terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Os enganos do coração

O abandono da comunhão com Deus nos deixa bastante vulneráveis, porque sem a comunhão com Deus somos facilmente governados pelo nosso próprio coração 

“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas e desesperadamente corrupto”
(Jr. 17:9)

A palavra que foi traduzida como enganoso traz a ideia de “astucioso, traiçoeiro, tortuoso”. Uma paráfrase deste versículo explica bem como é o coração do homem: "O coração é a coisa mais mentirosa e traiçoeira que existe do mundo; o coração do homem é terrivelmente cheio de maldade. Não há ninguém capaz de saber até que ponto é mau e pecador o coração humano!" (Bíblia Viva). O profeta Jeremias faz um alerta contra aqueles que abandonaram a comunhão com o Senhor e passaram a confiar em seu próprio coração insensato. Somente Deus pode esquadrinhar o nosso coração e diagnosticar as reais intenções que nele estão. Por isso, quando desfrutamos da comunhão com o Senhor tornamo-nos mais alertas aos apelos pecaminosos do coração. Mas quando negligenciamos a proximidade com Deus, ficamos vendidos às ilusões do nosso coração egoísta. Sem a comunhão genuína com o Senhor fica muito mais fácil seguir o caminho do homem proposto pelo coração enganoso e desprezar o caminho que glorifica a Deus.
Na Bíblia, o coração é apresentado como o “eu real”. Por causa do pecado, o coração humano é propenso aos prazeres carnais. A Bíblia nos orienta a dar atenção primordial ao coração, porque dele procedem as fontes da vida (Pv. 4:23). É no coração do homem onde se alojam os desígnios mais profundos, e por isso, o coração deve estar bem vigiado. Sendo assim, o melhor caminho para não sermos iludidos pelo engano do nosso coração é a comunhão constante com Deus.
Davi afastou-se da comunhão com Deus e foi facilmente enganado pela cobiça do seu coração, ao enxergar Bate-seba (II Sm. 11) e deitar-se com ela. A ausência de comunhão com o Senhor levou Davi às últimas conseqüências no seu pecado, que foi gerado no seu coração enganoso. Davi se tornou insensível ao engano do seu coração porque não estava nutrindo a verdadeira comunhão com o Senhor. Quando Davi orou pedindo: “restitui-me a alegria da tua salvação”, é porque já não estava experimentando o prazer da intimidade com Deus. Mas depois que Davi reconheceu o seu pecado, ele percebeu a sua terrível situação diante de Deus, e orou pedindo ao Senhor um coração purificado (Sl. 51:10). A lição é bem clara: quando negligenciamos a comunhão com o Senhor tornamo-nos mais vulneráveis aos apelos pecaminosos do nosso coração (o velho homem).
O famoso pregador C. H. Spurgeon, disse que “o nosso coração é nosso maior inimigo”, tendo em mente a pecaminosidade inerente de todo ser humano. Este é o verdadeiro retrato do coração do homem. Sendo assim, todo cuidado é pouco quando estamos lidando com o nosso coração egocêntrico distante de Deus. O velho homem é rebelde por natureza e não deseja agradar a Deus. Por isso travamos uma luta diária com o nosso velho homem, o coração pecaminoso dentro de nós. Paulo nos advertiu sobre a necessidade do despojar diário, “quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano” (Ef. 4:22).
Em Jeremias 17:1 lemos: “o pecado está gravado na tábua do seu coração.” Isto significa que o coração se cauteriza facilmente quando é deixado entregue a si mesmo. O crente não deve seguir o que o seu coração mandar, como o mundo tenta nos sugerir. Na verdade, é um grande erro entregar a vida para ser governada pelos ditames do coração. Muitas tragédias pessoais são experimentadas quando alguém se rende ao que o seu coração manda. O crente que abandona a comunhão com o Senhor entrega facilmente as rédeas do seu viver ao coração enganoso e comete graves pecados contra Deus.
Você já percebeu que é muito fácil seguir o nosso coração pecaminoso quando não desfrutamos da comunhão genuína com o nosso Deus? As opiniões de pessoas ímpias passam a ter mais valor que a Palavra de Deus, os sentimentos mesquinhos começam a manobrar nosso viver e passamos a agir com base em “achismos”. Por outro lado, a comunhão com Deus nos proporciona plena confiança no que Ele diz, e assim encontramos perfeita paz quando agimos com base em Sua Palavra, mesmo que sejamos criticados por isto. “Tu, Senhor, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em ti” (Isaías 26:3).
Não há alternativa para o servo de Deus. Devemos cultivar o nosso relacionamento com o Senhor, para que não sejamos enganados por nosso coração pecaminoso. Triste coisa é cair nos laços do coração! Então, vamos nos refugiar junto a Deus, e buscar na intimidade com Ele a força necessária para não cedermos às armadilhas do coração.


MARCOS AURÉLIO DE MELO
SERMÃO EM JEREMIAS 17


Nenhum comentário: