sábado, 3 de janeiro de 2015

O fracasso de Pedro


Todos conhecem a narrativa bíblica que apresenta o discípulo Pedro como aquele que negou a Jesus por três vezes numa mesma noite antes que o galo cantasse. É interessante notar que os quatro evangelhos registram este pecado de Pedro. Ele tinha um papel de liderança entre os demais discípulos e por conta da sua personalidade muitas vezes se precipitava tanto em palavras quanto em atitudes. Pedro era o tipo de pessoa que não pensa muito antes de falar, ele assumia riscos sem refletir seriamente no que estava dizendo. Na noite em que Jesus estava reunido com seus discípulos pela última vez, Pedro fez uma ousada declaração de fidelidade ao Mestre: “Ainda que todos te abandonem, eu nunca te abandonarei!” Pedro pensava que era melhor do que os outros, mas Jesus lhe disse que seria mais covarde do que todos. Aquele discípulo aparentemente destemido O negaria três vezes naquela mesma noite. O fracasso de Pedro pode ser explicado porque ele confiou demais em si próprio.

Mas é importante destacar que o fracasso de Pedro aponta também para a misericórdia de Deus. Os fracassos em nossa trajetória não são o ponto final. Deus muitas vezes utiliza-se de nossos fracassos para realçar ainda mais o poder d’Ele em nos moldar de maneira que traga glória ao Seu nome. A maravilhosa verdade do evangelho é que o nosso pecado aponta que carecemos de Cristo, o Salvador, todos os dias da nossa vida.

O escritor Dave Harvey, no livro Resgatando a Ambição, faz uma bela observação com base no fracasso de Pedro.

“O evangelho nos mostra que Jesus escolhe os que são fracassos para demonstrar a Sua glória. Pedro negou a Cristo três vezes e fugiu dele no momento de sua maior necessidade. Era um fracasso como discípulo e como amigo. O evangelho não faz sentido para aqueles que não se enxergam no fracasso de Pedro. Aqueles que não são fracassos não têm necessidade de boas novas. Jesus mesmo disse: “Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores” (Marcos 2:17). Somos pecadores, portanto, falhamos e fracassamos.”

Quero deixar duas orientações práticas com base neste episódio na vida de Pedro. Primeiro, não devemos confiar em nossas próprias habilidades orgulhosas. É muito fácil contar vantagens sobre nós mesmos, porque gostamos de ser o centro das atenções quando tomamos alguma atitude nobre. Mas devemos ser cautelosos para não confiarmos em nossa força, sabedoria, ou estratégia. Tudo o que somos e o que fazemos, o somos e o fazemos pela força que Deus supre. É sempre Ele quem nos supre com os recursos necessários para a vitória. Nunca devemos deixar brechas para o orgulho do nosso coração enganoso. Segundo, os fracassos de nossa jornada não podem ser vistos como o fundo do poço, quando não há mais esperança. De forma alguma! Deus restaura vasos quebrados que humildemente confiam em Sua graça, para usá-los de maneira extraordinária conforme os Seus planos soberanos. É só lembrarmos que o discípulo Pedro foi grandemente usado por Deus para expansão da Sua igreja. O Senhor é especialista em nos dar esperança real mesmo quando tudo desmorona em nossa volta. Ele é o restaurador fiel de corações contritos e arrependidos.

A pregação do cristianismo genuíno deve sempre iniciar com o fracasso do homem que não consegue agradar a Deus por si próprio. O homem não tem qualificações para entrar na presença do Senhor e ser-lhe aprazível. Somente por meio da obra redentora consumada mediante o sangue de Cristo, é que podemos ter acesso ao Pai sem restrições. Isto é pura graça, isto é o evangelho!

 

Programa Viva com Cristo
Estudando os personagens bíblicos

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