segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A fonte da alegria verdadeira

Os salmos 120 a 134 formam uma coleção distinta no Saltério. Esses salmos eram cânticos frequentemente usados (depois do retorno do exílio) pelos adoradores que subiam a Sião para os três grandes festivais do ano judaico. Talvez fizessem parte de uma coletânea de bolso, que os peregrinos levavam consigo no caminho para Jerusalém, subindo em direção ao monte Sião, e por isso eram chamados também de cânticos de romagem.

Neste contexto, o salmo 126 transborda alegria e júbilo. Este salmo é notável porque dele fazem parte o riso, a alegria, o regozijo e o cântico em caráter proeminente. Observamos neste texto um celebrar magnífico da alegria em Deus. Em quase todos os versículos há palavras que se referem ao júbilo, alegria e prazer. Não sabemos quem escreveu este salmo, mas há indícios de que foi alguém que experimentou a tristeza do cativeiro na Babilônia, e então expressa de forma efusiva a alegria de estar de volta a sua terra. No salmo 137, no entanto, nota-se uma tristeza profunda, porque os exilados estavam em terra estranha, e não tinham ânimo para cantar os cânticos de Sião. Mas o salmo 126 serve como um contraste muito forte, depois do retorno do cativeiro (note Isaías 35:10).

A alegria é a própria essência do evangelho. Em Lucas 2:10, os anjos anunciaram aos pastores: “Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” Em João 15:11, Jesus Cristo fala aos discípulos, depois de explicar que Ele era a videira verdadeira: "Tenho-vos dito estas coisas para que o meu gozo esteja em vós, e o vosso gozo seja completo." Esta palavra que foi traduzida ccomo completo, tem o sentido de “preencher até a borda, até que nada falte para completar a medida.” GOZO, no original significa: Alegria, plena satisfação. É interessante notar que um dos frutos do Espírito, citados em Gálatas 5, é exatamente a alegria. A carta de Paulo aos filipenses é conhecida como a epístola da alegria, pois o apóstolo exorta os leitores à alegrarem-se no Senhor. Billy Sunday escreveu: “Se você não tem alegria na vida cristã, existe vazamento em algum lugar de seu cristianismo.” Nosso viver deve ser um testemunho constante da alegria de um redimido – pois fomos comprados pelo sangue de Cristo.

O mundo em que vivemos entende alegria de uma forma totalmente equivocada. E esta forma de entender o que é alegria tem invadido até as igrejas. Há uma confusão entre alegria e euforia, e o que se vê hoje em muitos redutos evangélicos não passa de euforia, uma explosão de emoções descontroladas e desordenadas. Hoje a reverência deu lugar a cultos desprovidos de qualquer senso de temor, nos quais os fiéis são levados a experimentar emoções sem o uso da razão. Mas a verdadeira alegria, que brota de um relacionamento de comunhão com Deus, não é percebida no dia a dia de muitos cristãos. Observamos crentes descontentes com suas vidas e lamuriando pelos cantos, sem a menor condição de ajudar outros porque estão presos numa masmorra em que falta propósito e prazer.

Em que está a razão da sua alegria? Qual a fonte da sua alegria? Por que será que muitas pessoas já perderam a alegria de viver? Neste Salmo 126, no qual observamos o júbilo dos peregrinos e sua forte expressão de regozijo, há lições muito importantes sobre a verdadeira alegria na vida do cristão, que é também é um peregrino neste mundo (I Pe. 2:11). Somos exortados neste salmo a identificar a fonte da verdadeira alegria. Como peregrinos neste mundo, devemos reconhecer que a alegria verdadeira tem sua fonte somente em Deus.

Mas quando digo que o cristão deve reconhecer esta verdade, não quero me restringir a um mero reconhecimento intelectual/mental. Refiro-me a um reconhecimento prático, no dia a dia, na lutas diárias, nos vales e montes, nas situações menos favoráveis ou nos grandes desafios. Até pensamos nesta verdade em nosso momento de oração, quando entregamos a Deus nossas tristezas, mas não devemos entregar os pontos quando os testes surgem na vida. Este tipo de reconhecimento não é o que a Bíblia nos convoca a ter.

Como peregrinos neste mundo, muitas vezes seremos provados neste quesito. E teremos que responder em muitas ocasiões: Quem é a fonte da minha alegria? Quem é que satisfaz plenamente minha busca por satisfação? Que possamos responder com júbilo ainda maior que a nossa alegria tem sua fonte somente em Deus



MARCOS AURÉLIO DE MELO
Baseado no Salmo 126

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