quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

UM REMÉDIO EFICAZ

TEXTO: JOSUÉ 4: 21-24

Há algumas semanas atrás um programa de televisão exibiu uma série de reportagens sobre remédios fitoterápicos que estavam sob suspeita. O título da série era uma pergunta sobre a eficácia destes remédios: "É bom pra quê?". O objetivo da série foi discutir os usos e abusos dos tratamentos médicos feitos com produtos derivados de plantas que não passaram pela aprovação científica dos estudos clínicos. Uma senhora que estava com câncer de mama ouviu dizer que o chá da folha de graviola seria fundamental na luta contra a doença. Então, ela parou de tomar os remédios convencionais e suspendeu por conta própria a quimioterapia. Alguns testes realizados por uma universidade demonstraram que as substâncias presentes na folha de graviola aumentaram o crescimento de células malignas. Ou seja, células, em vez de ter o crescimento inibido, em vez de parar de multiplicar, se multiplicaram ainda mais. Este remédio fitoterápico não se mostrou eficaz contra o câncer, muito pelo contrário, tornou-se um veneno dentro do organismo daquela senhora da reportagem.
Há uma doença que nos acompanha desde o nascimento. Esta doença é o pecado da incredulidade. Mesmo após uma profissão de fé na pessoa e obra de Cristo, podemos incorrer neste pecado em nosso dia-a-dia. O escritor da carta aos Hebreus faz um alerta para crentes: “Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo” (Hb. 3:12)A incredulidade pode brotar no coração e encontrar terreno fértil se não for devidamente tratada. Por isso é fundamental sabermos qual o remédio correto a ser aplicado contra a incredulidade, para que não sejamos surpreendidos por falsas propostas.
Neste texto bíblico, a construção de um memorial de doze pedras retiradas do rio Jordão tinha um propósito muito claro. Este memorial seria uma lembrança constante dos grandes feitos do Senhor em favor do seu povo, e seria eficaz contra a incredulidade que poderia surgir nas futuras gerações. Ao olhar para aquele memorial os filhos de Israel deveriam relembrar que o Senhor realizou um grandioso milagre ao abrir passagem no meio do rio.

Proposição:
“Recordar os feitos do Senhor é um remédio eficaz contra a incredulidade”
Por que recordar os feitos do Senhor é um remédio eficaz contra a incredulidade?
De acordo com este texto bíblico, recordar os feitos do Senhor é um remédio eficaz contra a incredulidade por três razões:

1ª. Razão: Porque este remédio restabelece a nossa confiança no cuidado de Deus (vs. 22)

O texto nos fala que o povo de Israel atravessou em seco o rio Jordão. Era uma época de cheia do rio, “o Jordão transbordava sobre todas as suas ribanceiras” (Js. 3:15). Diz a Bíblia que o povo passou a pé enxuto, pois as águas que vinham de cima ficaram paradas. O povo de Israel já tinha visto o cuidado de Deus desde a saída do Egito: o maná que desceu do céu, a água que saiu da rocha, águas amargas que se tornaram doce, as codornizes, a rota no deserto, a coluna de nuvem durante o dia, a coluna de fogo durante a noite, a serpente de bronze que foi levantada no deserto, a grande vitória contra os amalequitas,
O cuidado de Deus deve ser visto nas pequenas coisas também. Deus se importa nos mínimos detalhes com cada filho dele. Somos alvo do Seu cuidado até mesmo quando estamos dormindo. Suas mãos protetoras nos auxiliam em meio às dificuldades inerentes da condição humana. Ao recordar os feitos do Senhor o crente restabelece sua confiança no cuidado amoroso de Deus, pois reconhece que sem o cuidado terno do Senhor não haveria esperança nenhuma. Os atos de Deus em nossa história sempre são recheados com a Sua graça, bondade e misericórdia.
Grande parte da ansiedade que sentimos é fruto de um coração egocêntrico que ainda não aprendeu a descansar no cuidado de Deus. O apóstolo Pedro nos ensina que devemos lançar sobre Deus toda a nossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de nós (I Pe. 5:7). E ansiedade nada mais é do que incredulidade pura disfarçada de um senso de preocupação legítima. Sendo assim, o remédio para combater esta incredulidade é recordar os feitos do Senhor ao longo de nossa vida e perceber o Seu cuidado sempre presente. O pastor de ovelhas Davi reconheceu que sua vida estava nas mãos o Supremo Pastor, e por isso ele devia depender a cada instante de Sua Maravilhosa graça.
Como está a sua percepção do cuidado de Deus em cada circunstância do seu viver? Você consegue se recordar dos feitos maravilhosos do Senhor e perceber o Seu cuidado como pastor de sua vida? Ele nos guarda como a menina dos olhos e nos esconde à sombra das Suas asas" (Salmos 17:8). Como é bom confiar nesta certeza do cuidado de Deus sobre nossas vidas em meio às lutas da nossa peregrinação.

2ª. Razão: Porque este remédio restabelece a nossa confiança na fidelidade de Deus (vs. 23)

O texto bíblico faz questão de trazer à memória um fato notório que aconteceu há 40 anos atrás na história do povo de Israel: “fez secar as águas do Jordão diante de vós, até que passásseis, como o SENHOR, vosso Deus, fez ao mar Vermelho.” Observem que a conjunção “como” estabelece uma comparação e transmite a ideia de: “da mesma forma”, “do mesmo modo”, “tal qual”, “de maneira idêntica”. Na época da travessia do Mar Vermelho o líder era Moisés, e agora diante do rio Jordão o líder é Josué. Mudou-se o líder, mas Deus não mudou. O povo devia entender que a fidelidade do Senhor em realizar os seus propósitos não estava atrelada a pessoas específicas. Deus foi fiel ao conduzir o povo no deserto sob a liderança de Moisés e continuaria sendo fiel na conquista de Canaã, sob a liderança de Josué. Estes grandes homens foram ricamente usados na liderança do povo, mas toda a glória deve ser colocada na conta de um Deus que sempre permaneceu fiel. Nenhuma das promessas divinas falhou e agora, um recomeço estava sendo oferecido a Israel. Uma geração incrédula morreu no deserto porque temeu entrar a terra prometida, mas Deus não mudou os seus planos por que Ele é fiel às suas promessas.
Recordar o que Deus tem feito em nossas vidas é um remédio eficaz que restabelece a nossa confiança da fidelidade de Deus. Olhar para o passado e perceber os memoriais que mostram o quão fiel Deus é, deve trazer refrigério e alegrar o nosso coração. Suas promessas não falham, pois Deus não é homem para mentir e nem filho do homem para se arrepender (Nm. 23:19).
A fidelidade do Senhor se estende em todos os momentos de nossa vida. Até mesmo em meio às lutas e provações, devemos confiar que a fidelidade de Deus está sobre nós: “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar” (1 Co. 10:13). Deus já estabeleceu o limite até onde podemos suportar.
Você reconhece a fidelidade de Deus sobre a sua vida? Assim como o profeta Samuel, quando recordamos os feitos do Senhor precisamos erguer o nosso “Ebenézer”, que nos fala sobre a fidelidade divina em nosso favor. Samuel ergueu o seu Ebenézer em Mispa disse: “Até aqui nos ajudou o Senhor”. Ele contou com a fidelidade do Senhor em todos os momentos de seu ministério como profeta em Israel.

3ª. Razão: Porque este remédio restabelece a nossa confiança no poder de Deus (vs. 24)

O texto nos mostra que um dos objetivos do memorial de doze pedras era testemunhar a todos os povos da terra que “a mão do SENHOR é forte” (ou poderosa). O memorial de pedras foi erguido em Gilgal como prova do poder todo-suficiente do Deus de Israel. Sua mão poderosa foi quem conduziu aquele povo ao longo do deserto e o fez atravessar o rio Jordão até chegar a Canaã. As águas do rio Jordão pararam de escoar por causa do poder de Deus. A ideia de mão poderosa ou braço estendido é uma metáfora para ilustrar que ninguém pode deter o poder de Deus: Sua mão poderosa ultrapassa qualquer poder humano e o seu braço estendido é favorável aos Seus desígnios soberanos. “O teu braço é armado de poder, forte é a tua mão, e elevada, a tua destra” (Salmo 89:13).
Davi também reconheceu o grande poder que procede da mão do Senhor ao afirmar: “Riquezas e glória vêm de Ti, Tu dominas sobre tudo, na Tua mão há força e poder; contigo está o engrandecer e a tudo dar força” (1 Crônicas 29:12). O profeta Jeremias levantou o seu clamor confiando exclusivamente no poder de Deus: “Ah! SENHOR Deus, eis que fizeste os céus e a terra com o teu grande poder e com o teu braço estendido; coisa alguma te é demasiadamente maravilhosa. Tiraste o teu povo de Israel da terra do Egito, com sinais e maravilhas, com mão poderosa e braço estendido e com grande espanto” (Jeremias 32: 17 e 21). A mão poderosa do Senhor é digna de total confiança, pois ninguém é superior ao nosso Deus.
Deus é poderoso! Seu poder supremo é infinito e atua segundo o Seu querer soberano. O poder e a soberania de Deus são duas faces da mesma moeda. Quando o crente aprende a descansar e confiar no poder de Deus, a vida se torna muito mais frutífera. E para evitar a incredulidade no poder de Deus o remédio eficaz é recordar os maravilhosos feitos do Senhor. Ao olhar para o passado e enxergar os memoriais que demonstram o grande poder de Deus em sua vida, o crente aprende a depositar sua fé em Deus somente. Um pastor puritano, Samuel Rutherford certa vez disse acertadamente: “Minha fé repousa segura na onipotência divina.”
Será se você consegue enxergar os memoriais que falam do poder de Deus em sua vida? Eu posso afirmar sem medo de errar que não são poucos. Deus continua poderoso, atuando com mão forte e braço estendido para cumprir os seus propósitos. Ele continua fazendo milagres em nossas vidas pela grandeza do Seu poder. Deus tem um modo especial de demonstrar seu poder na vida dos redimidos e não há como negar que Ele verdadeiramente age em favor do seu povo.

MARCOS AURÉLIO DE MELO
ESTUDOS NO LIVRO DE JOSUÉ

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