sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O auto-engrandecimento é incoerente

LEITURA BÍBLICA: Mateus 23: 5-7

Os filactérios ou tefilins eram pequenos rolos ou caixinhas de couro que os judeus religiosos usavam presos à testa, perto do coração, e no braço esquerdo. Essas pequenas cápsulas continham quatro passagens da Torah: Êx 13.1-10 e 11-16; Dt 6.4-9 e 11.13-21. Com o passar do tempo, os judeus começaram a respeitar e honrar esses pequenos recipientes, tanto quanto as Escrituras, e seu tamanho era considerado um sinal de zelo espiritual de quem os ostentava.

As “franjas” eram as borlas descritas em Nm 15.37-41 que todo judeu deveria usar. Essas borlas eram fios grossos de lã, branca e azul, e tinham a singela função de declarar o amor de quem as usava ao Senhor e a vontade do seu coração de cumprir a Torah da maneira mais fiel possível. As borlas tinham o tamanho médio de até 10 cm; entretanto, os fariseus as alongavam muito mais em sinal de maior espiritualidade. O que Deus intencionava para ser apenas um lembrete de fé e marca de devoção, tornou-se objeto de auto-engradecimento e ostentação – de puro exibicionismo.

Os mestres da Lei e os fariseus gostavam de ocupar os melhores e mais importantes assentos na sinagoga, aqueles que ficam defronte à representação da arca e que continha os rolos das Escrituras Sagradas. Além disso, os que se assentavam ali podiam ser facilmente vistos por toda a congregação. Eles também apreciavam muito ouvir as pessoas os chamarem, insistentemente, aos gritos e em público (nas praças do mercado) de Rabbi (em grego), que significa literalmente em hebraico: “meu professor, meu mestre!” Fazemos bem em perceber a dura reprovação que Jesus fez aos fariseus e os conselhos que ele deixou para os discípulos – Mateus 23:8-12.

O objetivo dos fariseus não era o de glorificar a Deus, mas a si mesmos. Em Lucas 18:9-14, lemos sobre o fariseu e o publicano que foram ao templo para orar. FARISEU: “Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens.” (vs. 11) A presunção do fariseu estava relacionada com sua suposta vantagem em relação ao publicano, que era a classe social mais odiada dentro do povo judeu. Ele orou de si para si, ou seja, ele mesmo era o alvo de sua oração. Este comportamento revela o coração do homem que é centralizado em si mesmo, amante de si mesmo. A nossa grande dificuldade é que nunca olhamos para nós mesmos, conforme somos vistos por Deus. A nossa natureza adâmica quer se mostrar acima da média – um super-crente aos olhos dos outros. Este tipo de comportamento é bastante antigo (Gn. 11:4: a torre de Babel foi construída para trazer fama e glória ao homem), porém não reflete a essência do evangelho e não traz conseqüências saudáveis. O escritor A. W. Tozer escreveu: “O esforço por parecer grande diante dos homens trará o desfavor de Deus sobre nós.” Este ensino concorda com Pv. “A soberba do homem o abaterá, mas o humilde de espírito obterá honra.”

Para o crente, esta atitude de buscar o auto-engrandecimento é incoerente por si mesma, pois o nosso Senhor nos Deus outro exemplo a seguir. Em algumas ocasiões os discípulos discutiram entre si, para saber quem era o maior, mas Jesus os repreendeu (Lucas 22: 26). Jesus nos deu um exemplo muito importante sobre a vida de um verdadeiro servo. Ele não veio para ser servido (embora tivesse todo direito), mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. Antes de morrer Jesus estava reunido com seus discípulos no local escolhido para a última ceia, e passou a lavar os pés dos seus discípulos (Jo. 13: 1-20). Este ato foi muito solene, pois se tratava do Deus eterno se prostrando para lavar pés calejados de homens pecadores. Depois ele explica porque fez aquilo (João 13: 12-17), alertando os discípulos sobre a humildade.

Não existe ninguém grande. Grande só há um – o nosso Senhor e Deus. Ele é quem é digno de toda honra, glória e exaltação. Ele não divide sua glória com ninguém. Precisamos entender que não há espaço no corpo de Cristo para estrelismo. Cristãos que almejam receber os louvores e os louros da fama são ladrões de glória. Meus irmãos, isso é um veneno mortal que com certeza trará prejuízos a igreja do Senhor. Nós devemos nos reunir com o propósito exclusivo de reconhecer a grandeza do nosso Deus e não para buscarmos engrandecimento próprio.

Que sejamos servos humildes unidos no mesmo objetivo – engrandecer a Cristo com nosso serviço para Ele. Você realmente enxerga que esta incoerência é brutal e destrutiva para a igreja? Estamos dispostos a lavar os pés de nossos irmãos, olhando de cima para baixo? Não temos nenhum requisito/ mérito a mais do que o irmão que está ao nosso lado. Cada um deve considerar os outros superiores a si mesmo, conforme lemos em Fl. 2: 1-4.

“Quanto maior o entendimento do homem sobre a graça, menor ele será a seus próprios olhos.” C. H. Spurgeon

Marcos Aurélio de Melo
Estudos no livro de Mateus
Último estudo em Mt. 23:1-7

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