quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Fraude no serviço ao Senhor

Texto-Bíblico: II Sm. 6:1-11

Ilustração: Quem perde os documentos e depois de certo tempo aparece com o nome “sujo” no SERASA ou no SPC, foi vítima de uma fraude comum no Brasil. As fraudes já viraram rotina em muitas repartições públicas: “o que é certo passou a ser considerado errado, e o que é errado passou a ser considerado certo.” Muitas licitações e contratos são investigados pelos órgãos de controle do Governo na tentativa de encontrar as fraudes e punir os culpados.

Neste texto bíblico que lemos, nós também encontramos uma fraude. Não se trata de uma fraude no serviço público, mas uma fraude no serviço ao Senhor. Todos os personagens deste episódio estão diretamente envolvidos nesta fraude, que resultou na morte de Uzá ao tocar a arca da aliança. Então, observando este contexto, e levando em consideração os fatos registrados, eu afirmo que: EXISTEM CERTOS FATORES QUE COMPROVAM A FRAUDE NO SERVIÇO AO SENHOR. Veremos neste estudo alguns fatores que evidenciam e comprovam a fraude no serviço que prestamos ao Senhor.

1 – INICIATIVA SEM A DEVIDA ORIENTAÇÃO DO SENHOR (vs. 2)

Qualquer serviço deve iniciar com a orientação de Deus. Sem a orientação divina, não podemos alegar que estamos servindo a Deus. Por isso, a oração e o estudo sério das Escrituras é fundamental para termos a orientação necessária. O nosso Deus não nos negará orientação para que O sirvamos da maneira que O agrada. É fundamental que o crente busque a direção bíblica em todos os aspectos da vida – esta deve ser uma marca do servo fiel. O servo que deseja agradar ao senhor que o comprou não faz nada “da sua própria cabeça”, mas aguarda orientações do superior para agir. O servo que age deliberadamente da forma que acha melhor está querendo usurpar a função de senhor que não é dele.

Você já contratou alguém (um pedreiro ou uma empregada doméstica) que sempre fazia as coisas sem pedir a sua orientação? Como você reagiu? Com certeza, você não se agradou muito desta atitude. E se houve um prejuízo como resultado desta atitude imponderada, talvez esta pessoa nunca mais trabalhe para você. E por que nós queremos agir na obra de Deus sem buscar a orientação d’Ele? Movidos pela emoção do momento realizamos coisas que estão fora do propósito de Deus para nossas vidas e constatamos que agimos precipitadamente. Esta atitude se constitui numa tremenda fraude no serviço ao Senhor.


2 – EXECUÇÃO SEM A DEVIDA DEPENDÊNCIA DO SENHOR (vs. 3,4)

Além dos fins, Deus se importa também com os meios. Deus não aprova a falsa ideia de que "o importante é atingir o objetivo, independentemente de que meios sejam utilizados". Ele não ignora nossas tentativas de burlar o modo como servimos para adaptá-lo às nossas conveniências. Isto se constitui em fraude aos Seus olhos. Nós não devemos inventar meios alternativos para servir ao Senhor, porque Ele já estipulou quais os meios que devem ser utilizados para servi-Lo. Ele também já outorgou à Sua igreja dons específicos para cada membro do corpo. Estes dons espirituais são recursos indispensáveis para o bom desempenho do serviço ao Senhor. Ele nos mostra na Sua Palavra como devemos servir e o padrão aceitável é somente o que observamos nas Escrituras.

Como servos legítimos, precisamos depender somente dos recursos que Deus nos disponibiliza, para que o serviço seja agradável a Ele. Cristo afirmou aos seus discípulos que “nada poderá ser feito, se o ramo estiver desligado da videira”, pois esta relação de dependência dos recursos divinos é fundamental na execução de qualquer serviço no reino de Deus. Além disso, temos o recurso mais importante que é o Espírito Santo habitando em nós, e precisamos servir na dependência d'Ele. Precisamos recorrer sempre aos recursos inesgotáveis de Deus. Desprezar os recursos divinos é um fator que comprova a fraude no serviço ao Senhor.

Você tem usado os recursos disponibilizados por Deus para o Seu serviço ou está confiando nas suas próprias habilidades? Na verdade nós não temos alternativas, precisamos depender exclusivamente do nosso Deus. Lemos em Jeremias 9: 23-24 à “Assim diz o SENHOR: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o rico, nas suas riquezas;mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR.”


3 – CELEBRAÇÃO SEM A DEVIDA REVERÊNCIA AO SENHOR (vs. 5)

A euforia não serve de parâmetro para indicar que o serviço ao Senhor está sendo aprovado por Ele. Para Deus não há expressão de alegria genuína quando a fraude no serviço está evidente. Sorrisos largos no rosto e demonstrações de júbilo podem esconder muitos problemas por baixo do tapete de espiritualidade. Uma música do grupo Logos tem uma letra forte: “Olhando grandes servos do passado / E observando agora os nossos dias / Eu temo que tanta euforia / Se rompa no teste do amor / Até porque a alegria não é / O indicador verdadeiro da paz / Há sorridentes bebendo as próprias / Lágrimas do coração”. Ou seja, nenhuma manifestação de alegria é considerada legítima pelo Senhor quando não há reverência e santo temor. Deus é totalmente santo e Ele não pode contemplar o mal. Por isso, quando houver alegria extravasando pelos poros, misturada com a rebeldia às ordens de Deus, duvide desta alegria.

As emoções são importantes em nossas vidas, mas devem estar submissas à autoridade da Palavra de Deus. O Senhor quer que o sirvamos com alegria no coração, e que nos regozijemos sempre ao fazer a Sua Vontade. Porém, a fraude no serviço ao Senhor está presente ao nos alegrarmos mesmo em prejuízo de princípios revelados por Deus. Ele não quer ouvir o estrépito dos cânticos (Amós 5:21-24), antes de uma completa submissão aos seus mandamentos. A reverência não está nas catedrais góticas ou da Idade Média, está no dia a dia do cristão que dobra a cerviz em obediência ao Senhor. “Manifestando reverência, aprendemos obediência” (Matthew Henry) e “o temor reverente a Deus é a chave para a fidelidade em qualquer situação” (Alan Redpath).


A vida do crente não deve ser uma fraude e nem o serviço que o crente desempenha para o Senhor. Somos chamados a servir da maneira que agrada a Deus, sem burlar nada a favor de nossas conveniências. Deus se agrada quando buscamos Sua orientação ao iniciar, quando dependemos dos Seus recursos ao executar e quando celebramos com alegria verdadeira e reverência. Que sejamos servos fiéis ao Senhor quando iniciamos, executamos e celebramos por algum serviço na Sua obra. Se agirmos assim, com certeza vamos glorificar o Seu grandioso Nome.

MARCOS AURÉLIO DE MELO
ESTUDO NO LIVRO DE II SAMUEL

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