quinta-feira, 22 de abril de 2010

A Justiça de Deus

Ana foi muitas vezes ridicularizada por Penina por causa de sua infertilidade. Mas ela confiou na justiça soberana do Senhor como âncora de sua alma. Ele dependeu exclusivamente da justiça que vem do Senhor, e não agiu precipitadamente. Por isso ela agora tinha motivos de sobra para exaltar a sabedoria de Deus ao fazer justiça. Ana reconheceu que é o Senhor quem julga os atos dos homens (tradução NVI).

É fundamental que o crente tenha uma visão correta sobre a justiça de Deus. Deus nunca falha na aplicação da Sua justiça. Deus não erra quando pesa todos os feitos na balança e emite o Seu juízo. Deus não deixou o mundo desgovernado e aleatório – Ele fará justiça por tudo o que se passa aqui. Muitas vezes nos deixamos levar por pensamentos antibíblicos que tentam reduzir o controle soberano de Deus sobre tudo. Como bons despenseiros do Senhor, devemos entender que Deus não erra quando nos requisita ou nos concede algo. Ele é fiel e justo em todos os seus caminhos para todo o sempre.

Deus não escreve certo por linhas tortas. Poderíamos mudar este dito popular para se tornar coerente: Deus escreve certo e nós enxergamos torto. Nossa visão distorcida pelo pecado sempre desconfia do método de Deus e por isso não distinguimos claramente que a Sua Justiça é perfeita.
Quando perdemos algo de precioso sempre somos tentados a desconfiar da ação de Deus. É por isso que nós, como bons despenseiros e mordomos, precisamos afinar nosso diapasão com a sabedoria de Deus revelada na Sua Palavra. Davi declarou “Justo és Senhor, e retos os teus juízos.” (Sl. 119:137).

O nosso dever como bons despenseiros é administrar com eficácia o que Deus tem nos confiado. Para isso precisamos enxergar com clareza a justiça do Senhor que não falha. Seremos muito mais desprendidos com o que temos entendendo que Deus não erra nem um segundo sequer ao lidar conosco, mesmo que aparentemente estejamos perdendo algo.


Marcos Aurélio de Melo
Despenseiro Fiel - Parte III
Estudo Bíblico em I Samuel

A Singularidade de Deus

Esta afirmação de Ana serve para ilustrar o quanto Deus era singular na sua mente. Deus não pode ser comparado a ninguém porque Ele é o totalmente Outro. Não há nada que possa fazer frente ao Senhor. Ana faz questão de enfatizar estas palavras para não deixar nenhuma dúvida quanto à singularidade do Senhor Deus. Em Isaías 40:25 uma pergunta retórica está registrada: "A quem, pois, me comparareis para que eu lhe seja igual? -diz o Santo.” “Eu sou o SENHOR, e não há outro; além de mim não há Deus” (Is.45:5).

O despenseiro fiel, que vive a teologia do desprendimento, entende que o seu Deus é singular e que Ele merece todo o louvor. É interessante observar que o primeiro mandamento é o testemunho da exclusividade e singularidade de Deus, ou seja, revela o Senhor em Seu caráter, Seu ser e Sua ação. Êxodo 20:1-3: “Então, falou Deus todas estas palavras: Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim.”

Os atributos incomunicáveis de Deus que a Bíblia nos mostra, provam que Deus é singular. São atributos exclusivos de Deus, ou seja, não encontram analogia na criatura. Deus é Onisciente, Onipresente, Onipotente, Eterno, Soberano e Imutável. Ninguém pode carregar tais atributos porque são exclusivos de Deus. Em Isaías 64:4, somos novamente lembrados sobre a forma singular de Deus agir em nossas vidas: "Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera."

Na vida do despenseiro é necessário que esta verdade não seja esquecida de forma nenhuma. Faz uma enorme diferença ter uma mente convicta sobre a singularidade de Deus, que nos outorga livremente algumas bênçãos para que possamos administrá-las para a Sua glória. É Ele quem merece todo o louvor e somente Ele é digno de total adoração. Davi soube expressar esta verdade no Salmo 73:5. Somente alguém que entende a singularidade de Deus é livre para viver sem temores, como despenseiro fiel.

Nós corremos um sério risco de idolatrar o que Deus tem nos dado, e colocá-las como deuses particulares em nossa vida. Por isso somos lembrados constantemente sobre o perigo de colocar nossas esperanças nas coisas desta vida, porque sabemos que um dia tudo terá fim. Que possamos viver como bons despenseiros que reconhecem em todas as coisas que Deus é digno de toda a glória.


Marcos Aurélio de Melo
Despenseiro Fiel - Parte II
Estudo Bíblico em I Samuel

A Suficiência de Deus

Todas as afirmações de Ana no texto em I Samuel 2:1-3, tem sustentação somente em Deus. O Senhor era a fonte de todas as bênçãos de sua vida – ela reconheceu a suficiência de Deus em sua vida. O filho que agora ela estava devolvendo ao Senhor só veio a nascer por causa da graça de Deus, poderosa e suficiente. Crer na suficiência de Deus fez toda a diferença na vida desta serva do Senhor. Ela ainda recebeu a bênção de ser mais de mais 5 filhos (I Sm. 2:21).

Nós precisamos também enxergar com clareza esta verdade sobre Deus. Ele é suficiente em minha vida? Então, necessariamente serei um despenseiro fiel e irei praticar com alegria a Teologia do Desprendimento. O que nos leva a vivermos mergulhados num egoísmo possessivo é justamente a falta de percepção sobre a suficiência do Senhor em nosso viver. O nosso Deus nos abençoa com preciosas dádivas e somente um coração que enxerga a Sua suficiência não vai colocar o coração nestas dádivas. A Bíblia nos assegura que onde estiver o nosso tesouro ali estará também o nosso coração (Mt. 6:21). Nosso reino não é deste mundo, e por isso devemos viver como despenseiros, administrando com sabedoria os recursos que Deus nos disponibiliza, sem esquecer que a suficiência do Senhor está acima de qualquer valor.

Reconhecer a suficiência de Deus foi essencial para levar o profeta Habacuque a orar da seguinte forma: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação.” (Hb. 3: 17-18)

Reconhecer a suficiência de Deus também foi essencial para levar o salmista Davi a escrever o salmo mais conhecido da história: “O SENHOR é o meu pastor; de nada terei falta.” (Sl. 23:1). O salmo completo é uma expressão da suficiência do Supremo Pastor.

Reconhecer a suficiência de Deus foi essencial para levar Martinho Lutero a escrever as palavras do seu hino Castelo Forte: “Se temos de perder / Os filhos, bens, mulher / Embora a vida vá / Por nós Jesus está / E nos dará seu reino”

Então, o que nos falta para enxergar com clareza esta verdade sobre Deus? O que está vedando os nossos olhos espirituais para não enxergarmos que Deus é suficiente? Talvez estamos amando mais as bênçãos do que o abençoador. Estamos no alegando muito nas coisas que temos recebido de Deus e não no próprio Deus. Isto é pecado porque desonra o Dono de todas as coisas, e nos faz ter a falsa impressão de que não precisamos depender de Deus. As palavras de Cristo são conclusivas: “Sem mim nada podeis fazer.” (Jo. 15:5)


Marcos Aurélio de Melo
Despenseiro Fiel - Parte I
Estudo Bíblico em I Samuel

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Assim caminha a cristandade..

Gosto de compartilhar com vocês os textos e homilias que eu mesmo escrevo. Mas hoje eu gostaria de abrir o espaço do meu blog para COMPARTILHAR um trecho do artigo de Franklin Ferreira, que li no Blog da Editora Fiel. Na minha opinião você deve seguir o link logo abaixo e ler o artigo na íntegra pois ele possui uma lucidez admirável, em meio a tantos modismo da nossa época.


Antigamente, os fundamentalistas usavam a Escritura como texto-prova (dicta probantia). Podiam praticar uma hermenêutica literalista ou ingênua. Mas havia uma genuína preocupação em citar o
texto bíblico, de remeter seus ensinos para a Escritura. Hoje, nem isto. De um lado, a invasão dos métodos críticos na interpretação da Escritura supostamente tornou sem razão afirmar algo a partir das Escrituras, já que esta, para muitos dos que seguem tais metodologias, não é mais inspirada, mas mero produto humano. Do outro lado, as supostas novas revelações ligadas aos bispos e apóstolos neo-pentecostais tornaram a Escritura um mero acessório em suas comunidades. Por isto, no âmbito eclesiástico, basta unir alguns chavões piedosos à linguagem religiosa, e qualquer idéia passará facilmente por “cristã”. E os fiéis a seguem, sem nem mesmo se preocuparem em examinar “as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim” (Atos 17.11). A nobreza foi perdida. Por isso, o que se tem é o ressurgimento do velho gnosticismo, mais uma vez tentando se parecer com o cristianismo. Mas gnosticismo não é cristianismo.

Na medida em que a igreja brasileira loucamente tenta colocar de lado o “bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores; o único que possui imortalidade, que habita em luz inacessível” (1Tm 6.15-16), uma nova casta sacerdotal vai surgindo, com seus apóstolos e bispos endinheirados, e com certos eruditos que constantemente precisam apelar à falácia do argumento magister dixit, enquanto se agarraram às teorias críticas do século xix como se fossem a última moda teológica, todos igualmente caricatos e bufões. E vive-se o absurdo onde abandonar a Escritura, desprezar a igreja, transformar Jesus num curandeiro ou mestre inofensivo é ser de vanguarda, mas qualquer crítica feita a esta nova classe sacerdotal, grandemente responsável por esta doença, equivale à blasfêmia, atraindo a ira e a revolta de seus cegos seguidores, que se juntam em correntes de ódio.


É só clicar no link para o artigo no blog Fiel: http://migre.me/wSTO

segunda-feira, 12 de abril de 2010

"Tenho sede"


“EM MOMENTOS DE SOFRIMENTO E DIFICULDADES LEGÍTIMAS, DEVEMOS CONFIAR QUE JESUS ENTENDE A NOSSA DOR”

Depois, vendo Jesus que tudo já estava consumado, para se cumprir a Escritura, disse: “Tenho sede.” (João 19:28)

Estas palavras de Jesus na cruz expressam de forma clara o sofrimento que Jesus suportou. Quem poderia imaginar que aquele que veio como a fonte de água viva teria que suportar uma enorme sede no último dia de sua vida na terra? É interessante que somente o apóstolo João registra esta frase de Jesus na cruz – e somente João registrou o encontro de Jesus com a mulher samaritana quando Ele ofereceu de graça a água viva (João 4).
Deus se fez carne e habitou entre nós. Jesus, o Filho, que morreu na cruz por nossos pecados, era verdadeiramente Deus. Ele era, é, e sempre será o Deus Eterno. Mas Jesus também foi perfeitamente humano. Como um homem ele também sentiu fome, sede e cansaço, e não hesitou em dizer isso. Naqueles últimos momentos na cruz do Calvário, ele afirma que estava com sede – uma afirmação de sua perfeita humanidade.
Todo o processo de crucificação acarretava bastante perda de líquidos. Jesus estava muito desidratado, depois de seis horas pendurado na cruz e de muito sangue derramado. Jesus passou a madrugada inteira sendo julgado, levado de um lado para o outro e chicoteado pelos soldados romanos. Ele carregou a cruz pelas ruas de Jerusalém até não suportar mais tamanho cansaço – Simão de Cirene ajudou-o a levar a pesada cruz. Ao chegar no monte do Calvário, ainda teve suas mãos e pés perfurados por pregos grossos que fizeram jorrar ainda mais sangue. A hemorragia causada por ferimentos tão profundos e o suor liberado pelo corpo na longa jornada até o Gólgota acarretaram a perda de muito líquido. É importante lembrar que a crucificação não era apenas um método para matar o condenado, a principal função era torturar o condenado de forma cruel, para servir como demonstração do poderio de Roma. E a sede que Jesus experimentou ali na cruz comprova que Ele sofreu todas as dores que um homem sentiria ao ser crucificado. Ele tomou o nosso lugar naquela cruz, teve sede e sofreu brutalmente, para que hoje eu e você possamos beber a água que Ele nos dá – a água da vida.
O rico ensinamento que podemos extrair desta frase de Jesus na cruz é este: “EM MOMENTOS DE SOFRIMENTO E DIFICULDADES LEGÍTIMAS, DEVEMOS CONFIAR QUE JESUS ENTENDE A NOSSA DOR.”
Jesus é capaz de compreender-nos e amparar-nos em nossas fraquezas, porque Ele, como ser humano, sofreu fome, teve sede, fadiga e muitas outras dificuldades. Ele é capaz de nos consolar e nos confortar em nossas dores e fraquezas. Em momentos de sofrimento e dificuldade devemos confiar que Jesus entende a nossa dor, porque Ele mesmo experimentou várias dificuldades. Ele não apenas entende, mas Jesus nos oferece o Seu maravilhoso auxílio para que possamos suportar cada uma das adversidades da vida. Ele é o Emanuel – o Deus conosco – sempre presente, que enfrentou a dor humana quando esteve nesta terra e suportou o sofrimento do Calvário.
O escritor aos Hebreus nos faz a seguinte afirmação: “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.” (Hebreus 4:15-16).
Precisamos crer e descansar nesta maravilhosa promessa que é enfatizada em vários textos bíblicos. Jesus não está distante – como muitos querem afirmar. Ele se importa nos mínimos detalhes com cada um dos seus servos. Sua promessa nunca falhará: Ele prometeu estar conosco e nos oferecer misericórdia e graça em ocasião oporuna. E além de tudo, sabemos que Ele esteve neste mundo e suportou na carne os sofrimentos e angústias que atravessam a nossa alma em vários momentos. Ele sabe quais são as dificuldades inerentes ao homem, porque ele suportou várias delas sem cometer pecado nenhum.
As dificuldades não-legítimas, criadas por um senso extremo de autocomiseração, escondem muitos pecados. Estas dificuldades criam supostas angústias que na verdade retratam um coração ainda centralizado no “eu” e em suas reivindicações. Tais angústias são pecado e devem ser confessadas e abandonadas. Jesus está do nosso lado e entende as dificuldades legítimas, fruto das limitações impostas pela própria condição humana, mas Ele não irá nos afagar enquanto o “EU” estiver no trono de nosso viver. Jesus veio para nos libertar da escravidão egoísta, e nos mostrar que o caminho para a santidade é negar a si mesmo e renunciar todas as nossas vontades carnais. Qualquer sentimento de autopiedade pecaminosa que está arraigado no coração deve ser arrancado através dos recursos divinos.
A Bíblia é clara em nos mostrar que o sofrimento legítimo serve para trazer crescimento e santificação a todos os crentes. Sabemos que Deus nos aperfeiçoa em santidade mediante situações de dor também. Ele não nos prometeu um paraíso aqui na terra, mas Ele mostrou que estaria conosco nos vales da sombra da morte, como o nosso Amado Pastor. Jesus é o pastor que cuida de cada uma das ovelhas do seu aprisco – Ele é o Bom Pastor que tem um interesse especial e amoroso por suas ovelhas. Com certeza iremos passar por situações que debilitam a alma e afligem o coração, mas devemos confiar na promessa do Bom pastor de nossas almas: Ele entende nossa dor e oferece os recursos para enfrentarmos angústias e fraquezas.
A maravilha de toda a verdade bíblica reside na suficiência da Palavra de Deus, que é poderosa para nos conformar à imagem do filho de Deus. Temos o exemplo do Senhor Jesus, que em meio a todo o sofrimento e dificuldades inerentes à condição humana, não deixou de obedecer na íntegra à vontade de seu Pai. Nós também temos que aprender a lidar com as limitações que a vida humana nos impõe sem transgredir os mandamentos e princípios bíblicos. A obediência de Jesus o levou a provar uma enorme sede na cruz do Calvário e muitas privações. Mas até que ponto nós estamos dispostos a sofrer por causa da obediência a Deus? Será que estamos preparados para suportar dor e angústia e ainda permanecer em obediência?
A principal lição desta frase de Jesus na cruz está na identificação completa com o sofrimento humano. Jesus experimentou a dor mais profunda no Calvário para mostrar a mim e a você que Ele não está ausente em meio aos sofrimentos legítimos que enfrentamos também. Ele entende a nossa dor. Ele sabe que há limitações impostas pela condição humana – por isso Ele nos oferece a Sua maravilhosa provisão e proteção, para que possamos ser aperfeiçoados em santidade diante do nosso Deus.
Mas é bom saber que um dia todo sofrimento humano terá fim. Toda lágrima cessará e não haverá mais dor e lamento no céu. O nosso Deus prometeu que um dia toda angústia chegará ao fim porque Cristo renovará todas as coisas.
“E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida.” (Apocalipse 21:5-6)
Que promessa maravilhosa promessa! Você está com sede? Você tem enfrentado lutas e dissabores legítimos que o fazem desejar um refrigério verdadeiro? Então, confie que Jesus Cristo entende a sua dor e está com você todos os dias, e que um dia você ficará livre de qualquer angústia e sofrimento ao chegar no lar celestial.
Que Deus nos abençoe.


MARCOS AURÉLIO DE MELO
MENSAGEM PARA O DOMINGO DE PÁSCOA


As três estratégias de Davi

Continuação da postagem anterior...

No texto bíblico em I Samuel 21 observamos que Davi implementou algumas estratégias pecaminosas quando tornou-se fugitivo por causa da ira do rei Saul. Isto aconteceu porque Davi tirou o foco do Senhor - ele começou a tentar caminhos alternartivos que não agradavam a Deus. Vejamos então que estratégias Davi utilizou, para que possamos aprender com tais lições e não seguir o mesmo caminho.

1) DETURPAR A VERDADE DOS FATOS PARA CONSEGUIR O QUE SE DESEJA (Vs. 2, 5, 8)
Davi mentiu várias vezes para o sacerdote Aimeleque neste encontro. Esta estratégia de utilizar mentiras tinha alguns objetivos bem claros na mente de Davi: 1º) Adquirir a confiança do sacerdote; 2º) Assegurar que o sacerdote entregaria os pães da proposição; e 3º) Assegurar que o sacerdote que o sacerdote lhe entregaria a espada. Davi almejava todos estes objetivos e por isso mentiu para Aimeleque descaradamente.
Davi não pecou ao comer os pães cerimoniais. Jesus não condenou esta atitude, quando confrontado pelos fariseus porque os discípulos colhiam espigas em dia de sábado (Mc. 2: 25, 26). Jesus relatou esta história para provar aos fariseus que não há erro em satisfazer uma necessidade legítima, mesmo que uma regra cerimonial seja violada. O erro de Davi foi ter conseguido os pães deturpando a verdade dos fatos a seu favor. Davi enganou o sacerdote Aimeleque em cada frase do diálogo – as suas afirmações falsas demonstram que Davi tirou o foco do Senhor seu Deus.
A triste realidade em que muitos cristãos estão mergulhados é um oceano de fatos deturpados. A mentira e o engano são utilizados para conseguir vantagens, mesmo em prejuízo de valores eternos que a Bíblia tão claramente nos aponta. A estratégia da mentira traz um certo alívio imediato, mas em longo prazo só acarretará malefícios. Esta estratégia foi usada por Satanás no jardim do Éden, que deturpou verdades para iludir Eva. Desde aquele dia, o homem passou a viver criando “jeitinhos” para conseguir o que deseja. Muitos textos na Bíblia nos advertem contra a mentira. Em Ef. 4:25 lemos: “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros.” A verdade deve prevalecer em todas as circunstâncias na vida do piedoso, como está escrito em Pv. 13:5: “O justo aborrece a palavra de mentira, mas o perverso faz vergonha e se desonra.”
Ananias e Safira também utilizaram esta estratégia para conseguir a admiração dos apóstolos. Eles deturparam a verdade dos fatos e foram imediatamente (Atos 5). O fato é que cedo ou tarde a verdade vai aparecer e as conseqüências serão destrutivas. Os profetas na época de Jeremias também profetizavam mentiras (paz, paz!), mas foram julgados por isso.

2) UTILIZAR RECURSOS HUMANISTAS PARA PRODUZIR UMA SENSAÇÃO DE PODER (Vs. 8-9)
Quando Davi aceitou levar a espada com a qual matou Golias, A NVI traduz assim as suas palavras: “Não há outra melhor; dê-me essa espada.” Vamos analisar esta atitude de Davi, do ponto de vista de Deus. Por que seria necessário Davi usar aquela espada? Tomar a espada de Golias para si demonstra uma busca por auto-afirmação diante das pessoas. Davi precisava daquela espada para diminuir sua sensação de insegurança, e também elevar a sua “auto-estima” que andava meio abalada nos últimos dias. No pensamento de Davi, ostentar aquela relíquia traria o respeito dos seus opositores, porque ele foi o único que teve a coragem necessária para enfrentar o gigante Golias.
Nestes dias em que vivemos, os recursos para estimular a busca por auto-afirmação não faltam no mercado. Há muitos produtos nas prateleiras que exaltam o poder interior do homem – recursos humanistas que se tornaram uma febre. Infelizmente, o crente que tira o seu foco do Senhor Deus passa a enxergar algum valor nos recursos humanistas e se torna escravo da auto-estima positiva.
O cristão que tira o seu olhar das promessas de Deus contidas na Bíblia se torna inseguro. Ele resolve então utilizar estratégias alternativas para preencher esta lacuna e nesta busca insaciável por segurança a qualquer preço adota valores mundanos. As igrejas que lotam são aquelas que defendem o potencial humano, o sucesso e a prosperidade como marcas de uma vida vitoriosa. Os crentes hoje em dia são exortados a confiar em suas habilidades e ostentar suas vitórias orgulhosamente.
O caminho de quem deseja agradar a Deus é diferente: a dependência do Senhor deve ser buscada constantemente. Esta era a confiança de Paulo ao afirmar que a excelência do poder procede somente de Deus (II Co. 4: 7-9), e não de recursos próprios. Precisamos voltar a mirar fixamente a vontade de Deus e abandonar qualquer recurso humanista que cega a nossa visão. Salmo 141:8: “Pois em ti, SENHOR Deus, estão fitos os meus olhos: em ti confio; não desampares a minha alma.”

3) FAZER ALIANÇAS INSENSATAS PARA GARANTIR ALGUNS PRIVILÉGIOS (Vs. 10-15)
Davi buscou refúgio junto aos filisteus que eram inimigos ferrenhos do povo de Israel. Ele foi abrigar-se no palácio do rei Aquis, fazendo-se passar por louco para não ser visto como um inimigo infiltrado. Davi demonstrou completa falta de bom-senso porque tirou o foco do seu Deus e passou a confiar nos privilégios que teria próximo ao rei de Gate. Notemos que o gigante Golias era desta cidade (I Sm. 17:4) e que esta não foi a única vez que Davi buscou abrigo perto dos filisteus (27:3,4).
Davi fez um papelão diante de Aquis para garantir sua própria segurança. Ele vendeu seus valores e seu bom senso naquela ocasião, porque deixou de fixar o olhar no Deus eterno. Sua estratégia foi fruto de um coração não-dependente do Senhor – ele resolveu agir seguindo a intuição e isto acabou mal.
Quando nós passamos a depender desta estratégia nos submeteremos a verdadeiras loucuras para assegurar os privilégios que temos em mente. Temos uma tendência pecaminosa que nos rouba a sensatez se for deixada sem uma vigilância adequada. Quantas famílias e lares destruídos por conta de alianças insensatas! Quantos relacionamentos arruinados por causa do pecado! Considere por um momento a aliança insensata de Sansão com Dalila, que acarretou sérias conseqüências para ele (Juízes cap. 16). As amizades precisam ser bem escolhidas a fim de evitarmos graves prejuízos. Considere também o mau conselho dado por Jonadabe (homem mui sagaz) a Amnon (filho de Davi), para se aproximar da jovem Tamar (filha de Davi também) em II Sm. 13.

MARCOS AURÉLIO DE MELO
ESTUDOS NO LIVRO DE I SAMUEL