quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Fábrica de ídolos


“O coração humano é uma fábrica de ídolos”, escreveu Calvino. “Cada um de nós é, desde o ventre materno, perito em inventar ídolos”. De fato, diariamente enfrentamos tentações para criar ídolos, nos quais depositamos nossa esperança. Esta esperança e confiança, em qualquer outra coisa, que não Deus, é a essência da idolatria. Ken Sandle escreve: “Em termos bíblicos, um ídolo é alguma outra coisa, que não Deus, na qual empregamos nosso coração (Lc.12:29, 1 Co. 10:6), que nos motiva (1 Co. 4:5), que nos controla ou governa (Sl. 119:133), ou a qual servimos (Mt. 6:24)”. Como Richard Keyes salienta, a idolatria é extremamente sutil e penetrante: “Toda sorte de coisas são ídolos em potencial, dependendo somente, das nossas atitudes e ações concernentes a elas. Idolatria pode não envolver negações explícitas da existência de Deus ou de Seu caráter. Ela pode vir também, na forma de um afeto excessivo a algo que é, em si mesmo, perfeitamente lícito. Um ídolo pode ser um objeto físico, uma propriedade, uma pessoa, uma atividade, uma posição, uma instituição, uma esperança, uma imagem, uma ideia, um prazer, um herói, qualquer coisa que possa substituir Deus”.
Nas Escrituras, observamos que os postes-ídolos que serviam para adoração pagã deviam ser derrubados. Os ídolos de todos os matizes que roubam a devoção de nossa mente, também precisam ser postos abaixo, pelo poder santificador da Palavra de Deus mediante o Espírito Santo. Não há verdadeira alegria e honestidade no culto prestado ao Senhor enquanto alimentarmos a devoção a ídolos no coração, nutridos por desejos desordenados e por pensamentos contrários à submissão a Cristo.
Se estamos dispostos a pecar contra o Senhor para conseguir algo, se pecamos para preservar isto ou se ficamos desapontados com a vida e com Deus se perdermos este objeto de afeição, indubitavelmente estamos diante de um ídolo. Quando um desejo, mesmo por algo não naturalmente mal em si mesmo, se torna um ídolo? Como posso determinar se eu quero alguma coisa exageradamente? Não é difícil de saber. Se esta coisa me é negada, o que acontece no meu coração? Continuarei, resolutamente, a procurar conformidade com Cristo ou me cercarei de autopiedade, amargura, malevolência ou queixumes (os quais, no fim das contas, são direcionados a Deus)?
A resposta sincera a estas questões apontará a qualidade da devoção que tanto professamos em cânticos congregacionais ou até proferimos em nossas orações particulares. Deus nos ordenou nas Escrituras a confiar somente nEle, o Único Soberano, como fonte suprema da realização de todas as coisas. Fora desse propósito continuaremos andando em círculos, sem avanços efetivos na corrida cristã e devotados a ídolos vãos e inúteis. Observemos atentamente o imperativo bíblico, na primeira epístola de João: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos”!


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