sábado, 20 de fevereiro de 2010

Fé versus Obras

A Bíblia não entra em contradição. Mesmo que muitas pessoas afirmem que a Bíblia está cheia de erros, o estudo mais profundo nos mostra que não. Em Efésios 2: 8-9, lemos que a salvação é através da graça, dada ao homem por meio da fé no sacrifício remidor de Cristo na cruz do Calvário. Somente a fé no Senhor Jesus pode dar ao homem a salvação. Mas isto não significa que a partir de agora, o homem pode viver de qualquer maneira, sem se importar com os frutos que irá produzir. Em nenhuma parte da Bíblia nós observamos algum texto que defenda a vida sem compromisso. Não, este não é o ensino das Escrituras. A salvação é exclusivamente por meio da fé, mas a prova de que uma pessoa foi salva é a mudança de vida, um testemunho verdadeiro e cheio de frutos.

Na carta de Tiago, no capítulo 2, nós lemos que a fé sem obras é morta. Ou seja, qualquer pessoa que diz crer em Jesus como Salvador e Senhor, não pode viver da forma que acha melhor e sem se importar com um procedimento adequado. Ninguém será justificado diante de Deus por suas obras, isto é verdade. Mas a salvação mediante a genuína fé em Jesus Cristo com certeza traz novidade de vida para o homem. Seria uma enorme contradição o homem ser salvo e permanecer na vida de pecados. Isto não é o que a Bíblia nos assegura. Os frutos dignos de arrependimento serão visíveis em alguém que depositou sua fé na graça de Cristo, de modo completo e real. Em II Coríntios 5:17, lemos que os que estão em Cristo são novas criaturas, e as coisas antigas já passaram. Então, é necessário que alguém salvo por Cristo, também ande em novidade de vida.

Portanto, concluindo, é verdade que somente a graça de Deus é capaz de salvar o homem, mediante a fé no sacrifício de Jesus, mas esta fé não pode ser inoperante ou morta. Nenhuma pessoa será salva confiando em suas boas obras, na sua religião ou na sua tradição. Mas, por outro lado, ninguém pode afirmar que entendeu plenamente a salvação mediante a fé, se não houve nenhuma mudança efetiva no seu viver.

Então, meu caro ouvinte, de que lado você está? Você está confiando nas suas obras para viver eternamente com Cristo no céu? Ou você está vivendo relaxadamente, sem nenhum ajuste na vida, e continua dizendo que tem fé em Deus? Estas duas formas de entender a salvação são totalmente errôneas e antibíblicas.


MARCOS AURÉLIO DE MELO
BREVE REFLEXÃO
PROGRAMA DE RÁDIO VIVA COM CRISTO

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O auto-engrandecimento é incoerente

LEITURA BÍBLICA: Mateus 23: 5-7

Os filactérios ou tefilins eram pequenos rolos ou caixinhas de couro que os judeus religiosos usavam presos à testa, perto do coração, e no braço esquerdo. Essas pequenas cápsulas continham quatro passagens da Torah: Êx 13.1-10 e 11-16; Dt 6.4-9 e 11.13-21. Com o passar do tempo, os judeus começaram a respeitar e honrar esses pequenos recipientes, tanto quanto as Escrituras, e seu tamanho era considerado um sinal de zelo espiritual de quem os ostentava.

As “franjas” eram as borlas descritas em Nm 15.37-41 que todo judeu deveria usar. Essas borlas eram fios grossos de lã, branca e azul, e tinham a singela função de declarar o amor de quem as usava ao Senhor e a vontade do seu coração de cumprir a Torah da maneira mais fiel possível. As borlas tinham o tamanho médio de até 10 cm; entretanto, os fariseus as alongavam muito mais em sinal de maior espiritualidade. O que Deus intencionava para ser apenas um lembrete de fé e marca de devoção, tornou-se objeto de auto-engradecimento e ostentação – de puro exibicionismo.

Os mestres da Lei e os fariseus gostavam de ocupar os melhores e mais importantes assentos na sinagoga, aqueles que ficam defronte à representação da arca e que continha os rolos das Escrituras Sagradas. Além disso, os que se assentavam ali podiam ser facilmente vistos por toda a congregação. Eles também apreciavam muito ouvir as pessoas os chamarem, insistentemente, aos gritos e em público (nas praças do mercado) de Rabbi (em grego), que significa literalmente em hebraico: “meu professor, meu mestre!” Fazemos bem em perceber a dura reprovação que Jesus fez aos fariseus e os conselhos que ele deixou para os discípulos – Mateus 23:8-12.

O objetivo dos fariseus não era o de glorificar a Deus, mas a si mesmos. Em Lucas 18:9-14, lemos sobre o fariseu e o publicano que foram ao templo para orar. FARISEU: “Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens.” (vs. 11) A presunção do fariseu estava relacionada com sua suposta vantagem em relação ao publicano, que era a classe social mais odiada dentro do povo judeu. Ele orou de si para si, ou seja, ele mesmo era o alvo de sua oração. Este comportamento revela o coração do homem que é centralizado em si mesmo, amante de si mesmo. A nossa grande dificuldade é que nunca olhamos para nós mesmos, conforme somos vistos por Deus. A nossa natureza adâmica quer se mostrar acima da média – um super-crente aos olhos dos outros. Este tipo de comportamento é bastante antigo (Gn. 11:4: a torre de Babel foi construída para trazer fama e glória ao homem), porém não reflete a essência do evangelho e não traz conseqüências saudáveis. O escritor A. W. Tozer escreveu: “O esforço por parecer grande diante dos homens trará o desfavor de Deus sobre nós.” Este ensino concorda com Pv. “A soberba do homem o abaterá, mas o humilde de espírito obterá honra.”

Para o crente, esta atitude de buscar o auto-engrandecimento é incoerente por si mesma, pois o nosso Senhor nos Deus outro exemplo a seguir. Em algumas ocasiões os discípulos discutiram entre si, para saber quem era o maior, mas Jesus os repreendeu (Lucas 22: 26). Jesus nos deu um exemplo muito importante sobre a vida de um verdadeiro servo. Ele não veio para ser servido (embora tivesse todo direito), mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. Antes de morrer Jesus estava reunido com seus discípulos no local escolhido para a última ceia, e passou a lavar os pés dos seus discípulos (Jo. 13: 1-20). Este ato foi muito solene, pois se tratava do Deus eterno se prostrando para lavar pés calejados de homens pecadores. Depois ele explica porque fez aquilo (João 13: 12-17), alertando os discípulos sobre a humildade.

Não existe ninguém grande. Grande só há um – o nosso Senhor e Deus. Ele é quem é digno de toda honra, glória e exaltação. Ele não divide sua glória com ninguém. Precisamos entender que não há espaço no corpo de Cristo para estrelismo. Cristãos que almejam receber os louvores e os louros da fama são ladrões de glória. Meus irmãos, isso é um veneno mortal que com certeza trará prejuízos a igreja do Senhor. Nós devemos nos reunir com o propósito exclusivo de reconhecer a grandeza do nosso Deus e não para buscarmos engrandecimento próprio.

Que sejamos servos humildes unidos no mesmo objetivo – engrandecer a Cristo com nosso serviço para Ele. Você realmente enxerga que esta incoerência é brutal e destrutiva para a igreja? Estamos dispostos a lavar os pés de nossos irmãos, olhando de cima para baixo? Não temos nenhum requisito/ mérito a mais do que o irmão que está ao nosso lado. Cada um deve considerar os outros superiores a si mesmo, conforme lemos em Fl. 2: 1-4.

“Quanto maior o entendimento do homem sobre a graça, menor ele será a seus próprios olhos.” C. H. Spurgeon

Marcos Aurélio de Melo
Estudos no livro de Mateus
Último estudo em Mt. 23:1-7

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O testemunho pessoal

O versículo bíblico em Mateus 23:3 é enfático: “não os imiteis nas suas obras, porque dizem e não fazem”. A NVI diz assim: “Não façam o que eles fazem, pois não praticam o que pregam.” Os fariseus tinham adotado a teologia do "faça o que digo, mas não faça o que eu faço". Eles eram bons na ortodoxia, mas péssimos na ortopraxia (Ortodoxia: significa a verdadeira doutrina ou ensino sadio e correto; Ortopraxia: significa a prática correta, o proceder correto). Quando não ficavam além ou aquém das Escrituras, os fariseus até que ensinavam verdades aplicáveis no dia-a-dia, mas eles mesmos não as praticavam. Os fariseus que amavam os discursos homiléticos, mas a doutrina correta e o viver correto devem andar juntos. Apesar da autoridade investida (eram também juízes no tribunal onde a Lei Mosaica era a lei civil), suas atitudes não eram compatíveis com aquilo que proferiam.

LUCAS 6: 46-49 – A parábola que Jesus contou sobre o homem que edificou sua casa na areia, sem fundamento algum, serve para ilustrar que a negligência em praticar a Palavra de Deus corrói as nossas vidas e nos tira a estabilidade. Já o homem que edificou a sua casa sobre a rocha, depois de cavar um profundo alicerce, ilustra o homem que aplica na prática os ensinos das Escrituras. Cristo não se agrada de bons ouvintes; Ele requer de nós a aplicação das verdades bíblicas. Tiago reafirma este ensino: “tornai-vos praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando a vós mesmos.” (Tg. 1:22)

Paulo, que tinha sido um zeloso fariseu, depois de experimentar a transformação mediante o Evangelho de Cristo, fez questão de pregar também com o seu proceder exemplar: “Tornem-se meus imitadores como eu sou de Cristo” (1 Co 11.1). Ele sabia da enorme responsabilidade que pesava sobre os seus ombros: ser um exemplo para os crentes das igrejas que foram fundadas. Paulo nos ensina que o padrão era Cristo, mas o seu viver espelhava a imagem do Salvador.

Para quem exerce liderança (diáconos, pastores) a responsabilidade de ter um testemunho pessoal ainda é mais acentuada. Em I Timóteo 4:12 nós observamos o apóstolo Paulo alertando o jovem pastor a ter um procedimento exemplar: “Torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza.” Ao jovem Tito, que estava na ilha de Creta, Paulo também exortou: “Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras.” (Tito 2: 7-8) A mesma verdade foi explicada por C. H. Spurgeon: “Nossa vida deve ser tal que os homens possam imitá-la com segurança.”

Existe muita gente que conhece a verdade sobre Deus, mas que está vivendo uma vida que não pode agradar a Deus. Esta incoerência precisa ser sanada o quanto antes, com a correta compreensão do valor que o testemunho sadio possui. Afinal, árvores boas devem produzir bons frutos. Uma mente que foi transformada pelo poder da Palavra de Deus produzirá uma vida transformada, ou então, há de se contestar se esta transformação foi realmente genuína. A fé salvadora genuína certamente trará frutos genuínos – é que Tiago escreve na sua carta, alertando sobre a necessidade de obras que atestem claramente a conversão a Cristo por meio da fé.

É um dever do crente viver de modo digno do Evangelho e em conformidade com as instruções da Palavra de Deus. Este é o ensino de Paulo na carta aos Efésios 4:1. Depois de ensinar doutrina da graça e da soberania de Deus na salvação do homem, Paulo exorta os crentes a “andar de modo digno da vocação a que foram chamados.“ Se o crente não se preocupa com o seu testemunho, deve começar a repensar sua salvação, porque o evangelho não apenas é poder de Deus para a salvação, mas também para a conformação do homem à imagem de Jesus Cristo. Taylor escreveu que “a boa influência é o perfume do caráter”, e a Bíblia nos diz que devemos espalhar por todo lugar a boa fragrância do conhecimento de Cristo, que se demonstra em práticas coerentes com a Palavra de Deus. As palavras de Jesus aos discípulos no sermão da montanha evidenciam que é possível sim apresentar ao mundo este bom perfume, a fim de glorificar a Deus.

Esta incoerência entre doutrina X prática existe em seu viver? Você reconhece a necessidade de afinar seu testemunho pessoal com a doutrina e o ensino bíblico? Que influência você tem deixado para a sua geração através do seu proceder? O seu viver diário está coerente com a sua profissão de fé ? Responder a estas perguntas é o primeiro passo para uma profunda revolução. Não deixe que o mundanismo faça morada em seu coração, retirando seu vigor para apresentar uma luz brilhante ao seu redor. Em Pv. 4:18, lemos que: “A vereda do justo é como luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.”

Marcos Aurélio de Melo
Estudos em Mateus 23:1-7
Esta série encerra na próxima postagem

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O PADRÃO DAS ESCRITURAS

Os fariseus constituíam um partido político religioso que defendia a observância literal da Torah (Lei) e mais uma série de ordenanças e preceitos por eles criados para situações não diretamente cobertas pela Torah. Convencidos de que possuíam a correta interpretação da vontade de Deus, afirmavam que a tradição dos anciãos e a lei oral vinham de Moisés. Os fariseus e escribas se assentavam na cadeira de Moisés porque se intitulavam os sucessores autorizados da tradição de Moisés como mestres da Lei, que foi repassada de geração em geração. Eles colocaram a mera tradição humana acima dos mandamentos divinos. Os escribas e fariseus estavam não apenas ignorando, mas também adulterando a Palavra de Deus. Além disso, os fariseus sempre apresentavam aos seus seguidores uma lista de ordenanças que se tornavam um verdadeiro fardo.

A palavra fariseu significa “separado.” Regras e mais regras eram necessárias para manter intacta esta separação. Costumes eram desenvolvidos para manter a identidade cada vez mais inconfundível. Eles se tornaram obsessivos com os pormenores da tradição judaica e não compreenderam a suficiência das Escrituras. Os fariseus haviam criado regras e regulamentos, que, quanto à severidade, ultrapassavam às ordens nas Escrituras do AT.

Quando o padrão da Palavra de Deus é adulterado, começam a surgir regras absurdas para acrescentar ou diminuir a abrangência das Escrituras. É verdade que homens podem colocar nos lábios de Deus o que ele nunca falou, legislar em nome do Senhor e criar um evangelho totalmente estranho. Mas a Bíblia fala que eles serão julgados por isso. Não podemos ficar nem além e nem aquém do padrão das Escrituras. Quando ficamos aquém do padrão bíblico nos tornamos permissivos – o pecado já não passa a incomodar tanto. Quando ficamos além do padrão bíblico nos tornamos legalistas – tudo passa a ser ditado por regras e normas. Os dois extremos são distorções que certamente geram incoerências absurdas no viver diário.

Paulo que foi um fariseu de fariseus (um dos maiorais – Gl. 1:14), escreveu a epístola aos Gálatas para confrontar os crentes. Havia naquela região um grupo que nós conhecemos como judaizantes . Eles eram judeus convertidos que não queriam deixar de lado certos costumes judaicos (festas/circuncisão). Além disso, eles defendiam que a obra de Cristo na cruz deveria ser complementada com a observância destes costumes e cerimoniais. Paulo foi enérgico: “Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou? Quem vos iludiu?” Eles estavam indo além do padrão do Evangelho, e assim anulavam o sacrifício de Cristo (Gl. 5:2-4). Paulo chama os pregadores deste falso evangelho de anátemas, que significa maldito (Gl. 1:9).

Outro exemplo de adulteração do padrão das Escrituras é encontrado na igreja de Corinto. Ali os crentes estavam ficando aquém do padrão, e isto gerou licensiodade e permissividade. Paulo então escreveu sua epístola com o propósito de confrontar tal comportamento da igreja, que estava permitindo imoralidade (I Co. 5:1-13). O homem que estava possuindo a mulher do próprio pai deveria ser disciplinado, para que o fermento não levedasse toda a massa. Paulo entendia que um pecado permitido e tolerado hoje vai gerar mais pecado no futuro – um abismo chama outro abismo (Sl. 42:7).

O padrão correto é o que a Bíblia estipula. A Bíblia não nos outorga o direito de criar “achismos” ou “modismos”. A autoridade de qualquer ministro da Palavra nasce e morre nas Escrituras. O grave problema de permissividade que é vista hoje em dia é fruto de um abandono gradual dos mandamentos bíblicos. Assim também, o problema de legalismo é fruto de um acréscimo gradual de regras e ritos.
Qualquer um que pregue um evangelho centrado em conclusões humanistas irá se distanciar do padrão bíblico. É por isso que devemos ser crentes bereianos (Atos 17:11), que investigam cuidadosamente as Escrituras para ver se há veracidade no discurso. Para isso, dependemos inteiramente da direção do Espírito Santo, que nos guiará a toda verdade (Jo. 16:13). Somente por meio de Sua direção, teremos condições de enxergar as graves incoerências em nosso viver que surgiram por má compreensão dos princípios bíblicos.

Qual tem sido o seu padrão? Se não for a Palavra de Deus quero afirmar que muitas incoerências terão lugar em sua vida. Cristo nos ensinou que as Escrituras mostram o padrão de Deus para o homem. Que possamos sempre nos dedicar ao estudo da Palavra, com o auxílio do Espírito, para não adulterarmos o padrão bíblico – acrescentando ou tirando algo para o nosso benefício. E que o nosso Deus nos faça enxergar as incoerências em nosso viver, por termos adotado padrões alternativos. Certamente Ele quer que estas incoerências sejam corrigidas em nossas vidas.

MARCOS AURÉLIO DE MELO
Estudo em Mateus 23: 1-7
OBS.: Continua nas próximas postagens

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Incoerência no viver

Muitos estudantes reclamam do vestibular, principalmente quando a prova inclui a escrita de uma redação a partir de um tema proposto. Os vestibulandos suam frio e ficam nervosos porque precisam apresentar em 25 ou 30 linhas o seu conhecimento sobre o tema definido. A redação é realmente uma pedra no sapato de muitas estudantes. Na construção de um texto, assim como na fala, mecanismos são utilizados para garantir a clareza. Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa incoerência é resultado do mau uso de elementos de coesão textual na estruturação das frases, o que traz prejuízos para o entendimento do texto. Pode também acarretar uma série de interpretações equivocadas sobre o assunto abordado.

Um texto incoerente, sem nexos ou com frases soltas, que se inicia com um tema e termina com outro, é difícil e muitas vezes até impossível de ser entendido completamente. É um grande desafio escrever com coerência. A verdade é que não é fácil escrever, pois esta arte exige uma enorme concentração para dar coerência ao texto, desde a introdução até a conclusão. Seguir uma linha de raciocínio sem perder a coerência é o objetivo de qualquer escritor conceituado.

Os fariseus na época de Jesus eram mestres na arte da incoerência. Em Mateus 23:24, está escrito que eles “coavam um mosquito e engoliam um camelo.” Estas palavras apontam a enorme incoerência em suas vidas. Em várias ocasiões nós observamos duras críticas de Jesus direcionadas aos fariseus, pois o viver deles era incoerente. Jesus utilizou uma palavra da época para defini-los: “hipócrita” é uma transcrição do vocábulo grego "hypochrités" – atores que representavam cenas teatrais utilizando máscaras de acordo com o papel numa peça teatral. É daí que o termo hipócrita designa alguém que oculta a realidade atrás de uma máscara de aparência. As contradições observadas por Jesus na vida dos fariseus evidenciavam uma prática religiosa desprovida de qualquer validade.

Era visível a incoerência costumeira destes homens, que se diziam ser religiosos ortodoxos, mas adotavam práticas reprováveis. Os fariseus se diziam observadores da lei, mas foram chamados por Jesus de sepulcros caiados: por fora eram belos e ornamentados, mas por dentro estavam apodrecendo aos poucos. Os fariseus não aplicavam algumas regras básicas para viver de modo coerente, e por isso foram duramente confrontados por Jesus. Jesus tece uma crítica bem elaborada a fim de tratar com seriedade os problemas que os fariseus não estavam dispostos a resolver. Saber tais princípios não é suficiente – é necessário aplicá-los integralmente para que nossas vidas sejam livres de contradições. O estudante que escreve sua redação no vestibular, buscando dar sentido e coerência ao texto, precisa aplicar alguns princípios de coesão, progressão e relações de sentido.

Um texto bastante ilustrativo é o texto em II Co. 3: 1-3, no qual Paulo afirma que os crentes são cartas, conhecidas e lidas por todos os homens. Será que nesta carta não existem incoerências que precisam ser corrigidas? Que princípios devemos aplicar para evitarmos tais incoerências? Ao escrever um texto devemos observar certas regras ou princípios para dar coesão e coerência textual, para que o resultado final seja satisfatório. Um texto coerente é de fácil entendimento e transmite a mensagem desejada. Valendo-me desta analogia, é importante aplicar alguns princípios basicos para evitarmos incoerências em nosso viver.

Somos muito observados pelos homens, mas é Deus quem conhece perfeitamente os nossos corações e sonda o mais profundo de nosso ser. Ele sabe quais são as incoerências em nosso viver e que todas devem ser urgentemente corrigidas. O nosso Deus perscruta o coração e enxerga nossos propósitos/intenções que moldam nossas ações. E, além disso, nós não conseguiremos manter comunhão genuína com Deus enquanto estas incoerências estiverem presentes. Deus requer dos seus filhos uma vida digna, coerente com o supremo chamado do Evangelho (Cl. 1:10). Devemos priorizar os princípios estabelecidos por Deus para um viver digno e coerente. Viver para a glória de Deus é um enorme desafio neste mundo tão incoerente, mas com certeza vale a pena.

MARCOS AURÉLIO DE MELO
ESTUDOS NO EVANGELHO DE MATEUS
OBS.: Continua nas próximas postagens