terça-feira, 17 de janeiro de 2012

As adversidades da vida

O abandono da comunhão com Deus nos deixa bastante vulneráveis, porque sem a comunhão com Deus somos facilmente derrotados pelas adversidades da vida

“estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor”
(Jr. 17:8b)

O calor em uma terra seca é extremo. Na região de Israel, as temperaturas são muito elevadas durante boa parte do ano. Temperaturas em torno de 45 graus são comuns nesta região.  Os tempos de seca e calor intenso são marcados por situações de dificuldades enormes. A metáfora do calor pode ser associada com as adversidades e provações da vida. As adversidades da vida nos derrotam facilmente/rapidamente quando estamos longe de uma comunhão genuína com o Senhor. É impressionante como muitos cristãos se deixam vencer pelas dificuldades que enfrentam, e isto está relacionado ao abandono da comunhão com Deus.
Várias vezes o salmista se refere a Deus utilizando a metáfora de uma sombra que oferece abrigo contra o calor escaldante: Sl. 36:7; Sl. 63:7; Sl. 91:1. No Salmo 121: 5-7, os peregrinos louvam a Deus pela proteção recebida na jornada até Jerusalém: “O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua direita. De dia não te molestará o sol, nem de noite, a lua. O Senhor te guardará de todo mal.” Os profetas também sugerem a idéia de proteção divina em tempos adversos. Em Isaías 25:4, lemos: “Porque foste a fortaleza do pobre e a fortaleza do necessitado na sua angústia; refúgio contra  a tempestade e sombra contra o calor.”  Todos estes textos nos ensinam que em meio às aflições podemos contar com a graça de Deus em nosso favor.
Os soldados comunistas tomaram a Romênia em 1945. Richard Wurmbrand iniciou um ministério de pregação do Evangelho ao povo romeno escravizado pelos soldados russos invasores. Foi preso em 1948 e passou quatorze anos como prisioneiro dos comunistas (3 anos na solitária), torturado em sua própria terra natal, a Romênia. Mesmo na prisão planejou um trabalho de evangelismo dos comunistas. Este ministério ficou conhecido como Igreja Subterrânea. Mas a pergunta é: o que sustenta a fé de um homem que enfrentou várias torturas? Qual seria a verdadeira razão de sua perseverança em meio aos horrores de uma prisão comunista? Certamente não era masoquismo ou desejo de se tornar um herói. Seu coração estava sendo alimentado pela Videira verdadeira e desfrutava de plena comunhão com Cristo. “A fé que pode ser destruída pelo sofrimento não é uma fé genuína.” (Richard Wurmbrand, em Torturado por amor à Cristo).
C. H. Spurgeon disse o seguinte em uma de suas pregações: “Se somos débeis em nossa comunhão com Deus, nos tornamos fracos em tudo.” A base para não sucumbirmos diante das aflições é uma sólida comunhão com Deus. Todos nós estamos expostos às adversidades e aflições. Habitamos num mundo contaminado pelo pecado, e por isso ninguém está isento de padecer sofrimentos. A questão não é se iremos enfrentar adversidades ou não. No mundo teremos aflições, isto é a garantia bíblica. A questão é como iremos superar os momentos adversos. Se estivermos nutrindo a nossa fé na comunhão com Deus, teremos forças para atravessar vales e desertos confiando no poder gracioso do Senhor. Mas se abandonarmos a comunhão com Deus, as provações da vida se tornam insuportáveis.
Nada deve substituir a comunhão com Deus. Quando abandonamos esta comunhão, é fácil levantar a bandeira branca em meio às lutas diárias. Entregamos os pontos e assumimos o lugar de vítimas. Muitos crentes que outrora foram vigorosos, atualmente estão ressequidos e sem alento para lidar com as circunstâncias difíceis da vida. Eles abandonaram o manancial de águas vivas (Jr. 2:13). Em meio às adversidades o crente deve buscar refúgio no Senhor. Em situações de extremo calor e sequidão, o crente deve estar abrigado no refúgio que a comunhão com Deus oferece.
Você já se declarou vencido por alguma situação adversa que tem enfrentado? Uma dificuldade familiar, uma provação relacionada à saúde física ou uma angústia profunda de alma levaram você a desistir? Concordo plenamente com a frase que um autor anônimo escreveu: “Se nossas circunstâncias nos encontrarem em Deus, encontraremos Deus em todas as nossas circunstâncias.” A comunhão com Deus nos dá a força necessária para que as circunstâncias ruins não nos sufoquem.
O apóstolo Paulo enfrentou as mais terríveis situações e adversidades em prol do Evangelho. Só alguém que desfruta de comunhão genuína com o Senhor e deposita toda sua confiança em Deus pode afirmar o que ele escreveu: “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos” (2 Cor. 4: 7-9).
MARCOS AURÉLIO DE MELO
SERMÃO EM JEREMIAS 17

Nenhum comentário: