sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O testemunho pessoal

O versículo bíblico em Mateus 23:3 é enfático: “não os imiteis nas suas obras, porque dizem e não fazem”. A NVI diz assim: “Não façam o que eles fazem, pois não praticam o que pregam.” Os fariseus tinham adotado a teologia do "faça o que digo, mas não faça o que eu faço". Eles eram bons na ortodoxia, mas péssimos na ortopraxia (Ortodoxia: significa a verdadeira doutrina ou ensino sadio e correto; Ortopraxia: significa a prática correta, o proceder correto). Quando não ficavam além ou aquém das Escrituras, os fariseus até que ensinavam verdades aplicáveis no dia-a-dia, mas eles mesmos não as praticavam. Os fariseus que amavam os discursos homiléticos, mas a doutrina correta e o viver correto devem andar juntos. Apesar da autoridade investida (eram também juízes no tribunal onde a Lei Mosaica era a lei civil), suas atitudes não eram compatíveis com aquilo que proferiam.

LUCAS 6: 46-49 – A parábola que Jesus contou sobre o homem que edificou sua casa na areia, sem fundamento algum, serve para ilustrar que a negligência em praticar a Palavra de Deus corrói as nossas vidas e nos tira a estabilidade. Já o homem que edificou a sua casa sobre a rocha, depois de cavar um profundo alicerce, ilustra o homem que aplica na prática os ensinos das Escrituras. Cristo não se agrada de bons ouvintes; Ele requer de nós a aplicação das verdades bíblicas. Tiago reafirma este ensino: “tornai-vos praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando a vós mesmos.” (Tg. 1:22)

Paulo, que tinha sido um zeloso fariseu, depois de experimentar a transformação mediante o Evangelho de Cristo, fez questão de pregar também com o seu proceder exemplar: “Tornem-se meus imitadores como eu sou de Cristo” (1 Co 11.1). Ele sabia da enorme responsabilidade que pesava sobre os seus ombros: ser um exemplo para os crentes das igrejas que foram fundadas. Paulo nos ensina que o padrão era Cristo, mas o seu viver espelhava a imagem do Salvador.

Para quem exerce liderança (diáconos, pastores) a responsabilidade de ter um testemunho pessoal ainda é mais acentuada. Em I Timóteo 4:12 nós observamos o apóstolo Paulo alertando o jovem pastor a ter um procedimento exemplar: “Torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza.” Ao jovem Tito, que estava na ilha de Creta, Paulo também exortou: “Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras.” (Tito 2: 7-8) A mesma verdade foi explicada por C. H. Spurgeon: “Nossa vida deve ser tal que os homens possam imitá-la com segurança.”

Existe muita gente que conhece a verdade sobre Deus, mas que está vivendo uma vida que não pode agradar a Deus. Esta incoerência precisa ser sanada o quanto antes, com a correta compreensão do valor que o testemunho sadio possui. Afinal, árvores boas devem produzir bons frutos. Uma mente que foi transformada pelo poder da Palavra de Deus produzirá uma vida transformada, ou então, há de se contestar se esta transformação foi realmente genuína. A fé salvadora genuína certamente trará frutos genuínos – é que Tiago escreve na sua carta, alertando sobre a necessidade de obras que atestem claramente a conversão a Cristo por meio da fé.

É um dever do crente viver de modo digno do Evangelho e em conformidade com as instruções da Palavra de Deus. Este é o ensino de Paulo na carta aos Efésios 4:1. Depois de ensinar doutrina da graça e da soberania de Deus na salvação do homem, Paulo exorta os crentes a “andar de modo digno da vocação a que foram chamados.“ Se o crente não se preocupa com o seu testemunho, deve começar a repensar sua salvação, porque o evangelho não apenas é poder de Deus para a salvação, mas também para a conformação do homem à imagem de Jesus Cristo. Taylor escreveu que “a boa influência é o perfume do caráter”, e a Bíblia nos diz que devemos espalhar por todo lugar a boa fragrância do conhecimento de Cristo, que se demonstra em práticas coerentes com a Palavra de Deus. As palavras de Jesus aos discípulos no sermão da montanha evidenciam que é possível sim apresentar ao mundo este bom perfume, a fim de glorificar a Deus.

Esta incoerência entre doutrina X prática existe em seu viver? Você reconhece a necessidade de afinar seu testemunho pessoal com a doutrina e o ensino bíblico? Que influência você tem deixado para a sua geração através do seu proceder? O seu viver diário está coerente com a sua profissão de fé ? Responder a estas perguntas é o primeiro passo para uma profunda revolução. Não deixe que o mundanismo faça morada em seu coração, retirando seu vigor para apresentar uma luz brilhante ao seu redor. Em Pv. 4:18, lemos que: “A vereda do justo é como luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.”

Marcos Aurélio de Melo
Estudos em Mateus 23:1-7
Esta série encerra na próxima postagem

Um comentário:

gjamb disse...

Esse é o verdadeiro texto para cristãos praticantes e vivenciadores da palavra.
Muito fácil apontar o erro dos outros e não olhar para si mesmo. Como exigir mudanças se o eu é um poço de arrogância?
É preciso mudar de dentro para fora para exigir que outro seja diferente e sendo modificado por Cristo, tudo passa a ser novo. Mesmo que você não note, as pessoas passaram a ti observar com outros 'óculos' na fé.

A paz!