terça-feira, 4 de maio de 2010

Abordagens Necessárias

TEXTO-BÍBLICO: I SM. 12: 20-22

O aconselhamento bíblico tem sido abandonado das igrejas chamadas cristãs. Muitos pastores tem se rendido às falsas ilusões de métodos antibíblicos que se mostram mais atrativos para o público. O fato é que a verdade tem sido distorcida para se encaixar convenientemente em círculos evangélicos. Mas o grande problema por trás destas ilusões modernas é a ineficácia de todas elas para trazer transformação real e mudança permanente na vida de alguém. Ao tratar problemas de modo bíblico estamos confiando no poder que reside na própria Palavra de Deus, que assegura ser eficaz e poderosa para trazer convencimento e transformação ao coração do homem.
O texto bíblico acima destacado é o encerramento do discurso de Samuel na posse do rei Saul. Diante de toda a multidão dos filhos de Israel que pediram um rei, Samuel faz uma abordagem muito equilibrada de toda a situação atual. Ele não apresenta elogios à pessoa de Saul e nem faz homenagens para celebrar aquele momento. Afinal, agora Samuel estava retirando-se da posição de liderança máxima em Israel e passando o bastão adiante. Mas Samuel (e nem Deus) não viu com bons olhos esta decisão do povo. Definitivamente, o profeta não foi dominado pela emoção para fazer um discurso agradável.
Ao estudar o texto em I Sm. 12: 20-22, fiquei com a ligeira impressão de que Samuel tenha feito um curso de Aconselhamento Bíblico. Ao ler estes versículos e observando todo o contexto da passagem bíblica, não pude deixar de perceber alguns aspectos essenciais que devemos abordar quando aconselhamos alguma pessoa ou ajudamos alguém a lidar com os problemas de modo bíblico. Vejamos os aspectos que Samuel aborda no seu discurso, os quais não devemos ignorar quando aconselhamos alguém.


PARA TRATAR PROBLEMAS DE MODO BÍBLICO NÃO DEVEMOS IGNORAR ALGUMAS ABORDAGENS ESSENCIAIS


1) A GRAVIDADE DO PECADO DO HOMEM (vs. 20)
O pecado do povo de Israel não era um mal menor – algo banal e sem implicações. De forma nenhuma! O pecado de inveja das outras nações misturado ao pecado de orgulho (ostentar a figura de um rei) foi apenas a ponta do iceberg de toda a história. Na verdade, eles estavam querendo destronar o Senhor da vida deles, indiretamente (I Sm. 8:7).
Samuel não buscou aliviar a culpa do povo ou tratar o pecado como um deslize sem maiores prejuízos. O pecado deve ser visto como grave afronta a Deus e nós não temos o direito de amenizar sua gravidade. As técnicas modernas de aconselhamento buscam suavizar a culpa e tratar o pecador como vítima de circunstâncias alheias ao seu controle. Mas a ênfase bíblica está no confronto – como Natã agiu ao denunciar o grave mal cometido pelo rei Davi (II Sm. 12:7).
“Todo pecado se não for adequadamente tratado e abandonado é como uma bomba de efeito retardado.” Por isso que o crente deve sempre identificar, confessar e abandonar pecados que se escondem no coração.

2) A NECESSIDADE DE MUDANÇA DO HOMEM (vs. 20)
O homem precisa mudar biblicamente seguindo os princípios de sabedoria revelados nas Escrituras. A exortação de Samuel se resume em dois verbos (seguir e servir ao Senhor), mas traz mudanças permanentes se for atendida. Esta mudança tem um qualificador: deve ser de todo o coração, ou seja, sem reservas. A mudança bíblica deve transformar o homem em sua inteireza, gradualmente, como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito (Pv. 4:18).
Qualquer mudança só será efetiva quando houver o despojar e o respectivo revestir. Somos exortados a abandonar as obras da carne e produzir os frutos do Espírito (Gl. 5:19-22), para que possamos avançar e desenvolver a nossa salvação. E quando nos dispomos a seguir e a servir ao Senhor de todo coração, com certeza muitas mudanças serão bem visíveis em nós.

3) A FUTILIDADE DO CAMINHO DO HOMEM (vs. 21)
Neste versículo, Samuel lembra ao povo que desviar para seguir coisas sem valor não traria resultados satisfatórios. A verdade é que o caminho do homem sempre é oposto ao caminho de Deus (Is. 55:8).
O caminho do homem é vazio e sem sentido porque se baseia no entendimento errado sobre a vontade do Senhor. O caminho do homem traz prejuízos ainda maiores (Pv. 14:12), porque ignora o método de Deus para a resolução eficaz dos problemas. As filosofias, os livros de auto-ajuda, os métodos de autoconhecimento, as terapias psíquicas, são os meios modernos mais utilizados para resolver problemas do homem. Mas o fato é que não resolvem. Alguns funcionam como paliativo, mas logo passa o efeito e mais dificuldades aparecem. O mercado da psicologia cresce exponencialmente a cada ano porque o homem ainda não está convicto sobre a futilidade dos caminhos humanos.
O caminho de Deus para resolver e tratar problemas passa pela negação do “eu”. Foi esta a mensagem que Cristo transmitiu aos discípulos (Lc. 9:23) e a exortação do apóstolo Paulo (Gl.5:24). Este caminho não é agradável à primeira vista e por isso é muito negligenciado por muitos crentes, que preferem crer em coisas fúteis e banais a depositar total confiança na Palavra de Deus.

4) A CONFIABILIDADE DAS PROMESSAS DE DEUS (vs. 22)
Se estivermos vivendo de acordo com a Palavra de Deus, temos a promessa de que Deus agirá em nosso benefício em meio às provações. Ele nos oferece gratuitamente vários recursos para que possamos honrá-Lo com o nosso viver. Então, podemos confiar na promessa de Deus de que Ele nunca nos desamparará por amor do Seu Nome. As promessas de Deus são totalmente confiáveis (II Co. 1:20).
As muitas promessas de Deus e os recursos que Ele nos disponibiliza servem para nos dar esperança bíblica. Esta esperança é uma profunda convicção a respeito da bondade do nosso Deus que se importa conosco em cada situação. Esta esperança se reverte em paz e contentamento ao longo do processo de mudança efetiva e real em nosso viver, pois a Bíblia nos garante que “aquele que começou uma boa obra em nós, é fiel para completá-la” (Fl. 1:6).



MARCOS AURÉLIO DE MELO
ESTUDO NO LIVRO DE I SAMUEL


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