionamentos construídos com base em mentira são castelos de areia: em breve chegarão à ruína. Por isso precisamos construir relacionamentos interpessoais sem meias-verdades e sem malícia. Devemos deixar de lado a mentira, e falar sempre a verdade, mesmo que seja indigesta. O cristão não deve ser sagaz com uso das palavras, tentando levar vantagem em tudo, com malícia, audácia e mentiras.


3) Abandonar o caminho da prudência - vs. 3b- “abjurou o discernimento”

Mais uma denúncia: a malignidade de uma postura inconsequente na vida, sem refletir seriamente sobre os resultados de suas ações. Abjurar é negar ou renunciar abertamente. Discernimento faz referência ao bom senso nas atitudes e decisões. O ímpio, por sua natureza impetuosa e rebelde, age sem se importar com as consequências de seus atos. Ele brinca com fogo e não liga para quem se queima. O ímpio descrito no texto escolheu agir sem o menor grau de responsabilidade, sem medir o resultado trágico de seu procedimento.

A imprudência é filha da impaciência. Alguém precipitado deseja resolver tudo do seu próprio jeito, sem ter que esperar por ninguém. A vida de Saul nos oferece uma ilustração sobre a imprudência. Quando estava esperando Samuel para oferecer sacrifícios, vendo que o povo já ia se afastando, e que era necessário oferecer o sacrifício do holocausto antes de ir à guerra contra os filisteus, ele mesmo tomou as rédeas e ofereceu o holocausto. Samuel disse a Saul: “Procedeste nesciamente”, que literalmente significa como “um tolo imprudente”.

A prudência é necessária em todas as instâncias da vida. O trânsito está cheio de casos de imprudência. Motoristas inconsequentes que dirigem em alta velocidade ou sob a influência do álcool, são os que tiram a vida de milhares de pessoas. O aviso das placas de trânsito “Dirija com Prudência” é ignorado abertamente e os resultados são trágicos. “O prudente vê o mal e esconde-se (não se expõe ao mal, não fica de bandeja, não dorme no ponto); mas os simples passam adiante e sofrem a pena” (Pv. 27:12).

É impressionante a série de problemas causados por imprudência em decisões ou ações. Mas aquele que teme ao Senhor e quer agradá-lo em tudo, buscará agir sempre com prudência firmando os seus passos em obediência. Ser prudente é ser cauteloso, buscando utilizar os recursos espirituais e orientações bíblicas para tomar atitudes adequadas. O prudente é alguém ao mesmo tempo diligente e dependente. Ele é diligente: não cruza os braços e não se omite. Ele também é dependente: não se precipita confiando em sua intuição humana, mas se rende à sabedoria divina.

Ser prudente é pautar os nosso passos pela sabedoria que procede de Deus. Não é prudente seguir os nossos sentimentos, pois eles são instáveis. Atitudes precipitadas são tomadas no calor das emoções, sem considerar o valor da instrução bíblica. “O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é prudência” (Pv 9:10).

4) Alimentar pensamentos e projetos perniciosos - vs. 4

O salmista agora denuncia o pleno comprometimento com projetos perversos. A palavra “maquinar” tem no original o sentido de pensar, considerar ou imaginar. Pensamentos maldosos são alimentados de forma ininterrupta: “Até na sua cama planeja maldade” Salmos 36:4. No leito, onde deveria ser um lugar de descanso, é o lugar para tramas impiedosas e planos nocivos. O comprometimento com o pecado inicia-se na mente (nas maquinações do coração) e prossegue na transigência com o erro: “e ele nunca rejeita o mal”. O estilo de vida ímpio é governado pelos projetos e pensamentos que são alimentados na mente: a maldade passa a imperar na mente.

Davi alimentou pensamentos perversos e maquinou o mal, inicialmente com relação a Bateseba e depois com relação a Urias. As consequências foram terríveis na vida dele e de todos a sua volta. Se Davi tivesse exercido controle sobre seus pensamentos assim que surgiram, não teria entrado naquela espiral descendente. Se Davi tivesse colocado a sua mente na direção correta não teria se envolvido em tantas tragédias.

É bem verdade que alguém sem o temor de Deus, abrigará em sua mente muito lixo e perversão. Saber que o Senhor tudo sabe (onisciência) deveria nos constranger diariamente a alimentar nossas mentes com o que traz glória ao Seu nome. Por isso, temos que encharcar nossas mentes com as Escrituras, meditando nelas continuamente. Lembre-se: Pensamentos de indiferença ou até mesmo ódio em relação a alguma pessoa são tão pecaminosos como o assassinato. Pensamentos de cobiça sexual são tão pecaminosos como o adultério.

“Ninguém pode impedir que um passarinho voe sobre nossas cabeças; mas podemos impedi-lo de fazer ninhos.” A classe de pensamento você leva para o leito antes de dormir, definem que atitudes você tomará no dia seguinte. Portanto, que os nossos pensamentos sejam harmonizados com os propósitos de Deus e com os parâmetros do Reino de Cristo e a Sua justiça.

Como estão os nossos pensamentos? Cada um de nós é plenamente responsável pelo que entra e fica em nossas mentes. Por isso Paulo ordenou em Filipenses 4:8 – Nisso pensai (aquilo que é puro, justo, de boa fama, virtuoso e agradável a Deus). Temos que exercer o controle sobre o que permanece em nossas mentes sendo alimentado, para que os frutos sejam piedosos e glorifiquem ao Senhor.

CONCLUSÃO

“Será que as denúncias feitas contra o ímpio neste salmo se encaixam em nossas vidas?”

Como vimos, podemos não estar tão distantes de um estilo de vida ímpio. Se a carapuça serviu em algum de nós, ou seja, se os traços característicos deste estilo de vida estão presentes em nós, precisamos abandonar urgentemente as práticas denunciadas neste salmo e submeter-nos ao padrão de Deus revelado nas Escrituras.

Deus nos deu todos os recursos necessários que nos conduzem à vida e à piedade (2 Pedro 1:3). Portanto, um viver piedoso deve ser uma realidade para todo cristão, e não uma utopia. Por meio da instrução da Palavra e da ação santificadora do Espírito que em nós habita, podemos estar isentos das denúncias que foram descritas neste texto bíblico.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Um oração necessária

“Pai de glória, nós te louvamos porque, com teu poder, res­suscitaste teu Filho, Jesus, dentre os mortos, louvamos-te por­que a pedra que os construtores rejeitaram veio a ser a pedra angular. Nós nos maravilhamos diante dessa tua obra majesto­sa. A morte não foi capaz de aprisionar teu Filho! Nosso últi­mo inimigo caiu diante de teu poder no momento em que Jesus triunfou sobre a morte e nos livrou do medo desse antigo inimi­go. E agora, ó Deus, concede-nos a graça de aproveitarmos as riquezas de tudo o que a ressurreição de Jesus significa. Toda autoridade pertence a ele no céu e na terra. Nenhum poder e nenhum inimigo podem prevalecer contra ele. Quando confia­mos nele, só recebemos coisas boas.

Portanto, Pai, temos os recursos para vencermos o medo, as preocu­pações, o desânimo e a tristeza. Concentra nossa atenção na suprema realidade do triunfo final de Cristo sobre a morte. Não permitas que esqueçamos ou deixemos de sentir a glória universal que concedeste a Jesus: um nome que está acima de todos os nomes. Que essa verdade seja posta em prática em nossa vida diária para que possamos ver todas as pessoas, se­jam elas importantes ou não, perante o Juiz ressurreto e triun­fante de todas as nações. Que possamos aceitar a misericórdia e o poder de Jesus, com coragem e arrependimento no cora­ção.

Pai, queremos que nossa vida demonstre a grandeza de teu Filho. Com teu poder, ajuda-nos a alcançar essa graça. Oramos em nome de Jesus. Amém.”

 

Extraído do Livro: UM HOMEM CHAMADO JESUS CRISTO, de John Piper

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Benefícios eficazes

Texto: Salmo 40: 1-3

O livro de Salmos está repleto de considerações do salmista acerca dos benefícios do Senhor em sua vida. Poderíamos pensar no salmo 23, e meditar sobre os benefícios que o Supremo Pastor providencia para suas ovelhas. É óbvio que Deus não quer fidelizar pessoas para Si com os benefícios outorgados, ou ganhar adoradores com os benefícios que Ele livremente oferece. Deus não nos mima. Mas faz parte do caráter de Deus ser gracioso para com os Seus servos. Ele nos supre com o que é necessário para sermos cristãos abundantes e instrumentos da Sua glória. Foi por isso que o salmista ressaltou a importância dos benefícios do Senhor: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nem um só de seus benefícios.” (Salmo 103:2) e “Que darei ao Senhor por todos os seus benefícios para comigo?” (Salmo 116:2)

Depreendemos da leitura do Salmo 40 que o salmista Davi escreveu estas palavras num momento de profunda angústia. Perseguido e ameaçado por malfeitores (vs. 14) Davi considera a sua situação e clama por livramento divino. O que chama a atenção é que Davi conseguia enxergar os benefícios do Senhor mesmo em meio às dificuldades e circunstâncias de perigo. Os verbos no texto mostram a ação beneficiadora do Senhor na vida do salmista: DEUS “se inclinou”, “me ouviu”, “tirou-me”, “colocou-me”, “me firmou”, “me pôs”. São ações exclusivas do Senhor direcionadas para beneficiar o seu servo.

“Somos beneficiados continuamente pela boa mão do nosso Deus”

S. I. De que maneiras somos beneficiados continuamente pela boa mão do nosso Deus?

S. T. Somos beneficiados continuamente pela boa mão do nosso Deus de algumas maneiras:


1) Somente Deus nos proporciona amparo eficaz (vs. 1)

Deus se inclina e ouve os remidos. Apesar de ser transcendente, Ele está presente e não nos desampara nem por um momento. Deus não se omite, Ele se faz presente no meio do Seu povo eleito. Deus é transcendente, mas também é imanente. Podemos não contar com o amparo de um pai ou mãe neste mundo. O clamor legítimo pode não ser ouvido, como acontece com muitas crianças desamparadas neste mundo. Mas aqueles que tem ao Senhor Deus como pai, nunca serão desamparados. Ele escuta e atende o clamor conforme Lhe agrada para a Sua própria glória e o bem dos Seus filhos. Deus não se faz de surdo quando lhe devotamos o nosso ser e direcionamos nossas petições e clamores com sinceridade de coração.

Na consagração do templo construído por Salomão, o Senhor disse ao seu servo: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.” (2 Cr. 7:14). O maravilhoso benefício do amparo do Senhor começa justamente por Ele nos ouvir quando oramos confiados nos méritos de Cristo Jesus. Não há privilégio maior do que desfrutar da bênção de sermos ouvidos pelo Deus eterno, Criador e Sustentador de tudo que existe neste mundo.

Vivemos num mundo em que os pedidos de socorro espiritual não são ouvidos porque muitas vezes são feitos na direção errada. Angústia e depressão são evidências disto. Mas podemos confiar no Senhor que se faz presente, que ouve o clamor dos remidos oferecendo-lhes constante amparo. Por isso que Pedro exortou os seus leitores imediatos: “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” (1 Pedro 5: 6,7)

Ter alguém que nos ouve quando precisamos é importante. Mas nada se compara quando colocamos diante de Deus nossas ansiedades e então somos ouvidos e confortados. O seu coração encontra descanso ao desfrutar do amparo do Senhor? Você consegue descansar ao saber que Deus ouviu a sua oração? A ansiedade tem dominado o seu coração a ponto de turvar a sua visão do constante amparo do Senhor sobre sua vida? Irmãos, precisamos clamar ao Senhor com base na Sua bendita Palavra, certos de que Ele nos ouvirá e o Seu amparo não nos será negado. “E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1 Jo 5.14-15). “O Senhor ouviu a minha súplica; o Senhor acolhe a minha oração” (Salmo 6.9). “Clamou este aflito, e o Senhor o ouviu e o livrou de todas as suas tribulações.” (Sl. 34:6).


2) Somente Deus nos proporciona estabilidade eficaz (vs. 2)

O salmista Davi se expressa em termos metafóricos: Tremedal de lama – um lamaçal, lugar extremamente escorregadio. A ideia relaciona-se com um viver sem estabilidade, cheio de escorregões e tropeços. Definitivamente, um lamaçal não é um terreno estável para caminharmos. Na paráfrase que Eugene Peterson escreveu sobre este versículo, lemos o seguinte: “Ele me ergueu do fosso, tirou-me do fundo da lama. Ele me pôs sobre uma rocha sólida para se assegurar de que eu não escorregaria.” O Senhor não quer que andemos tropegamente, de tombo em tombo, como ébrios. Ele nos proporciona estabilidade eficaz, para que o nossos passos sejam resolutos, firmes e constantes. Por isso o salmista utiliza a figura da rocha, que oferece segurança para um caminhar estável.

A palavra traduzida como poço, pode ser também traduzida como cisterna ou fosso, um buraco que retém água. Quando não havia mais água ficava apenas o lamaçal e lodo. Foi a mesma palavra utilizada em Jeremias 38:6: “Tomaram, então, a Jeremias e o lançaram na cisterna de Malquias, filho do rei, que estava no átrio da guarda; desceram a Jeremias com cordas. Na cisterna não havia água, senão lama; e Jeremias se atolou na lama.”

Na conclusão do Sermão do Monte, Jesus se utiliza de mais uma ilustração para esclarecer o Seu ensino. Ele fala sobre dois homens que resolveram edificar casas. Uma casa foi edificada sobre a rocha e outra sobre a areia. Os terrenos contrastam estabilidade X instabilidade. A obediência aos ensinos de Cristo é o ponto-chave. Obedecendo ao Senhor podemos nos manter de pé, sem escorregar nas armadilhas pecaminosas da vida e firmados de maneira a não cair diante das tempestuosas pressões do mundo.

Como fruto da ação de Deus, o crente deve ser alguém que goza de equilíbrio em seu viver. Neste mundo instável em que estamos inseridos, o relacionamento maduro e sincero com o Senhor nos estabiliza. As emoções e sentimentos humanos são instáveis e flutuantes por natureza. Não devemos confiar em nossos sentimentos, pois quando eles dominam trazem desequilíbrio a nossa vida. Por meio da Palavra de Deus podemos desfrutar de estabilidade na vida e firmeza nas decisões que tomamos. Obedecer aos princípios das Escrituras e viver à luz dos Seus ensinos é o método que Deus utiliza para estabilizar os nossos passos e firmar nossos pés. Se você tem andado de forma vacilante, sem constância e sem firmeza, é um forte indicativo de sua precária situação espiritual.


3) Somente Deus nos proporciona ânimo eficaz (vs. 3a)

O salmista entendeu que apenas Deus é a fonte do ânimo legítimo (vigor espiritual e coração ardente) para as expressões de louvor e adoração. O salmista Davi é direto em sua declaração: “Deus me pôs nos lábios um novo cântico.” Ele não era movido por motivações vazias e ineficazes. O texto diz expressamente que é Deus quem coloca em nossos lábios um novo cântico, pois afinal somente Ele é a fonte real de vigor e regozijo verdadeiros, que enche os corações dos remidos de maneira plena e eficaz. O novo cântico não se refere propriamente a um hino que nunca foi cantado antes, mas a um vigor renovado em louvar ao Senhor Deus, que é o agente motivador do verdadeiro fervor e da alegria do cristão. Sabedores disto, o nosso coração transbordará de santa alegria, por entendermos quem Deus de fato é. Precisamos de ânimo que comece na pessoa do próprio Deus, porque este ânimo não está restrito à volatilidade das circunstâncias pelas quais passamos neste mundo.

Foi o que aconteceu, por exemplo, na vida de Paulo. Ele era um servo movido pelo ânimo que o próprio Deus lhe outorgava continuamente. A alegria é a tônica da carta aos Filipenses. Paulo alegrava-se no Senhor, porque Deus era a única fonte do Seu ânimo e vigor. Por isso ele exortou os irmãos de Filipos a desfrutarem desta alegria em Deus, o provedor de graça e bondade sempre abundantes. O profeta Isaías também soube perceber que a real fonte de regozijo e ânimo é o Senhor. Ele escreveu: “Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus; porque me cobriu de vestes de salvação e me envolveu com o manto de justiça” (Is. 61:10).

Se a nossa vida é marcada por bocejos e fracas expressões de louvor a Deus, temos um forte indicativo que não estamos desfrutando de comunhão genuína com o Senhor. O cristão não deve ser motivado por razões menores. Ele precisa somente desfrutar da presença renovadora do Senhor, que revigora de fato o coração. A comunhão com Cristo não deixará os nossos corações e lábios vazios de louvor autêntico. Não vamos precisar que algum programa especial da igreja nos traga ânimo, ou que o dirigente do culto crie artíficios para animar os irmãos. Olhar para Cristo e desfrutar da Sua graça diariamente nos anima a prosseguir louvando ao Senhor com júbilo.

Meu caro irmão, o que tem roubado o seu ânimo para louvar a Deus? O pecado nos paralisa e consome nosso ânimo (Sl. 32: 3,4). Ele impede nossa plena realização na vida. Por conta do pecado não confessado e abandonado, entramos numa espiral descendente e ficamos desanimados na jornada. Por isso a oração de confissão é tão necessária. Nós não podemos acumular lixo pensando que não nos fará mal nenhum. Deus requer dos seus servos atitudes contra o pecado, que rouba o nosso ânimo e vigor para adorá-Lo em espírito e em verdade. O perdão concedido por Deus é fonte de ânimo real no coração do crente. Somos frutos da Sua misericórdia e graça, portanto, o nosso louvor nasce na pessoa do próprio Deus.

Que possamos desfrutar dos benefícios que o Senhor nos outorga por Sua graça. Ao desfrutar destes benefícios estamos na verdade cultivando o nosso relacionamento com Ele e crescendo em santificação. Estes benefícios com os quais o Senhor nos agracia são preciosos e não podemos deixar de agradecer por cada um deles. Como o nosso Deus é dadivoso! Faz parte da Sua essência beneficiar os Seus filhos. São benefícios que servem como testemunho para outras pessoas das maravilhas que o Senhor efetua em nosso viver.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Limpeza necessária

Texto: João 15: 1-4

Deus é o agricultor, Jesus é a Videira. Os verdadeiros discípulos são os ramos que produzem fruto. O simbolismo da videira e dos ramos é semelhante àquele da Cabeça e do corpo; temos um relacionamento vivo com Cristo e pertencemos a Ele. As medidas que o agricultor adota com a videira (limpando-a por meio da poda) refletem o que Deus faz em nossas vidas por meio da santificação: o trabalho progressivo de nos libertar do poder corruptor do pecado.

“O trabalho santificador efetuado por Deus em nós tem alguns objetivos”

S.I. Quais são os objetivos do trabalho santificador efetuado por Deus em nós?

S.T. O trabalho santificador efetuado por Deus em nós tem os seguintes objetivos:


1) A ampliação da produtividade para o reino de Cristo (vs. 2)

Assim como o agricultor diligente fará de tudo para ampliar a produtividade da videira, o Senhor Deus não poupará os seus discípulos da limpeza necessária visando mais frutos. Esta limpeza é a santificação progressiva que resulta em maturidade e aperfeiçoa o caráter do discípulo. O pecado arraigado no coração rouba a vitalidade necessária para a produção de frutos. Aquele que abriga em sua vida pecados não-confessados e não-abandonados torna-se espiritualmente raquítico e não contribui em nada para o reino de Cristo.


2) A confirmação da efetividade da palavra de Cristo (vs. 3)

Cristo enfatizou que a Palavra que Ele ensinou foi o instrumento necessário para a limpeza dos discípulos. A vida do cristão deve ser marcada pela submissão somente à Palavra, pois ela é suficiente para nos moldar à imagem de Cristo. O que temos diante de nós não é um livro qualquer; é a carta de Deus para nós, a Sua revelação da vontade de Deus que traz efetiva mudança na vida do crente. Os resultados efetivos de progresso rumo à santificação só são alcançados via Palavra de Deus, pois o pecado não pode ser extirpado com medidas paliativas e sem o poder do Evangelho.


3) A manutenção da fidelidade à pessoa de Cristo (vs. 4)

O ramo só permanece na videira se continuar produzindo fruto, e para continuar produzindo fruto faz-se necessário o trabalho de limpeza efetuado pelo agricultor, assim como o trabalho santificador de Deus em nossas vidas. Por meio deste trabalho santificador operado por Deus mediante a ação do Espírito Santo via Palavra, o cristão é mantido fiel a Cristo e permanece unido a Ele. Permanecer em Cristo exige adoração, meditação na Palavra de Deus, oração, sacrifício e serviço constantes. Isto só é possível mediante ação santificadora coordenada por Deus na vida do cristão, constrangendo-o a combater e a abandonar o pecado.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O chamado eficaz na vida de Abraão

Sempre que alguma pessoa vem à fé salvadora no Senhor, é porque foi movido sobrenaturalmente a crer. Deus faz este chamado soberano a todos os eleitos:

"... Olhem para Abraão, seu pai, e para Sara, que lhes deu à luz. Quando eu o chamei, ele era apenas um”. - Isaías 51:2a

Neste versículo, Deus concitou os israelitas a se lembrarem dos seus princípios humildes, quando Deus chamou soberanamente o pai da nação deles do paganismo de Ur e da incredulidade que havia no coração dele. Antes de existir uma nação de Israel, Deus chamou eficazmente Abraão à fé. Alexander observa:

"Eu o chamei (i.e., escolhi, designei) quando ele era apenas um", i.e., um indivíduo solitário, embora destinado a ser pai de uma grande nação (Gn. 12:2). O propósito do Profeta não é tanto magnificar a honra dada a Abraão por tê-lo escolhido do meio de toda a raça para ser o pai dos crentes, como mostrar o poder e a fidelidade de Deus em fazer deste único homem uma nação numerosa como as estrelas do céu, segundo a promessa (Gn. 15:5)

Neste chamamento salvífico, é evidente que foi Deus que tomou a iniciativa para agir, não Abraão.

Extraído do Livro Fundamentos da Graça, de Steven Lawson

 

MINHA OBSERVAÇÃO: Ele não podia rejeitar tal chamado, visto que no plano eterno e perfeito do Senhor, Abraão era alvo do amor soberano do Pai. Que graça irresistível!