sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

O Evangelho e a autoestima

“O Evangelho nos dá uma nova confiança. A questão principal do evangelho não é o quão gradiosos nós somos; mas o quão grandioso Jesus é, e com que profundidade nos beneficiamos da grandiosidade dEle. Saber que somos amados por Deus, apesar de sermos nós mesmos, acaba sendo a verdadeira resposta para todas as coisas que achamos que alcançaremos necessariamente através da autoestima. Podemos pensar que precisamos da autoestima (sentir-nos como pessoas dignas de valor) para nos sentir aceitáveis. Mas a verdade é que somos aceitos, não porque somos pessoas dignas de valor, mas por causa do que Jesus fez por nós como pecadores perdidos. Pensamos que precisamos de autoestima, e o mundo acha que precisamos ter uma opinião elevada a respeito de nós mesmos. Mas o que de fato precisamos é compreender que tudo aquilo que pensávamos que a autoestima poderia oferecer encontra-se, na verdade, em Cristo e em Seu amor por nós. Como crentes, não precisamos valorizar mais a nós mesmos. Temos uma nova confiança, sabendo que Cristo nos ama – e isso muda tudo.”

Sebastian Traeger & Greg Gilbert
Livro: O Evangelho no trabalho

domingo, 8 de fevereiro de 2015

A mensagem de Paulo

Nas igrejas que reconhecem e acatam a autoridade da Palavra de Deus, as Sagradas Escrituras ocupam um lugar de destaque. Os pastores destas igrejas devem pregar fielmente a mensagem bíblica às suas congregações, enunciando claramente nos seus sermões as verdades divinas.

Paulo, o evangelista e fundador de várias igrejas locais, enfatizava sempre a importância da pregação. Mas não a pregação de qualquer mensagem. Paulo tinha em sua mente que a mensagem do evangelho de Cristo estava fundamentada na graça de Deus.  A mensagem que Paulo recebeu de Deus para transmitir era a graça demonstrada de modo claro no plano de Deus traçado desde a eternidade para perdoar o pecador.

Efésios 2:8-10 nos diz: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas."

A mensagem pregada por Paulo tinha sempre esta mesma ênfase:

1) Paulo destacava a importância da fé. A fé não pode ser entendida como algo místico ou sem propósito, como muitos defendem hoje em dia. De modo bíblico, podemos definir a fé como a plena convicção a respeito do que Deus diz da maneira como diz na Sua Palavra. Fé é concordar que a Palavra de Deus é suficiente,  e que a salvação em Cristo é exclusivamente um presente de Deus. A salvação é apresentada nas Escrituras, o Espírito Santo guia o homem a entender esta plano de salvação e a aceitá-lo mediante a fé. A Bíblia diz que sem fé é impossível agradar a Deus, ou seja, sem a convicção embasada em quem Deus é e a Sua obra em prol de Sua própria glória, é impossível termos um relacionamento com Ele.

2) Paulo também destacava a importância do graça de Deus. A graça de Deus é um ensino profundo que não pode ser limitado por palavras humanas. Entender a grandeza da graça do Senhor é algo que foge dos limites de qualquer pessoa. Para a Sua própria glória, Deus nos amou de modo indescritível a ponto de enviar o Seu único filho para pagar o preço do pecado que pesava contra nós. Este ato de Deus é descrito na Bíblia como propiciação, ou seja, Deus foi propício ao pecador por meio do sacrifício de Cristo na cruz do Calvário. É a expressão mais evidente da graça do Senhor. Ele mesmo se fez carne para habitar entre pecadores, e consumar o pleno perdão a pecadores que mereciam a punição eterna.

3) Paulo também destacava o papel das obras. Na pregação de Paulo, o apóstolo inspirado por Deus não deixava dúvidas sobre o papel das obras na salvação. A prática de boas obras como caridade, jejum e devoção pessoal não levam ninguém a ter a salvação eterna. A Bíblia nos diz que as obras humanas são consideradas como trapo de imundícia, ou seja, sem valor nenhum para redimir o pecador diante de Deus. Nossas boas obras não pagam o preço que o Deus santo requer, pois a sua santidade é infinita e as obras humanas estão manchadas pelo pecado. Mas as obras tem um papel importante em evidenciar que alguém foi realmente salvo. Deus requer que os Seus filhos vivam de modo agradável, uma vez que já foram salvos e justificados pela graça de Cristo. Devemos, portanto, apresentar um testemunho saudável e claro sobre a transformação que Deus fez em nós através da prática de obras que glorifiquem ao nosso Pai que está nos céus.

Programa Viva com Cristo

sábado, 7 de fevereiro de 2015

A PUREZA CENTRALIZADA EM CRISTO

Corinto era um cidade conhecida internacionalmente pela sua devassidão. Era uma sociedade permissiva e corrompida moralmente. Não diferente dos nossos dias, um mundo imensamente obcecado pelo sexo como panaceia universal para o vazio de seus habitantes. Em nome da liberdade outorgada por Cristo, a maior premissa dos coríntios era: "Todas as coisas me são lícitas" (v. 12). Talvez fosse um lema coríntio ou uma frase de efeito usada pelo próprio Paulo. Mas não pode ser defendida cegamente sem um contexto devido e claro. Assim como a famosa frase que Agostinho proferiu certa feita: "Ame a Deus e faça o que quiser."

A chamada publicitária "Just do it" (apenas faça) é bastante comum nos outdoors. A ideia de não se importar com as implicações morais e as consequências danosas de um ato é a tônica do nosso tempo. Uma das muitas pichações nos muros da cidade de Berkeley, na Califórnia, no fim dos anos 60, dizia: "O sexo liberta".

O dilema de Paulo foi acentuado pela presença dos antinomianos e dos legalistas na igreja de Corinto. Ele estava fadado a lutar contra os dois lados: se fizesse concessões demasiadas numa direção, daria muita liberdade ao extremo oposto. Andar no Espírito sempre é equilibrar-se na corda bamba, entre a licenciosidade e o excesso de regras e regulamentos.

É importante lembrar que mundo de cultura grega no tempo de Paulo fomentava uma atitude estoica para com o corpo, como se ele fosse a camisa-de-força da alma. Um provérbio grego da época dizia: "O corpo é uma sepultura." A ideia de banalizar o corpo é diabólica. Dar ao corpo plena liberdade de ação e satisfação de cada capricho e fantasia era uma prática aceita e incentivada, porque este afinal não tem significado moral algum e certamente não afeta a alma e o espírito.

A frase “nem tudo convém” significa que não é proveitoso, não é útil ou não traz acréscimo. Paulo deseja que tudo o que façamos tenha um resultado positivo e efetivo em nossas próprias vidas e nas vidas com que nós cruzamos no dia-a-dia. É verdade que o evangelho cristão traz uma mensagem de liberdade, mas isso não significa que toda e qualquer coisa seja conveniente ou aconselhável. O modo como procedemos deve ser genuinamente conveniente para o nosso testemunho diário diante dos incrédulos.

Paulo ainda acrescenta: “Não me permitirei escravizar por nada.” Na verdade, o homem que precisa expressar a sua liberdade está escravizado à necessidade de provar que é um homem livre. O homem genuinamente livre não tem nada a provar. A verdadeira liberdade é não ser escravos do pecado, e sim escravos de Cristo. Nosso direito à liberdade está relacionado com a consciência tranquila de que o pecado não nos cega ou nos domina. Paulo é firme em declarar que não renderá o controle de sua vida a qualquer coisa ou pessoa, a não ser ao "Senhor Jesus Cristo" e ao "Espírito de Deus". Ele se considera um escravo de Jesus Cristo e por isso não permitirá, de modo algum, que a sua pessoa ou o seu comportamento sejam controlados por qualquer outra força.

Paulo continua o seu argumento destacando a questão do corpo dado a todo homem. Há uma diferença enorme entre o alimento, que é digerido pelo estômago e lançado fora pelo intestino, e o relacionamento sexual, que afeta a pessoa toda e não pode ser desprezado levianamente como um fenômeno puramente fisiológico. Os coríntios consideravam o sexo simplesmente como um apetite a ser saciado, não uma dádiva a ser utilizada no contexto apropriado designado por Deus. Mas Paulo insiste que apresentemos os nossos corpos a  Deus como sacrifício vivo. Se não forem expressas em nosso corpo, a obediência ou a desobediência não serão expressas em nenhum outro lugar. Deus não se dirige a nós como se fôssemos apenas mente, ou emoção, ou vontade, mas como pessoas com corpos. Seu interesse não está em atos abstratos, como o adultério em teoria, ou a imoralidade em teoria, mas o seu interesse está na pessoa toda que pratica tais atos.

A argumentação de Paulo prossegue nos versos seguintes (13-20) destacando pontos importantes para defender a pureza centralizada em Cristo:

a) O propósito do corpo no Senhor (v. 13)

"O corpo é para Cristo, para lhe pertencer e para servi-lo; e Cristo é para o corpo, para nele habitar e santificá-lo." Deus tem um propósito para os nossos corpos, e certamente não devemos ser indulgentes com eles em relação a qualquer tipo de imoralidade sexual

b) A ressurreição do corpo no Senhor (v. 14)

Nossos corpos não são dispensáveis, no sentido final: são a matéria-prima de uma criação mais gloriosa. É o poder dinâmico (dynameos) do Senhor que garante a ressurreição de nossos corpos; nenhum outro poder na terra poderia alcançar tal resultado. Devemos olhar para os nossos próprios corpos mortais frágeis e dizer com a mesma certeza: "Eu creio na ressurreição do corpo."

c) A interação do corpo com o Senhor (vs. 15-17)

Se os membros físicos de cada cristão realmente pertencem a Cristo, é inconcebível (como também imoral) abusar do corpo, buscando o relacionamento sexual com prostitutas. A intimidade envolvida no ato sexual não deve ser de modo algum banalizada pelo cristão, que ao buscar o sexo por meio de prostituição (impureza) torna-se um só corpo em pecado com o parceiro sexual.

d) A habitação do corpo pelo Senhor (v. 19)

Paulo prossegue afirmando que "o vosso corpo é santuário do Espírito Santo" (v. 19). O nosso corpo não é um simples invólucro orgânico de notável composição: é templo do Espírito Santo. Antes, Paulo afirmou que toda a igreja de Deus em Corinto era templo de Deus, advertindo seriamente qualquer um que pudesse destruir esse templo. Agora, ele usa a mesma metáfora para relembrar aos indivíduos cristãos em Corinto que Deus concedeu a cada um o dom da habitação do seu Espírito Santo de Deus. Este é ao mesmo tempo um privilégio e uma grande responsabilidade.

e) A redenção do corpo pelo Senhor (vs. 19-20)

"Não sois de vós mesmos... fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo." Antes de começarem a experimentar a liberdade para a qual Cristo os libertou, os coríntios encontravam-se na mais servil escravidão. Eram escravos de si mesmos, de seus desejos egocêntricos, da autossatisfação e das paixões físicas. Jesus redimiu os crentes mediante preço infinito e gracioso (o Seu próprio sangue), pagando o resgate necessário. Fomos libertos da futilidade e da servidão do estilo de vida anterior. Já que não pertencemos a nós mesmos, devemos ter uma postura digna para agradar aquele que nos comprou.

Urge que aprendamos do Espírito de Deus o que significa glorificar a Deus em nossos corpos. Paulo ordena energicamente aos coríntios que fujam de dois pecados: da imoralidade (6:18) e da idolatria (10:14). José precisou fugir dos ataques sexuais da esposa de Potifar. Os cristãos atualmente não precisam ser cidadãos de Corinto, nem atraentes visitantes das cortes egípcias imorais, para descobrirem a sabedoria prática de fugir das tentações quando elas aparecem. Somente os loucos é que zombam do pecado.

 

Estudo bíblico com base no livro: A Mensagem de 1 Coríntios - A vida na igreja local (Autor: David Prior)