Um grave perigo, por demais ignorado no meio cristão, é o autoengano. Não são poucos aqueles que se vestem com uma roupagem evangélica e até defendem alguns valores bíblicos, mas que não foram de fato regenerados ou não tiveram um encontro transformador com a pessoa bendita do Senhor Jesus.
Visando alertar os seus discípulos, Jesus contou-lhes a parábola do joio e do trigo, plantas que guardam entre si muitas semelhanças. Estas plantas crescem no mesmo terreno e só são separadas quando chega a época da colheita. Da mesma forma há muito joio no meio da plantação divina. Dentro das igrejas existem aqueles que "aprenderam a ser cristãos". Ou seja, pelo convívio dentro da igreja, pela imitação de alguns padrões e através de um processo osmótico, tornaram-se muito parecidos com o verdadeiro trigo. Portanto, faz-se necessário um autoexame à luz da Palavra de Deus para não alimentarmos o autoengano.
A Bíblia nos mostra que nem todo que chama a Cristo de Senhor é de fato um servo autêntico. São nulas as profissões de fé sem a regeneração operada somente pelo Espírito. São inúteis os testemunhos de vitória, destituídos do profundo entendimento da feiura do pecado e da beleza da graça de Deus. São vazios os cânticos entoados em louvor a Deus, quando o coração encontra-se indiferente e distante da intimidade com o Senhor. É um triste retrato: corações vazios cantando músicas vazias a um deus imaginário.
Precisamos retornar à sensatez. Quando Cristo concluiu o Sermão da Montanha, deixou claro que há somente duas possibilidades: ouvir e desobedecer, ou ouvir e obedecer. Não existe caminho alternativo. Ao sermos diretamente confrontados com os ensinos do Mestre, precisamos diagnosticar se estamos dispostos a pagar o preço da obediência. Obedecer a Cristo certamente nos trará enormes prejuízos, mas é a prova cabal da realidade e autenticidade da nossa fé. Se de fato fomos regenerados pelo Santo Espírito, haverá disposição para um viver acima da média, repleto dos frutos que atestam a genuinidade da nossa salvação. O joio cresce junto com o trigo, mas somente o trigo plantado pelo Senhor produz frutos que glorificam a Deus.
Quando submetemos o nosso orgulho ao crivo da Palavra de Deus, não sobra nenhum espaço para o autoengano e nem para uma caricatura de cristianismo. Eis o ponto chave: um viver autêntico é o resultado direto de corações submissos ao que Deus diz nas Escrituras. O caminho do cristão deve ser marcado por esta autenticidade que gera o vigor necessário para "proclamar as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz".
Portanto, necessitamos ter a firme convicção de que a semente implantada em nossos corações foi uma iniciativa de Deus, e que Ele será fiel para completar a Sua maravilhosa obra em nosso viver, de modo que em nós haja plena certeza de fé que somos verdadeiramente Seus filhos, e o seremos por toda a eternidade.
"Escrevi-lhes estas coisas, a vocês que creem no nome do Filho de Deus, para que vocês saibam que têm a vida eterna." (1 João 5:13)
MARCOS AURÉLIO DE MELO
BREVE MEDITAÇÃO
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