O homem que mostra não ter fome e sede de justiça (Mt. 5:6) é
porque está cheio (empanturrado) de justiça própria. Sendo assim, ele enxerga a
si mesmo com um grau superlativo e despreza a verdadeira justiça que procede da
Palavra de Deus. Tal fome e sede de justiça brota somente de um relacionamento
efetivo com o Senhor, isto é, não acontece de modo automático na vida de
ninguém. Então, para aquele que se acha autossuficiente e bastante em si mesmo,
não há espaço para buscar afeições santas e piedosas com base nos justos e
verdadeiros caminhos de Deus. Este homem escolhe seguir os seus próprios
conselhos e caminhos, sem considerar o que Deus diz por meio das Escrituras,
corretamente interpretadas e aplicadas.
A sequência das bem-aventuranças em Mateus 5 comprova este
argumento. Vejamos: somente alguém que se considera sem crédito pessoal algum
diante de Deus (pobre de espírito), que chora por sua precária situação de
miserável pecador, que não se vangloria de si mesmo e está sempre disposto a
ouvir e aprender (manso), será aquele que amará a justiça que Deus requer na
Sua santidade. Primeiro somos confrontados a descer do pedestal de orgulho que
erigimos em nossos corações, para que então sejamos famintos e sedentos daquilo
que honra a Deus.
Portanto, é impossível que tenhamos fome e sede da genuína
justiça se já estamos fartos com as opiniões humanistas e as receitas de
sucesso que se ancoram na idolatria do eu. Como iremos ansiar por aquilo que
satisfaz verdadeiramente nossas almas, se o que nos enche é a nossa imagem
prepotente que cultivamos tão cuidadosamente diante dos homens? As guloseimas
que o ego tem a oferecer nunca trarão real satisfação para o cristão, por isso
ele ama a justiça e almeja ser cada vez mais parecido com Cristo. Sendo assim,
devemos nos alimentar diariamente da provisão substancial que nutre as nossas
almas para exercermos com vigor a missão que o Senhor nos confiou de sermos uma
bênção para a glória do Seu Nome excelso.