terça-feira, 7 de setembro de 2010

Incredulidade na soberania divina

2. Um coração incrédulo desconsidera a soberania divina (Jeremias 42:12)

A construção da frase neste versículo é muito instrutiva. A conjunção subordinativa final (para que) indica finalidade ou propósito. Ou seja, Deus seria propício com a finalidade de levar o rei da Babilônia a agir com misericórdia. Além disso, Deus seria propício com a finalidade de levar o rei da Babilônia a estabelecer o remanescente do povo na sua terra. Em outras palavras, o que o texto quer nos dizer é que Deus estaria por trás dos bastidores coordenando tudo em benefício do seu povo. Deus estaria realizando o seu plano em prol daqueles que ficaram em Judá.

A Bíblia nos diz em Provérbios 21.1: “Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR; este, segundo o seu querer, o inclina.” O fato é que Deus soberanamente tem seus propósitos estabelecidos e não há império humano que impeça os planos do Senhor. O profeta Isaías fez uma pergunta retórica: “Agindo Deus, que o impedirá?” (Is. 43.13). “Mas os planos do SENHOR permanecem para sempre, os propósitos do seu coração, por todas as gerações” (Salmo 33:11).

Na vida de José tudo parecia estar errado. Ainda bem jovem foi vendido como escravo para mercadores que o levaram ao Egito. Naquela terra distante começou a trabalhar na casa de Potifar e, acusado injustamente, foi parar numa prisão. Tudo parecia andar fora dos trilhos, mas José estava confiante na soberania de Deus ao afirmar diante dos seus irmãos: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem” (Gn. 50.20). Ao fazer uma retrospectiva José entendeu que o plano soberano do Senhor foi totalmente cumprido.

Portanto, não há nada neste mundo que frustre os planos soberanos de Deus, mas alguém que está com um coração incrédulo não considera em grau máximo que o Senhor reina acima de tudo e de todos. É por isso que passamos para o lado “da oposição” em relação à vontade de Deus. Se confiarmos plenamente na verdade a respeito da soberania divina, teremos certeza em nosso coração de que a vontade do Senhor é boa, perfeita e agradável em todos os sentidos.

A incredulidade toma espaço dentro de nós quando não confiamos que o plano soberano do Senhor vai se cumprir sem restrições. Por isso, quando desconsideramos ou subestimamos a soberania divina temos muita dificuldade em obedecer à vontade de Deus. Começamos a duvidar que tudo realmente está sob o controle do Pai e alimentamos pensamentos medíocres. Nossos passos se tornam vacilantes e a alegria de viver pela fé num Deus soberano não se faz mais presente. A desobediência e a relutância em seguir o caminho de Deus se tornam uma constante na vida de alguém que alimenta estas dúvidas.

Mas “confiar num Deus soberano dá um sentido de segurança que fortalece a fé” (A. W. Pink). Não é a casualidade, nem o "azar", nem um homem, nem Satanás quem governam o mundo. É o Deus Todo Poderoso quem governa pela Sua boa vontade e para a Sua própria e eterna glória. Se não acreditamos nesta verdade, que tipo de cristianismo estamos vivendo? A tônica do viver cristão deve ser a plena convicção de que Deus controla tudo como lhe agrada.

É necessário que entendamos o que o apóstolo Paulo quis dizer com as seguintes palavras: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm. 8.28). Que propósito é este ao qual Paulo se refere? O propósito está no versículo seguinte: “para serem conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8.29). Ou seja, a vontade de Deus é que sejamos conformados à imagem de Cristo (semelhança em santidade, amor, abnegação, pureza, bondade, mansidão), e para isso todas as coisas irão cooperar nos planos soberanos do Senhor. Amém!


MARCOS AURÉLIO DE MELO
MENSAGEM BÍBLICA EM JEREMIAS 42

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