sexta-feira, 29 de maio de 2009

Aflição que redunda em glória

"Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente." (2 Co 4:17)


Estas palavras nos oferecem uma razão por que não deveríamos desfalecer sob as aflições nem ser subjugados por infortúnios. Elas nos ensinam a olhar para as aflições do tempo sob a luz da eternidade. Elas afirmam que as presentes desgraças do cristão exercem um efeito benéfico no homem interior. Se estas verdades fossem agarradas firmemente pela fé elas mitigariam muito da amargura de nossas tristezas. “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente;" Este verso estabelece uma gloriosa antítese, contrastando nosso estado futuro com nosso presente. Aqui há "aflição", lá há "glória." Aqui há uma “leve aflição", lá uma "glória mui excelente." Em nossa aflição há leviandade e brevidade; é uma aflição leve, mas é por um momento; em nossa glória futura haverá solidez e eternidade! Descobrir a preciosidade deste contraste permite-nos considerar separadamente, cada parte, mas na ordem inversa da menção.

1. "um peso eterno de glória." É significante saber que a palavra hebraica para "gloria" - kabod - também é "peso". Quando o peso do ouro é acrescentado de pedras preciosas isto aumenta o seu valor. A felicidade do céu não pode ser contada nas palavras terreais; expressões figurativas são melhor calculadas para transmitir algumas visões imperfeitas a nós. Aqui em nosso texto um termo é empilhado sobre outro. O que espera o crente é "glória" e quando dizemos que uma coisa é gloriosa nós alcançamos os limites do idioma humano para expressar o que é excelente e perfeito. Mas a "glória" que nos espera está pesado, sim é “mais excelente” que qualquer coisa terrestre e temporal; seu valor desafia os cálculos; sua excelência transcende além da descrição verbal. Além disso, esta glória maravilhosa que nos espera não é evanescente e temporal, mas divina e eterna; não pôde ser "eterna" a menos que seja divina. O grande e santo Deus vai nos dar o que é digno dEle, sim, tal qual como ele é, infinito e eterno.

2. "nossa leve e momentânea tribulação." (1) "tribulação" é a sina comum da existência humana; "Mas o homem nasce para a tribulação, como as faíscas se levantam para voar." (Jó 5:7). Isto faz parte do vínculo do pecado. E não se encontra uma criatura caída que deva estar perfeitamente feliz em seus pecados. Nem as crianças estão isentas; "pois que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus." (Atos 14:22). Por uma estrada difícil e acidentada Deus nos leva a glória e a imortalidade. (2) nossa tribulação é "leve." Tribulações muitas vezes não são leves, são pesadas e dolorosas; mas elas são comparativamente leves! Elas são leves quando comparadas com o que nós realmente mereceríamos. Elas são leves quando comparadas com os sofrimentos do Senhor Jesus. Mas talvez a real leveza delas seja melhor vista comparando-as com o peso de glória que está nos esperando. Como disse o mesmo apóstolo em outro lugar, “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada.” (Rom. 8:18). (3) "Que é por um momento. Se nossas tribulações deveriam continuar ao longo de uma vida inteira e essa vida fosse igual em duração como o foi para Matusalém, contudo, isto é momentâneo se comparado com a eternidade que está diante de nós. No máximo nossa aflição é para esta vida presente, que é como um vapor que aparece por um pouco de tempo e então desaparece. Oh, que Deus nos permita examinar nossas aflições na verdadeira perspectiva delas.

3. Note a conexão agora entre os dois. Nossa leve tribulação que é para um momento, produz "para nós um peso eterno de glória mui excelente;" O presente está influenciando o futuro. Não é para nós argumentarmos e filosofarmos sobre isto, mas submeter-se a Deus e a Sua Palavra e crer nisto. Experiências, sentimentos, observação da vida dos outros podem parecer negar este fato. Aflições muitas vezes só parecem nos amargurar e nos fazer mais rebeldes e descontentes. Mas deixe-me lembra-lo que aflições não são enviadas por Deus com a finalidade de purificar a carne: elas são intencionadas para o benefício do "novo homem." Além disso, aflições nos ajudam a nos preparar daqui por diante para a glória. Aflição afasta nosso coração do amor pelo mundo; nos faz almejar mais por aquele tempo em que seremos tirados deste mundo de pecado e tristeza; nos permitirá apreciar as coisas que Deus tem preparado para os que O amam. Então aqui é o que a fé é convidada a fazer: colocar em uma balança a aflição presente, no outro, a glória eterna. Eles merecem ser comparados? Não, realmente. Um segundo de glória vale mais do que o contrapeso uma vida inteira de sofrimentos. O que é anos de labuta, de doença, de lutar contra a pobreza, de perseguição, sim, da morte como um mártir, quando pesado contra as glórias que estão à mão direita de Deus que é eterno! Uma respiração no céu extinguirá todos os ventos adversos da terra. Um dia na Casa do Pai vale mais que o contrapeso dos anos que nós passamos neste triste deserto terreno. Que Deus nos conceda fé que nos habilite a esperançosamente nos agarrarmos a esse futuro e viver alegremente no presente com esta promessa.

A. W. Pink
1952

quarta-feira, 27 de maio de 2009

O evangelho deturpado

O evangelho que está sendo pregado nestes dias encontra-se muito deturpado em relação ao verdadeiro Evangelho apresentado por Jesus e cultivado pelos apóstolos no início da Igreja. Basta sintonizar alguns canais de televisão para constatarmos grandes aberrações sendo ditas por homens/mulheres movidos por seus próprios egos. Estamos vivenciando dias de grande apostasia, mensagens humanistas e pouca ênfase no puro Evangelho que emana das Escrituras. Encontrei a seguinte frase que resume bem a grande distância entre o ensino bíblico e as inverdades ditas no evangelicalismo centrado no homem e no seu bem-estar.

"Um Deus sem ira, levou um homem sem pecado, a um reino sem juízo, através de um cristo sem a cruz."

É ou não é a essência do descompromisso com a verdade da Palavra de Deus? Creio que sim, e desconfio que esta deturpação será cada vez mais crescente, tendo em vista a falta de empenho de muitos pregadores no estudo do Evangelho puro, simples e desafiador apresentado por Cristo.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Um encontro pessoal com Deus

Após o encontro de Moisés com Deus na sarça ardente e durante toda a sua vida, percebemos claramente que Moisés aprendeu preciosas lições. A partir dali, o simples pastor de ovelhas que relutava e se desculpava constantemente, foi transformado completamente para honrar a Deus através do êxodo (saída vitoriosa) do povo de Israel em direção à Canaã.

Um encontro pessoal com Deus nos modifica profundamente e continuará modificando o nosso viver. Tal é o impacto que este encontro nos causa, que nos faz notar como somos pequenos, fracos, pobres e dependentes, perante o Deus que vem ao nosso encontro (veja Isaías cap. 6). Perante Ele reconhecemos o Seu Amor que excede qualquer entendimento, o Seu Poder que excede qualquer descrição e a Sua Majestade que excede qualquer pensamento ou idéia humana.

Você já se encontrou com Deus, num momento único, que modificou e ainda reflete modificações em suas atitudes? Este encontro é pessoal e único. Talvez você não precise andar na areia escaldante de algum deserto em busca da mesma sarça, mas você tem que se encontrar com o Deus de Abrão, Isaque e Jacó. Este é o Deus que transformou muitos servos fiéis que passaram por este mundo como peregrinos, que avistaram uma pátria superior e celestial. A partir deste encontro de arrependimento, você entenderá o verdadeiro propósito da sua vida: a Glória de Deus. Moisés foi grandemente utilizado por Deus para a Sua Glória após o encontro na sarça ardente. Aprendeu o verdadeiro sentido da vida: não "eu", mas "Deus". Não o que eu aprecio e faço bem feito, mas o que Deus pode realizar através de mim: foi esta a missão que Moisés carregou nos ombros. Estamos dispostos a viver com o mesmo propósito? Estamos tão dissociados deste mundo que preferimos entender quem é o nosso Deus a buscar felicidade tentando encontrar respostas vãs, que entronizam o "eu"?

O encontro com Deus é essencial para modificar nossos valores e fazer-nos novas criaturas. Novas criaturas com propósitos corretos. Não há nenhum substituto deste encontro exclusivo. Não há nada que possamos imaginar nesta vida que surta o efeito transformador deste encontro pessoal com o Senhor. E o mesmo Deus que deseja estar conosco (Emanuel) providenciou o meio necessário e insubstituível: Cristo foi nossa propiciação, o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.

Em todo a história humana podemos perceber os caminhos arrogantes que o homem pecador inventa para chegar-se a Deus. Mas a grande notícia que deve nos fazer jubilosos em cada novo amanhecer é saber que nós não temos nenhuma mérito na salvação providenciada por Deus. Pura graça! É a graça salvadora por meio do sacrifício de Cristo que nos conduz ao encontro com Deus. Esta é a essência do Evangelho. Nada de holofotes, feitos notório ou obras portentosas, mas somente a graça de Deus, suficiente e real.

Deus agiu soberanamente na salvação de pecadores. O EU SOU não se apartou eternamente do ser humano pecador, mas veio encontrar-se conosco por meio do sacrifício remidor do seu Filho, Jesus. Tudo já foi providenciado para que o encontro do homem com Deus se tornasse uma realidade. Este encontro é o ponto de partida no qual entendemos a mais pura verdade: a questão não sou "eu", mas "Deus". Ninguém pode agradar a Deus se não encontrar-se com Ele, através do mediador gracioso: Cristo Jesus.


Marcos Aurélio de Melo
SOLI DEO GLORI

sábado, 23 de maio de 2009

Evangelização benéfica

Estou lendo um livro que trata sobre eclesiologia e as práticas que uma igreja fundamentada na Bíblia deve apresentar. Refiro-me ao livro "Deliberadamente Igreja", escrito por Mark Dever e Paul Alexander, e publicado no Brasil pela Editora Fiel. O livro tem um enfoque muito voltado para as Escrituras e, sendo assim, é confiável porque não apresenta idéias de marketing ou entretenimento para a igreja, como muitos livros que se tornaram best-sellers. Recomendo a leitura deste livro e aproveito para compartilhar um trecho que chamou minha atenção.



"Algumas estratégias de evangelização procuram tornar o evangelho mais atraente aos incrédulos por apresentar todos os benefícios e deixar o custo para depois. Eles prometem que você experimentará mais satisfação, menos estresse, um melhor senso de comunidade e um senso crescente de significado na vida – e estará preparado para a eternidade! – se apenas fizer a decisão por Cristo agora mesmo. Todas essas coisas podem estar bem próximas do ouvinte incrédulo. Mas, o que essa “evangelização benéfica” faz com o evangelho bíblico? Faz com que o evangelho bíblico pareça concentrar-se em mim, em melhorar a minha vida e tornar-me mais feliz. É verdade que somos os beneficiários e Deus, o benfeitor. Não somos aqueles que “fazem um favor a Deus”, por tornamo-nos cristãos.

Contudo, o evangelho não se concentra em mim. O evangelho é Deus revelando a Sua santidade e misericórdia soberana. O evangelho é a glória de Deus e sua obra de reunir adoradores para si mesmo, pessoas que O adorarão em espírito e em verdade. O evangelho se focaliza na satisfação da santidade de Deus, por fazer Cristo morrer em favor dos pecados de todos os que se arrependem e crêem. A essência do evangelho é Deus criando um nome para Si, por reunir um povo e separá-lo para Si mesmo, a fim de espalhar sua fama entre as nações.

A “evangelização benéfica” enche nossas igrejas com pessoas que são ensinadas a esperar que tudo ocorrerá como elas querem, tão-somente porque se tornaram cristãs. Mas Jesus prometeu perseguição para aqueles que O seguem; Ele não prometeu privilégios mundanos (Jo. 15:18-16:4; 2 Tm. 3:12). Queremos edificar igrejas e cristãos que perseveram em meio à aflição, que estão dispostos a sofrer, serem perseguidos e morrerem por causa do evangelho de Cristo, porque valorizam a glória de Deus mais do que os benefícios temporais da conversão. Não queremos que as pessoas se tornem cristãs porque isso lhes reduzirá o estresse. Desejamos que se tornem cristãs porque sabem que precisam se arrepender de seus pecados, crer em Jesus Cristo, tomar com alegria a sua cruz e segui-Lo para a glória de Deus.

Há realmente benefícios maravilhosos na vida cristã. No entanto, ser teocêntrico na evangelização, focalizando menos os benefícios temporais e mais o caráter e o plano de Deus, contribui para que mais cristãos estejam dispostos a sofrer e mais igrejas sejam motivadas pela glória de Deus."


Mark Dever & Paul Alexander

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Um apelo ao estudo da Teologia

Já faz um bom tempo que postei algum texto do escritor A. W. Tozer. Então para não perder este bom costume, extraí do livro “O melhor de A. W. Tozer” esta pequena citação na qual o autor destaca a importância da Teologia diante de todas as demais “logias”. O título do texto original é: Não existe substituto para a Teologia. É importante observar que o segredo da vida é teológico, como Tozer mesmo nos ensina. Destaquei algumas frases em negrito. Vamos à leitura.


"A negligência atual das Escrituras inspiradas por parte do homem civilizado é uma vergonha e um escândalo; pois essas mesmas Escrituras lhe dizem tudo o que ele quer saber ou deveria saber, sobre Deus, sua própria alma e o destino humano. É irônico que os homens gastem vastas somas de dinheiro e tempo num esforço para descobrir os segredos de seu passado, quando o futuro é tudo que deveria realmente importar-lhes.

Homem algum é responsável pelos seus ancestrais; o único passado do qual deve dar contas é aquele relativamente curto que viveu aqui na terra. Aprender como posso escapar da culpa dos pecados cometidos em meu breve ontem, como posso viver livre do pecado hoje e entrar finalmente na presença abençoada de Deus num feliz amanhã - isso é mais importante para mim do que qualquer coisa que possa ser descoberta pelo antropólogo. Parece-me uma estranha perversão de interesses fitar demoradamente o passado, o pó, quando estamos equipados para fixar os olhos no alto, na glória.

Tudo o que me impeça de chegar à Bíblia é meu inimigo por mais inofensivo que pareça. Tudo o que prenda minha atenção quando deveria estar meditando sobre Deus e as coisas eternas prejudica minha alma. Se os cuidados da vida apagaram de minha mente as Escrituras, estarei sofrendo uma perda irreparável. Se eu aceitar qualquer outra coisa além das Escrituras estarei sendo enganado e roubado, resultando em eterna confusão.

O segredo da vida é teológico e a chave para o céu também. Aprendemos com dificuldade, esquecemos facilmente e sofremos muitas distrações. Devemos portanto, decidir com firmeza estudar teologia. Devemos pregá-la do púlpito, cantá-la em nossos hinos, ensiná-la aos filhos e fazer dela tema de conversa quando nos reunimos com os amigos cristãos."

Texto de A. W. Tozer (Não existe substituto para a Teologia)
Extraído do Livro: O melhor de A. W. Tozer - Mundo Cristão

Praticante ou ouvinte

"Somente" é uma palavra crucial. Esta é a tradução do título deste texto disponivel no site FIGHTERVERSES.COM (clique para seguir o link). Este site apresenta breves comentários de versículos bíblicos com o intuito de despertar os leitores para o estudo da Palavra. Sempre que possível colocarei alguns posts traduzidos aqui no Blog Compartilhando.


Texto Bíblico: Tiago 1: 22-24

"Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência."

É significativo que Tiago nos exorta a não sermos "somente" ouvintes da Palavra. A escolha que ele nos oferece não é entre ser um praticante da Palavra e ser um ouvinte da Palavra. Aliás, o único meio pelo qual você pode praticar a Palavra é ouvindo-a. Então, o que há de diferente entre um praticante da Palavra e um não-praticante, já que ambos ouvem a Palavra?

A diferença repousa em "como" eles ouvem a Palavra. Tiago continua no versículo 25:

"Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar."


Livre tradução e adaptação: Marcos Aurélio de Melo

quinta-feira, 21 de maio de 2009

A Teologia da Cruz

A teologia da cruz, aplicada à questão da salvação, transformou o meu entendimento. A morte de Cristo é a conquista que me salva, não os meus passos atrapalhados em uma escada da salvação. A menos que eu viva pela fé na conquista dos eventos ocorridos na Sexta-feira da Paixão e comprovada pelas surpresas do Domingo de Páscoa, jamais entenderia como Deus pode justificar e aceitar como seu filho um pecador que merece a maldição, e não sua benção. Mas quando aprendo a ver Deus e sua salvação na perspectiva da cruz, vejo as coisas de uma maneira diferente.

O princípio da cruz é que Deus faz as coisas de maneira surpreendente e contraditória. Para inspirar o nosso louvor, Ele usa as vestes engraçadas da fraqueza e da loucura. Para fazer tudo, Ele parte do nada. Para livrar os pecadores, decide ser “derrotado” por eles, naquele ambiente de desprezo no Calvário.

Quando me acostumo a essa maneira esquisita de ver as coisas, a salvação se torna clara e maravilhosa. Posso estar seguro de que sou justo aos olhos de Deus, porque Ele me vê segundo a morte vicária de seu filho. Por esse motivo, posso ter confiança no amor de Deus quando perco toda a confiança em meu próprio amor. Posso estar cheio de alegria em Deus, mesmo quando fico desesperado ao olhar para mim mesmo.

O que isso tudo significa para nós? A teologia da cruz deveria mudar o nosso modo de ver a salvação. Se desejamos que nossas igrejas abriguem corridas pela superioridade moral e espiritual, podemos silenciar a teologia da cruz enquanto tentamos subir a escada da justiça própria. Todavia, se queremos encher nossas igrejas de pessoas que brilhem com a glória, gratidão e confiança inabalável no amor e na aceitação por parte de Deus, devemos ensinar essa teologia da cruz e a estranha maneira de Deus fazer pecadores quebrantados se tornarem santos redimidos.


Texto extraído e adaptado do livro: Lições de Mestre, de Mark Shaw
Publicado no Brasil pela Editora Mundo Cristão

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Crer é também pensar

De fato é verdade que a mente do homem está afetada pelas devastadoras conseqüências da Queda. A “depravação total” do homem significa que cada parte constituinte da sua humanidade foi, até certo ponto, corrompida, inclusive sua mente, a qual a Escritura descreve como “obscurecida”. Com efeito, quanto mais os homens reprimem a verdade de Deus que reconhecem, mais “fúteis”, ou mesmo “insensatos” se tornam no seu pensar. Podem declarar-se sábios, mas são tolos. A mente deles é a “mente da carne”, a mentalidade de uma criatura decaída, e é basicamente hostil a Deus e à sua lei.

Tudo isso é verdade. Mas o fato de que a mente do homem é decaída não nos pode servir de desculpa para batermos em retirada, passando do pensamento à emoção, já que o lado emocional da natureza humana está igualmente decaído. De fato, o pecado traz mais efeitos perigosos à nossa faculdade de sentir do que à nossa faculdade de pensar, porque nossas opiniões são mais facilmente controladas e reguladas pela verdade revelada do que nossas experiências.

Assim, pois, apesar do estado decaído da mente humana, ainda ao homem lhe é ordenado pensar e usar sua mente, na condição de criatura humana que é. Deus convida o Israel rebelde: “Vinde, pois , e arrazoemos, diz o Senhor”. E Jesus acusou as multidões descrentes, inclusive os fariseus e saduceus, por poderem interpretar as condições meteorológicas e preverem o tempo, mas não poderem interpretar “os sinais dos tempos” nem preverem o julgamento de Deus. “Por que perguntou-lhes. Em outras palavras: por que não usais os vossos cérebros? Por que não aplicais ao campo moral e espiritual o sentido comum que empregais no físico?”

A sociedade secular, por esse mundo a fora, concorda com o ensino da Escritura acerca da racionalidade básica do homem, constituída em sua criação e não de todo destruída na Queda. Os propagandistas podem dirigir os seus apelos promocionais aos nossos apetites mais baixos, mas eles não têm nenhuma dúvida de que temos a capacidade de distinguir entre produtos: de fato, muitas vezes até mesmo chegam a lisonjear o consumidor que discrimina. Quando sai a primeira notícia de um crime, geralmente ela vem com a frase “o motivo ainda não foi descoberto”. Pressupõe-se, como se vê , que mesmo a ação criminosa tem uma motivação, seja ela qual for. E quando nossa conduta é mais emocional do que racional, ainda assim insistimos em “racionalizá-la”. O próprio processo chamado “racionalização” é significativo. Indica que o homem de tal forma se constituiu num ser racional que quando não tem razões para a sua conduta ele tem que inventar alguma para se satisfazer.

Texto extraído do livro: Crer é também pensar
Autor: John Stott

domingo, 17 de maio de 2009

Mensagens da Conferência na IBRJA

Neste fim de semana acontece a Conferência de Aniversário da Igreja Batista Regular no Jardim Amazonas, em Petrolina-PE. É o aniversário de 15 anos da Igreja, que tem crescido em submissão à Palavra do Senhor, para a Sua honra e glória.

O tema escolhido para a série de mensagens da conferência foi "Crescendo sem perder o rumo", e o preletor, o pastor Almir Marcolino Tavares, de Juazeiro do Norte - CE. Irei colocar os links para download das mensagens. Então, é só clicar no link e você será direcionado para o site de compartilhamento 4SHARED, onde poderá fazer o download dos arquivos.

Na primeira mensagem, pregada no sábado à noite (16.05), o pastor Almir falou sobre a importância da oração para o crescimento da igreja no rumo certo, baseado no texto bíblico que se encontra em Atos 12.

MENSAGEM I - CONFERÊNCIA DE ANIVERSÁRIO



Na segunda mensagem, pregada no domingo pela manhã (17.05), o pastor Almir falou sobre a importância dos dons espirituais para o crescimento da igreja através de uma exposição do texto em Efésios 4:7-16.


MENSAGEM II - CONFERÊNCIA DE ANIVERSÁRIO



Na terceira mensagem, pregado no domingo à noite (17.05), o pastor Almir abordou os fundamentos doutrinários que permitem o crescimento da igreja sem perder o rumo, utilizando a carta de Paulo aos Gálatas.


MENSAGEM III - CONFERÊNCIA DE ANIVERSÁRIO


sexta-feira, 15 de maio de 2009

TULIP em forma de música

Os 5 pontos do Calvinismo são resumidos através do acrônimo "TULIP", que são as iniciais das palavras em inglês da forma a seguir:

Total Depravity - Depravação Total
Unconditional Election - Eleição Incondicional
Limited Atonement - Expiação Limitada
Irresistible Grace - Graça Irresistível
Perseverance of Saints - Perseverança dos Santos

Uma vez que essas cinco doutrinas não são apresentadas na Bíblia como unidades separadas ou independentes, mas são entretecidas na mensagem bíblica como um sistema único, harmonioso e interrelacionado, cada uma delas só pode ser inteiramente apreciada se for vista à luz das outras quatro. Por isso, a evidência bíblica para cada ponto não deve ser julgada separadamente, mas à luz de uma visão das cinco doutrinas como um só sistema. Quando assim adequadamente correlacionadas, elas formam uma corda de cinco tiras de inquebrável resistência.

Existe uma bela canção que resume bem os pontos do calvinismo de forma completa. A música possui uma melodia alegre, que transmite o regozijo que deve habitar no coração do crente que foi escolhido pela graça de Deus.

Então resolvi compartilhar a letra desta música aqui no blog. São 5 estrofes mais o refrão. Cada estrofe trata de um dos pontos do Calvinismo na ordem do acrônimo TULIP. Ao ler cada estrofe se concentre na idéia central que ela transmite e perceba como é importante ter em nossos corações esta doutrina harmoniosa, que exalta a Soberania de Deus na salvação do homem pecador.



ESCOLHIDO PELA GRAÇA

T
Pode um morto se levantar?
Pode um escravo se libertar?
Pode um cego se dar visão?
Ou se escolhe a salvação?

U
Não existia razão em mim
Para o Deus santo escolher-me
Sem exigência elegeu a mim,
Pois nunca iria querer-lhe

L
Na morte de Cristo o Salvador
A morte nos foi derrotada
Nem uma gota de sangue eficaz
Em vão foi na cruz derramado

I
Irresistível é a graça de Deus
Ao que está morto em pecado
É soberano o chamado do Pai
Ao homem atraído e amado

P
Em santidade por Cristo viver
Vencendo o mundo e o pecado
Nada, ninguém, nem a morte ou mal
Afastam de Deus seus amados

REFRÃO:
Escolhido fui, escolhido sou,
Desde o princípio por Deus, Criador
Escolhido fui, escolhido sou,
Pela graça, pelo amor


OBS.: Não sei quem é o autor da letra e da música, mas se alguém souber por favor me avise, para que eu coloque os devidos créditos.

Se alguém desejar aprofundar os estudos sobre este assunto, sugiro a leitura do livro "O Antigo Evangelho", de J. I. Packer, que pode ser encontrado no seguinte link: ANTIGO EVANGELHO


Combatendo a ansiedade

Nós podemos combater a ansiedade gerada pela descrença, confiando nas promessas de Deus. Vou citar alguns exemplos:

Quando estou ansioso com alguma situação de risco ou alguma reunião, eu combato a descrença com a promessa: "Não temas, porque eu sou contigo, não te assombres, porque eu sou teu Deus: eu te esforço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça " (Isaias 41:10).

Quando estou ansioso pelo meu ministério ser inútil ou vazio eu luto contra a ansiedade com a promessa: "Assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia, antes, fará o que me apraz, e prosperara naquilo para que a enviei" (Isaias 55:11).

Quando estou ansioso por estar fraco demais para o meu trabalho eu combato com a promessa de Cristo: "A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza ( 2 Coríntios 12:9), e "E a forca será como os teus dias" (Deuteronômio 33:25).

Quando estou ansioso sobre decisões que tenho que tomar em relação ao futuro, eu combato a descrença com a promessa: "Instruir-te-ei e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir, guiar-te-ei com os meus olhos" (Salmos 32:8).

Quando estou ansioso em enfrentar os meus oponentes, eu combato a descrença com a promessa: "Se Deus é por nos, quem será contra nos?" (Romanos 8:31).

Quando eu estou ansioso por estar doente eu combato a descrença com a promessa de que "a tribulação produz a paciência e a paciência a esperança, e a esperança não traz confusão" (Romanos 5:3 – 5).

Quando eu estou ansioso por estar ficando velho, combato a descrença com a promessa que diz: "E até à velhice eu serei o mesmo, e ainda até às cãs eu vos trarei, eu o fiz, e eu vos levarei, e eu vos trarei, e vos guardarei." (Isaías 46:4).

Quando estou ansioso sobre morrer, eu combato a descrença com a promessa: "Porque nenhum de nós vive para si, e nenhum morre para si. Foi para isto que morreu Cristo, e tornou a viver: para ser Senhor tanto de mortos como de vivos." (Romanos 14:9 – 11).

Quando estou ansioso de que possa naufragar da fé e ficar longe de Deus, eu combato a descrença com várias promessas: "Aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo" (Filipenses 1:6). "Fiel é o que vos chama, o qual também o fará" (1 Tessalonicenses 5:23). "Pode também salvar, perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo para sempre para interceder por eles" (Hebreus 7:25).


Dicas do pastor John Piper

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Não existe nada melhor

Na caminhada cristã ouvimos, cantamos e aprendemos muitas músicas. Louvamos ao Senhor com nossos lábios porque isso é bom e agradável. Estive ouvindo recentemente um cântico que anda meio esquecido, mas já foi muito cantado congregacionalmente em tempos idos.

Então resolvi compartilhar a letra desta bela canção que, apesar de ser bem pequena, traduz em palavras simples o anelo do verdadeiro adorador. Adorar a Deus é muito mais do que cantar - é um estilo de vida, pois podemos adorar a Deus em tudo o que fazemos, quando miramos a Sua Glória.

Mas cantar é uma grande oportunidade para expressarmos com o coração a singularidade do nosso Deus. E creio que não existe nada melhor do que ser amigo de Deus, como foi Abraão, o pai da fé. Que possamos sempre ter em mente a essência da verdadeira adoração: perceber a grandeza do poder de Jesus, o nosso Bom Pastor.

Então é hora de relembrar! Quem já ouviu ou já cantou esta música está convidado a deixar o seu comentário.


Não existe nada melhor

Não existe nada melhor
Do que ser amigo de Deus
Caminhar seguro na Luz
Desfrutar do seu amor

Ter a paz no coração
Viver sempre em comunhão
E assim perceber a grandeza do poder
De Jesus, Meu bom pastor

Letra/Música de Adhemar de Campos


terça-feira, 12 de maio de 2009

Mensagens da Conferência Fiel para Jovens

Esta dica é imperdível. Para quem conhece a Editora Fiel, sabe da qualidade bíblica que esta editora tem preservado ao longo dos anos através dos livros que ela publica, bem como através das conferências que ela realiza anualmente.
Eu ainda não tive o privilégio de participar de nenhuma conferência organizada pela Editora Fiel (pastores/líderes e jovens).
Mas já estão disponíveis no site da Editora Fiel os arquivos de áudio da última edição da Conferência Fiel para Jovens, deste ano.
Já ouvi algumas mensagens e recomendo a todos que visitem o site e ouçam estas mensagens, que abordaram um tema por demais interessante: "Andando nos passos de Jesus".

Então estou aqui compartilhando o link para este conteúdo abençoado e abençoador. É só clicar abaixo. Aproveitem, vale a pena!

Aprendendo lições preciosas com Davi

Aprenda de Davi o que fazer nos momentos angustiantes e aterrorizantes. Ele orou. Todo o Salmo 63 é dirigido a Deus. Davi não pede proteção, nem vitória; pede somente uma coisa — Deus mesmo, para satisfazer sua alma, como as águas satisfazem a sede em uma terra árida e exausta. “Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água” (v. 1). Há ocasiões de dor, perda, tristeza e escuridão, quando nada é digno de ser pedido, exceto Deus mesmo. Todas as outras coisas são triviais, inclusive a própria vida.

Essa é razão por que Davi afirmou: “Porque a tua graça é melhor do que a vida; os meus lábios te louvam” (v. 3). Davi poderia ser morto durante a noite, por algum traidor astuto que se vendera a Absalão. Como você dorme? Você relembra a si mesmo que o amor de Deus, na presença de Deus, é melhor do que ser vítima da morte, durante a noite. Porém, não sentimos com facilidade este descanso no constante amor de Deus. Dizemos as palavras, mas sentimos a realidade? Davi não o sentiu como desejava. Por isso, ele clamou: “Eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti”. Davi precisava desesperadamente que Deus respondesse ao seu clamor de vir e ajudá-lo a provar — não apenas saber, mas também sentir — que a graça dEle é melhor do que a vida.

Oh! que conheçamos desta maneira a Deus! Isso não seria tudo para nós? Não seria mais do que riquezas, fama, sucesso e saúde — na realidade, mais do que tudo que o mundo pode oferecer? Deus mesmo se aproximando e fazendo nossa alma beber de sua graça, até que todas as coisas desapareçam de nossa visão e o temor seja tragado pela inabalável segurança de gozo eterno à direita de Deus! Oh! que cheguemos a este lugar em nosso andar com Deus! Quando a salvação da própria vida e o livramento de seu filho deixam de ser os ídolos de Davi, e somente Deus o envolve no firme gozo de seu amor inabalável, Davi cantará de alegria nas tristezas da noite e, talvez, se Deus o quiser, ganhará de volta o seu filho.


Texto devocional de John Piper baseado no Salmo 63
Extraído do livro: Penetrado pela Palavra

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Por quem ministramos

Todos os crentes possuem algum ministério e atuam em alguma área da igreja que deve estar em consonância com o dom recebido de Deus. A chave para que uma igreja funcione em equilíbrio é a descoberta e utilização dos dons que cada membro possui. É desta forma que o corpo humano funciona: cada membro atuando no papel para o qual foi designado. Neste pequeno texto, o pastor Wagner Amaral nos coloca diante de um dilema interessante e responde com profunda sensibilidade.


"Ministramos por quem? Eu sei que a resposta automática é: “Pelo Senhor”. Mas, como sugerido, esta é em muitos momentos automática. Como saber se não fazemos por nós mesmos?

Creio que um bom entendimento seria: Quando notamos que nosso contentamento não depende tanto da reação dos outros. Quando percebemos que o ministrar é prazeroso. Quando a humildade é preservada na disposição em aprender. Quando há maior abertura para a virtude do próximo do que para os defeitos. Quando nos tornamos menos críticos e mais compassivos; firmes, porém, cheios de misericórdia. Quando a tendência em perseverar se torna natural em nosso proceder. Quando aplicamos a soberania de Deus em nosso viver diário, não nos desesperando; ou mesmo vendendo tudo o que se crê. Quando as pessoas notam sinceridade em nossos relacionamentos. Quando o sofrer passa a ser algo não procurado, mas entendido como natural na vida de todo homem, e também de todo servo. Quando a paz da alma se torna uma marca da presença de Cristo em nossa vida, trazendo equilíbrio para o ministério.

Quando notamos que o erro e a rebeldia alheia menos afeta o nosso “eu”, e mais desperta a nossa compaixão; podemos, então, dizer que ministramos pelo e para o Senhor."


Pastor Wagner Amaral
Extraído do Blog: TEOLOGIZANDO A VIDA (Leia a íntegra)

sábado, 2 de maio de 2009

Felicidade e alegria, segundo Agostinho

"Longe de mim, Senhor, longe do coração do Teu servo, que se confessa diante de Ti, longe o pensamento de que uma alegria qualquer possa torná-lo feliz. Há uma alegria que não é concedida aos ímpios, mas àqueles que Te servem por puro amor: essa alegria és Tu mesmo. E esta é a felicidade: alegrar-nos em Ti, de Ti e por Ti. É esta a felicidade, e não outra. Quem acredita que exista outra felicidade persegue uma alegria que não é verdadeira."

Agostinho de Hipona