segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Convicções diante das tragédias

TEXTO-BÍBLICO: Salmo 93

Nesta semana as informações do noticiário enfatizaram as fortes chuvas que caíram na região Sudeste do Brasil. Os estados de São Paulo e Minas Gerais apresentaram graves problemas por causa da chuva, mas no Rio de Janeiro a situação é de total calamidade na região serrana. Mais de 600 mortos já foram contabilizados nesta triste estatística. Famílias inteiras ficaram soterradas e milhares de pessoas ficaram desabrigadas por causa dos deslizamentos de terra. Realmente a situação pode ser considerada uma tragédia de proporções assustadoras. É claro que as tragédias acontecem todos os dias ao redor do mundo, mas esta tragédia no Rio de Janeiro nos chamou a atenção por causa da ênfase que a mídia brasileira direcionou aos fatos.
No Salmo 93 observamos o salmista apresentando algumas convicções que ele carregava dentro de si, mesmo que a situação exterior seja de total calamidade. A força das águas é descrita neste salmo com a sonoridade de um bramido (como o rugido de um leão faminto). As cenas dos últimos dias também mostraram como as águas “rugiram” destruindo tudo pela frente, com a sua impetuosidade.

“Apesar das tragédias diárias, o cristão precisa manter no coração algumas convicções fundamentais” De acordo com este texto, que convicções fundamentais o cristão precisa manter no coração apesar das tragédias diárias? Estas convicções fazem toda a diferença em nossas vidas. Vejamos quais são elas.

1 – O nosso Deus nunca perde a Sua autoridade (vs. 1,2)
Muitos teólogos modernos questionam a soberania divina em meio às tragédias. Eles afirmam que Deus não tem controle sobre os fenômenos da natureza e que Deus abriu mão do seu domínio sobre vários aspectos da vida na terra. Estes teólogos interpretam a soberania divina a partir dos seus sentimentos e não à luz das Escrituras. Vários versículos bíblicos são mal interpretados para defender pontos de vista equivocados sobre o governo divino. Por exemplo, o teísmo aberto (ou abertura de Deus) afirma que Deus criou todas as coisas e deixou tudo entregue às leis naturais sem interferência nenhuma. Esta ideia na verdade tenta reduzir a majestade de Deus porque supõe que Ele não detém o poder sobre fenômenos naturais. Em Jó 37, podemos observar a autoridade suprema de Deus sobre a criação e o Seu governo que abrange a natureza.
É interessante perceber a perspectiva que o profeta Jeremias nunca perdeu de vista. No livro de Lamentações, o contexto é de uma destruição total em Jerusalém. A cidade foi totalmente assolada e as pessoas que restaram estavam vivendo num completo desespero. Mas Jeremias não se deixou levar pela situação de calamidade e reconheceu que Deus continuava reinando. "Pelo monte Sião, que está assolado, andam as raposas. Tu, SENHOR, reinas eternamente, o teu trono subsiste de geração em geração" (Lm. 5:19). As raposas são animais que se alimentam de carniça e em Jerusalém existiam muitos corpos em putrefação. Esta firme convicção do profeta na autoridade suprema do Rei do Universo foi útil para enfrentar as terríveis conseqüências daquela tragédia.
É necessário confiar que Deus tem o cetro de poder em Sua mão para governar (I Cr. 29:11). O governo divino é a contínua atividade de Deus pela qual Ele rege todas as coisas a fim de garantir a realização do propósito divino. Nenhuma galáxia ou estrela distante está fora do domínio absoluto do Rei do Universo. Nada é um acaso aos olhos do Soberano Senhor e nada consegue surpreendê-Lo. O cristão deve olhar as tragédias da perspectiva correta: há um propósito soberano de Deus por trás de todas as coisas. Será que este certeza continua em nossas mentes apesar das tragédias diárias?

2 – A Palavra de Deus nunca perde a sua confiabilidade (vs. 5a)
Diante das catástrofes as pessoas começam a questionar a confiabilidade da Bíblia porque seus corações não conseguem entender como um Deus santo, justo e bom que a Bíblia revela não age para impedir as tragédias que assolam a humanidade. Assim, a Palavra de Deus passa a ser considerada um livro comum, destituído de veracidade. Existem muitos estudiosos que atacam a veracidade das Escrituras porque ela não se encaixa com os pensamentos e teorias humanistas, que estão em moda atualmente. Os críticos gostam de propagar a mentira que a Bíblia não passa de uma coleção de mitos e fábulas. Mas a Bíblia testemunha a favor dela mesma. A preservação das Escrituras é uma prova que o seu conteúdo é digno de nossa total confiança.
Assim como Jó, o cristão genuíno não vai encontrar todas as respostas em meio à dor, mas pode ter a firme convicção de que a Palavra de Deus não falha e que os testemunhos do Senhor são verdadeiros. “A tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos teus juízos dura para sempre” (Salmo 119:160).. Além do mais Deus não é obrigado a nos responder cada um dos nossos questionamentos, como se Ele estivesse no banco dos réus. Nós precisamos enxergar nossas vidas sob a ótica das Escrituras e não enxergar as Escrituras sob a ótica de nossas vidas para que possamos evitar a tentação do ceticismo em relação à Bíblia.
Você continua depositando confiança na Bíblia apesar de tantas tragédias que assolam a humanidade? Deus não mudou e nem a Sua Palavra perdeu o valor desde os tempos antigos. Por causa de alguma tragédia, muitos crentes deixam de recorrer às Escrituras e já não a consideram suficiente em suas vidas. Este é um fato alarmante, pois demonstra a falta de um alicerce confiável. Nossas vidas podem ruir se não estiverem construídas sobre a rocha segura da Palavra de Deus.

3 – A santidade pessoal nunca perde a sua essencialidade (vs. 5b)
A santidade convém ao povo que é separado para o louvor da glória de Deus. Isto significa que ser santo não é opcional, mas essencial para todo aquele que se diz servo do Senhor. Em meio às tragédias, o crente não deve perder de vista que o foco de sua vida deve ser honrar e glorificar a Deus. O versículo 5 foi traduzido pela NVI de uma forma sugestiva: “a santidade é ornamento perpétuo da tua casa” (casa é uma metáfora). A santidade deve adornar a vida do crente mesmo que ele esteja passando por vales sombrios, para que outros vejam o brilho da glória de Deus.
Muitos crentes que enfrentam tragédias pessoais resolvem abandonar tudo e passam a viver dissolutamente, pois acreditam na mentira satânica que foram desamparados por Deus. E assim começam a agir com rebeldia e sem temor a Deus. O crente que se rebela em meio às dificuldades está aprisionado por sentimentos mesquinhos em relação a Deus.
Em determinadas situações, Deus leva os seus servos na bigorna do sofrimento para que algumas arestas sejam aparadas e a santidade seja aperfeiçoada. É este o ensino de Paulo em I Coríntios 4: 16-18. Mas apesar de ter passado por momentos extremamente difíceis, Paulo enxergava além do que seus olhos podiam ver: sua vida estava sendo lapidada diariamente.
Diante das tragédias diárias, será que enxergamos que Deus deseja nos moldar? A santificação é um ensino muito claro nas Escrituras e não é opcional para o povo que foi chamado para uma viva esperança. Somos "raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamarmos as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" (1 Pedro 2:9). Se você é um salvo, convém que você viva em santidade todos os dias, pois Deus é santo!

MARCOS AURÉLIO DE MELO

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