segunda-feira, 4 de junho de 2012

Equilíbrio

TEXTO: 1 Reis 21: 1-10

Creio que todos conhecem uma balança de pratos que ainda é utilizada em mercados ou nas feiras livres. O princípio de funcionamento da balança de pratos é o equilíbrio entre os pesos colocados em cada um dos pratos da balança. Para realizar a pesagem, coloca-se um ou mais objetos de peso conhecido (peso-padrão) e, no outro prato, o objeto que se deseja pesar. São acrescidos ou retirados mais pesos-padrões até que se estabeleça o equilíbrio entre os dois pratos, o que resulta no peso relativo do objeto.

No livro de Daniel lemos sobre a história do rei Belsazar que deu um grande banquete para mil convidados. Na festa regada a muito vinho, Belsazar mandou trazer os utensílios de ouro que vieram do templo de Jerusalém e utilizou-os. Mas apareceram dedos de mão de homem escrevendo na parede do palácio real a seguinte frase: MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM. Daniel forneceu a correta interpretação da escritura na parede. A palavra TEQUEL significava: “pesado foste na balança e achado em falta” (Dn. 5:27). A vida de Belsazar estava em total desequilíbrio com o padrão requerido por Deus, por isso ele foi achado em falta na balança divina.

O texto bíblico em epígrafe nos mostra uma cena de falta de equilíbrio estrelada por Acabe e Jezabel. Estes dois líderes ímpios foram terríveis na história do povo de Israel. Eles foram duramente advertidos por Elias, mas ainda assim continuaram suas práticas pecaminosas sem nenhum constrangimento. O fato é que o pecado gera desequilíbrio em todos os contextos. Por exemplo, muitas famílias estão fragmentadas e sem equilíbrio por conta do orgulho dos cônjuges ou da falta de perdão mútuo.

Deus requer que os seus filhos vivam de maneira equilibrada. E este equilíbrio só surge quando nós andamos em retidão e firmados na Palavra de Deus, que é o nosso padrão. Nossas vidas devem ser diariamente aferidas com o padrão das Escrituras para que não haja desequilíbrio.

PODEMOS EXTRAIR DESTE TEXTO ALGUMAS LIÇÕES BÁSICAS PARA UM VIVER EQUILIBRADO


De acordo com o texto bíblico em epígrafe, quais são as lições básicas para um viver equilibrado?
Palavra-Chave: LIÇÃO

1) Não devemos nutrir a cobiça em nosso viver (vs. 1 a 3)

O rei Acabe tinha um palácio em Jezreel, mas ainda cobiçou a vinha de Nabote. Ele desejou possuir o que não lhe pertencia. A cobiça era proibida na Lei: “Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo nem o teu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença a teu próximo” (Ex. 20:17; ver também Dt. 5:21).

A Bíblia relata a história de Acã que cobiçou uma capa babilônica: “Quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata, e uma barra de ouro do peso de cinquenta siclos, cobicei-os e tomei-os; e eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata, por baixo” (Js. 7:21). A cobiça deste homem trouxe juízo de Deus sobre todo o povo, que foi derrotado por uma cidadela chamada Ai.

A cobiça geralmente está ligada ao descontentamento no coração. O descontentamento com o que Deus já tem nos dado leva-nos a pensar que só seremos plenamente felizes quando tivermos algum bem material. Agostinho definiu a cobiça como sendo “desejar mais do que o suficiente.” A felicidade do crente não deve estar alicerçada em coisas ou bens materiais. A felicidade do crente deve estar alicerçada no seu relacionamento com Deus.

Paulo adverte o jovem pastor Timóteo: “Grande fonte de lucro é a piedade com contentamento” (1 Tm. 6:6), “porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores” (1 Tm. 6:10). No grego, cobiça é oregomai = “esticar-se a fim de tocar ou agarrar algo”.

Muitos crentes vivem vidas totalmente desequilibradas por causa da cobiça que domina suas vidas. (Ec. 5:10) . São pessoas que nunca se satisfazem e cobiçam as vinhas ao seu redor, mesmo possuindo um palácio. O ensino de Jesus sobre a busca desenfreada por tesouros terrenos é claro e direto. Ele disse: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt. 6:19-21).

2) Não devemos nutrir a autopiedade em nosso viver (vs. 4 a 6)

Nabote não quis vender a sua vinha para o rei Acabe porque era herança dos seus pais. Acabe ficou muito desapontado e desgostoso. Um escritor ironizou a cena da seguinte forma: “sufocando sua raiva e frustração, o rei saiu dali batendo os pés, entrou no palácio e se deitou em sua cama de cara para a parede e com o dedo enfiado na boca.” Coitado de mim! Ninguém me ama, ninguém me quer! Oh, céus, oh, vida oh, azar!

O profeta Elias “pediu para si a morte, e disse: Já basta, ó SENHOR; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais” (1 Rs. 19:4). Ele buscou se esconder numa caverna em Horebe e ali ficou lamentando diante das circunstâncias. Mas Deus não alimentou o profeta com “mimos”, pelo contrário, o comissionou para realizar novas tarefas: ungir a Hazael, rei sobre a Síria, a Jeú rei sobre Israel, e a Elizeu como profeta.

A autopiedade é uma manifestação do “velho homem” que deseja estar no centro das atenções. E quem se coloca na condição de vítima quer ser mimado e apoiado em suas lamentações pecaminosas. Alguém disse que “a autopiedade é irmã gêmea do orgulho”. As pessoas que se magoam muito facilmente possuem uma imagem muito elevada de si mesmas e não reconhecem isso. Mas o fato é que crentes mimados nunca chegarão a maturidade! Precisamos agir com confiança na pessoa de Deus diante das circunstâncias adversas que nos contrariam, e não cruzar os braços e afogar-nos em lamentos.

A maior luta da vida cristã é contra o inimigo mortal que temos dentro de nós mesmos: nosso velho homem egoísta. O velho homem não quer morrer, antes quer ser glorificado, exaltado e bajulado. Precisamos diariamente pregar para nós mesmos como fez Davi: “Por que estás abatida, ó minha alma? E por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a Ele que é a minha salvação” (Salmo 42: 5, 11).

3) Não devemos nutrir a malícia em nosso viver (vs. 8 a 13)

Agir com malícia é tramar ciladas para obter o que se deseja. Como muitos pensam, a malícia não tem conotação apenas sexual. Tudo que é feito com objetivos maldosos possui o carimbo da malícia. Foi o que Jezabel fez prontamente assim que soube da recusa de Nabote em negociar a vinha. Ela arquitetou um plano para acusar Nabote de blasfêmia contra Deus e contra o rei Acabe. Logo depois, homens malignos o apedrejaram até a morte.

Na sua terceira carta, João escreve sobre um homem chamado Diótrefes que gostava de exercer a primazia na igreja. Ele era astuto, usava palavras maliciosas contra os apóstolos, e semeava discórdias dentro da igreja. Suas atitudes demonstravam que ele não pertencia a Deus (3 Jo. 9-11), e por isso merecia severa repreensão. Será que existem “Diótrefes” hoje em dia, que agem com maldade para garantir vantagens dentro da igreja? O apóstolo Paulo também advertiu severamente os crente de Éfeso: “Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia” (Ef. 4:31).

A malícia começou no Jardim do Éden, quando Satanás usou a sua astúcia para despertar o desejo de Eva pelo fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. A malícia sempre está ligada com mentiras e enganos. Talvez a nossa malícia não se manifeste de forma tão cruel como tramar a morte de alguém. Mas a nossa malícia pode estar embutida na forma como nos relacionamos querendo obter vantagens à custa das pessoas.

Curiosamente, no grego a palavra malícia é a mesma palavra para maldade (kakia), que significa “iniquidade que não se envergonha de transgredir princípios bíblicos”.

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