sábado, 12 de dezembro de 2009

Esperança para o futuro

"Restaura, SENHOR, a nossa sorte, como as torrentes no Neguebe."
Salmo 126:4

Como é possível haver torrentes no deserto? É possível imaginar uma corrente de águas impetuosas num lugar deserto? As torrentes do Neguebe era um fenômeno natural bastante famoso naquela região. O termo Neguebe, significa sul, ou deserto do sul. Ao redor deste deserto existem montanhas, onde se acumulam águas da chuva. Em determinada época do ano, as chuvas que caem nas montanhas descem irrigando o deserto. O que o salmista está pedindo é que assim como aquelas torrentes de água eram aguardadas pelos agricultores no pé da montanha com muita esperança, o que lhes dariam condições de plantio e provisão até a próxima safra, assim, o salmista deseja que eles sejam supridos abundantemente pelas bênçãos do Senhor. A esperança para um futuro cheio das bênçãos do Senhor é um marco importante neste salmo. Esta esperança só poderia ser confirmada pelo Senhor, na Sua soberana providência, e por isso, o salmista deposita toda a sua confiança no Senhor que dá provisão. A nação estava regressando e todos tinham muitas expectativas para esta nova etapa na sua terra de origem, mas somente confiando e se alegrando nas promessas de Deus o povo poderia olhar para o futuro com esperança.

Na época em que viveu o profeta Jeremias, ele falou sobre as esperanças para o futuro daquele povo que estava na Babilônia. Embora estivessem no cativeiro, Deus tinha planos para trazê-los de volta a terra (veja Jeremias 31:17). Esta esperança para o futuro deveria impactar a vida dos filhos de Israel ainda cativos e também depois de libertos. Deus cumpriria os seus propósitos de restaurar aquela nação depois do período de disciplina. A NVI traduz muito bem o texto hebraico em Jeremias 29:11: “Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês', diz o Senhor, 'planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro’.” Em momento algum do cativeiro Deus deixou os filhos de Israel sem esperança, mas eles tinham que confiar que os planos do Senhor eram melhores e mais abrangentes. É Deus quem conhece os planos que serão úteis para o crescimento de seus filhos, e por isso devemos nos alegrar em Deus a cada dia.

A alegria invade o nosso viver quando confiamos que somente Deus é quem pode nos dar esperança para o futuro. Nós não temos a menor condição de saber o que acontecerá nos próximos dias da nossa vida, não sabemos o que esta semana nos reserva, mas podemos nos alegrar em saber que Deus tudo conhece, e tudo faz como Lhe agrada. Precisamos depositar confiança na misericórdia do Senhor por nossas vidas e seguir alegremente quando parecem faltar motivos para ter esperança. No livro dos Lamentos nota-se um lampejo magnífico da esperança que nutria Jeremias, em Lm. 3: 21-23: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não tem fim; renovam-se a cada manhã.”

Nós não somos donos do nosso futuro. Devemos fazer planejamentos, traçar alvos e metas, mas não devemos esquecer que o nosso futuro está nas mãos do Senhor. E somente Ele pode confirmar Sua boa, agradável e perfeita vontade sobre as nossas vidas. Nós muitas vezes oramos e já enfatizamos que resposta de oração Deus deve nos dar. Pensamos que Deus está no céu esperando talvez uma sugestão para começar a agir, mas esta forma de pensar está muito distante do ensino bíblico. Em Pv. 19:21, lemos: “Muitos propósitos há no coração do homem, mas o desígnio do Senhor permanecerá.” Nós não estamos lidando com alguém semelhante a nós (falível), que pode errar nos seus desígnios. Devemos reconhecer que a nossa alegria tem sua fonte em Deus, porque somente Ele é quem pode nos dar a verdadeira esperança para o futuro.

Paulo faz uma observação muito importante sobre a esperança do Cristo e sua relação com a alegria. Escrevendo a respeito da ressurreição, ele afirma: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.” Observe que a esperança do cristão deve estar além desta vida, num lar eterno onde iremos habitar para sempre como o Senhor. Saber disso deve nos encher da verdadeira alegria. No final de sua epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo lembra aos seus leitores: “E o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo” (Rm 15.13).

Quantos já perderam sua alegria porque deixaram de ter esperança para o futuro! Muitos vivem apenas o aqui e o agora, sem se importar com o amanhã. Quem não tem esperança para o futuro não pode se alegrar plenamente. E quem não se alegra em Deus não pode viver em dependência constante, confiando que os planos de Deus para o futuro são melhores e mais valiosos.


MARCOS AURÉLIO DE MELO
Estudo baseado no Salmo 126

Um comentário:

c a s a n a r o c h a disse...

Olá, realmente a cristandade perde esperança quando esquece que a verdadeira vida é celestial, que a nossa pátria está nos céus. Aqui na terra vivemos como se não fôssemos daqui. Mas quando os crentes começam a olhar para as coisas que são de baixo, começam a perder a esperança. Se a nossa esperança se resume só a essa vida somos os mais miseráveis dos homens. Devemos olhar para o reino, para a pérola de grande valor, e não para os tesouros da terra que o ladrão rouba e a traça corrói.