segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

REFINAMENTO

Texto: Jó 42: 1-6

O apóstolo Pedro faz uso da ideia de sofrimento causado pela perseguição e comparar com fogo ardente. “Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo” (1 Pedro 4:12). O fogo sempre foi utilizado para refinar metais preciosos, pois o calor expurgas as impurezas e remove as escórias. No livro do profeta Isaías, Deus anuncia ao Seu povo em Jerusalém: “Voltarei contra ti a minha mão, purificar-te-ei como com potassa das tuas escórias e tirarei de ti todo metal impuro” (Is. 1:25). Seja por meio de um processo natural de sofrimento pelo qual passamos neste mundo, ou seja pelo sofrimento proveniente da disciplina do Senhor, a intenção é sempre tirar as impurezas e refinar o Seu povo.

Deus sempre nos quer melhores, refinados e mais úteis para Ele. Com este objetivo em mente, Ele não nos poupará de nenhuma circunstância dolorosa. Jó era homem íntegro e reto, mas o sofrimento ao qual foi submetido serviu para refinar ainda mais este servo do Senhor. Mesmo sendo doloroso, Deus coordenou as circunstâncias na vida do Seu servo para torná-lo ainda melhor. Manifestando-se em meio a um redemoinho, o Senhor falou majestosamente e Jó apenas ouviu. Naquele processo de dor e sofrimento, o servo Jó foi refinado.

! "Deus tem propósitos singulares ao nos refinar por meio do sofrimento"

? Quais são os propósitos singulares de Deus ao nos refinar por meio do sofrimento?


1) Para que nos sujeitemos ao governo absoluto do Senhor (vs. 1, 2)

“Tudo podes” e “Nenhum dos Teus planos”, colocam o governo de Deus no campo do absoluto. Jó precisava entender que quem governa tudo é o Senhor, sujeitando-se ao Seu governo. Enquanto Jó se debatia querendo saber os "porquês" e "para quês" da sua situação, Deus se revela majestosamente e anuncia "QUEM" é ELE. As obras magníficas do Senhor na criação atestam claramente que Ele reina soberano. Os planos do Senhor jamais serão impedidos por homem algum (nem por Satanás), pois nada está fora do Seu governo absoluto. Satanás tentou destruir a confiança de Jó através do sofrimento, mostrando que Deus não era nem soberano nem amor; mas Jó se curva diante da soberania de Deus.

Deus soberanamente dirigiu o povo de Israel para o mar Vermelho, um verdadeiro beco sem saída. Deus também moveu o coração do Faraó para perseguir o povo de Israel: “Endurecerei o coração de Faraó, para que os persiga” (Ex. 14:4). Portanto não havia nada fora de lugar naquela ocasião, o Senhor tinha tudo sob o Seu controle.

Precisamos dobrar a cerviz e reconhecer quem Deus é. Ele está acima e além do nosso mundo, governando soberanamente cada detalhe da Sua criação, e nada pode mudar o que Ele decretou. Falar sobre a soberania de Deus é até fácil. O difícil é dobrar-se diante dela, e saber que os planos de Deus, por mais dolorosos que sejam, ainda assim são os melhores para a nossa vida. Precisamos de corações submissos ante a Soberana vontade de Deus, que é sempre boa, perfeita e agradável. Viver com base na soberania de Deus traz paz e descanso ao nosso coração, o que Ele faz está em plena harmonia com o Seu amor e graça.

2) Para que reconheçamos a nossa própria limitação (vs. 3, 4)

Jó declara: "Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia." Jó reconheceu que seu entendimento era limitado, sua percepção era limitada e sua argumentação era limitada. Ao longo do livro, Jó na sua angústia levou aos céus 16 vezes a pergunta: POR QUE? Ele também trouxe ao Senhor muitas queixas: estão registradas 34 queixas contra Deus. Por ser limitado no saber, Jó precipitou-se em falar muitas palavras. Mas no verso 4, Jó reconhece que a sua posição é de um mero aprendiz e não de professor. Em 14 vezes Deus pergunta a Jó usando expressões como “quem gerou, quem encerrou, quem criou, onde você estava”.

Nós somos limitados. Deus é tapeceiro sabe o fim desde o começo e não se engana. Nós não temos condição nenhuma de enxergar além do que nos foi estipulado, e precisamos desistir de criar respostas ou argumentos especulativos.

Vivemos numa época de humanismo desenfreado. O homem se tornou o centro de tudo. A ênfase do nosso tempo baseia-se em autossatisfação, em autopromoção, e autoestima. As mensagens hoje em dia giram em torno de: "Você precisa potencializar o seu valor interior", "você precisa descobrir o poder de autorrealização", "você precisa descobrir-se e valorizar a si mesmo". E nesta busca desenfreada, o homem tem ignorado a sua limitação, e que a solução não está em fórmulas humanas aprendidas no consultório de psicanálise.

Portanto, Deus nos refina por meio do sofrimento para que deixemos de lado os "AUTOS", para que a nossa limitação seja evidente e desistamos de buscar todas as respostas por nós mesmos. Nós somos limitados até para entender o que está escrito nas Escrituras, por isso precisamos depender constantemente do Professor divino, o Espírito Santo, que nos guia a toda verdade.


3) Para que aprofundemos nosso relacionamento com o Senhor (vs. 5,6)

O paralelo que Jó estabelece entre OUVIR e VER tem o propósito de mostrar que ele melhorou ao passar por tudo aquilo. Sua percepção sobre Deus e sobre si mesmo o levou a enxergar a necessidade de mudanças efetivas na relação com Deus. Ele também se abominou e arrependeu no pó e na cinza, que é uma expressão de profundo pesar. Quando o sofrimento pelo qual passamos não nos leva a aprofundar nosso relacionamento com Deus, e nem nos faz nos arrepender de nossa arrogância, é sinal de que nossa espiritualidade vai muito mal.

O espinho na carne na vida de Paulo trouxe-lhe grande sofrimento. O apóstolo suplicou ao Senhor que aquele espinho fosse afastado de sua vida, mas o Senhor tinha outros propósitos: tornar Paulo mais dependente da graça de Deus e quebrar o orgulho que Paulo poderia ter pelas revelações que recebeu (1 Cor. 12:7-10).

Deus utiliza-se do sofrimento para trazer à tona o que precisa ser tratado em nossos corações e vidas. Sofrer em si não é motivo de alegria, mas os resultados que surgem deste processo doloroso devem ser motivo de regozijo.

O que nos impede de crescer e amadurecer na fé? Deus não nos poupará de sofrimento/disciplina para trazer-nos à realidade, e despertar em nós a necessidade de amadurecimento e progresso na fé. Se for necessário tirar de nós algo muito precioso, Ele o fará a fim de que o Seu nome seja glorificado e que o nosso caráter como cristãos seja aperfeiçoado.

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