domingo, 7 de setembro de 2014

A parábola do filho mais velho

É comum pensarmos na parábola do filho pródigo e concentrarmos atenção somente na figura do irmão mais novo, que viveu longe de casa e gastou toda a sua herança com os prazeres deste mundo. Esta parábola está registrada em Lucas 15. Mas eu gostaria de concentrar o foco deste texto na figura do irmão mais velho, que não abandonou o seu lar mas estava igualmente perdido mesmo dentro da casa do seu pai.

O irmão mais velho representa na parábola os escribas e fariseus, que eram pessoas consideradas obedientes a Deus e zelosas no seu procedimento. Jesus, conhecendo a realidade dos corações daqueles homens, propôs a parábola justamente para confrontar o orgulho que havia em suas vidas e que eles não queria admitir. É evidente que Jesus mostra o amor gracioso do Pai em receber com grande júbilo o filho mais novo que saiu de casa, mas o Seu principal objetivo é revelar a cegueira, mesquinhez e todo a hipocrisia de homens e mulheres que buscam servir religiosamente a Deus, mas que estão destruindo tanto suas almas quanto a vida das pessoas ao seu redor. Há muitas igrejas cheias de pessoas parecidas com o irmão mais velho, que busca obedecer a Deus com objetivos equivocados.

Nós não devemos obedecer a Deus para conseguirmos a aceitação d'Ele. O crente já é aceito por Deus, através dos méritos de Cristo Jesus, e nada que façamos pode constranger Deus a atender os nossos caprichos pessoais. O irmão mais velho pensava que pela sua obediência ao Pai deveria ser merecedor de glória e honra, e até uma festa deveria ser feita em sua homenagem. Mas na relação com Deus não existe barganha ou troca. Somos o que somos somente pela graça de Deus. O Deus que não poupou o Seu único Filho nos aceita com base no sacrifício perfeito na Cruz do Calvário. Obedecemos a Deus porque já fomos aceitos e somos novas criaturas. É mentira que devemos obedecer a Deus para sermos aceitos ou para ganharmos uma quantia de pontos.

O filho mais velho não conseguia entender a graça demonstrada com o filho mais novo. É como se ele dissesse: “Eu me matei de trabalhar para merecer o que tenho, mas meu irmão nunca fez nada para merecer coisa alguma; em verdade, ele mereceu apenas sua expulsão e, agora está sendo abençoado. Onde está a justiça em tudo isso?” O nosso senso de justiça deve ser redefinido conforme a Bíblia. Precisamos entender que Deus não pensa como nós pensamos, e que os Seus caminhos são totalmente diferentes dos nossos. Aquele filho mais velho se sentia o mais justo dos homens, por isso ficou enfurecido com o tratamento que o mais novo recebeu. Mas Deus redefine o que é justiça apresentando aos dois filhos a oportunidade de um relacionamento restaurado dentro da família. Deus é o padrão perfeito de justiça, que apresenta a situação de total falência espiritual do homem, tanto do filho mais novo quanto do filho mais velho, e nos outorga de graça as Suas preciosas bênçãos.

Constrangidos pelo imenso amor de Deus precisamos desistir de usar o nosso falso senso de justiça para medir as pessoas. Com base nos critérios que as Escrituras nos ensinam, precisamos deixar de lado o orgulho que tanto nos impulsiona a olhar os outros com arrogância, e vivermos em obediência a Deus porque fomos aceitos em Sua presença pelos méritos de Cristo Jesus. E assim seremos livres para desfrutarmos do amor do Pai sem reservas, com temor e bendita comunhão.

Nenhum comentário: