terça-feira, 1 de dezembro de 2015

O fariseu e o publicano

A parábola do fariseu e do publicano, narrada por Jesus em Lucas 18, tem lições preciosas a nos ensinar. É impressionante como o fariseu retrata bem cada pessoa que coloca a justiça própria acima da justiça de Cristo. A parábola é endereçada a “alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros” (Lucas 18:9).


É importante percebermos que o nível de excelência do fariseu era medido em comparação aos que eram considerados escória da sociedade da época (publicanos, adúlteros, roubadores...). Ou seja, para considerar-se um “top crente” o fariseu estabelece comparativos com pecadores inveterados.


Além disso, o propósito de orar (falar com naturalidade e espontaneidade com o Senhor) tinha se desvirtuado na mente do fariseu. Ele merecia uma ode a si mesmo, e por isso usa a oração como um meio de autopromoção, um meio de iludir-se sobre a sua performance espiritual. A autopromoção sempre nos leva a ignorar o padrão correto de justiça, que é Cristo nosso Senhor. Ele é quem deve ser o nosso parâmetro, não outros pecadores que encontramos pelo caminho. Precisamos olhar firmemente para o Autor e Consumador da nossa fé, correndo com perseverança a carreira que nos foi proposta por Ele mesmo.


O publicano reconheceu a sua penúria de alma, via-se como um miserável pedinte diante do trono da graça divina e não apresenta nenhuma exigência ou um discurso de bondade. Suas palavras são diretas, sem embromação: “Sê propício a mim, pecador”. Ele não faz comparações, até porque sua penúria é completa. Ele considerava-se falido espiritualmente, sem nada a que pudesse agarrar-se senão na misericórdia que flui do trono do Senhor. Aqui nós observamos um contraste bastante claro: o fariseu do início ao fim demonstra altivez; o publicano, por sua vez, demonstra rendição completa.


Nós gostamos de estabelecer o nosso desempenho como referência ou padrão de justiça. Assim, o que fazemos em prol do reino de Deus não tem como finalidade agradar ao Senhor, mas satisfazer o nosso senso de justiça própria. Embutido nessa busca por desempenho, há o desejo de menosprezar aqueles que não atingem o nosso padrão de retidão pessoal. Agindo assim, buscamos estar sempre num pedestal de moral que nós mesmos estipulamos como ideal. Os demais que não atingem este patamar são consideramos como crentes de “segunda classe” e colocados numa classificação desprezível.


Que o nosso procedimento seja igual ao do publicano: ele não estabeleceu parâmetros de justiça própria, mas agarrou-se firmemente à propiciação (favor divino) disponível para aqueles que têm o coração quebrantado e espírito abatido pela miséria causada pelo pecado.



"Nada na vida cristã é tão prejudicial quanto esta atitude farisaica que busca convencer outras pessoas que já chegamos ao topo da escada espiritual."