segunda-feira, 6 de junho de 2016

Um grande abismo

"O abismo entre a teoria e a prática é tão grande que chega a ser aterrador. Pois o Evangelho é com demasiada frequência pregado e aceito sem poder, e nunca se efetua a alteração radical que a verdade exige. Pode haver, é certo, uma mudança de alguma espécie; pode-se fazer um negócio intelectual e emocional com a verdade, mas o que quer que aconteça não basta, não é bastante profundo, não é suficientemente radical. A “criatura” é mudada, mas ele não é “novo”. E justamente aí está a tragédia disso. O Evangelho tem que ver com vida nova, com o nascimento para cima, para um novo nível do ser e, enquanto ele não efetuar essa regeneração, não realizou a obra salvadora na alma."
"Até certo ponto, a doutrina pode definir um caráter, mas o nascimento - e mais especificamente o novo nascimento - produz uma nova natureza. Essa é a diferença entre o que eu chamo de igrejianismo e o verdadeiro cristianismo. Todas as semanas, nós treinamos indivíduos a serem bons frequentadores de igreja. Porém, quando estão à vontade, retornam à verdadeira natureza, agindo como eles mesmos. Essas pessoas foram treinadas a atuar como bons cristãos, enchendo as igrejas aos domingos, mas não passa disso, uma representação. No restante da semana, eles agem naturalmente, ou seja, como realmente são."
 (A. W. Tozer)


O cristianismo contemporâneo padece gravemente com o estabelecimento do divórcio entre a ortodoxia e a ortopraxia. Há um grande abismo que divide aquilo que professamos e aquilo que praticamos. Vivemos dias em que muitas verdades teológicas permanecem somente no campo teórico, portanto, não há profundidade em nosso modo de viver. À luz da Palavra de Deus precisamos sondar nossas motivações reais quando nos aproximamos das verdades eternas. Se elas servem apenas para alimentar o nosso intelecto, não haverá nenhuma transformação efetiva que gere em nós temor e reverência. Não haverá o senso de indignidade necessário para nos fazer enxergar que Deus não depende de nós e que Ele é suficiente em Si mesmo. Não haverá o julgamento preciso feito por nossa consciência, nas diversas escolhas que teremos de tomar. Em suma, viveremos como Israel no deserto, andando em círculos apenas esperando a morte chegar.

É necessário que analisemos criteriosamente nossas escolhas morais sob o prisma das Escrituras. Enquanto envolvermos apenas nosso intelecto na apreensão das verdades teológicas, sem maiores interesses em vivenciar o Evangelho, não haverá genuíno progresso. A verdadeira piedade é evidenciada pela fé que se traduz em obras. Fora disso, não podemos afirmar que existe genuinidade naquilo que professamos ou cantamos em versos lindamente teocêntricos. E é sempre bom lembrarmos que de Deus ninguém zombará e ficará impune.



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