sexta-feira, 27 de junho de 2014

A soberania de Deus na história

TEXTO-BÍBLICO: “Tua, SENHOR, é a magnificência, e o poder, e a honra, e a vitória, e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu, SENHOR, é o reino, e tu te exaltaste por chefe sobre todos.” (1 Crônicas 29:11)

OBJETIVO: Mostrar que a soberania de Deus está diretamente relacionada com a história deste mundo e que nenhum evento histórico está fora do conhecimento e controle do Senhor.

INTRODUÇÃO

Quando pensamos acerca do que está acontecendo no mundo, não deveríamos começar a explicá-lo desde uma perspectiva meramente humana, porque se assim o fazemos, jamais compreenderemos esta vida. Porém, se começarmos com Deus e depois O relacionarmos com o mundo, começaremos a compreender que nenhum evento da história consegue surpreender o plano perfeito do Rei dos reis. Por Deus ser quem Ele é, Soberano e Senhor acima de todos, Seu plano certamente se desenrolará ao longo da história.

O escritor A. W. Pink definiu soberania da seguinte forma:

“Pode-se definir a soberania de Deus como o exercício de Sua supremacia. Sendo infinitamente elevado acima de todas as criaturas, Ele é o Altíssimo, o Senhor dos céus e da terra. Não sujeito a ninguém, não influenciado por nada, absolutamente independente: Deus age como Lhe apraz, somente como Lhe apraz, sempre como Lhe apraz.”

Deus está controlando tudo conforme um plano perfeito ou está continuamente mudando este plano? A história surpreende o plano de Deus? Neste estudo, veremos que Deus está controlando tudo de acordo com a Sua vontade eterna, e que nada foge do Seu controle soberano.

O DEUS QUE CONTROLA A HISTÓRIA

"Porque dEle e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém." (Romanos 11:36)

Alguns estudiosos da Bíblia já desistiram de crer na Soberania de Deus ao longo da história. Muitos não conseguem conciliar um Deus bondoso e soberano, que poderia retirar da história da humanidade capítulos nefastos como, por exemplo, a tragédia do holocausto de milhões de judeus. As tragédias naturais e as guerras que dizimaram populações em vários países do globo são utilizadas como argumento para não atribuir a Deus o controle soberano sobre a sua criação. Muitos afirmam que Deus não tem poder sobre estes eventos. Mas o que a Bíblia nos afirma?

A Bíblia nos diz em Provérbios 16:4 que Deus fez todas as coisas para Si mesmo. Em Apocalipse 4:11 diz que Deus criou todas as coisas para Seu próprio prazer. Quando criou o mundo e especialmente quando criou o homem, tinha a intenção de manifestar a Sua própria glória. Sendo assim, para que a glória do Senhor seja manifesta em todo o esplendor que lhe é devido, a história não pode seguir um curso errante, como um navio à deriva. A história não é dirigida pelo acaso nem avança para o caos. A história tem um timoneiro: Deus está assentado sobre um alto e sublime trono e Ele tem as rédeas da história em suas mãos.

Deus é quem levanta reis e destrona reis; ele é quem levanta impérios e os abate. O Rei dos reis governa a história para que a glória seja toda Dele. O salmista reconheceu que não há rei senão o Senhor, por isso em muitos salmos existe a exaltação do Rei de toda a terra (por exemplo: Sl. 10:16; Sl. 22:28; Sl. 45:6; Sl. 47:7). Sem eximi-los da responsabilidade por seus atos, até os reis humanos são levados a cumprir os propósitos do Rei Eterno: “Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR, que o inclina a todo o seu querer.” (Provérbios 21:1)

A soberania de Deus se expressa na realização do seu plano para a história, mesmo que imperceptível (Isaías 46.10-11). A maior expressão desta soberania foi o envio do Seu Filho ao mundo, na plenitude dos tempos (Gálatas 4.4), isto é, no tempo em que achou mais apropriado. Seu plano continuará até que todas as coisas e os eleitos encontrem em Cristo seu ponto de convergência (Efésios 1.10), para louvor da glória de Deus. É interessante notar que toda a narrativa bíblica aponta para a pessoa bendita de Cristo Jesus, que é o resplendor do Pai. A história da redenção está se desenvolvendo com a participação ativa do Deus soberano, que consumará o Seu plano por toda a eternidade.

OS PERIGOS DO TEÍSMO ABERTO

O Teísmo Aberto ou Teologia Relacional é um ensino relativamente novo no cenário, dizendo que Deus criou o mundo e perdeu o controle sobre ele. Além disso, afirma que Deus aprende e se surpreende com o que acontece no mundo, pois Ele não sabe o que vai acontecer na história. Esta linha teológica ganhou muitos seguidores, principalmente após o desastre provocado pelas ondas Tsunamis, que devastou a costa de vários países asiáticos no final de 2004.

Tal ensino teológico-filosófico apresenta um “Deus” que, por amor, dotou o homem de completa autonomia e se abriu para novas experiências, dentre elas, a de conhecer progressivamente os acontecimentos históricos, à medida que eles se processam, colocando em cheque atributos divinos essenciais, tais como sua soberania, onisciência, providência e imutabilidade, dentre outros.

Este ensino enganador esconde perigos mortais. Entre os pontos principais da Teologia Relacional, estão os seguintes:

1. O atributo mais importante de Deus é o amor. Todos os demais estão subordinados a este. Isto significa que Deus é sensível e se comove com os dramas de suas criaturas.

2. Deus não é soberano. Só pode haver real relacionamento entre Deus e suas criaturas se estas tiverem, de fato, capacidade e liberdade para cooperarem ou contrariarem os desígnios últimos de Deus.

3. Deus ignora o futuro, pois ele vive no tempo, e não fora dele. Ele aprende com o passar do tempo. O futuro é determinado pela combinação do que Deus e suas criaturas decidem fazer.

4. Deus se arrisca. Ao criar seres racionais livres, Deus estava se arriscando, pois não sabia qual seria a decisão dos anjos e de Adão e Eva. E continua a se arriscar diariamente.

5. Deus é vulnerável. Ele é passível de sofrimento e de erros em seus conselhos e orientações. Em seu relacionamento com o homem, seus planos podem ser frustrados.

6. Deus muda. Ele é imutável apenas em sua essência, mas muda de planos e até mesmo se arrepende de decisões tomadas. Ele muda de acordo com as decisões de suas criaturas, ao reagir a elas.

Estes pontos são esclarecidos e refutados com uma análise criteriosa de alguns textos bíblicos dentro do seu contexto, como por exemplo: Is. 14:27; Is. 46: 8-11; Ex. 3: 19-20; Sl. 139; Dn. 11; Jo. 13: 19 e 38; Jo. 18:4. O Teísmo Aberto não oferece nenhuma esperança ao homem, pelo contrário, o coloca numa situação de desespero. Somente o ensino bíblico genuíno traz paz real e alento ao coração, conforme se depreende dos seguintes textos bíblicos: Sl. 62; Rm. 4:18-21 e 1 Pe. 1:3-9.

ILUSTRAÇÃO

A história de José descortina diante de nós a soberania de Deus na história. Seus irmãos o odeiam, colocam-no em um poço seco para que morra, mudam de idéia, o vendem para mercadores que o levam para o Egito. No Egito, acusado injustamente, ele vai parar na prisão – de escravo a encarcerado. Depois disso José é conduzido ao cargo de governador de todo o Egito. Seus irmãos, em busca de comida, voltam a se encontrar com José e são por ele abençoados. Na história de José observamos que não houve “coincidências”, pois a boa mão do Senhor controlou os detalhes para que os Seus soberanos propósitos fossem levados a efeito.

Até reis ímpios foram escolhidos por Deus para cumprirem os Seus eternos propósitos. Foi assim na história do rei Ciro, que o Senhor escolheu para tirar seu povo do cativeiro babilônico: “Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela sua mão direita… Eu o despertei em justiça e todos os seus caminhos endireitarei; ele edificará a minha cidade e soltará os meus cativos não por preço nem por presentes, diz o Senhor dos Exércitos” (Is. 45: 1 e 13). Ciro publicou um decreto no primeiro ano do seu reinado, permitindo que os israelitas retornassem do cativeiro para a sua terra natal.

Outro fato interessante que mostra claramente a soberania de Deus na história está registrado no diálogo entre Jesus e Pilatos em João 19: 10-11: “Disse-lhe, pois, Pilatos: Não me falas a mim? Não sabes tu que tenho autoridade para te crucificar e tenho poder para te soltar? Respondeu Jesus: Nenhuma autoridade terias contra mim, se do alto não te fosse dado.” Em outras palavras, Jesus afirma que a autoridade de Pilatos estava atrelada aos propósitos soberanos de Deus na história. De fato, Pilatos tinha autoridade, assim como Herodes, os sacerdotes e os soldados romanos. Mas esta autoridade sempre esteve subordinada à vontade do Deus soberano. Diante de todos eles, Jesus não ficou intimidado porque o plano de Deus seria cumprido de forma cabal.

ALGUMAS APLICAÇÕES

É bem verdade que muitas vezes nos esquecemos dessa importante implicação acerca do Deus a quem professamos seguir e servir. Os acontecimentos em toda a história dos homens não foram para Deus desconhecidos ou surpresas. O salmista já diz: “não dormita e nem dorme o guarda de Israel”. Deus não cochila, Ele está atento e controlando a história do Seu trono de glória.

Ao contemplarmos tão grande maravilha sobre a soberania de Deus nos eventos da história, devemos dar-lhe honra e louvor (1 Tm. 6:16b), que quer dizer: celebrar a verdade da Sua soberania, uma vez que a Sua honra e o Seu poder já são absolutos. Precisamos nos prostrar ante Sua majestade, adorá-Lo e exaltá-Lo como Rei supremo (Jó 42.1-6).

Além disso, devemos confiar que Ele fará, na história deste mundo e nas nossas histórias, como Lhe apraz (Isaías 46.11), ou seja, como Ele quer. Toda a Bíblia confirma esta verdade: “O nosso Deus está nos céus; ele faz tudo o que lhe apraz” (Salmo 115.3). A certeza do cuidado soberano de Deus sobre nossas vidas deve encher nosso coração de gratidão e louvor. Deus cuida de seu povo para que possamos continuar amando-O e servindo-O, cumprindo assim o Seu plano. A certeza da soberania divina nos outorga plena segurança: nem tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada, nada poderá nos separar do amor infalível de Cristo por nós (Rm. 8:35).

O medo e a ansiedade quanto ao futuro são excluídos do nosso coração quando confiamos inteiramente que nada será uma surpresa para o nosso Deus. Os planos de Deus não serão frustrados pelas circunstâncias adversas que enfrentarmos neste mundo. “O justo não temerá más notícias; o seu coração está firme, confiando no SENHOR.” (Salmo 112:7).

Deus planejou manifestar a sua bondade através da salvação de muitas pessoas pecadoras. E sendo que Deus sempre tem controlado o mundo desde a criação, Ele é perfeitamente capaz de executar seu plano de salvar a muitos pecadores dos seus pecados. Cada história de conversão ao Senhor é fruto da graça de Deus operando nos corações de forma sobrenatural, para que neles resplandeça a glória de Cristo. Ele dá ao Seu povo eleito vida espiritual, poder, direção e proteção, para que a história pessoal de cada convertido seja um testemunho claro da soberana salvação efetuada pelo Senhor.

CONCLUSÃO

A história tem rumo certo. Deus não criou o mundo e abandonou este planeta e suas criaturas ao acaso. Que o Senhor abra os olhos da nossa fé para enxergamos que a Sua mão soberana não está inoperante na história. Quanto mais clara for a visão que temos da soberania e do poder de Deus, menos temeremos os problemas da terra e mais produtivos seremos para o reino do Senhor.

VERSÍCULO PARA DECORAR:

“Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade.” (Isaías 46.9-10)

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