segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O PADRÃO DAS ESCRITURAS

Os fariseus constituíam um partido político religioso que defendia a observância literal da Torah (Lei) e mais uma série de ordenanças e preceitos por eles criados para situações não diretamente cobertas pela Torah. Convencidos de que possuíam a correta interpretação da vontade de Deus, afirmavam que a tradição dos anciãos e a lei oral vinham de Moisés. Os fariseus e escribas se assentavam na cadeira de Moisés porque se intitulavam os sucessores autorizados da tradição de Moisés como mestres da Lei, que foi repassada de geração em geração. Eles colocaram a mera tradição humana acima dos mandamentos divinos. Os escribas e fariseus estavam não apenas ignorando, mas também adulterando a Palavra de Deus. Além disso, os fariseus sempre apresentavam aos seus seguidores uma lista de ordenanças que se tornavam um verdadeiro fardo.

A palavra fariseu significa “separado.” Regras e mais regras eram necessárias para manter intacta esta separação. Costumes eram desenvolvidos para manter a identidade cada vez mais inconfundível. Eles se tornaram obsessivos com os pormenores da tradição judaica e não compreenderam a suficiência das Escrituras. Os fariseus haviam criado regras e regulamentos, que, quanto à severidade, ultrapassavam às ordens nas Escrituras do AT.

Quando o padrão da Palavra de Deus é adulterado, começam a surgir regras absurdas para acrescentar ou diminuir a abrangência das Escrituras. É verdade que homens podem colocar nos lábios de Deus o que ele nunca falou, legislar em nome do Senhor e criar um evangelho totalmente estranho. Mas a Bíblia fala que eles serão julgados por isso. Não podemos ficar nem além e nem aquém do padrão das Escrituras. Quando ficamos aquém do padrão bíblico nos tornamos permissivos – o pecado já não passa a incomodar tanto. Quando ficamos além do padrão bíblico nos tornamos legalistas – tudo passa a ser ditado por regras e normas. Os dois extremos são distorções que certamente geram incoerências absurdas no viver diário.

Paulo que foi um fariseu de fariseus (um dos maiorais – Gl. 1:14), escreveu a epístola aos Gálatas para confrontar os crentes. Havia naquela região um grupo que nós conhecemos como judaizantes . Eles eram judeus convertidos que não queriam deixar de lado certos costumes judaicos (festas/circuncisão). Além disso, eles defendiam que a obra de Cristo na cruz deveria ser complementada com a observância destes costumes e cerimoniais. Paulo foi enérgico: “Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou? Quem vos iludiu?” Eles estavam indo além do padrão do Evangelho, e assim anulavam o sacrifício de Cristo (Gl. 5:2-4). Paulo chama os pregadores deste falso evangelho de anátemas, que significa maldito (Gl. 1:9).

Outro exemplo de adulteração do padrão das Escrituras é encontrado na igreja de Corinto. Ali os crentes estavam ficando aquém do padrão, e isto gerou licensiodade e permissividade. Paulo então escreveu sua epístola com o propósito de confrontar tal comportamento da igreja, que estava permitindo imoralidade (I Co. 5:1-13). O homem que estava possuindo a mulher do próprio pai deveria ser disciplinado, para que o fermento não levedasse toda a massa. Paulo entendia que um pecado permitido e tolerado hoje vai gerar mais pecado no futuro – um abismo chama outro abismo (Sl. 42:7).

O padrão correto é o que a Bíblia estipula. A Bíblia não nos outorga o direito de criar “achismos” ou “modismos”. A autoridade de qualquer ministro da Palavra nasce e morre nas Escrituras. O grave problema de permissividade que é vista hoje em dia é fruto de um abandono gradual dos mandamentos bíblicos. Assim também, o problema de legalismo é fruto de um acréscimo gradual de regras e ritos.
Qualquer um que pregue um evangelho centrado em conclusões humanistas irá se distanciar do padrão bíblico. É por isso que devemos ser crentes bereianos (Atos 17:11), que investigam cuidadosamente as Escrituras para ver se há veracidade no discurso. Para isso, dependemos inteiramente da direção do Espírito Santo, que nos guiará a toda verdade (Jo. 16:13). Somente por meio de Sua direção, teremos condições de enxergar as graves incoerências em nosso viver que surgiram por má compreensão dos princípios bíblicos.

Qual tem sido o seu padrão? Se não for a Palavra de Deus quero afirmar que muitas incoerências terão lugar em sua vida. Cristo nos ensinou que as Escrituras mostram o padrão de Deus para o homem. Que possamos sempre nos dedicar ao estudo da Palavra, com o auxílio do Espírito, para não adulterarmos o padrão bíblico – acrescentando ou tirando algo para o nosso benefício. E que o nosso Deus nos faça enxergar as incoerências em nosso viver, por termos adotado padrões alternativos. Certamente Ele quer que estas incoerências sejam corrigidas em nossas vidas.

MARCOS AURÉLIO DE MELO
Estudo em Mateus 23: 1-7
OBS.: Continua nas próximas postagens

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