sexta-feira, 16 de maio de 2014

Fraco para com os fracos…

Alguns conceberam uma filosofia pragmática nas palavras do apóstolo Paulo em 1 Coríntios 9.20-23:

Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus; para os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei. Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse, não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os que vivem fora do regime da lei. Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns. Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador com ele.

Paulo estava falando de sua paixão por conquistar os perdidos a qualquer custo, até mesmo o extremo sacrifício pessoal. O versículo 19, que introduz esta seção, diz: "Sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos". Ele não estava advogando que devemos retalhar a mensagem a fim de remover o escândalo da cruz (Gl 5.11). Paulo não teria endossado a tendência atual de substituir a pregação firme por música, drama ou outros entretenimentos que não envolvem constrangimento ou confronto. Nesta mesma epístola aos coríntios, ele escreveu: "Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação" (1 Co 1.21).

Isso é o oposto da tendência atual, na qual encontramos a sabedoria mundana e os entretenimentos carnais substituindo a proclamação da Palavra de Deus e sendo usados como meios de evangelização.

Paulo lembrou aos coríntios que ele mesmo havia sido exemplo para eles: "Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado" (1 Co 2.1-2). Ele conservou sua mensagem simples, franca e direta, deixando a Palavra de Deus penetrar os corações deles em vez de tentar convencê-los com engenhosidade e exibição.

Paulo não queria que sua maneira de falar, seu comportamento pessoal, suas maneiras sociais ou quaisquer outras coisas externas fossem pedras de tropeço para ninguém a quem ele estivesse ministrando. Paulo evitou, a todo custo, ofender desnecessariamente a quem quer que fosse; isto é, ele se tornou "tudo para com todos" os homens (1 Co 9.22).

Porém, uma coisa que Paulo nunca teria feito, a fim de evitar escândalo, era amenizar ou alterar a mensagem do evangelho. De fato, suas palavras mais severas foram uma maldição pronunciada sobre qualquer um que, por amenizar ou alterar, modificasse a mensagem do evangelho (Gl 1.8). Paulo reconheceu que a mensagem da cruz, em si mesma, é uma enorme pedra de tropeço para os incrédulos (Gl 5.11; Rm 9.32-33; 1 Co 1.23), mas não deixou de proclamá-la com ousadia (At 19.8; Ef 6.19). Condenou categoricamente pregadores que com sua mensagem produzem coceiras nos ouvidos (2 Tm 4.3-5).

Então, é certo que não acolheria, por um momento sequer, a sugestão de que a mensagem do evangelho pudesse ser adaptada com o propósito de satisfazer as inclinações egoístas e carnais das pessoas. Paulo não suportaria os que acham que devem vencer a resistência e a incredulidade das pessoas por meio de uma nova maneira de apresentar o evangelho ou por omitir as exigências mais árduas do evangelho. Ele sabia que tal abordagem produziria muitos falsos convertidos.


John MacArthur
Extraído do Livro: NOSSA SUFICIÊNCIA EM CRISTO

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