segunda-feira, 12 de abril de 2010

As três estratégias de Davi

Continuação da postagem anterior...

No texto bíblico em I Samuel 21 observamos que Davi implementou algumas estratégias pecaminosas quando tornou-se fugitivo por causa da ira do rei Saul. Isto aconteceu porque Davi tirou o foco do Senhor - ele começou a tentar caminhos alternartivos que não agradavam a Deus. Vejamos então que estratégias Davi utilizou, para que possamos aprender com tais lições e não seguir o mesmo caminho.

1) DETURPAR A VERDADE DOS FATOS PARA CONSEGUIR O QUE SE DESEJA (Vs. 2, 5, 8)
Davi mentiu várias vezes para o sacerdote Aimeleque neste encontro. Esta estratégia de utilizar mentiras tinha alguns objetivos bem claros na mente de Davi: 1º) Adquirir a confiança do sacerdote; 2º) Assegurar que o sacerdote entregaria os pães da proposição; e 3º) Assegurar que o sacerdote que o sacerdote lhe entregaria a espada. Davi almejava todos estes objetivos e por isso mentiu para Aimeleque descaradamente.
Davi não pecou ao comer os pães cerimoniais. Jesus não condenou esta atitude, quando confrontado pelos fariseus porque os discípulos colhiam espigas em dia de sábado (Mc. 2: 25, 26). Jesus relatou esta história para provar aos fariseus que não há erro em satisfazer uma necessidade legítima, mesmo que uma regra cerimonial seja violada. O erro de Davi foi ter conseguido os pães deturpando a verdade dos fatos a seu favor. Davi enganou o sacerdote Aimeleque em cada frase do diálogo – as suas afirmações falsas demonstram que Davi tirou o foco do Senhor seu Deus.
A triste realidade em que muitos cristãos estão mergulhados é um oceano de fatos deturpados. A mentira e o engano são utilizados para conseguir vantagens, mesmo em prejuízo de valores eternos que a Bíblia tão claramente nos aponta. A estratégia da mentira traz um certo alívio imediato, mas em longo prazo só acarretará malefícios. Esta estratégia foi usada por Satanás no jardim do Éden, que deturpou verdades para iludir Eva. Desde aquele dia, o homem passou a viver criando “jeitinhos” para conseguir o que deseja. Muitos textos na Bíblia nos advertem contra a mentira. Em Ef. 4:25 lemos: “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros.” A verdade deve prevalecer em todas as circunstâncias na vida do piedoso, como está escrito em Pv. 13:5: “O justo aborrece a palavra de mentira, mas o perverso faz vergonha e se desonra.”
Ananias e Safira também utilizaram esta estratégia para conseguir a admiração dos apóstolos. Eles deturparam a verdade dos fatos e foram imediatamente (Atos 5). O fato é que cedo ou tarde a verdade vai aparecer e as conseqüências serão destrutivas. Os profetas na época de Jeremias também profetizavam mentiras (paz, paz!), mas foram julgados por isso.

2) UTILIZAR RECURSOS HUMANISTAS PARA PRODUZIR UMA SENSAÇÃO DE PODER (Vs. 8-9)
Quando Davi aceitou levar a espada com a qual matou Golias, A NVI traduz assim as suas palavras: “Não há outra melhor; dê-me essa espada.” Vamos analisar esta atitude de Davi, do ponto de vista de Deus. Por que seria necessário Davi usar aquela espada? Tomar a espada de Golias para si demonstra uma busca por auto-afirmação diante das pessoas. Davi precisava daquela espada para diminuir sua sensação de insegurança, e também elevar a sua “auto-estima” que andava meio abalada nos últimos dias. No pensamento de Davi, ostentar aquela relíquia traria o respeito dos seus opositores, porque ele foi o único que teve a coragem necessária para enfrentar o gigante Golias.
Nestes dias em que vivemos, os recursos para estimular a busca por auto-afirmação não faltam no mercado. Há muitos produtos nas prateleiras que exaltam o poder interior do homem – recursos humanistas que se tornaram uma febre. Infelizmente, o crente que tira o seu foco do Senhor Deus passa a enxergar algum valor nos recursos humanistas e se torna escravo da auto-estima positiva.
O cristão que tira o seu olhar das promessas de Deus contidas na Bíblia se torna inseguro. Ele resolve então utilizar estratégias alternativas para preencher esta lacuna e nesta busca insaciável por segurança a qualquer preço adota valores mundanos. As igrejas que lotam são aquelas que defendem o potencial humano, o sucesso e a prosperidade como marcas de uma vida vitoriosa. Os crentes hoje em dia são exortados a confiar em suas habilidades e ostentar suas vitórias orgulhosamente.
O caminho de quem deseja agradar a Deus é diferente: a dependência do Senhor deve ser buscada constantemente. Esta era a confiança de Paulo ao afirmar que a excelência do poder procede somente de Deus (II Co. 4: 7-9), e não de recursos próprios. Precisamos voltar a mirar fixamente a vontade de Deus e abandonar qualquer recurso humanista que cega a nossa visão. Salmo 141:8: “Pois em ti, SENHOR Deus, estão fitos os meus olhos: em ti confio; não desampares a minha alma.”

3) FAZER ALIANÇAS INSENSATAS PARA GARANTIR ALGUNS PRIVILÉGIOS (Vs. 10-15)
Davi buscou refúgio junto aos filisteus que eram inimigos ferrenhos do povo de Israel. Ele foi abrigar-se no palácio do rei Aquis, fazendo-se passar por louco para não ser visto como um inimigo infiltrado. Davi demonstrou completa falta de bom-senso porque tirou o foco do seu Deus e passou a confiar nos privilégios que teria próximo ao rei de Gate. Notemos que o gigante Golias era desta cidade (I Sm. 17:4) e que esta não foi a única vez que Davi buscou abrigo perto dos filisteus (27:3,4).
Davi fez um papelão diante de Aquis para garantir sua própria segurança. Ele vendeu seus valores e seu bom senso naquela ocasião, porque deixou de fixar o olhar no Deus eterno. Sua estratégia foi fruto de um coração não-dependente do Senhor – ele resolveu agir seguindo a intuição e isto acabou mal.
Quando nós passamos a depender desta estratégia nos submeteremos a verdadeiras loucuras para assegurar os privilégios que temos em mente. Temos uma tendência pecaminosa que nos rouba a sensatez se for deixada sem uma vigilância adequada. Quantas famílias e lares destruídos por conta de alianças insensatas! Quantos relacionamentos arruinados por causa do pecado! Considere por um momento a aliança insensata de Sansão com Dalila, que acarretou sérias conseqüências para ele (Juízes cap. 16). As amizades precisam ser bem escolhidas a fim de evitarmos graves prejuízos. Considere também o mau conselho dado por Jonadabe (homem mui sagaz) a Amnon (filho de Davi), para se aproximar da jovem Tamar (filha de Davi também) em II Sm. 13.

MARCOS AURÉLIO DE MELO
ESTUDOS NO LIVRO DE I SAMUEL

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