quinta-feira, 14 de outubro de 2010

MEDIDAS PREVENTIVAS

TEXTO BÍBLICO: 2 SAMUEL 13: 1-15

Alguns ditados populares bem conhecidos são ensinos preciosos e verdadeiros. Por exemplo: “Prevenir é melhor do que remediar” e “Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.” Estes dois ditados querem ensinar que a vantagem é maior quando certas precauções são tomadas antes de alguma ação. O que move o mercado de seguros de automóveis é justamente a garantia de algumas vantagens no caso de algum acidente, porque a precaução evita prejuízos futuros.
Muitos benefícios são alcançados quando certas medidas preventivas são adotadas. Principalmente com relação à saúde alguns exames preventivos são essenciais para homens e mulheres. É interessante notar que várias leis cerimoniais no livro de Levítico foram elaboradas por Deus com o intuito de prevenir doenças que poderiam surgir no meio do povo. Com certeza é sempre melhor prevenir do que tratar uma doença.
Todo dia nós lutamos contra o pecado em nossas vidas (Hb. 12:4) e, se algumas medidas preventivas não forem adotadas, certamente cairemos. Nós não pecamos por obrigação; pecamos porque queremos pecar. Por conta da vontade do velho homem que habita em nós enfrentamos lutas diárias contra o pecado. Em Genêsis 4:7, lemos: “O pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo.” Ou seja, para que o pecado não tenha domínio sobre nós é importante prevenir! O crente que não toma certas medidas preventivas na luta contra o pecado abre brechas em sua vida e fica vulnerável.

“O crente deve tomar algumas medidas preventivas na luta contra o pecado”
Que medidas preventivas o crente deve tomar na luta contra o pecado?


1 – Sempre diagnosticar o sentimentalismo vazio (Vs 1-2; 15)
Neste texto, podemos observar que Amnom estava totalmente vendido aos próprios sentimentos. Ele nem sequer estava se alimentando direito por causa dos fortes sentimentos em relação a sua meia-irmã Tamar. A paixão o cegou totalmente e Amnom se tornou um escravo dos desejos provenientes da falsa noção de amor. O sentimentalismo vazio foi a mola propulsora em direção ao pecado de incesto.
Deus nos fez com sentimentos e emoções, mas não para sermos dominados por eles. É importantíssimo que o crente saiba que os sentimentos fazem parte da música, mas não devem reger a orquestra. Devemos cultivar sentimentos que estão alinhados com princípios das Escrituras. As verdades bíblicas devem ser o alicerce sobre o qual os sentimentos corretos encontram sustentação. Mas quando os sentimentos vazios são a locomotiva de nossas vidas nos tornamos muito vulneráveis. Foi o que aconteceu com o profeta Jonas diante da cidade de Nínive reclamando por causa de uma planta. Os sentimentos do profeta denunciaram o problema mais profundo que estava no coração – falta de perdão e misericórdia para com os ninivitas.
Nós temos um coração enganoso que não produz sentimentos corretos (Jr. 17:9). Por conta disso, a noção de amor correta deve nascer do conhecimento da Palavra de Deus e não dos ditames do nosso coração. O amor recomendado na Bíblia não é o amor-sentimento, mas o amor-vontade, uma decisão tomada deliberadamente. Em cada novo dia precisamos orar como Davi no Salmo 139: 23-24, dependendo exclusivamente da graça divina para que possamos diagnosticar sentimentos ou pensamentos em desacordo com a vontade do Senhor.
Muitos cristãos estão perdidos em meio aos sentimentos vazios e não querem admitir isso. Preferem viver frustrados a reconhecer que os sentimentos incorretos estragam a vitalidade cristã. Em diversas situações, os sentimentos feridos são colocados em evidência e são determinantes para agir pecaminosamente.

2 – Sempre ouvir o conselho de pessoas piedosas (Vs. 3-5)
A Bíblia diz que Jonadabe era homem muito sagaz. A palavra “sagacidade” significa: uma astúcia enganosa ou fraudulenta; esperteza movida por interesses mesquinhos. Amnon foi tomar conselhos com alguém que “não era flor que se cheire.” Jonadabe não era uma pessoa piedosa ou temente a Deus. Seu conselho foi mais um incentivo ao pecado e não tinha nada de proveitoso. Ele sugeriu que Amnom usasse artifícios pecaminosos (mentiras, fingimento, engano) para conseguir o que tanto desejava.
Nem sempre uma pessoa que se interessa em nos ajudar tem o conselho correto. Na luta contra o pecado, boas intenções não são suficientes. Muitas filosofias e pensamentos humanistas invadiram as igrejas como uma enxurrada. Por isso é fundamental buscar o conselho de pessoas piedosas que podem oferecer soluções bíblicas. A Bíblia considera uma enorme insensatez não buscar conselhos (Pv. 12:15), mas é fundamental que os conselheiros sejam homens ou mulheres tementes a Deus (Pv. 12:5). A. W. Tozer nos adverte: “Nunca ouça um homem que não ouve a Deus.” Se seguirmos tal advertência evitaremos muitas dores de cabeça.
Deus utiliza os seus servos para aconselhar sabiamente. Aqueles que possuem o dom de exortação são os mais capacitados para esta tarefa, porém todo crente piedoso pode ser um instrumento na edificação de alguém que precisa de conselhos. É um ministério que exige profunda submissão “ao que Deus diz” e não “ao que eu acho”, por isso somente pessoas submissas à autoridade bíblica podem oferecer a ajuda correta.
De quem você tem buscado conselhos? Não busque o conselho de pessoas que desprezam os princípios bíblicos e se baseiam nas filosofias humanas. É importante ter amigos piedosos nos quais podemos confiar quando necessitamos de conselho. Mas não podemos confiar em pessoas que falam coisas agradáveis apenas para agradar. Aqueles que verdadeiramente nos amam devem falar a verdade e nos alertar sobre os perigos do pecado que tenazmente nos assedia.

3 – Sempre manter a consciência sensível à Palavra de Deus (Vs. 6; 9; 11, 14)
Amnom era o filho primogênito de Davi e com certeza foi instruído desde cedo nos princípios concernentes aos relacionamentos familiares. Em Levítico 18:6 e 9, lemos que era proibido qualquer união entre pessoas da mesma família. A maldição contra este pecado é reforçada em Dt. 27:22: “Maldito aquele que se deitar com sua irmã, filha de seu pai, ou filha de sua mãe. E todo o povo dirá: Amém.” A lei do Senhor foi exposta para Amnom, mas ele resolveu negligenciar os ensinamentos da Torá. Neste episódio, Amnom escolheu o caminho do homem, não o caminho de Deus. Apesar das recusas de Tamar, o jovem Amnom não quis retroceder.
A consciência de Amnom foi sendo cauterizada e se tornou insensível ao longo do tempo. Por causa disso, a sugestão de Jonadabe se mostrou tão atrativa e os sentimentos falaram tão alto. Quando a consciência se torna cauterizada é porque houve um processo gradual de endurecimento. Isto não acontece de repente. As pequenas negligências aos princípios da Palavra de Deus vão se acumulando lentamente e as conseqüências são terríveis. Podemos lembrar de Sansão. Apesar de ser um nazireu, ele foi abrindo concessões em sua vida e a sua consciência chegou a ficar cauterizada. Seu fim foi trágico: ele teve os olhos vazados e morreu soterrado.
Como servos do Senhor, precisamos manter a consciência sempre sensível aos padrões divinos. O nosso Deus já nos mostrou o que Ele requer de nós para vivermos de modo agradável. Para termos uma consciência sensível devemos “meditar de dia e de noite” na Lei do Senhor.
Thomas Brooks escreveu que “a consciência é o pregador de Deus em nosso íntimo.” E para que não sejamos iludidos pelo engano do pecado a nossa consciência deve estar encharcada com os princípios bíblicos. Paulo alertou o jovem pastor Timóteo que não deixasse sua consciência ficar cauterizada: “mantendo fé e boa consciência, porquanto alguns, tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé” (I Tm. 1:19) e para isso a meditação na Palavra de Deus seria fundamental: “medita nestas coisas e nelas sê diligente, para que o teu progresso a todos seja manifesto” (I Tm. 4:15).
Nós devemos cultivar a sensibilidade na consciência para que o cheiro do pecado nos deixe em estado de alerta. Qualquer sinal de perigo só será reconhecido se a consciência estiver sensível. Assim como Martinho Lutero escreveu, o nosso lema deve ser: “a minha consciência é escrava da Palavra de Deus”.

MARCOS AURÉLIO DE MELO
ESTUDOS NO LIVRO DE II SAMUEL

Nenhum comentário: