sábado, 30 de agosto de 2014

A mensagem de arrependimento

Evidentemente, desde o começo até ao fim do livro de Atos, o arrependimento era o apelo central da mensagem dos apóstolos. O arrependimento que eles pregavam não era apenas uma mudança de mente a respeito de quem era Jesus. Era um abandono do pecado (At. 3:26; At. 8:22) e um voltar-se ao Senhor Jesus Cristo (At. 20:21). Era o arrependimento que resulta em mudança de comportamento (At. 26:20). A mensagem apostólica não parecia em nada com o evangelho do não-senhorio que tem alcançado popularidade em nossos dias.

Fico profundamente preocupado quando vejo o que está acontecendo na igreja hoje. O cristianismo bíblico perdeu sua voz. A igreja está pregando um evangelho idealizado para confortar, e não para confrontar pecadores. As igrejas têm recorrido a divertimento e entretenimento para tentar conquistar o mundo. Esses métodos podem atrair multidões por um tempo, mas não são os métodos de Deus e, portanto, estão destinados ao fracasso. Enquanto isso acontece, a igreja está sendo infiltrada e corrompida por crentes professos que nunca se arrependeram, nunca se converteram de seus pecados e, portanto, nunca abraçaram, realmente, a Cristo como Senhor ou Salvador.

Devemos retornar à mensagem que Deus nos chamou a pregar. Precisamos confrontar o pecado e chamar os pecadores ao arrependimento — a uma interrupção radical do amor ao pecado e a buscarem a misericórdia do Senhor. Devemos mostrar Cristo como Salvador e Senhor, como aquele que livra seu povo da punição e do poder do pecado. Afinal, esse é o evangelho que Ele nos chamou a proclamar.

John Macarthur, no livro O Evangelho segundo os apóstolos.

domingo, 24 de agosto de 2014

O valor da misericórdia

O livro de Provérbios nos apresenta lições para um viver sábio. E para termos um viver sábio é necessário que entendamos o valor da misericórdia, em prol dos que padecem e precisam da ajuda que podemos dar. Em Pv. 19:22 lemos o seguinte: "O que torna agradável o homem é a sua misericórdia." A misericórdia é uma virtude ausente da nossa sociedade. Neste mundo o que impera é a força bruta, que não respeita o próximo e traz grande sofrimento ao que já está em situação ruim. Em Pv. 21:10 lemos: "A alma do perverso deseja o mal; nem o seu vizinho recebe dele compaixão." Os telejornais, programas de rádio e revistas trazem sempre matérias sobre a falta de misericórdia com o sofrimento alheio. Não faz muito tempo, um homem que andava de bicicleta foi atropelado e teve o seu braço arrancado. O motorista não prestou nenhum socorro e ainda jogou o braço que poderia ser reimplantado num córrego da região. Este é o cenário deste mundo sem misericórdia.

É óbvio que não podemos esperar de pessoas ímpias que não experimentaram a graça de Deus, o exercício da misericórdia em sua forma pura e sem intenções pecaminosas. A misericórdia não é uma virtude natural do homem. O homem em sua natureza é mau, cruel, egoísta, vingativo e incapaz de exercer uma misericórdia verdadeira. Mas os cristãos precisam acordar do sono em que estão para exercer a misericórdia no seu dia-a-dia. Afinal, todo crente foi alvo da misericórdia de Deus, e portanto, deve espalhar as sementes de graça e bondade, onde quer que ande visando sempre a glória do Senhor.

Com base no valor que ela tem, é impotante tratar sobre três aspectos da misericórdia, sob o ponto de vista bíblico:

1) MISERICÓRDIA NÃO É COMPLACÊNCIA COM O PECADO:

Quando alguém está em pecado, o cristão deve aproximar-se com temor e tremor, para agir com misericórdia. Mas isto não significa que o cristão deve concordar com o caminho errado e nem apoiar aquele que está em rebeldia contra Deus. Jesus exerceu misericórdia em tratar os pecadores, mas em momento algum concordou com práticas que estivessem fora do padrão de Deus. O exercício da misericórdia exige do cristão que ele sonde diariamente o seu coração, para que assim possa ter condições de ajudar outros que estão enlaçados pelo pecado. Isto quer dizer, que é necessário primeiro tirar a trave, tratar o que nos impede de enxergar claramente, e assim teremos condições de confrontar biblicamente alguém que precisa de misericórdia, não de complacência.

Paulo escrevendo aos Efésios diz assim: "E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as" (Ef. 5:11). Não é prova de bondade passar a mão na cabeça do pecador e dar-lhe acolhida enquanto permanece em rebeldia contra o Senhor. Isto é cumplicidade com o erro, que trará sérios prejuízos para o reino de Deus. Agir com misericórdia é fazer com que o pecador entenda que está rumando em direção errada, sempre com o objetivo de restaurar o irmão que caiu. Isto sim, é prova de que estamos interessados na vida de alguém.

Deus requer do seu povo que a misericórdia mútua seja sempre cultivada, mas que este prática não se transforme em cumplicidade com o erro, pois isto certamente não resultará em vidas transformadas pela graça de Cristo.

O arrependimento na vida de uma pessoa marca um novo rumo, e devemos sim estender a destra de misericórdia para aqueles que se arrependem e desejam viver agradando a Cristo. Mas sem arrependimento e com a prática contínua do pecado, não devemos pensar que estaremos ajudando sendo cúmplices com o erro. Isto só traz desonra ao nome de Cristo.

2) MISERICÓRDIA NÃO É PRIORIZAR PROGRAMAS DE CARIDADE

Em nome do exercício da misericórdia muitas pessoas fazem obras de caridade, e usam recursos financeiros para ajudar os menos favorecidos. Isto não é de todo errado, mas o problema é quando estas atividades se tornam o foco central. Deus nos agracia com bens para que possamos abençoar a outras pessoas também, mas não podemos esquecer que a mensagem do Evangelho é inegociável. Não devemos atrair pessoas para nossas igrejas com promessas de cestas básicas ou com promessas de ajuda financeira, pois Cristo não está oferecendo estas coisas. O que Cristo requer de nós, seus embaixadores, é que preguemos a mensagem da cruz, que falemos sobre a condenação e sobre a obra graciosa de Cristo para nos libertar da escravidão do pecado. O evangelho de Cristo não pode ser diluídos a favor de obras de caridade. É comum ver muitas pessoas que são atraídas para uma igreja pelos programas sociais, mas não permanecem. Muitos não foram apresentados à mensagem central do Evangelho, ou quando entendem esta mensagem, rejeitam a fé cristã por causa o alto custo de ser um discípulo de Jesus Cristo.

Como cristãos, é fundamental que andemos em novidade de vida, e isto implica em sermos bondosos com aqueles que sofrem necessidades. Devemos prestar ajuda no que está ao nosso alcance, mas isto não significa que o evangelho deve ser diluído em função de caridade e obras sociais. O nosso papel como embaixadores de Cristo é levar ao mundo a redenção providenciada na cruz do Calvário, sem esmorecer e sem enfraquecer a mensagem. Uma igreja que se dedica apenas a obras sociais, sem o foco correto no evangelismo pessoal, pode criar nas pessoas alcançadas um falso senso de segurança. É necessário discipulado em profundidade, para que a misericórdia de Cristo seja vista e entendida por todos que nos ouvem. Isto sim, é o exercício correto da misericórdia: acima de tudo enxergar o ser humano como carente de alma, perdido e que precisa da graça divina. O pão da vida, que é Cristo, traz verdadeira satisfação à alma!

3) MISERICÓRDIA É COLOCAR-SE NO LUGAR DO OUTRO

É fácil sermos indiferentes. É muito fácil sermos apáticos. É só deixar a vida seguir seu rumo, sem nos importarmos com quem está a nossa volta. Mas quando somos alcançados pela graça de Cristo, é impossível olhar este mundo com os olhos secos. Constrangidos pelo imenso amor de Cristo, é impossível vivermos sem enxergar o sofrimento de pessoas ao nosso redor. Isto se torna mais evidente ainda quando nos colocamos no lugar do outro, e deixamos de lado nosso preconceito e arrogância infantil.

Ser misericordioso é estender a mão sem segundas intenções, e sem esperar receber nada em troca. É mostrar com atitudes que se importa com a situação do próximo, sem cumplicidade com o pecado e sem diluir a mensagem do Evangelho. Cristo nos deu vários exemplos de como sermos misericordiosos. Podemos pensar no episódio da morte de Lázaro, um amigo de Jesus. Ele sabia que Lázaro seria ressuscitado, e que o poder de Deus seria manifestado naquela situação de dor e sofrimento. Mas ainda assim Ele se compadeceu de toda a família e chorou junto ao túmulo de Lázaro. Chorar com os que choram é uma demonstração de misericórdia.

Certamente você convive com alguém que sofre, seja por debilidades físicas, emocionais ou espirituais. Eu sugiro que você, meu caro irmão, apresente a mensagem do Evangelho, a única esperança que há em Cristo Jesus, e mostre-se atento às necessidades mais profundas da alma desta pessoa. Coloque-se à disposição para sentir a dor desta pessoa e fazer o que está ao seu alcance para ajudar com os recursos materiais ou espirituais que Deus tem lhe dado. Seja um canal de bênçãos, por onde fluem ricas manifestações da misericórdia que alcançou o seu coração.


Devocional para o Programa Viva com Cristo
Dia 24/08/14

terça-feira, 12 de agosto de 2014

DECADÊNCIA MORAL E ESPIRITUAL

Texto: 1 Sm. 15: 1-31

I. Quando penso em decadência, a ideia que logo vem a minha mente é uma casa ou um prédio em ruínas. Recentemente, vi algumas fotos da casa que meus avós moravam no interior de Araripina. As fotos mostram as ruínas de uma casa grande que abrigou pessoas que hoje lá não vivem mais. Algumas paredes caídas, a ausência do telhado em vários cômodos, blocos espalhados pelo chão, compõem o cenário de um tempo que passou. A decadência de uma casa em ruínas também demonstra que não houve manutenção regular ou uma boa reforma. Ao longo dos anos, o efeito das chuvas, dos ventos e do sol forte contribui diretamente para deteriorar uma casa, e se não houver manutenção, em breve restarão somente ruínas. Porém, muito pior do que uma casa em ruínas, é a decadência da alma, é quando a nossa fé está em ruínas. Quando a alma está deteriorada pelo pecado não-confessado e não-abandonado, ela precisa de uma restauração urgente. A fé em decadência é um testemunho da nossa negligência e apatia para com os valores espirituais.

II. E por falar em decadência, o texto lido nos apresenta mais um episódio trágico na vida do obstinado rei Saul. As atitudes de Saul vão da negligência à rebeldia e comprovam um homem decadente, uma vida que desmorona cada vez mais, tanto do ponto de vista moral quanto espiritual. A história deste homem, escolhido para ser o primeiro rei de Israel, é repleta de contradições que minaram o seu reinado, marcado por inveja, orgulho e declínio.

Ao rei Saul coube a missão de exterminar os amalequitas, uma antiga tribo nômade descendente de Esaú (Gn. 36:12). Os amalequitas não eram um povo inocente. Este povo criou empecilhos para o povo de Israel. Quando os israelitas partiram do Egito rumo à terra prometida, eles foram atacados pelos amalequitas, conforme Dt. 25: 17-19. Foi um ataque covarde, feito pelas costas, aos abatidos e fatigados do povo de Israel. Então havia um justo juízo estabelecido por Deus para os amalequitas. Esta ordem não se tratava de um capricho de um Deus carrasco, mas do exercício da plena justiça do Senhor em prol da vindicação da Sua santidade e Sua glória.

Mas a missão confiada ao rei Saul não foi cumprida na íntegra. As palavras que Saul utiliza para responder a Samuel no texto lido testificam contra ele mesmo e comprovam a obstinação presente em seu coração. Saul era um homem teimoso e resistente à voz de Deus, e esta resistência o levou à decadência moral e espiritual.

“OS SINAIS DE REBELDIA CONTRA O SENHOR DENUNCIAM A NOSSA DECADÊNCIA MORAL E ESPIRITUAL”

· S. I. Com base no texto, que sinais de rebeldia contra o Senhor denunciam a nossa decadência moral e espiritual?

· S. T. Com base no texto, veremos quatro sinais de rebeldia contra o Senhor que denunciam a nossa decadência moral e espiritual.

Se estes sinais estiverem presentes em nosso viver, ficará patente a nossa decadência moral e espiritual. Lembrando que a decadência moral e espiritual não acontece de repente. Vamos checar nossas vidas à luz da Palavra de Deus, e notar se estes sinais também nos denunciam. Não há nada mais importante do que nos submetermos humildemente ao Senhor, para que os sinais de rebeldia não façam parte do nosso viver e nos levem a decadência moral/espiritual.


1) A ênfase na promoção da imagem pessoal (vs. 12, 24, 30)

“Já chegou Saul ao Carmelo, e eis que levantou para si um monumento”

“porque temi o povo e dei ouvidos à sua voz.”

“honra-me, porém, agora, diante dos anciãos do meu povo e diante de Israel”

É interessante notar o quanto Saul estava buscando ressaltar a sua imagem pessoal perante o povo. Ele queria ser admirado, lembrado e ovacionado pela multidão como um rei diferenciado, um rei acima da média.Ele queria que a sua imagem como rei ficasse em evidência, por isso fez tudo o que foi possível para não “sair mal na fita”. Saul poupou Agague, o rei dos amalequitas, para exibi-lo como troféu de guerra, uma forma de exibição da sua proeza e poder. Ao construir um monumento após o triunfo na guerra, Saul queria deixar um memorial para que fosse lembrado pela vitória contra os amalequitas (outros líderes ergueram altares, Saul ergueu um monumento). Poupar o melhor das ovelhas e bois certamente traria mais popularidade a Saul diante da massa, pois o povo não teria que ofertar dos seus próprios rebanhos. Depois de uma aparente confissão de pecado, muita rasa e descuidada, Saul ainda queria que Samuel o honrasse diante dos anciãos, para que ninguém suspeitasse que algum problema tivesse acontecido. Saul era um verdadeiro amante de sua imagem, um verdadeiro narcisista na concepção da palavra.

“O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente e o ouve muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em mim. Convém que ele cresça e que eu diminua” (João 3:29-30). Estas palavras foram ditas por João, o batista, um servo de Deus que entendia limpidamente qual o seu verdadeiro lugar. Ele não buscava popularidade e nem queria uma multidão o aplaudindo por onde passasse, pois não estava trabalhando em causa própria. Ele estava interessado somente em cumprir o seu papel dentro do plano de Deus: ser um precursor do Messias, e apontar para o Cordeiro de Deus.

Não é ruim quando a nossa imagem não é prestigiada porque seguimos a verdade bíblica e por termos posturas alinhadas com o que Deus requer de nós. Pelo contrário, isso é louvável. Mas quando valorizamos tanto a nossa imagem, a ponto de sermos desobedientes a Deus para preservá-la diante das pessoas, entramos numa espiral descendente. O amor pela impressão que as pessoas tem de nós e o amor pela popularidade tem sufocado muitos cristãos. Vance Havner disse que “a popularidade tem matado mais profetas do que a perseguição”.

Hoje muito esforço é feito para a promoção da imagem pessoal. Como diz uma propaganda: Imagem é tudo! Mas será que estamos cientes do perigo? Por conta de nossa natureza caída é muito fácil sermos iludidos pelo desejo de popularidade e de aceitação. À custa de princípios e valores espirituais muitos correm freneticamente em busca de aprovação. Você e eu tememos mais a desaprovação das pessoas, do que tememos a desaprovação de Deus? Precisamos dar testemunho da mudança que Cristo operou em nossos corações, independentemente do apoio de pessoas ao redor. Jesus mesmo advertiu os seus discípulos: “Ai de vós, quando todos vos louvarem! Porque assim procederam seus pais com os falsos profetas” (Lc. 6:26). Quando o mundo ímpio nos louva é sinal de que somos uma fraude! Neste mundo torto em que vivemos, as pessoas aprovam o que Deus desaprova e desaprovam o que Deus aprova. Portanto, muito cuidado com as concessões feitas em prol da aprovação e popularidade! Elas são sinais da nossa decadência moral e espiritual, e denunciam a nossa obstinação contra o Senhor.

2) A ênfase na motivação com aparência de piedade (vs. 15, 21)

“para os sacrificar ao Senhor, teu Deus”

“o melhor do designado à destruição para oferecer ao Senhor, teu Deus”

Justificar nossas atitudes com uma motivação “piedosa” é mais uma prova de nossa obstinação contra o Senhor. Saul apresenta a Samuel o motivo de ter poupado o melhor das ovelhas e bois. Ele enfatiza que o propósito era muito nobre: animais da melhor qualidade seriam oferecidos como holocausto ao Senhor. Esta motivação com aparência piedosa mostra que Saul era um homem cheio de estratégias para aliviar a sua barra. A ordem de Deus foi clara: tudo deveria ser destruído, pois os amalequitas tinha se tornado abominação ao Senhor; porém o rei Saul tinha planos para o seu próprio benefício: as reais intenções estavam associadas com a sua imagem e a sua própria glória. Para Saul, não custava nada pintar com um verniz de piedade a sua motivação egoísta. Há um contraste no texto: segundo o raciocínio de Saul o ritual de sacrifícios compensava a sua desobediência. Mas para o profeta Samuel, a obediência a Deus é sempre a forma mais sublime de sacrifício. Para um servo fiel, definitivamente, os fins não justificam os meios.

O relato sobre Ananias e Safira ilustra bem as motivações equivocadas com um verniz de piedade para tentar impressionar a homens e a Deus. Venderam uma propriedade e retiveram uma parte do valor, mas tentaram demonstrar uma generosidade tal como fez Barnabé. Ananias e Safira queriam impressionar os apóstolos, queriam transmitir uma imagem de supergenerosos. As reais motivações eram torpes, mas eles fizeram o possível para aparentar uma espiritualidade acima da média. Por conta disto, o fim deles foi trágico (At. 5: 1-11).

Muitos de nós pensamos que a vida cristã pode ser vivida com base em aparência de piedade. É um engano fatal. É como tapar o sol com a peneira: não traz nada de efetivo. O Senhor conhece o recôndito do nosso coração, e sabe na íntegra o que se passa em nossas mentes. Ele nos enxerga como “ovelhas sem couro”, tudo está claro e patente aos olhos d’Ele a Quem havemos de prestar contas. É verdade que Deus pesa as nossas ações, mas Ele também avalia profundamente as motivações com as quais agimos. A. W. Tozer escreveu: “Atos praticados por motivações vis são duplamente maus - maus em si mesmos e maus porque praticados em nome de Deus.”

Muitos conflitos são iniciados com base em motivações aparentemente piedosas. Há muita carnalidade revestida de piedade, inclusive dentro da igreja. Por exemplo, um irmão que se mostra disposto a cooperar com algum ministério motivado pelo “amor a Cristo” e pela “glória de Deus”, mas que não abre mão de suas preferências egoístas.

A piedade que demonstramos com os atos precisa ser um reflexo cristalino de motivações santificadas pela Palavra de Deus. Precisamos transmitir com clareza que a nossa fé não é uma fraude. Revestir nossas motivações egoístas com um verniz de piedade não contribui em nada para a aceitação destas motivações por parte do Senhor. Mesmo que a motivação seja piedosa, nossas atitudes de desobediência não passam despercebidas por Deus. As nossas boas intenções desonram a Deus quando não estão alicerçadas nas Escrituras. As boas intenções só podem ser consideradas boas se estão afinadas com os parâmetros do Senhor e em harmonia com os Seus mandamentos. Nenhum proveito há numa vida baseada em aparente piedade. Que possamos desistir de qualquer estratégia que objetiva enfatizar motivações com um verniz de piedade. Isto só realça a nossa obstinação contra o Senhor e um coração cheio de pecado.

3) A ênfase na negação de quaisquer pendências (vs. 13, 20)

“Bendito sejas tu do Senhor; executei as palavras do Senhor”

...pelo contrário, dei ouvidos à voz do Senhor e segui o caminho pelo qual o Senhor me enviou.”

No encontro com Samuel após a batalha contra os amalequitas, o rei Saul se dirige ao profeta com uma linguajar polido de calorosas boas-vindas. Saul apresenta o seu relatório: segundo a sua perspectiva ele havia executado cabalmente a missão que lhe foi confiada. Ele fala como se estivesse no automático, não querendo enxergar a realidade a sua volta. Mas o balido das ovelhas e o mugido dos bois denunciavam que esta versão dos fatos não era verídica. Contra fatos não há argumentos. Mesmo após o profeta declarar claramente “tu não atentaste à voz do Senhor”, o rei Saul rebate de modo categórico: Pelo contrário. É como se dissesse: “não é bem assim, eu fiz o que me foi solicitado, destruí os amalequitas”. Além disso, por duas vezes no texto Saul busca transferir a responsabilidade para os outros: “o povo tomou do despojo ovelhas e bois” (vs. 15 e 21). Em outras palavra: “eu não tenho nada a ver com isso”.

Certa feita perguntou-se a um cristão já idoso, que tinha passado por enormes dificuldades em sua vida, muitas delas como resultado direto de erros cometidos: “Que conselho o senhor daria a um jovem cristão que está começando a perceber as atrações deste mundo?” Aquele senhor de idade avançada refletiu um pouco e falou: “Eu diria: Meu filho, não importa a sua idade, não importa a sua inteligência, e nem o seu currículo. O que mais importa é que você não demore para aprender na Bíblia o que desonra a Deus, e quando errar não se faça de desentendido. Prosseguir adiante como se nada tivesse acontecido é agir como um tolo.”

A resistência em reconhecer prontamente o erro é um sinal muito forte de obstinação contra o Senhor, e nos leva a cometer muitos outros. Na Bíblia a expressão “dura cerviz” é uma ilustração para a rebeldia. Está relacionada com não reconhecer o erro, não dar ouvidos à instrução e não crer com inteireza no Senhor. Homens e mulheres de dura cerviz, quando confrontados mediante a Palavra de Deus, resistem em admitir que estão errados (Pv. 29:1). Preferem criar uma falsa sensação de segurança, sem dar real importância ao que precisa ser tratado.

Nunca, absolutamente nunca, é saudável fugir da realidade! Negar que existam pendências e criar um sistema ilusório de que tudo está bem é um caminho de decadência e fracasso certo. Quanto mais crescemos em santificação, maior a nossa percepção do pecado que tenazmente nos assedia seja em nossas atitudes, motivações ou pensamentos. Uma das evidências de que estamos crescendo em pureza é maior atenção ao que estorva a nossa caminhada com Cristo.

“Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1 Jo. 1: 8 e 10). Precisamos ser honestos e transparentes, assumindo a responsabilidade pelos pecados para que possamos lidar sabiamente com eles. O sábio Salomão escreveu o provérbio: “O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv. 28:13). O sentido primário da palavra neste contexto é esconder, ocultar, apagar, criar mecanismos para negar a existência. Não há avanço ou crescimento na vida cristã enquanto o pecado não é reconhecido.

Não há paz para os rebeldes! Não há paz para quem ignora o pecado em seu próprio viver e não admite imediatamente as pendências que existem no seu relacionamento com o Senhor. Deus requer que os Seus filhos não transijam com o erro, e quando errar que seja transparente.

4) A ênfase na atenuação displicente da culpa (vs. 25, 30)

“volta comigo, para que adore o Senhor”; “e volta comigo, para que adore o Senhor, teu Deus.”

Samuel surpreende o rei Saul com um veredito: “O Senhor te rejeitou para que não sejas rei” (vs. 23). Somente depois deste veredito é que Saul esboça uma caricatura de arrependimento. Mas o fruto do verdadeiro arrependimento é a pronta obediência. Como passo inicial, Saul deveria concluir a missão aniquilando os rebanhos dos amalequitas e matando o rei Agague. Mas ele nem comenta sobre isso. Ele se mostra disposto a adorar ao Senhor, como uma forma de aliviar sua consciência culpada, pelo veredito que acabou de ouvir. Este foi um ato de adoração “para cumprir tabela”, feito pela pressão da culpa, oferecido de forma displicente/descuidada/negligente (faz-de-conta). A adoração, para Saul, não era um meio de relacionar-se com Deus e alegrar-se nEle. Era um meio egoísta de procurar alívio rápido para a sua consciência. Ele desejava “limpar a sua barra” diante de Deus, atenuando o peso que lhe sobreveio por ter sido desqualificado como rei. Mas com Deus não existem negociatas/barganhas. O Senhor não aceita compensações. Se homem não se dobrar, a adoração que presta a Deus é sem valor.

Uma pesquisa recente indicou que 89% dos brasileiros tomam algum tipo de analgésico, quando sentem dor de cabeça de qualquer intensidade. Segundo especialistas em cefaleia, o uso indiscriminado de analgésicos comuns pode piorar as crises. Parece paradoxal, mas um remédio que deveria aliviar o sintoma, pode agravá-lo. O alívio causado por tais medicamentos, quando usados indiscriminadamente, cobra seu preço levando a um aumento na frequência de crises. O tratamento correto de dores de cabeça frequentes exige um diagnóstico preciso do tipo de dor, para que sejam adotadas medidas preventivas, e não somente paliativas.

A consciência é serva de Deus para nos orientar ao caminho correto, nos levando a discernir o certo e o errado. Ela funciona como um sistema preventivo de alerta. Mas a consciência pode ficar cauterizada pelo uso de artifícios para atenuar o sentimento de culpa por pecados cometidos, principalmente quando as consequências trazem grande incômodo para o nosso ego. Não apenas a prática rotineira do pecado entorpece a consciência, mas também o modo errado que escolhemos para tratar o nosso coração quando pecamos. Certamente, não tratar o que precisa ser tratado à maneira de Deus, só vai piorar a nossa situação.

Sem contrição verdadeira e coração quebrantado do adorador, nenhum ato de adoração é válido e aceitável aos olhos do Senhor (Salmo 51:17). Tiago nos ensina a não sermos superficiais neste processo de restauração: “Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração. Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em tristeza. Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará” (Tg. 4:8-10). O nosso coração precisa e deve ser tranquilizado pelos meios de graça corretos, quando reconhecemos a feiúra do nosso pecado. Isto não nos isenta da reparação necessária (Saul não se mostrou pronto a aniquilar o rei Agague e nem os rebanhos que foram poupados dos amalequitas).

Vir à igreja, reunir-se com o povo de Deus, entoar louvores a Cristo, meditar e estudar a santa Palavra, orar e manter comunhão com Deus (mediada por Cristo), o compromisso com algum ministério, o exercício dos dons espirituais, são privilégios inegáveis e tudo isso deve se constituir o nosso maior prazer. Mas quando fazemos isso com o objetivo de trazer um paliativo à nossa consciência culpada, sem confrontar seriamente o nosso coração pecaminoso, estamos apenas fazendo uso de “analgésicos”, que por fim vão trazer ainda maior endurecimento. Definitivamente, na relação com o Senhor não há espaço para medidas superficiais e paliativas.

 

Sermão Pregado em 03/08/14 – Igreja Batista Regular Jardim Amazonas

Os partidos na igreja de Corinto

A palavra “divisão” é a palavra grega cisma, cujo significado é rasgar um tecido. O que Paulo está dizendo é que havia na igreja algo como um tecido rasgado. E isso que eles estavam fazendo: rasgando a igreja! O apóstolo ordena à igreja: “[...] antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer” (1.10b). Paulo menciona quatro partidos dentro da igreja de Corinto: “Eu sou de Paulo, e eu, de Apoio, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo” (1.12). Por que quatro partidos dentro da igreja? Quais eram esses partidos?

Existia o Partido Liberal de Paulo, o PLP. O partido liberal de Paulo era certamente o partido dos fundadores da igreja. Paulo foi o fundador da igreja de Corinto. Nós fomos os pioneiros desta igreja e nós estamos ligados ele. Nós somos do partido de Paulo. Talvez os que engrossavam esse partido fossem também aqueles indivíduos que seguiam a linha da pregação de Paulo, por exemplo, da liberdade cristã, não ficando atrelados ao legalismo que os judeus queriam impor.

Existia o Partido Filosófico de Apolo, o PFA. Nós poderíamos chamá-lo de partido filosófico de Apoio. E por que era o partido filosófico de Apoio? Porque Apoio era da cidade de Alexandria, a segunda maior cidade do mundo. Alexandria era o centro da atividade intelectual do mundo. Os alexandrinos eram entusiasmados com as elegâncias literárias. Foram eles que intelectualizaram o cristianismo.

Existia o Partido Conservador de Pedro, o PCP. O partido conservador de Pedro era composto, possivelmente, pelos judeus e pelos prosélitos que se tornaram judeus por meio da circuncisão. Muitos gentios aderiam à fé judia e eram chamados de pessoas tementes a Deus.

Existia o Partido Cristão de Jesus, o PCJ. E bem provável que esse partido, com o nome mais bonito, fosse o mais problemático. Talvez esse fosse o partido exclusivista. Os membros desse grupo evidenciavam um orgulho espiritual sutil, dando a entender que eles eram os únicos cristãos verdadeiros.


Trecho do livro Como Resolver Conflitos na Igreja
Autor: Hernandes Dias Lopes

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

A TIRANIA DO TEMPO E A PACIÊNCIA


O exercício da paciência no dia-a-dia está diretamente relacionado com o entendimento adequado da soberania de Deus sobre o tempo e sobre nossas vidas. O impaciente acha que as suas expectativas devem acontecer logo; para ele não há tempo a perder. O impaciente coloca sobre si um jugo extremamente prejudicial, pois as coisas nem sempre acontecem como e quando quer, o que acaba resultando em frustração e decepção. Ou então, para não ter que esperar, prefere agir do seu próprio modo, tomando decisões precipitadas que por fim trazem prejuízos enormes para sua vida.

O tempo é um senhor tirano, e a pressão que ele exerce sobre o homem pode trazer graves consequências. É necessário termos muita sabedoria para vivermos com paciência e sob a dependência do Senhor. Isto só é possível se não ficarmos dominados sob a tirania do tempo. Obviamente, sem nos esquecermos jamais de realizar o que é da nossa competência em cada situação da vida.

O homem paciente sabe que a sua vida está nas mãos do Senhor e que absolutamente nada escapará do Seu controle soberano. Até mesmo o próprio tempo está sob o domínio sempiterno do nosso grandioso Deus. O sábio Salomão fez afirmações preciosas sobre o valor da paciência, pois entendia que o caminho da precipitação traz desonra ao servo do Senhor:

  • “O homem paciente é grande em entendimento, mas o de ânimo precipitado exalta a loucura.” (Pv. 14:29)
  • “Melhor é o homem paciente do que o herói da guerra” (Pv. 16:32)
  • “Não é bom proceder sem refletir, e peca quem é precipitado.” (Pv. 19:2)

Precisamos ter a coragem de depender do Senhor. “Depender de Deus” não é um mecanismo de fuga das nossas responsabilidades, pelo contrário é o exercício da fé verdadeira e o depósito sem reservas de nossas expectativas Naquele que reina sobre o tempo e sobre as circunstâncias da nossa vida. Isto não se aprende de uma hora para outra, é fundamental nos submetermos à Palavra de Deus em cada decisão que vamos tomar para que sejamos moldados diariamente como servos do Senhor. Afinal, uma ótima definição de um servo, é de alguém que está sempre atento às prioridades do seu Senhor e não busca os seus próprios interesses pois o seu maior anseio é satisfazer aquele que o comprou por alto preço. O servo é paciente no exercício das atividades para a glória do Senhor, e faz todas as coisas não como um refém do tempo, mas com plena alegria no coração por tão grande privilégio.

Que o nosso Deus nos transforme cada dia mais em servos pacientes, que entendem na prática que nada é demasiadamente demorado para aquele que é o Senhor do tempo.

Eu busco tempo para tantas coisas
São tantos planos para pouco tempo
E em meio a tudo que exige tempo
Eu já não tenho tempo pra falar com Deus

...

Não tenho tempo para descansar
Rever amigos e conversar
Já não consigo me assentar a mesa
E alimentar o que a alma almeja

Letra da canção SENHOR DO TEMPO, de Paulo Cesar Baruk

sábado, 19 de julho de 2014

Avanço na jornada cristã

Texto: Josué 6: 1-5
Tema: “Valorizando os recursos espirituais para o avanço na jornada cristã”

INT. I ) O desenvolvimento corporal é o que se espera naturalmente de um ser humano, e quando isto não acontece é porque houve algum problema que impediu o crescimento, como a deficiência na produção de hormônios apropriados. Existe um glândula em nosso cérebro chamada hipófise. Esta glândula é responsável pela produção de um hormônio (a somototropina). Uma das principais funções desta hormônio é proporcionar um estímulo para o crescimento dos ossos e dos tecidos, influenciando diretamente na estatura alcançada pela pessoa ao chegar a idade adulta. Quando existe algum déficit na produção deste hormônio do crescimento ao longo da infância provoca sérios problemas no desenvolvimento corporal, inclusive uma doença chamado nanismo. A doença costuma evidenciar-se nos primeiros anos de vida, sobretudo até aos 2 ou 3 anos de idade. As pessoas que sofrem desta doença são popularmente conhecidos como anões. Em geral, esses indivíduos têm uma estatura menor que 1,45 metro no caso de homens e 1,40 metro no caso de mulheres.

INT. II) De forma similar, espera-se de cada cristão um avanço, um desenvolvimento visível e um crescimento em maturidade. É necessário que haja real progresso na vida de alguém que foi salvo por Cristo Jesus e que as evidências reais de santificação seja notórias. Deus quer “que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4:13). A fé que justifica é a mesma fé que santifica. Ela é suficiente para nos trazer crescimento e maturidade espiritual. O texto em epígrafe retrata a primeira investida militar do povo de Israel dentro de Canaã, depois que atravessaram o rio Jordão. Há um certo tom de expectativa neste texto, pois Israel passa a dominar a terra prometida aos patriarcas, é o pontapé inicial de uma jornada de vitórias e derrotas, avanços e retrocessos. Josué liderou o povo nesta conquista contra Jericó, e o texto nos mostra claramente que:

“O exercício contínuo da fé é indispensável para o avanço efetivo na jornada cristã”

O texto nos mostra que o exercício contínuo da fé é indispensável para o avanço efetivo na jornada cristã sob três ASPECTOS:

1) A confiança irrestrita no projeto do Senhor (vs. 1)

Por que atacar e invadir inicialmente logo Jericó, uma cidade muito fortalecida e de muros enormes? Lembre-se que o povo de Israel não tinha poderio militar, comparável à cidade de Jericó conhecida no mundo da época. Se fossemos fazer uso da "razão humana", certamente poderíamos pensar que seria melhor treinar o povo numa batalha mais fácil de vencer, talvez contra a minúscula cidade de Ai. Vendo sob uma perspectiva humana Jericó era um território intransponível, mas este era o projeto do Senhor e por isso não deveria ser abandonado.

Deus tem os Seus planos ao nos conduzir por caminhos que naturalmente não escolheríamos. Ele nos guia sabiamente por vales e desertos porque tem um projeto exclusivo na vida de cada cristão. Este projeto visa a glória do Seu nome, não a nossa comodidade ou preferência pessoal.

A letra do hineto nos diz: “Regozija em Deus, que erros não faz, Ele sabe o fim do caminho em que vais; Pois ao te provar, purifica, qual ouro então serás.” Se confiamos na infalível Palavra de Deus, precisamos também confiar sem temor no infalível Deus da Palavra.

Haverá dias negros, haverá dias cinzas e haverá dias claros. Mas em todos os dias precisamos confiar que o Senhor é quem nos guia por vales, montes e campinas. Como ovelhas que são conduzidas por um bom pastor, assim somos nós. Não precisamos temer, pois o Deus que conhece todas as coisas está conosco por toda a jornada.

O projeto que o Senhor tem preparado para nossas vidas é oposto à nossa vontade egoísta. Nós preferimos atalhos, mas o Senhor nos leva por caminhos que nos colocam à prova, para que possamos depender dEle em nossos atos e decisões. O projeto do Senhor para cada um de nós inclui a cruz: sermos confrontados diariamente com desejos egoístas e fazermos morrer esta natureza carnal. O projeto do Senhor inclui sofrimento, para que possamos ser refinados no cadinho. Estamos dispostos a confiar irrestritamente neste projeto do Senhor e abandonarmos nossos caminhos de autossatisfação?

2) A confiança irrestrita na promessa do Senhor (vs. 2)

A promessa "Entreguei na tua mão a Jericó" não poderia ser mais direta. O contexto de medo e pavor diante daquela tarefa seria dissipado se Josué confiasse integralmente nesta promessa. Em outras palavras, o Senhor disse: “Eu já estabeleci isto, Eu já designei isto, Eu já providenciei que Jericó será derrotada.” Não existe no texto nenhuma sombra de dúvida, pois o que Senhor havia prometido aos patriarcas certamente seria cumprido na íntegra. Antes de atravessar o rio Jordão, Josué ouviu do Senhor: “Dentro de três dias passareis o Jordão, para que entreis na terra que o Senhor vos dá a possuir, para a possuirdes”. (Js. 1:11). A certeza da conquista nunca é sempre destacada no livro de Josué.

Por meio do poder de Deus, precisamos fazer calar a nossa velha natureza que teima em colocar em dúvida as promessas de Deus. Martin Lloyd-Jones escreveu o livro Depressão Espiritual, no qual ele trata sobre o abatimento na vida do cristão. Ele afirma que uma das razões de tristeza e abatimento é porque o crente não se apropria das promessas de Deus. Ele dá uma dica: pregue para você mesmo as promessas do Senhor, tal como fazia o salmista Davi: "Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu." (Sl. 42:11)

Nós somos experts em fazer promessas e não cumprir. Que promessas você fez no início do ano e que já foram deixadas para trás? Alguns prometeram perder peso e cuidar melhor da saúde, mas onde estão os frutos desta promessa? Com Deus isto não acontece, o que Ele de fato promete certamente há de ser verdade na vida do Seu povo amado.

É óbvio que precisamos da iluminação do Espírito Santo para discernirmos o que é e o que não é promessa do Senhor. Há muitas pessoas colocando promessas na boca do Senhor, coisas que Ele nunca prometeu, geralmente distorções de versículos bíblicos fora do seu contexto. Precisamos ficar presos não à imaginação, mas à revelação; presos não ao que queremos, mas às verdadeiras promessas de Deus!

Um excelente exercício para a fé é confiar nas promessas de Deus. As promessas de Deus estão em plena vigência, por exemplo: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (Fl. 4:7) e “Seja forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o Senhor teu Deus é contigo por onde quer que andares” (Josué 1:9). A luta contra o pecado é uma luta contra a incredulidade nas promessas de Deus. Contra a cobiça material, podemos apegar-nos à promessa do SENHOR: “Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei.” (Hb. 13:5)

3) A confiança irrestrita na instrução do Senhor (vs. 3-5)

Poderíamos classificar que o método adotado pelo Senhor não era muito convencional. Para os padrões militares da época, rodear a cidade marchando por seis dias seguidos e no sétimo dia bradar em gritos, não era uma estratégia conhecida até então. Aparentemente, aquele povo tinha perdido o senso do ridículo ou da infantilidade. O nosso método certamente não seria este; passaríamos outras instruções às pessoas sob a nossa liderança: como fazer trincheiras, como lançar cordas e escalar os muros...

As instruções que são dadas no início de um voo são úteis no caso de pane da aeronave ou em caso de acidentes em que haja sobreviventes. É interessante como a maioria dos passageiros não presta a mínima atenção para aquelas instruções que podem salvar suas vidas. Muitos nem olham para os comissários de bordo que gesticulam as saídas de emergência. As instruções do Senhor para nossas vidas são úteis para a manutenção de nossa saúde espiritual. Se negligenciarmos tais instruções e seguirmos nossa intuição ou nossos sentimentos, certamente amargaremos enormes prejuízos em nosso viver.

O Salmo 119 é um tributo à instrução que procede do Senhor. “Guardo no coração as tuas palavras para não pecar contra ti” (vs. 11). Não se trata de uma simples memorização do texto bíblico. É uma linguagem poética: o salmista não abre mão da instrução do Senhor.

As instruções do Senhor são sempre as melhores não importam as consequências que venham sobre nós. Se Deus ordenou não questione, faça o que Ele requer, mesmo que seja tachado de ridículo ou antiquado. Em nosso país, é comum ouvirmos que: “ordem judicial tem que ser cumprida, sob pena das sanções previstas em lei.” Ele é o Senhor; nós somos apenas escravos, e na melhor das hipóteses, escravos inúteis, porque fazemos apenas o que nos foi ordenado. Não haverá nenhum crescimento ou avanço espiritual se resistirmos às ordens dadas por Deus. Em todas as coisas somos instruídos por meio da Sua Palavra para que possamos agir de modo sábio. Para agirmos de modo agradável ao Senhor é necessário seguirmos à risca as instruções dadas por Ele.


Mensagem para Culto nos lares dia 19/07/14

terça-feira, 15 de julho de 2014

Uma triste realidade

“A doutrina da justificação pela fé — uma verdade bíblica, e uma bênção que nos liberta do legalismo estéril e de um inútil esforço próprio — em nosso tempo tem-se degenerado bastante, e muitos lhe dão uma interpretação que acaba se constituindo um obstáculo para que o homem chegue a um conhecimento verdadeiro de Deus. O milagre do novo nascimento está sendo entendido como um processo mecânico e sem vida. Parece que o exercício da fé já não abala a estrutura moral do homem, nem modifica a sua velha natureza. É como se ele pudesse aceitar a Cristo sem que, em seu coração, surgisse um genuíno amor pelo Salvador. Contudo, o homem que não tem fome nem sede de Deus pode estar salvo? No entanto, é exatamente nesse sentido que ele é orientado: conformar-se com uma transformação apenas superficial.”

A. W. TOZER

segunda-feira, 14 de julho de 2014

TUDO ELE PAGOU

Hinos de Louvor nº 35
Elvina M Hall
John T. Grape


Ouço o Salvador dizer:
"Teu poder é ineficaz,
Vem meu filho interceder,
Tudo em Mim encontrarás"

TUDO ELE PAGOU, DEVEDOR EU SOU
DO PECADO ME LAVOU, TÃO ALVO ME TORNOU

Nem direito tenho eu
De sua graça demandar
Só no sangue de Jesus
Minhas vestes vou lavar


Ante o trono do Senhor
Eu perfeito estarei
"Meu Jesus por mim morreu"
Para sempre cantarei

sábado, 12 de julho de 2014

A tarefa de criar filhos

Existem dois extremos perigosos e antibíblicos na tarefa de criar filhos. O primeiro extremo é a passividade extrema. O segundo extremo é agressividade extrema. Vou explicar cada um destes extremos. O pai e a mãe devem evitar estes dois extremos, visando somente o equilíbrio que a Bíblia oferece para esta tarefa de educar e amadurecer os filhos.

1º) Passividade
Ser um pai passivo não é uma virtude cristã e não encontra base nas Escrituras. Passividade é deixar que os filhos pintem o sete e encarar como normal algumas atitudes que são pecaminosas. Muitas crianças já sabem que os seus pais são passivos e que não haverá nenhuma punição pelo mal cometido, por isso não se importam com seus atos e agem sem nenhum limite. Alguns pais até acham engraçado o que as crianças fazem, e por isso não se importam em discipliná-las biblicamente. A Bíblia mostra a passividade do sacerdote Eli em não lidar com a rebeldia dos seus filhos. Este sacerdote sabia que seus filhos não andavam de modo correto, e desprezavam a carne que era sacrificada no templo em honra ao Senhor Deus. Mas Eli não tomou nenhuma atitude, não impôs limites aos seus filhos. A história mostra que o fim desta família foi uma verdadeira catástrofe.

2º) Agressividade
Ser um pai agressivo também não é correto na criação dos filhos. A Bíblia fala da disciplina com vara em alguns textos no livro de Provérbios, mas isto não significa espacamento ou violência com os filhos. Muitas famílias estão mergulhadas num contexto de ódio por conta de uma postura agressiva dos pais em relação aos seus filhos.  Pais agressivos, que usam a força bruta e deixam seus filhos com feridas e cicatrizes, devem ser punidos pela lei pelos crimes praticados de violência e lesão corporal. Isto com toda certeza não agrada a Deus. O uso da vara deve ser moderado pelo amor pelos filhos, pois o que pai deve almejar é o amadurecimento completo daqueles que Deus lhe confiou. O pai deve sim usar a disciplina, mas sempre visando a restauração do filho que errou e oferecendo sempre o caminho do perdão. Dois versículos servem para reforçar bem esta ideia: “A vara e a repreensão dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe” (Pv. 29:15). “A insensatez está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela” (Pv. 22:15).

Nem a passividade e nem tampouco a agressividade são caminhos que os pais devem seguir. Os pais precisam entender que a criação de filhos é uma tarefa que somente Deus pode suprir com as ferramentas necessárias. Os pais devem entender que estão treinando os seus filhos para a vida. E este treinamento só será bem sucedido se estiver sob a orientação que vem do Senhor. Uma família sem a orientação do Senhor está fadada ao fracasso. Um treinamento adequado requer amor e práticas bíblicas no contexto familiar, não o amor barato vendido nas novelas, mas o amor redentivo apresentado pelo próprio Deus. Portanto, ame o seu filho a tal ponto que ele saiba agradecê-lo pelas disciplinas que recebeu e pela orientação das Escrituras que foram repassadas a ele.

Nenhum treinamento físico é feito sem suor. Semelhantemente, a tarefa de educar filhos exigirá esforço e empenho constante dos pais. O filho bem treinado trará alegrias aos seus pais, e, mesmo que não traga, os pais ficarão com a consciência bem tranquila de que fizeram um bom trabalho.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Assim caminha a humanidade…

A espiritualidade contemporânea define Deus como o empregador que dá oportunidades iguais a todos, a fonte universal de energia, que está à espera para ser tocada por todos nós. O que acreditamos não é importante: o desafio é entendermos a nós mesmos à luz desse poder mais elevado que já está em nós. Se precisarmos de perdão, só é preciso concedê-lo a nós mesmos, pois quebramos os mandamentos de um Deus que não é pessoal. Não existe o Deus que se ofende, portanto, não existe o Deus a quem precisamos pedir perdão. A moda é a autossalvação por meio do autoconhecimento.

Erwin Lutzer

sexta-feira, 27 de junho de 2014

O mal existe

Se Deus não criou os seres humanos, a teoria da evolução informa que surgimos por meio de um processo de seleção natural — o que quer dizer que certas criaturas mais adaptadas a seu ambiente são mais propensas a sobreviver e a se reproduzir. Neste mundo, não há nenhum “bem” e nenhum “mal”. A única coisa que importa é saber se ou quanto você consegue se reproduzir antes de morrer.

Isso significa que, se Deus não nos criou, não podemos logicamente falar do ponto de vista de bem versus mal. Por quê? Pela mesma razão básica pela qual, a menos que a luz exista, não faz sentido falar de escuridão. Não podemos definir o mal sem um bem que se ponha em contraposição a ele. E isso significa que deve haver alguma realidade externa e objetiva pela qual o bem e o mal possam ser mensurados. A Bíblia identifica essa realidade externa e objetiva como Deus. A Bíblia diz que Deus é santo, que Deus é amor, que Deus é misericordioso, paciente e bondoso. Tudo o que é diferente de Deus e se opõe a ele é mau.

Assim, quando uma mulher afoga seus quatro filhos sistematicamente, um após o outro, ficamos horrorizados. As mães não podem fazer uma coisa dessa. Todos sabemos que esse ato é profundamente mau. Por mais confusa ou mentalmente instável que a mulher estivesse, o que ela fez foi mau. Reagimos de maneira semelhante às atrocidades do racismo, da escravidão, da opressão, da separação de classes, do genocídio e do tráfico de crianças. Sabemos que são coisas más.

Mas como sabemos? Por que pessoas de todas as culturas ao longo da história sabem que algumas coisas são boas e outras más? Se simplesmente evoluímos pela seleção natural, essas categorias têm pouco ou nenhum sentido. Mas, se fomos criados por um Deus santo e bom, elas fazem todo o sentido.

A pessoa que vê o mal no mundo e conclui que não há Deus entendeu tudo errado. A existência do mal não nos informa que não há Deus. Antes, nossa capacidade de reconhecer o mal nos informa justamente que há um Deus.

Assim, quando alguém diz que viu males tão chocantes a ponto de precisar concluir que Deus não existe, essa pessoa ainda não lidou com o problema subjacente — a existência do mal. A resposta intelectualmente coerente é admitir, por mais irônico que pareça, que, como o mal existe, Deus precisa também existir.

A soberania de Deus na história

TEXTO-BÍBLICO: “Tua, SENHOR, é a magnificência, e o poder, e a honra, e a vitória, e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu, SENHOR, é o reino, e tu te exaltaste por chefe sobre todos.” (1 Crônicas 29:11)

OBJETIVO: Mostrar que a soberania de Deus está diretamente relacionada com a história deste mundo e que nenhum evento histórico está fora do conhecimento e controle do Senhor.

INTRODUÇÃO

Quando pensamos acerca do que está acontecendo no mundo, não deveríamos começar a explicá-lo desde uma perspectiva meramente humana, porque se assim o fazemos, jamais compreenderemos esta vida. Porém, se começarmos com Deus e depois O relacionarmos com o mundo, começaremos a compreender que nenhum evento da história consegue surpreender o plano perfeito do Rei dos reis. Por Deus ser quem Ele é, Soberano e Senhor acima de todos, Seu plano certamente se desenrolará ao longo da história.

O escritor A. W. Pink definiu soberania da seguinte forma:

“Pode-se definir a soberania de Deus como o exercício de Sua supremacia. Sendo infinitamente elevado acima de todas as criaturas, Ele é o Altíssimo, o Senhor dos céus e da terra. Não sujeito a ninguém, não influenciado por nada, absolutamente independente: Deus age como Lhe apraz, somente como Lhe apraz, sempre como Lhe apraz.”

Deus está controlando tudo conforme um plano perfeito ou está continuamente mudando este plano? A história surpreende o plano de Deus? Neste estudo, veremos que Deus está controlando tudo de acordo com a Sua vontade eterna, e que nada foge do Seu controle soberano.

O DEUS QUE CONTROLA A HISTÓRIA

"Porque dEle e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém." (Romanos 11:36)

Alguns estudiosos da Bíblia já desistiram de crer na Soberania de Deus ao longo da história. Muitos não conseguem conciliar um Deus bondoso e soberano, que poderia retirar da história da humanidade capítulos nefastos como, por exemplo, a tragédia do holocausto de milhões de judeus. As tragédias naturais e as guerras que dizimaram populações em vários países do globo são utilizadas como argumento para não atribuir a Deus o controle soberano sobre a sua criação. Muitos afirmam que Deus não tem poder sobre estes eventos. Mas o que a Bíblia nos afirma?

A Bíblia nos diz em Provérbios 16:4 que Deus fez todas as coisas para Si mesmo. Em Apocalipse 4:11 diz que Deus criou todas as coisas para Seu próprio prazer. Quando criou o mundo e especialmente quando criou o homem, tinha a intenção de manifestar a Sua própria glória. Sendo assim, para que a glória do Senhor seja manifesta em todo o esplendor que lhe é devido, a história não pode seguir um curso errante, como um navio à deriva. A história não é dirigida pelo acaso nem avança para o caos. A história tem um timoneiro: Deus está assentado sobre um alto e sublime trono e Ele tem as rédeas da história em suas mãos.

Deus é quem levanta reis e destrona reis; ele é quem levanta impérios e os abate. O Rei dos reis governa a história para que a glória seja toda Dele. O salmista reconheceu que não há rei senão o Senhor, por isso em muitos salmos existe a exaltação do Rei de toda a terra (por exemplo: Sl. 10:16; Sl. 22:28; Sl. 45:6; Sl. 47:7). Sem eximi-los da responsabilidade por seus atos, até os reis humanos são levados a cumprir os propósitos do Rei Eterno: “Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR, que o inclina a todo o seu querer.” (Provérbios 21:1)

A soberania de Deus se expressa na realização do seu plano para a história, mesmo que imperceptível (Isaías 46.10-11). A maior expressão desta soberania foi o envio do Seu Filho ao mundo, na plenitude dos tempos (Gálatas 4.4), isto é, no tempo em que achou mais apropriado. Seu plano continuará até que todas as coisas e os eleitos encontrem em Cristo seu ponto de convergência (Efésios 1.10), para louvor da glória de Deus. É interessante notar que toda a narrativa bíblica aponta para a pessoa bendita de Cristo Jesus, que é o resplendor do Pai. A história da redenção está se desenvolvendo com a participação ativa do Deus soberano, que consumará o Seu plano por toda a eternidade.

OS PERIGOS DO TEÍSMO ABERTO

O Teísmo Aberto ou Teologia Relacional é um ensino relativamente novo no cenário, dizendo que Deus criou o mundo e perdeu o controle sobre ele. Além disso, afirma que Deus aprende e se surpreende com o que acontece no mundo, pois Ele não sabe o que vai acontecer na história. Esta linha teológica ganhou muitos seguidores, principalmente após o desastre provocado pelas ondas Tsunamis, que devastou a costa de vários países asiáticos no final de 2004.

Tal ensino teológico-filosófico apresenta um “Deus” que, por amor, dotou o homem de completa autonomia e se abriu para novas experiências, dentre elas, a de conhecer progressivamente os acontecimentos históricos, à medida que eles se processam, colocando em cheque atributos divinos essenciais, tais como sua soberania, onisciência, providência e imutabilidade, dentre outros.

Este ensino enganador esconde perigos mortais. Entre os pontos principais da Teologia Relacional, estão os seguintes:

1. O atributo mais importante de Deus é o amor. Todos os demais estão subordinados a este. Isto significa que Deus é sensível e se comove com os dramas de suas criaturas.

2. Deus não é soberano. Só pode haver real relacionamento entre Deus e suas criaturas se estas tiverem, de fato, capacidade e liberdade para cooperarem ou contrariarem os desígnios últimos de Deus.

3. Deus ignora o futuro, pois ele vive no tempo, e não fora dele. Ele aprende com o passar do tempo. O futuro é determinado pela combinação do que Deus e suas criaturas decidem fazer.

4. Deus se arrisca. Ao criar seres racionais livres, Deus estava se arriscando, pois não sabia qual seria a decisão dos anjos e de Adão e Eva. E continua a se arriscar diariamente.

5. Deus é vulnerável. Ele é passível de sofrimento e de erros em seus conselhos e orientações. Em seu relacionamento com o homem, seus planos podem ser frustrados.

6. Deus muda. Ele é imutável apenas em sua essência, mas muda de planos e até mesmo se arrepende de decisões tomadas. Ele muda de acordo com as decisões de suas criaturas, ao reagir a elas.

Estes pontos são esclarecidos e refutados com uma análise criteriosa de alguns textos bíblicos dentro do seu contexto, como por exemplo: Is. 14:27; Is. 46: 8-11; Ex. 3: 19-20; Sl. 139; Dn. 11; Jo. 13: 19 e 38; Jo. 18:4. O Teísmo Aberto não oferece nenhuma esperança ao homem, pelo contrário, o coloca numa situação de desespero. Somente o ensino bíblico genuíno traz paz real e alento ao coração, conforme se depreende dos seguintes textos bíblicos: Sl. 62; Rm. 4:18-21 e 1 Pe. 1:3-9.

ILUSTRAÇÃO

A história de José descortina diante de nós a soberania de Deus na história. Seus irmãos o odeiam, colocam-no em um poço seco para que morra, mudam de idéia, o vendem para mercadores que o levam para o Egito. No Egito, acusado injustamente, ele vai parar na prisão – de escravo a encarcerado. Depois disso José é conduzido ao cargo de governador de todo o Egito. Seus irmãos, em busca de comida, voltam a se encontrar com José e são por ele abençoados. Na história de José observamos que não houve “coincidências”, pois a boa mão do Senhor controlou os detalhes para que os Seus soberanos propósitos fossem levados a efeito.

Até reis ímpios foram escolhidos por Deus para cumprirem os Seus eternos propósitos. Foi assim na história do rei Ciro, que o Senhor escolheu para tirar seu povo do cativeiro babilônico: “Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela sua mão direita… Eu o despertei em justiça e todos os seus caminhos endireitarei; ele edificará a minha cidade e soltará os meus cativos não por preço nem por presentes, diz o Senhor dos Exércitos” (Is. 45: 1 e 13). Ciro publicou um decreto no primeiro ano do seu reinado, permitindo que os israelitas retornassem do cativeiro para a sua terra natal.

Outro fato interessante que mostra claramente a soberania de Deus na história está registrado no diálogo entre Jesus e Pilatos em João 19: 10-11: “Disse-lhe, pois, Pilatos: Não me falas a mim? Não sabes tu que tenho autoridade para te crucificar e tenho poder para te soltar? Respondeu Jesus: Nenhuma autoridade terias contra mim, se do alto não te fosse dado.” Em outras palavras, Jesus afirma que a autoridade de Pilatos estava atrelada aos propósitos soberanos de Deus na história. De fato, Pilatos tinha autoridade, assim como Herodes, os sacerdotes e os soldados romanos. Mas esta autoridade sempre esteve subordinada à vontade do Deus soberano. Diante de todos eles, Jesus não ficou intimidado porque o plano de Deus seria cumprido de forma cabal.

ALGUMAS APLICAÇÕES

É bem verdade que muitas vezes nos esquecemos dessa importante implicação acerca do Deus a quem professamos seguir e servir. Os acontecimentos em toda a história dos homens não foram para Deus desconhecidos ou surpresas. O salmista já diz: “não dormita e nem dorme o guarda de Israel”. Deus não cochila, Ele está atento e controlando a história do Seu trono de glória.

Ao contemplarmos tão grande maravilha sobre a soberania de Deus nos eventos da história, devemos dar-lhe honra e louvor (1 Tm. 6:16b), que quer dizer: celebrar a verdade da Sua soberania, uma vez que a Sua honra e o Seu poder já são absolutos. Precisamos nos prostrar ante Sua majestade, adorá-Lo e exaltá-Lo como Rei supremo (Jó 42.1-6).

Além disso, devemos confiar que Ele fará, na história deste mundo e nas nossas histórias, como Lhe apraz (Isaías 46.11), ou seja, como Ele quer. Toda a Bíblia confirma esta verdade: “O nosso Deus está nos céus; ele faz tudo o que lhe apraz” (Salmo 115.3). A certeza do cuidado soberano de Deus sobre nossas vidas deve encher nosso coração de gratidão e louvor. Deus cuida de seu povo para que possamos continuar amando-O e servindo-O, cumprindo assim o Seu plano. A certeza da soberania divina nos outorga plena segurança: nem tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada, nada poderá nos separar do amor infalível de Cristo por nós (Rm. 8:35).

O medo e a ansiedade quanto ao futuro são excluídos do nosso coração quando confiamos inteiramente que nada será uma surpresa para o nosso Deus. Os planos de Deus não serão frustrados pelas circunstâncias adversas que enfrentarmos neste mundo. “O justo não temerá más notícias; o seu coração está firme, confiando no SENHOR.” (Salmo 112:7).

Deus planejou manifestar a sua bondade através da salvação de muitas pessoas pecadoras. E sendo que Deus sempre tem controlado o mundo desde a criação, Ele é perfeitamente capaz de executar seu plano de salvar a muitos pecadores dos seus pecados. Cada história de conversão ao Senhor é fruto da graça de Deus operando nos corações de forma sobrenatural, para que neles resplandeça a glória de Cristo. Ele dá ao Seu povo eleito vida espiritual, poder, direção e proteção, para que a história pessoal de cada convertido seja um testemunho claro da soberana salvação efetuada pelo Senhor.

CONCLUSÃO

A história tem rumo certo. Deus não criou o mundo e abandonou este planeta e suas criaturas ao acaso. Que o Senhor abra os olhos da nossa fé para enxergamos que a Sua mão soberana não está inoperante na história. Quanto mais clara for a visão que temos da soberania e do poder de Deus, menos temeremos os problemas da terra e mais produtivos seremos para o reino do Senhor.

VERSÍCULO PARA DECORAR:

“Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade.” (Isaías 46.9-10)

terça-feira, 24 de junho de 2014

Evidências da salvação

Os homens precisam ser salvos de si mesmos; precisam ser salvos dos hábitos que se transformaram em suas correntes; precisam ser salvos de suas tentações; precisam ser salvos do temor e das ansiedades; precisam ser salvos de seus próprios desatinos e erros.

Barclay, em seu Comentário sobre 1 João.


Salvação implica necessariamente em mudança de vida e de postura. A operação sobrenatural do Santo Espírito que regenera o homem e transforma o seu coração, por meio da graça, traz consigo mudanças cruciais. Não existe um só salvo que não tenha vida diferente. Do contrário, podemos afirmar sem sombra de dúvidas, nunca houve salvação com base no sacrifício expiatório de Cristo Jesus.

A Bíblia como um todo enfatiza o lado prático da salvação, visível por todos que nos rodeiam. Os nossos amigos, familiares, colegas de trabalho ou irmãos da mesma igreja devem enxergar em nós o que Cristo transformou. Não podemos ficar inertes no progresso cristão, escondidos em nossas desculpas medíocres, pensando que a salvação está garantida e carimbada, mesmo que faltem evidências de posturas condizentes com o nome e a glória de Cristo. Um viver de fachada, para "inglês ver", certamente nos levará a um céu de fachada. Mas quando há coerência e virtudes autênticas na vida de alguém que deseja espelhar a imagem de Cristo, o seu testemunho é notório e digno de consideração.

O evangelicalismo moderno, com a ênfase em triunfalismo e prosperidade material, tem deixado de lado o que a Bíblia mais ensina para o viver do cristão, que é a necessidade de santificação contínua e progressiva. Vivemos uma época de falsos pressupostos, que enterram verdades primárias da fé cristã, em prol de um discurso motivacional vazio e sem efeitos duradouros na vida das pessoas. Envolvidos neste turbilhão de emocionalismo e humanismo, muitos tem sido iludidos pela pregação light que não desafia a um combate diário contra o pecado e contra o mundanismo.

Será que Cristo requisitou para Si discípulos que não evidenciam nenhum progresso em sua caminhada diária? Creio firmemente que não, pois aqueles que Ele verdadeiramente chamou serão santificados pelo poder da graça eterna que redimiu um povo para propriedade exclusiva do Senhor. Estes são promotores da verdade onde quer que andem, vivendo em honestidade e honrando a Cristo em todas as suas decisões, pois o seu objetivo é sempre satisfazer a ELE, Autor e Consumador da fé.

terça-feira, 10 de junho de 2014

O anseio mais profundo

O anseio mais profundo do coração humano é conhecer e apre­ciar a glória de Deus. Fomos feitos com essa finalidade. Diz o Senhor Deus: “... De longe tragam os meus filhos, e dos confins da terra as minhas filhas [...] a quem criei para minha glória...” (Is 43.6,7; grifo do autor). Para vê-la, para prová-la e para procla­má-la — é por isso que existimos. As insondáveis e incalculáveis extensões do Universo criado por Deus não passam de uma ale­goria acerca das inesgotáveis "riquezas de sua glória" (Rm 9.23). O olho físico deve dizer ao olho espiritual: ‘Não a este, mas ao Criador deste, é o desejo de tua alma’. Paulo disse: “... e nos gloriamos na esperança da glória de Deus” (Rm 5.2). Ou, mais precisamente, ele disse que Deus nos “preparou de antemão para glória” (Rm 9.23). E por isso que fomos criados — para que Deus pudesse “tornar conhecidas as riquezas de sua glória aos vasos de sua misericórdia” (Rm 9.23).

Cada coração humano anseia por isso. Mas nós reprimimos e desprezamos “o conhecimento de Deus” (Rm 1.28). Por conse­guinte, toda a criação está em desordem. O exemplo mais visível disto na Bíblia é a desordem de nossa vida sexual. Paulo diz que trocar a glória de Deus por outras coisas é a principal causa da desordem homossexual (e heterossexual) de nossos relacionamen­tos. “... Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. [...] os homens também abando­naram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros” (Rm 1.26,27). Se trocarmos a glória de Deus por coisas banais, ele nos abandonará a uma vida de depra­vação — que espelhará, em nossa miséria, a derradeira traição.

A questão principal é esta: Fomos criados para conhecer e valorizar a glória de Deus acima de todas as coisas; e quando trocamos esse tesouro por imagens, tudo fica em desordem. O sol da glória de Deus foi feito para brilhar no centro do sistema solar de nossa alma. E quando ele brilha, todos os planetas de nossa vida giram corretamente em torno de sua órbita. Mas quando o sol muda de lugar, todas as outras coisas se desorganizam. A cura da alma começa quando a glória de Deus volta a ocupar o seu lugar no centro, cujo resplendor atrai tudo para si.


Autor:
John Piper

sábado, 7 de junho de 2014

Não viva uma mentira

Desde que nascemos temos a tendência a mentir e enganar as pessoas ao nosso redor para obter alguma vantagem. A mentira está presente nas mais diversas situações: desde a criancinha que mente para o pai para não ser punida, até o adulto que engana outros ou a si mesmo para não passar por algum sofrimento. Muitas pessoas já se acostumaram tanto com a mentira que os relacionamentos amorosos e de amizade são totalmente falsos, os passos na vida são tortuosos e cheios de engano. A mentira em vários momentos é contada para não trazer danos ao mentiroso, e por isso ela tem um poder viciante.

O maior mentiroso que existe é o Pai da mentira, o próprio Diabo. Ele sabe construir armadilhas enganosas para desviar o homem do rumo certo. Foi assim lá no jardim do Éden quando ele tentou Eva. Inicialmente, ele distorceu as palavras de Deus e acrescentou a sua própria versão dos fatos. Ou seja, ele mentiu de maneira sutil para Eva, e ela prontamente aceitou aquela proposta de comer do fruto da árvore que Deus claramente tinha proibido.

Os cristãos, entretanto, devem viver na verdade, pois Deus condena com rigor a mentira. No livro de Provérbios há várias advertências sérias contra a mentira. Vamos ver alguns textos:

“A falsa testemunha não ficará impune, e o que profere mentiras não escapará.” (Pv 19:5)

“A testemunha verdadeira não mente, mas a falsa se desboca em mentiras.” (Pv 14:5)

“O justo aborrece a palavra de mentira, mas o perverso faz vergonha e se desonra.” (Pv 13:5)

O crente precisa ser conhecido pela firmeza da sua palavra: O SIM deve ter valor de SIM, e o NÃO deve ter valor de NÃO. A mentira é extremamente perniciosa para os relacionamentos, e provoca inúmeras dificuldades, aflições, desunião e tristeza dentro da igreja.

Sair espalhando mentiras é anticristão e uma atitude totalmente reprovada por Deus. Mas eu gostaria de lembrar que acreditar em mentiras é perigoso da mesma forma. Portanto, devemos julgar todas as coisas que ouvimos à luz da verdade da Palavra de Deus. Ele é o Deus que não pode mentir, que preza pela verdade em toda a Bíblia. Por isso, não creia em falsas promessas que muitos tem feito por aí, prometendo que o crente não vai passar por doença, dificuldades ou provações. Os falsos pregadores, que espalham mentiras e dizem o que Deus nunca disse, certamente sofrerão as consequências de terem enganado tantas pessoas.

Portanto, precisamos evitar então os dois extremos: falar mentiras desonra a Deus tanto quanto acreditar em falsos ensinos que não batem com as Escrituras. Deus requer dos Seus filhos que se comuniquem com base na verdade e que sejam criteriosos com tudo o que lhes chega aos ouvidos.