sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Benefícios eficazes

Texto: Salmo 40: 1-3

O livro de Salmos está repleto de considerações do salmista acerca dos benefícios do Senhor em sua vida. Poderíamos pensar no salmo 23, e meditar sobre os benefícios que o Supremo Pastor providencia para suas ovelhas. É óbvio que Deus não quer fidelizar pessoas para Si com os benefícios outorgados, ou ganhar adoradores com os benefícios que Ele livremente oferece. Deus não nos mima. Mas faz parte do caráter de Deus ser gracioso para com os Seus servos. Ele nos supre com o que é necessário para sermos cristãos abundantes e instrumentos da Sua glória. Foi por isso que o salmista ressaltou a importância dos benefícios do Senhor: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nem um só de seus benefícios.” (Salmo 103:2) e “Que darei ao Senhor por todos os seus benefícios para comigo?” (Salmo 116:2)

Depreendemos da leitura do Salmo 40 que o salmista Davi escreveu estas palavras num momento de profunda angústia. Perseguido e ameaçado por malfeitores (vs. 14) Davi considera a sua situação e clama por livramento divino. O que chama a atenção é que Davi conseguia enxergar os benefícios do Senhor mesmo em meio às dificuldades e circunstâncias de perigo. Os verbos no texto mostram a ação beneficiadora do Senhor na vida do salmista: DEUS “se inclinou”, “me ouviu”, “tirou-me”, “colocou-me”, “me firmou”, “me pôs”. São ações exclusivas do Senhor direcionadas para beneficiar o seu servo.

“Somos beneficiados continuamente pela boa mão do nosso Deus”

S. I. De que maneiras somos beneficiados continuamente pela boa mão do nosso Deus?

S. T. Somos beneficiados continuamente pela boa mão do nosso Deus de algumas maneiras:


1) Somente Deus nos proporciona amparo eficaz (vs. 1)

Deus se inclina e ouve os remidos. Apesar de ser transcendente, Ele está presente e não nos desampara nem por um momento. Deus não se omite, Ele se faz presente no meio do Seu povo eleito. Deus é transcendente, mas também é imanente. Podemos não contar com o amparo de um pai ou mãe neste mundo. O clamor legítimo pode não ser ouvido, como acontece com muitas crianças desamparadas neste mundo. Mas aqueles que tem ao Senhor Deus como pai, nunca serão desamparados. Ele escuta e atende o clamor conforme Lhe agrada para a Sua própria glória e o bem dos Seus filhos. Deus não se faz de surdo quando lhe devotamos o nosso ser e direcionamos nossas petições e clamores com sinceridade de coração.

Na consagração do templo construído por Salomão, o Senhor disse ao seu servo: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.” (2 Cr. 7:14). O maravilhoso benefício do amparo do Senhor começa justamente por Ele nos ouvir quando oramos confiados nos méritos de Cristo Jesus. Não há privilégio maior do que desfrutar da bênção de sermos ouvidos pelo Deus eterno, Criador e Sustentador de tudo que existe neste mundo.

Vivemos num mundo em que os pedidos de socorro espiritual não são ouvidos porque muitas vezes são feitos na direção errada. Angústia e depressão são evidências disto. Mas podemos confiar no Senhor que se faz presente, que ouve o clamor dos remidos oferecendo-lhes constante amparo. Por isso que Pedro exortou os seus leitores imediatos: “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” (1 Pedro 5: 6,7)

Ter alguém que nos ouve quando precisamos é importante. Mas nada se compara quando colocamos diante de Deus nossas ansiedades e então somos ouvidos e confortados. O seu coração encontra descanso ao desfrutar do amparo do Senhor? Você consegue descansar ao saber que Deus ouviu a sua oração? A ansiedade tem dominado o seu coração a ponto de turvar a sua visão do constante amparo do Senhor sobre sua vida? Irmãos, precisamos clamar ao Senhor com base na Sua bendita Palavra, certos de que Ele nos ouvirá e o Seu amparo não nos será negado. “E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1 Jo 5.14-15). “O Senhor ouviu a minha súplica; o Senhor acolhe a minha oração” (Salmo 6.9). “Clamou este aflito, e o Senhor o ouviu e o livrou de todas as suas tribulações.” (Sl. 34:6).


2) Somente Deus nos proporciona estabilidade eficaz (vs. 2)

O salmista Davi se expressa em termos metafóricos: Tremedal de lama – um lamaçal, lugar extremamente escorregadio. A ideia relaciona-se com um viver sem estabilidade, cheio de escorregões e tropeços. Definitivamente, um lamaçal não é um terreno estável para caminharmos. Na paráfrase que Eugene Peterson escreveu sobre este versículo, lemos o seguinte: “Ele me ergueu do fosso, tirou-me do fundo da lama. Ele me pôs sobre uma rocha sólida para se assegurar de que eu não escorregaria.” O Senhor não quer que andemos tropegamente, de tombo em tombo, como ébrios. Ele nos proporciona estabilidade eficaz, para que o nossos passos sejam resolutos, firmes e constantes. Por isso o salmista utiliza a figura da rocha, que oferece segurança para um caminhar estável.

A palavra traduzida como poço, pode ser também traduzida como cisterna ou fosso, um buraco que retém água. Quando não havia mais água ficava apenas o lamaçal e lodo. Foi a mesma palavra utilizada em Jeremias 38:6: “Tomaram, então, a Jeremias e o lançaram na cisterna de Malquias, filho do rei, que estava no átrio da guarda; desceram a Jeremias com cordas. Na cisterna não havia água, senão lama; e Jeremias se atolou na lama.”

Na conclusão do Sermão do Monte, Jesus se utiliza de mais uma ilustração para esclarecer o Seu ensino. Ele fala sobre dois homens que resolveram edificar casas. Uma casa foi edificada sobre a rocha e outra sobre a areia. Os terrenos contrastam estabilidade X instabilidade. A obediência aos ensinos de Cristo é o ponto-chave. Obedecendo ao Senhor podemos nos manter de pé, sem escorregar nas armadilhas pecaminosas da vida e firmados de maneira a não cair diante das tempestuosas pressões do mundo.

Como fruto da ação de Deus, o crente deve ser alguém que goza de equilíbrio em seu viver. Neste mundo instável em que estamos inseridos, o relacionamento maduro e sincero com o Senhor nos estabiliza. As emoções e sentimentos humanos são instáveis e flutuantes por natureza. Não devemos confiar em nossos sentimentos, pois quando eles dominam trazem desequilíbrio a nossa vida. Por meio da Palavra de Deus podemos desfrutar de estabilidade na vida e firmeza nas decisões que tomamos. Obedecer aos princípios das Escrituras e viver à luz dos Seus ensinos é o método que Deus utiliza para estabilizar os nossos passos e firmar nossos pés. Se você tem andado de forma vacilante, sem constância e sem firmeza, é um forte indicativo de sua precária situação espiritual.


3) Somente Deus nos proporciona ânimo eficaz (vs. 3a)

O salmista entendeu que apenas Deus é a fonte do ânimo legítimo (vigor espiritual e coração ardente) para as expressões de louvor e adoração. O salmista Davi é direto em sua declaração: “Deus me pôs nos lábios um novo cântico.” Ele não era movido por motivações vazias e ineficazes. O texto diz expressamente que é Deus quem coloca em nossos lábios um novo cântico, pois afinal somente Ele é a fonte real de vigor e regozijo verdadeiros, que enche os corações dos remidos de maneira plena e eficaz. O novo cântico não se refere propriamente a um hino que nunca foi cantado antes, mas a um vigor renovado em louvar ao Senhor Deus, que é o agente motivador do verdadeiro fervor e da alegria do cristão. Sabedores disto, o nosso coração transbordará de santa alegria, por entendermos quem Deus de fato é. Precisamos de ânimo que comece na pessoa do próprio Deus, porque este ânimo não está restrito à volatilidade das circunstâncias pelas quais passamos neste mundo.

Foi o que aconteceu, por exemplo, na vida de Paulo. Ele era um servo movido pelo ânimo que o próprio Deus lhe outorgava continuamente. A alegria é a tônica da carta aos Filipenses. Paulo alegrava-se no Senhor, porque Deus era a única fonte do Seu ânimo e vigor. Por isso ele exortou os irmãos de Filipos a desfrutarem desta alegria em Deus, o provedor de graça e bondade sempre abundantes. O profeta Isaías também soube perceber que a real fonte de regozijo e ânimo é o Senhor. Ele escreveu: “Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus; porque me cobriu de vestes de salvação e me envolveu com o manto de justiça” (Is. 61:10).

Se a nossa vida é marcada por bocejos e fracas expressões de louvor a Deus, temos um forte indicativo que não estamos desfrutando de comunhão genuína com o Senhor. O cristão não deve ser motivado por razões menores. Ele precisa somente desfrutar da presença renovadora do Senhor, que revigora de fato o coração. A comunhão com Cristo não deixará os nossos corações e lábios vazios de louvor autêntico. Não vamos precisar que algum programa especial da igreja nos traga ânimo, ou que o dirigente do culto crie artíficios para animar os irmãos. Olhar para Cristo e desfrutar da Sua graça diariamente nos anima a prosseguir louvando ao Senhor com júbilo.

Meu caro irmão, o que tem roubado o seu ânimo para louvar a Deus? O pecado nos paralisa e consome nosso ânimo (Sl. 32: 3,4). Ele impede nossa plena realização na vida. Por conta do pecado não confessado e abandonado, entramos numa espiral descendente e ficamos desanimados na jornada. Por isso a oração de confissão é tão necessária. Nós não podemos acumular lixo pensando que não nos fará mal nenhum. Deus requer dos seus servos atitudes contra o pecado, que rouba o nosso ânimo e vigor para adorá-Lo em espírito e em verdade. O perdão concedido por Deus é fonte de ânimo real no coração do crente. Somos frutos da Sua misericórdia e graça, portanto, o nosso louvor nasce na pessoa do próprio Deus.

Que possamos desfrutar dos benefícios que o Senhor nos outorga por Sua graça. Ao desfrutar destes benefícios estamos na verdade cultivando o nosso relacionamento com Ele e crescendo em santificação. Estes benefícios com os quais o Senhor nos agracia são preciosos e não podemos deixar de agradecer por cada um deles. Como o nosso Deus é dadivoso! Faz parte da Sua essência beneficiar os Seus filhos. São benefícios que servem como testemunho para outras pessoas das maravilhas que o Senhor efetua em nosso viver.

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