sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O Deus dos impossíveis

Os setenta anos de cativeiro trouxeram cicatrizes profundas para o povo de Israel, muitas dores e tristezas. É interessante observar que a promessa de regresso já tinha sido feita (Jr. 30: 17-19), mas o povo não confiou que isto seria possível diante de tantos fatores contrários que se mostravam em redor. No Salmo 126 logo no primeiro versículo há uma constatação da enorme alegria que o regresso causou em todos: “ficamos como quem sonha” (eles estavam maravilhados). Notem ainda a repetição do termo “grandes cousas” (magníficas), que serve para destacar ainda mais esta dádiva recebida das mãos do Senhor. Até as outras nações deram testemunho da mão de Deus atuando em favor do seu povo. Quando os edificadores lançaram os alicerces do templo, os levitas louvaram ao Senhor, cantando a Sua bondade e misericórdia (Ed. 3:10). Era um motivo mais do que especial para a alegria contagiante. Esta alegria diante da restauração se deu porque o povo de Israel estava totalmente sem perspectivas na Babilônia, e não havia nenhum alento no coração diante das impossibilidades.

O povo tinha passado setenta anos no cativeiro babilônico e agora estava de volta a sua terra natal. Este milagre foi uma obra operada na íntegra pela mão de Deus. O Senhor moveu líderes de impérios (Medo-Persa, Persa) para cumprir o seu propósito de fazer regressar os exilados, como por exemplo: Ciro, Artaxerxes. Ciro, rei da Pérsia, expediu um decreto que autorizava o povo judeu a ir até a sua terra natal. Em Isaías 44:28, está escrito que Ciro é um pastor que cumprirá tudo o que estiver nos planos de Deus. O Senhor também levantou líderes do povo para conduzir este processo como Neemias, Esdras, Zorobabel e Mordecai (Esdras 2:2).

O nosso Deus é um Deus de impossíveis. Quando ficamos frente a frente com situações aparentemente sem solução, o Senhor graciosamente nos oferece livramento. Foi assim várias vezes na história do povo de Deus. Por exemplo, foi assim com José que estava preso por motivos injustos, mas foi elevado à posição de ministro do Faraó para cumprir os propósitos de Deus. Foi assim com o povo de Israel diante do Mar Vermelho, que viu o exército inimigo se aproximando sem uma possibilidade de saída. Deus então faz o mar Vermelho se abrir, todos os israelitas passaram com pés enxutos e o exército egípcio morreu afogado. Foi assim com o exército de Israel, sem formação militar nenhuma, que foi vitorioso contra a fortaleza de Jericó. Foi assim com o jovem Davi, diante de um gigante aterrorizante, que confiou no Senhor dos Exércitos para obter a vitória. Diante da ameaça do povo judeu ser destruído por causa da astúcia de Hamã, Ester intercedeu junto ao rei Assuero, para trazer libertação ao seu povo (Ester 8:16). E quantas impossibilidades foram colocadas diante do Senhor Jesus! Nas bodas de Cana da Galiléia, faltou o vinho, mas da água Ele fez um vinho mais excelente do que o primeiro. Todas estas situações trouxeram grande alegria a todos que estavam envolvidos, porque Deus tem todo o poder para agir em favor dos que Ele ama. Lembre-se que uma impossibilidade aos olhos humanos não é uma impossibilidade aos olhos de Deus, porque os Seus propósitos se cumprirão. Mas é bom lembrar que não se trata de realizar os caprichos humanos (desejos distantes da vontade do Pai), mas os propósitos soberanos de Deus.

Diante das impossibilidades da vida podemos ter várias reações. A mais comum é lamentar e encontrar motivos para a lamúria. Estas situações aparentemente impossíveis geralmente sugam a alegria e satisfação do crente, mas não é este o propósito de Deus para os seus filhos. Diante das impossibilidades devemos reconhecer na prática que a fonte da nossa alegria está somente em Deus. O salmista Asafe escreveu: “Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra.” (Sl. 73:25).

Na grande maioria das vezes, os nossos olhos se voltam somente para as situações impossíveis e concentramos nossos esforços para tentar uma saída. No fundo isto é uma demonstração de orgulho, pois não é acompanhada de uma verdadeira alegria em Deus, que deve ser o nosso maior objetivo. Não se trata de masoquismo cristão, que é uma afronta ao nosso Deus, mas de reconhecer que a única fonte de nosso prazer está somente em Deus.

Precisamos encarar as nossas impossibilidades segundo um ponto de vista centrado em Deus, que é o Todo-poderoso e Soberano sobre nossas vidas. Os propósitos de Deus se cumprirão, mesmo que tenhamos que passar por vales da sombra da morte. Em nosso viver, teremos que lidar com situações que servem como teste para apontar onde está a nossa alegria. Como peregrinos neste mundo, a nossa alegria deve estar fundamentada em Deus, que opera maravilhas para cumprir os Seus planos soberanos. Uma das afirmações mais marcantes de toda a Bíblia nos vem do profeta Habacuque, Hb. 3: 17-18, que demonstra total alegria em Deus. Que possamos amadurecer a tal ponto de proclamar como Habacuque:


"Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; todavia eu me alegrarei no SENHOR; exultarei no Deus da minha salvação."

MARCOS AURÉLIO DE MELO


Nenhum comentário: