segunda-feira, 29 de março de 2010

ESTRATÉGIAS PECAMINOSAS

TEXTO BÍBLICO: I SAMUEL 21 (leitura indispensável)

Alguns jogos de estratégia fazem bastante sucesso. Por exemplo, o famoso WAR - um jogo de estratégia militar, ainda hoje é bastante conhecido. Este jogo é baseado em guerras entre países e o vencedor é quem consegue concluir primeiro a sua missão de conquistar territórios. É necessário ter uma estratégia montada na cabeça no início e saber alterá-la no decorrer do jogo. É verdade que os jogos de estratégia fascinam mais as pessoas porque exigem não apenas sorte mas também o raciocínio do jogador. O xadrex é um dos jogos de estratégia mais praticados no mundo, e em muitas escolas os alunos são incentivados a praticar xadrex, como forma de acelerar o aprendizado através do raciocínio estratégico.

Nos dias de julgamento do casal Nardoni, o que mais se escutou na televisão foi sobre a estratégia da defesa. O advogado quis utilizar a seguinte estratégia: desqualificar o trabalho dos peritos e das provas apresentadas pela investigação policial.

Observando este texto bíblico, notamos um Davi totalmente distante dos padrões de Deus. Ele não é um homem ideal ou um herói sem pecados. Muito pelo contrário. Davi demonstra claramente neste texto que seus olhos deixaram de mirar exclusivamente o seu Deus. Ele vai até Nobe e encontra-se com o sacerdote Aimeleque. Neste encontro muitos fatos aconteceram que denunciam a fragilidade de Davi. Ele tirou o foco do Senhor, e passou a agir baseado em suas próprias estratégias. Neste contexto Davi passou a ser um fugitivo, depois que ele se despediu do seu grande amigo Jônatas (I Sm. 20:42-43). Davi era um homem procurado, vivo ou morto, pelo rei Saul - a quem deixou de servir no palácio real.

Por causa de nossa natureza carnal, nós também temos a tendência de desviar o foco espiritual do nosso Senhor. Por isso, o escritor aos Hebreus admoesta os crentes: "Olhando firmemente para o Autor e Consumador da nossa fé, Jesus." (Hb. 12:2a) Quando desviamos ou tiramos o nosso foco de Deus, passamos a adotar algumas estratégias pecaminosas para tentar manter o nosso "status". É aí onde mora o perigo! Todas as estratégias possuem um fim específico, mas na vida de um crente os fins não justificam os meios. A tônica neste mundo caído é utilizar as mais variadas estratégias para se obter êxito em alguma empreitada, mesmo à custa de valores morais e éticos. E é verdade que este mundo atrai o olhar de muitos cristãos, que passam a implementar estratégias espúrias para atingir fins específicos.

Neste texto podemos observar que:
"QUANDO TIRAMOS O NOSSO FOCO DE DEUS, ALGUMAS ESTRATÉGIAS PECAMINOSAS SÃO IMPLEMENTADAS IMEDIATAMENTE."



Na próxima postagem iremos ver as três estratégias pecaminosas que Davi utilizou no contexto em I Samuel 21. Ele fez uso destes artifícios porque desviou o seu olhar de Deus, e assim desonrou o nome do Senhor em todos estes acontecimentos. Aguarde a próxima postagem!

terça-feira, 23 de março de 2010

Por força das circunstâncias

Série de postagens
Argumentos Pecaminosos - Parte final
Texto-Bíblico: I Samuel 13:13

A Bíblia diz que Saul ainda utilizou como argumento a força das circunstâncias para justificar a sua desobediência. Segundo ele, diante das pressões que estava sofrendo, não teve como aguardar o profeta chegar para oferecer o holocausto. A NVI traduz assim: “Por isso, senti-me obrigado a oferecer o holocausto.” Na verdade, Saul tentou se apresentar como uma vítima das circunstâncias contrárias ao seu redor. Culpando as circunstâncias, intrinsecamente Saul estava culpando a Deus, pois é Ele quem controla todas as circunstâncias em benefício do seu povo.

Não encontramos respaldo nas Escrituras para defender um pecado baseando nosso argumento nas circunstâncias ou no “calor do momento”. Algumas pessoas até justificam suas ações pecaminosas por causa de um temperamento explosivo que as levam a agir de forma precipitada. Somos convocados a vigiar sempre para que sejamos sábios em toda e qualquer situação, visando exclusivamente glorificar a Deus com o nosso proceder. Nenhuma circunstância pode ser utilizada como justificativa para defender nosso procedimento pecaminoso.

Imagine como Jó sofreu em tudo o que passou. A pressão das circunstâncias contrárias era tremenda, mas ele se manteve fiel ao seu Deus. A mulher de Jó ainda sugeriu que Ele amaldiçoasse a Deus, mas apesar do momento aflitivo ele não ousou pecar com sua boca. Diz a Bíblia que “em tudo isso Jó não pecou nem atribuiu a Deus falta alguma.” (Jó 1:22 e Jó 2:10). Também podemos lembrar de Daniel, que teve que atravessar acusações contra a sua fé (Dn. 6). Daniel foi pressionado por um decreto do rei Dario que proibia qualquer oração dirigida a outros deuses, mas ele não se mostrou receoso para fazer suas orações ao Deus de Israel com as janelas abertas. Ele nunca negou sua fé em Deus, como muitos na mesma situação poderiam negar, afirmando que “não tinha outro jeito, fui obrigado a agir assim”.

John MacArthur, no seu livro "Sociedadade sem pecado", relata que em Nova York, durante um assalto, um ladrão foi baleado pelo proprietário da loja e ficou paralítico. Depois de um tempo, ele processou o proprietário da loja. O argumento do advogado foi que o ladrão era uma vítima da desigualdade social e da insensibilidade do proprietário da loja. O júri concordou com estes argumentos e o dono da loja pagou alta soma de dinheiro.

Não devemos esquecer que o ensino das Escrituras é totalmente contrário a este pensamento. A Bíblia nos mostra que Deus não deixa o seu povo passar por situações que não possa suportar (I Co. 10:13). “Deus sempre providencia o escape, nós é que não queremos escapar.” Que sejamos crentes fiéis ao Senhor apesar das circunstâncias.

Marcos Aurélio de Melo

segunda-feira, 15 de março de 2010

A culpa não é minha

Série de postagens
Argumentos Pecaminosos - Parte II
Texto-Bíblico: I Samuel 13:13


Saul utiliza outro argumento pecaminoso na sua resposta a Samuel. Agora ele afirma que Samuel falhou em não ter cumprido o prazo combinado. Na verdade, Saul tentou transferir a culpa do seu erro para o profeta. Afinal, o combinado foi esperar sete dias; sete dias se passaram, mas o profeta não chegou. Uma justificativa aparentemente lógica, mas que não se sustenta biblicamente.

A transferência de culpa do pecado é uma tentativa que remonta ao jardim do Éden. Adão culpou Eva; Eva culpou a serpente; ninguém assumiu a própria culpa. O vitimismo que tomou conta da mentalidade cristã está em confronto direto com o ensino bíblico. Alguns afirmam que a culpa de pecados cometidos hoje está diretamente relacionada com os erros de seus pais ou parentes mais próximos. A psicologia então é utilizada como uma bengala por muitos cristãos para aliviar suas consciências cauterizadas pelo pecado. E muitos vão mais além: a opinião universal da nossa geração é “não é sua culpa, então por que se condoer tanto?”.

Quantas justificativas você já apresentou para afirmar que suas falhas são resultado dos erros de outras pessoas? É muito fácil apresentar um culpado quando não estamos dispostos a assumir o peso de nossa desobediência. Apresentar um atestado de inocência e anunciar de quem é a verdadeira culpa é a saída de mestre para muitos cristãos.

Mas não é esta a atitude que agrada a Deus e trará refrigério para o coração. Precisamos nos humilhar diante do Senhor, reconhecer o nosso pecado, confessá-lo e abandoná-lo. O sacrifício que agrada a Deus é um espírito quebrantado ou um coração contrito (Sl. 51:17). Às vezes oramos pelo perdão de nossos pecados sem avaliar seriamente que reconhecemos de fato a nossa culpa.


Marcos Aurélio de Melo
OBS.: Encerra com a próxima postagem

quarta-feira, 10 de março de 2010

Popularidade em alta

Série de postagens
Argumentos Pecaminosos - Parte I
Texto-Bíblico: I Samuel 13:13


Saul sempre buscou intensamente obter prestígio popular. Como o primeiro rei da nação, ele queria estar com o Ibope sempre em alta. Sua meta de sucesso consumia todas as suas energias. Ele se importava em ter homens ao seu lado, valentes guerreiros, e que a massa o aplaudisse ao voltar vitorioso das batalhas. Foi ali em Gilgal que Saul foi proclamado rei – as boas lembranças daquele dia estavam frescas em sua memória. Saul queria ter até a aprovação de Samuel, pois esta aprovação contaria muitos pontos para a sua popularidade. Por isso ele foi logo saudar o profeta assim que chegou (versículo 10b).

Em I Sm. 15:21, Saul novamente demonstra buscar aprovação popular em prejuízo dos mandamentos de Deus. E ele ficou muito furioso quando ouviu o cântico das mulheres de todas as cidades de Israel, aclamando o jovem Davi: "Saul feriu os seus milhares, porém Davi os seus dez milhares." Este cântico feriu profundamente o orgulho de Saul, que não se contentou com a sua popularidade em baixa.

Saul gostava de ouvir o grito: "Viva o rei" (I Sm. 10:24). A vitória de Israel contra o exército amonita foi bastante festejada e Saul se alegrou com todos os homens de Israel. (I Sm. 11:15). O problema é que a vontade de buscar fama e prestígio subiu à cabeça de Saul que não poupou esforços para ter o povo ao seu lado.

Muitos crentes caem em pecado e depois querem justificar que a sua popularidade poderia ficar abalada. Alguns advogam que a vergonha diante dos outros seria motivo suficiente para entrar de cabeça no pecado, afinal "o que as pessoas vão ficar pensando” tem muita importância Este argumento é totalmente controverso em relação aos princípios bíblicos de abnegação e devoção ao Senhor.

Nós não devemos buscar o amor das multidões ou a aprovação dos homens, em detrimento de nossa comunhão com Deus. Muitos se vendem por causa do amor à popularidade – e jogam no lixo a mensagem de Cristo: “cuidado quando os homens vos louvarem.”(Lc. 6:26) Cristo nunca buscou popularidade e quando lhe foi sugerida por Satanás, logo desprezou a oferta.. Nós, como servos de Cristo, temos como exemplo sua vida e ministério.

Marcos Aurélio de Melo
OBS.: Continua nas próximas postagens

terça-feira, 9 de março de 2010

Argumentos pecaminosos de Saul

No texto bíblico em I Samuel 13:8-12, observamos a precipitação do rei Saul que ofereceu holocausto e ofertas pacíficas no lugar de Samuel, coisa abominável aos olhos do Senhor. Devemos entender que o pecado de Saul foi aberrante porque afrontava a autoridade de um profeta instituído pelo Senhor, e, consequentemente, afrontava o próprio Deus, que tinha estabelecido as devidas regras a serem obedecidas no momento do sacrifício. A atuação de Saul como rei não devia funcionar independentemente da lei e dos profetas. Embora a monarquia humana tivesse sido estabelecida, o rei deveria reconhecer ao Senhor como verdadeiro Rei. Deus é quem define o modo que aceita adoração, e Saul não era a pessoa designada para tal tarefa.

Samuel chega em Gilgal, local onde o povo estava reunido para guerrear com os filisteus, e pergunta a Saul o que tinha acontecido. O rei apresenta uma resposta furada cheia de argumentos pecaminosos, para tentar convencer o profeta Samuel a respeito de sua atitude.

É interessante perceber como nós também somos mestres em inventar desculpas quando pecamos. Na vã tentativa de aliviarmos nossa consciência, argumentamos em favor de ações pecaminosas cometidas por nós. Então, utilizamos argumentos que distorcem totalmente o ensino bíblico tentando provar que tínhamos alguma razão ao cometer atos de desobediência ao Senhor. Podemos então resumir esta tendência da seguinte forma : "Quando tentamos justificar os nossos pecados sempre utilizamos argumentos pecaminosos."

O homem sem Deus justifica-se de todas as formas o seu pecado. Ele se esconde atrás de folhas de figueira (psicologia, humanismo). Mas o cristão que comete um pecado não deve ficar tentando apresentar justificativas com argumentos ainda mais pecaminosos. Ele deve se dobrar em arrependimento genuíno e ficar de coração contrito por ter ofendido ao Deus que é Santo, Santo, Santo.


Nas próximas três postagens irei abordar que argumentos pecaminosos foram utilizados por Saul para justificar seus pecado. Veremos neste texto pelo menos três argumentos que Saul utilizou de forma implícita. Então acompanhe os próximos posts deste Blog.

quinta-feira, 4 de março de 2010

DEUS DISTINGUE O PIEDOSO

Leitura Bíblica: Salmo 4

Davi não era um homem perfeito. Ele errou em vários momentos e seus pecados ficaram registrados nas Escrituras. Podemos perceber que estes pecados trouxeram-lhe várias conseqüências desastrosas, dentro de sua própria família, conforme anunciado pelo profeta Natã (2 Sm. 12: 10-11). Aflições e angústias de toda sorte foram constantes na vida de Davi, mas ele recorria a Deus que o tinha escolhido como rei de Israel.
Neste Salmo 4, que na verdade é uma continuação do cântico no Salmo 3, Davi derrama o coração perante Deus. O contexto é a fuga de Davi por causa de Absalão, que tinha conspirado contra o rei e tomado o poder em Jerusalém (2 Sm. 15:1-18). Davi resolveu sair às pressas de Jerusalém para evitar um combate de grandes proporções com os aliados de Absalão. Davi estava sendo caçado pelo filho, como antes fora perseguido por Saul. No verso 2, ele interroga os homens que armaram tal cilada contra o rei, pois estavam tornando sua glória (majestade) em vexame.
É importante destacar que o Salmo 3, termina com a expressão entre parênteses (Selá). A expressão “Selá”, empregada mais de 70 vezes, parece referir-se a um interlúdio musical, ou seja, quando alguns salmos eram cantados, havia a necessidade de, entre uma passagem e outra, de uma pausa ou até para aumentar o tom em que estava sendo tocada a música.
No verso 3 do Salmo 4, Davi declara que o Senhor distingue para si o piedoso, ou seja, Deus conhece e tem prazer no homem piedoso. A palavra piedade no Antigo Testamento está relacionada com a fidelidade e retidão da pessoa, que flui de um relacionamento verdadeiro com o Deus de Israel. Sabemos que o homem piedoso ama a Palavra de Deus e nela medita dia e noite, para que o alvo de sua vida seja honrar a Deus. O crente deve ser piedoso, como fruto da conversão operada através do Espírito de Deus. Observando o Salmo 4, podemos afirmar que:

“O HOMEM PIEDOSO POSSUI CARACTERÍSTICAS ADMIRÁVEIS EM MEIO ÀS AFLIÇÕES DA VIDA”

Nenhum de nós está imune às aflições da vida, porque estamos num mundo afetado pelo pecado em todos os aspectos. Portanto, temos que lidar diariamente com aflições variadas. Martinho Lutero indagou certa vez: “A Cristo foi dada uma coroa de espinhos, porque nós esperamos uma coroa de rosas?” No mundo certamente teremos aflições, mas que possamos cultivar as características de um homem/mulher piedoso (a). Lembre-se que Deus tem prazer quando vivemos de modo agradável buscando glorificá-Lo em todas as circunstâncias. Além disso, as aflições na vida têm o forte propósito de moldar o caráter de homens e mulheres piedosos.

1) As aflições da vida não conseguem calar o clamor do homem piedoso (Vs. 1, 3b)
Não somente neste Salmo mas em quase todos observamos Davi em oração. Os salmos são cânticos e muitos deles surgiram de momentos devocionais de Davi. Ele clama a Deus e o busca em oração vigilante em meio às angústias e pressões que sofria. O jovem Davi aprendeu bem cedo que esta era uma necessidade fundamental e por isso mesmo não podia viver sem orar ao Deus dos céus. No salmo 40:1, Davi demonstra sua total dependência do Senhor em oração.
O homem piedoso é alguém que faz do clamor a Deus uma constante em sua vida. Ele entende que esta não é a última coisa a ser feita, mas, pelo contrário, a primordial. Quando em meio às aflições e angústias, o piedoso não negligencia elevar os pensamentos a Deus em oração e entregar a ele os seus temores. Muitas pessoas passam por aflições e abandonam a prática importante do clamor que precisa ser dirigido ao Senhor. Preferem calar-se e centralizam a atenção nos problemas. Assim, lançam-se nas batalhas da vida e procuram vencer os obstáculos sem o menor senso de dependência de Deus. Quando os resultados não são satisfatórios, estas pessoas são as primeiras a levantar suspeitas contra o nome do Senhor.
Precisamos clamar ao Senhor em meio aos problemas e aflições. Este deve ser o nosso maior anelo. É óbvio que após a oração segue-se a ação. Mas o homem piedoso terá plena convicção da importância de clamar ao Senhor, e não calar diante dos dilemas e problemas. Devemos perseverar na oração (Cl. 4:1) e orar sem cessar (1 Ts. 5:17). O nosso Mestre nos deu exemplo de uma vida de oração exemplar. Em meio às angústias naquela noite no Getsemani, Jesus clamou ao Pai para que a Sua vontade fosse cumprida. Se Cristo orou em busca de amparo, porque nós negligenciamos tanto a oração e o clamor? No Salmo 32:6, o salmista refere-se ao Senhor, assim: “Todo homem piedoso te fará súplicas, em tempo de poder encontrar-Te.” Lembre-se: “A oração deve ser fundamental, não suplementar.” William J. C. White

2) As aflições da vida não conseguem anular a sensatez do homem piedoso (Vs. 4)
Davi no verso 4 expressa a necessidade de sensatez. Ele estava sendo perseguido, porque o reino foi tomado à força por seu filho Absalão – um jovem revoltado com seu pai e que se aproveitou da fragilidade do rei. Notamos que a situação era extremamente delicada e exigia equilíbrio e sensatez de Davi. O Senhor distingue para si o piedoso que não perde a sensatez em meio às aflições da vida, e Davi expressa novamente isso no Salmo 37: 7-8.
O Salmo 4:4 é interpretado erroneamente, para justificar o fato da ira não-pecaminosa ser aceitável. Mas o versículo aqui, que é repetido em Ef. 4:26, não enfatiza a ira, mas quer enfatizar o não-pecar. A ira deve estar longe de nós, conforme o ensino de Paul em Ef. 4: 31-32. O segredo para um viver vitorioso contra a ira, é jogar um balde de água fria assim que a ira mostrar sua face. Não podemos dar lugar à ira humana, porque nós somos pecadores e não temos como mensurar até que ponto ela é justificada. Precisamos de sensatez e domínio próprio, para que o nosso procedimento seja agradável e aceitável diante do Senhor. Os recursos abundantes e as promessas de Deus são suficientes para nos capacitar a lidar biblicamente e a vencer o problema da ira.
Nos relacionamentos sempre surgem problemas interpessoais, porque somos pecadores e não perfeitos. A ira muitas vezes é jogada na conta da outra pessoa, quando o problema na maioria das vezes reside em nosso próprio coração. A ira do homem não pode produzir a justiça de Deus, porque são incompatíveis (Tiago 1: 19-20). Explosões de ira são condenadas nas Escrituras porque demonstram as obras da carne que precisam ser despojadas, e com freqüência a ira é um prelúdio para pecados devastadores nos relacionamentos.
O homem piedoso será sensato ao lidar com situações de conflito, porque o Senhor o capacitará para isto. Sabemos que em nós habita o Espírito Santo, o qual não compactua com as explosões de fúria que muitos cristãos já adotaram como prática constante em seu viver. “O tolo da vazão à sua ira, mas o sábio domina-se.” (Pv. 29:11 – versão NVI)

3) As aflições da vida não conseguem tirar o contentamento do homem piedoso (Vs. 6-7)
Davi saiu correndo do palácio real e deixou para trás toda a pompa que lhe pertencia como autoridade maior no reino de Israel. Agora estava fugindo da presença do seu filho Absalão e teria que viver errante por desertos e lugares não aprazíveis. Sua vida de fugitivo com certeza não teria as mesmas regalias que desfrutava no palácio real.
A palavra que foi traduzida como alegria, também pode assumir o significado de satisfação. Davi está dizendo: mesmo que para outras pessoas (ímpios que não se relacionam com Deus) haja fartura de cereal e vinho, a plena satisfação só pode ser encontrada na vida de um homem piedoso (um homem que busca ser fiel ao Senhor). A presença ou a falta de contentamento é o diferencial que marca a vida de muitos cristãos. Quando não há satisfação com as bênçãos que Deus tem nos outorgado, passamos a viver abatidos em meio às aflições da vida. Crentes rendidos diante de problemas da vida, sem alegria ou contentamento, são uma clara denúncia da falta de intimidade com o Senhor. Alguém disse que a insatisfação é filha do orgulho.
Paulo escreveu que aprendeu a viver contente, em toda e qualquer situação (Fl. 4: 11-13). Mesmo passando privações, Paulo sabia buscar forças no Senhor para enfrentar as aflições da vida. Nossa vida está nas mãos do Senhor, ele promete que nunca nos deixará e nem nos abandonará (Hb. 13: 5-6). Paulo escrevendo a Timóteo afirma que a piedade com contentamento é uma verdadeira mina de ouro (1 Tm. 6: 6-8), e o amor ao dinheiro é a raiz de muitos males. A Bíblia está repleta de princípios que nos indicam a necessidade de contentamento e plena satisfação em Deus. Este é segredo para uma vida de piedade, mesmo em meio às aflições e dificuldades deste mundo.

4) As aflições da vida não conseguem destruir a serenidade do homem piedoso (Vs. 8)
Davi aprendeu em sossegar sua alma aflita confiando irrestritamente em Deus. Dormir com um inimigo à espreita e pegar no sono é prova de total serenidade diante dos conflitos iminentes. Davi tinha esta serenidade adquirida na dependência constante do Senhor. Ele soube descansar e aliviar o coração porque sabia que estava seguro com Deus, sua torre forte e rochedo. No salmo 131, o salmista canta que fez calar e sossegar a sua alma, como criança que se aquieta nos braços da mãe (uma ilustração de serenidade).
A inquietação é um mal antigo, que parece tomar proporções cada vez maiores com o passar do tempo. Muitos crentes vão dormir e acordam aflitos, sem o menor sinal de sossego e paz. A palavra “quietude” parece não fazer mais parte dos nossos dicionários.
Estar em paz e encontrar serenidade em meio às aflições da vida é uma característica bastante admirável. Não se trata de ignorar a aflição ou fazer de conta que ela não existe, porém a chave de um viver sereno é saber repousar em Deus mesmo atravessando vales difíceis e sombrios. Muitas dores de cabeça seriam evitadas se a paz de Deus, que excede todo entendimento, estivesse guardando os nossos corações e mentes, como a Bíblia nos orienta (Fl. 4:7). Nossas vidas terão mais brilho e cor, se aprendermos a arte da serenidade, que se apóia exclusivamente na bondade de Deus sobre nós.
Precisamos de corações serenos, que se mostram quietos diante do poder e majestade de Deus. Quando sossegamos o coração e buscamos a tranqüilidade em Deus, começamos a enxergar as provações/aflições/dificuldades sob uma nova ótica. O Salmo 91 é bastante conhecido por suas palavras de introdução: “O que habita no esconderijo do Altíssimo, e descansa à sombra do Onipotente, diz ao Senhor: Meu refúgio e baluarte, Deus meu em quem confio.” A confiança do homem piedoso em Deus o leva a ter um coração tranqüilo e sereno. Como o pintor que desenhou uma plantinha bem próxima de uma cachoeira, assim deve estar também o coração do crente que deposita em Deus toda a sua confiança.

MARCOS AURÉLIO DE MELO
MENSAGEM NO SALMO 4