domingo, 24 de agosto de 2014

O valor da misericórdia

O livro de Provérbios nos apresenta lições para um viver sábio. E para termos um viver sábio é necessário que entendamos o valor da misericórdia, em prol dos que padecem e precisam da ajuda que podemos dar. Em Pv. 19:22 lemos o seguinte: "O que torna agradável o homem é a sua misericórdia." A misericórdia é uma virtude ausente da nossa sociedade. Neste mundo o que impera é a força bruta, que não respeita o próximo e traz grande sofrimento ao que já está em situação ruim. Em Pv. 21:10 lemos: "A alma do perverso deseja o mal; nem o seu vizinho recebe dele compaixão." Os telejornais, programas de rádio e revistas trazem sempre matérias sobre a falta de misericórdia com o sofrimento alheio. Não faz muito tempo, um homem que andava de bicicleta foi atropelado e teve o seu braço arrancado. O motorista não prestou nenhum socorro e ainda jogou o braço que poderia ser reimplantado num córrego da região. Este é o cenário deste mundo sem misericórdia.

É óbvio que não podemos esperar de pessoas ímpias que não experimentaram a graça de Deus, o exercício da misericórdia em sua forma pura e sem intenções pecaminosas. A misericórdia não é uma virtude natural do homem. O homem em sua natureza é mau, cruel, egoísta, vingativo e incapaz de exercer uma misericórdia verdadeira. Mas os cristãos precisam acordar do sono em que estão para exercer a misericórdia no seu dia-a-dia. Afinal, todo crente foi alvo da misericórdia de Deus, e portanto, deve espalhar as sementes de graça e bondade, onde quer que ande visando sempre a glória do Senhor.

Com base no valor que ela tem, é impotante tratar sobre três aspectos da misericórdia, sob o ponto de vista bíblico:

1) MISERICÓRDIA NÃO É COMPLACÊNCIA COM O PECADO:

Quando alguém está em pecado, o cristão deve aproximar-se com temor e tremor, para agir com misericórdia. Mas isto não significa que o cristão deve concordar com o caminho errado e nem apoiar aquele que está em rebeldia contra Deus. Jesus exerceu misericórdia em tratar os pecadores, mas em momento algum concordou com práticas que estivessem fora do padrão de Deus. O exercício da misericórdia exige do cristão que ele sonde diariamente o seu coração, para que assim possa ter condições de ajudar outros que estão enlaçados pelo pecado. Isto quer dizer, que é necessário primeiro tirar a trave, tratar o que nos impede de enxergar claramente, e assim teremos condições de confrontar biblicamente alguém que precisa de misericórdia, não de complacência.

Paulo escrevendo aos Efésios diz assim: "E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as" (Ef. 5:11). Não é prova de bondade passar a mão na cabeça do pecador e dar-lhe acolhida enquanto permanece em rebeldia contra o Senhor. Isto é cumplicidade com o erro, que trará sérios prejuízos para o reino de Deus. Agir com misericórdia é fazer com que o pecador entenda que está rumando em direção errada, sempre com o objetivo de restaurar o irmão que caiu. Isto sim, é prova de que estamos interessados na vida de alguém.

Deus requer do seu povo que a misericórdia mútua seja sempre cultivada, mas que este prática não se transforme em cumplicidade com o erro, pois isto certamente não resultará em vidas transformadas pela graça de Cristo.

O arrependimento na vida de uma pessoa marca um novo rumo, e devemos sim estender a destra de misericórdia para aqueles que se arrependem e desejam viver agradando a Cristo. Mas sem arrependimento e com a prática contínua do pecado, não devemos pensar que estaremos ajudando sendo cúmplices com o erro. Isto só traz desonra ao nome de Cristo.

2) MISERICÓRDIA NÃO É PRIORIZAR PROGRAMAS DE CARIDADE

Em nome do exercício da misericórdia muitas pessoas fazem obras de caridade, e usam recursos financeiros para ajudar os menos favorecidos. Isto não é de todo errado, mas o problema é quando estas atividades se tornam o foco central. Deus nos agracia com bens para que possamos abençoar a outras pessoas também, mas não podemos esquecer que a mensagem do Evangelho é inegociável. Não devemos atrair pessoas para nossas igrejas com promessas de cestas básicas ou com promessas de ajuda financeira, pois Cristo não está oferecendo estas coisas. O que Cristo requer de nós, seus embaixadores, é que preguemos a mensagem da cruz, que falemos sobre a condenação e sobre a obra graciosa de Cristo para nos libertar da escravidão do pecado. O evangelho de Cristo não pode ser diluídos a favor de obras de caridade. É comum ver muitas pessoas que são atraídas para uma igreja pelos programas sociais, mas não permanecem. Muitos não foram apresentados à mensagem central do Evangelho, ou quando entendem esta mensagem, rejeitam a fé cristã por causa o alto custo de ser um discípulo de Jesus Cristo.

Como cristãos, é fundamental que andemos em novidade de vida, e isto implica em sermos bondosos com aqueles que sofrem necessidades. Devemos prestar ajuda no que está ao nosso alcance, mas isto não significa que o evangelho deve ser diluído em função de caridade e obras sociais. O nosso papel como embaixadores de Cristo é levar ao mundo a redenção providenciada na cruz do Calvário, sem esmorecer e sem enfraquecer a mensagem. Uma igreja que se dedica apenas a obras sociais, sem o foco correto no evangelismo pessoal, pode criar nas pessoas alcançadas um falso senso de segurança. É necessário discipulado em profundidade, para que a misericórdia de Cristo seja vista e entendida por todos que nos ouvem. Isto sim, é o exercício correto da misericórdia: acima de tudo enxergar o ser humano como carente de alma, perdido e que precisa da graça divina. O pão da vida, que é Cristo, traz verdadeira satisfação à alma!

3) MISERICÓRDIA É COLOCAR-SE NO LUGAR DO OUTRO

É fácil sermos indiferentes. É muito fácil sermos apáticos. É só deixar a vida seguir seu rumo, sem nos importarmos com quem está a nossa volta. Mas quando somos alcançados pela graça de Cristo, é impossível olhar este mundo com os olhos secos. Constrangidos pelo imenso amor de Cristo, é impossível vivermos sem enxergar o sofrimento de pessoas ao nosso redor. Isto se torna mais evidente ainda quando nos colocamos no lugar do outro, e deixamos de lado nosso preconceito e arrogância infantil.

Ser misericordioso é estender a mão sem segundas intenções, e sem esperar receber nada em troca. É mostrar com atitudes que se importa com a situação do próximo, sem cumplicidade com o pecado e sem diluir a mensagem do Evangelho. Cristo nos deu vários exemplos de como sermos misericordiosos. Podemos pensar no episódio da morte de Lázaro, um amigo de Jesus. Ele sabia que Lázaro seria ressuscitado, e que o poder de Deus seria manifestado naquela situação de dor e sofrimento. Mas ainda assim Ele se compadeceu de toda a família e chorou junto ao túmulo de Lázaro. Chorar com os que choram é uma demonstração de misericórdia.

Certamente você convive com alguém que sofre, seja por debilidades físicas, emocionais ou espirituais. Eu sugiro que você, meu caro irmão, apresente a mensagem do Evangelho, a única esperança que há em Cristo Jesus, e mostre-se atento às necessidades mais profundas da alma desta pessoa. Coloque-se à disposição para sentir a dor desta pessoa e fazer o que está ao seu alcance para ajudar com os recursos materiais ou espirituais que Deus tem lhe dado. Seja um canal de bênçãos, por onde fluem ricas manifestações da misericórdia que alcançou o seu coração.


Devocional para o Programa Viva com Cristo
Dia 24/08/14

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