quarta-feira, 7 de março de 2012

Total eficiência

Texto-bíblico: 1 Reis 14: 1-20

Na Informática, a eficiência de um software está diretamente relacionada com o seu desempenho. Quanto melhor o desempenho de um programa, maior é a sua eficiência. As empresas de informática investem muito dinheiro para construir programas cada vez mais eficientes que atendam às necessidade dos usuários. Alguns programas se tornaram obsoletos porque já não cumpriam com eficiência o seu papel. Hoje poucas pessoas utilizam o Paintbrush (programa gráfico), pois não é tão eficiente como o Photoshop. Os computadores e equipamentos também evoluem. Há alguns anos era muito comum utilizarmos os famosos disquetes para guardar ou transferir arquivos; hoje a moda é utilizar o pen-drive (de vários Gigabytes).

Não apenas na informática, mas em qualquer ramo de atividade o foco está na eficiência. No ramo de Administração, as empresas buscam investir em marketing e oferecer serviços cada vez mais eficientes, para ganhar mais clientes e potencializar seus lucros. Os bancos buscam atrair novos clientes oferecendo soluções mais eficientes através da Internet ou Caixas Eletrônicos. Um estudioso da Administração afirmou o seguinte: “Concluir uma tarefa da forma mais correta possível é a melhor definição de trabalho eficiente.”

Nós recebemos um grandioso chamado do Senhor: fomos nomeados como embaixadores de Cristo e portamos uma mensagem preciosa. “De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio” (2 Co. 5:20). Deus nos deu nova vida para que sejamos mensageiros eficientes (que fazem o trabalho correto de forma correta). Ser eficiente é fazer este trabalho da melhor forma possível, utilizando-se dos meios disponibilizados pelo Senhor. A pergunta é: será que nós somos mensageiros eficientes, que cumprem com esmero a função a nós confiada?

Os genuínos profetas representavam Deus no meio do povo. Eles eram porta-vozes do Senhor. Aías era um genuíno profeta do Senhor que presenciou fatos marcantes na história do povo de Israel. Seu legado é notável porque Ele esteve submisso ao Deus de Israel em todo o seu ministério. A história deste homem de Deus é repleta de lições para nós hoje, que também somos portadores de uma mensagem transformadora. No texto em epígrafe, observamos a mulher de Jeroboão ouvindo uma mensagem vinda da parte de Deus por intermédio do profeta Aías. Assim como Aías, nós também somos chamados a transmitir a mensagem do Senhor com eficiência.

Com base neste texto, eu gostaria de afirmar que:
Para transmitirmos a mensagem do Senhor com eficiência são necessários alguns requisitos

Quais os requisitos necessários para transmitirmos a mensagem do Senhor com eficiência?
De acordo com o texto-bíblico em 1 Reis 14:1-20, para transmitirmos a mensagem do Senhor com eficiência são necessários pelo menos 3 requisitos.


1) Presteza na transmissão da mensagem do Senhor (ele não postergou a tarefa) – Vs. 5,6

Apesar da idade avançada, Aías não “pendurou as chuteiras” como se diz por aí. Ele foi usado pelo Senhor até o fim de sua vida. É impressionante notar que o texto não mostra nenhuma relutância do velho profeta, apesar da dura mensagem que teria que transmitir. Ele não fez corpo mole e não recuou diante da tarefa que tinha que cumprir. A construção das sentenças nestes versos é interessante porque nos mostra que a mulher de Jeroboão não teve tempo para dizer nada. Aías recebeu a mensagem do Senhor e prontamente cumpriu o seu papel com eficiência. O profeta não perdeu tempo e logo apresentou a mensagem que recebera da parte do Senhor.

O exemplo dos apóstolos no livro de Atos ilustra bem a prontidão. Depois de serem capacitados, os apóstolos imediatamente passaram a anunciar a mensagem de salvação e a igreja crescia sob a direção do Espírito Santo. Mesmo em face da perseguição do império romano e dos próprios judeus, os apóstolos estavam sempre empenhados em transmitir o Evangelho que receberam do Senhor sem nenhuma morosidade ou má-vontade. Eles evidenciavam presteza na obediência ao IDE de Jesus Cristo, e não poupavam esforços para propagar a mensagem graciosa que receberam do Senhor.

Presteza/prontidão é uma característica que está em falta nos nossos dias. Muitos cristãos sempre arranjam desculpas esfarrapadas quando o assunto é servir ao Senhor. Alguns são experts no pecado da procrastinação e nunca firmam um compromisso de servos autênticos de Cristo. Outros não arregaçam as mangas para agir em prol da causa de Cristo e se contentam apenas em assistir aos cultos da igreja. Quando requisitados para realizar algo, logo se mostram apáticos e sem ânimo. Vivemos dias sombrios dentro da igreja, e isto é extremamente preocupante. A letargia que domina as vidas de muitos pode indicar que nunca houve uma verdadeira regeneração efetuada pelo Espírito Santo.

Como embaixadores de Cristo somos porta-vozes de uma mensagem para este mundo em trevas. Mas será que agimos com presteza na transmissão da mensagem que recebemos do Senhor por meio da Sua Maravilhosa Palavra? Precisamos viver à luz do Evangelho e “estarmos sempre preparados e prontos para responder a todo aquele que nos pedir razão da esperança que há em nós” (1 Pe. 3:15). Paulo nos ensina que “Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou” (2 Tm. 2:4). Ou seja, as distrações deste mundo podem tirar-nos do estado de prontidão para a execução das tarefas requeridas .

Neste ano a nossa igreja está enfatizando o tema “produzindo frutos que permaneçam”. Mas como iremos produzir frutos que permaneçam se somos facilmente dominados pela apatia ou pelo comodismo? Como vamos produzir frutos que permaneçam se não agimos com presteza na transmissão da mensagem do Senhor? É importante que não esmoreçamos diante da obra o que o Senhor requer de cada um de nós, tendo em vista que Ele mesmo já providenciou os recursos necessários para que sejamos eficientes. Se você é de fato um cristão, resgatado pelo precioso sacrifício de Cristo, você possui um dom espiritual para exercer. O que está esperando?


2) Fidelidade na transmissão da mensagem do Senhor (ele não deturpou a mensagem do Senhor)- (Vs. 5,6)

O profeta Aías não falsificou e nem diluiu a mensagem que recebeu da parte do Senhor. Ele foi fiel na transmissão da mensagem que o Senhor lhe confiou: "Assim e assim lhe falarás" (Vs. 5). O profeta não colocou palavras na boca do Senhor e também não tirou nenhuma. O que ele falou para esposa de Jeroboão refletia na íntegra o conteúdo.

Jesus transmitiu com fidelidade a mensagem que recebeu do seu Pai. Na oração sacerdotal ele disse: “porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste” (Jo. 17:8). Tudo que Jesus falou e ensinou em seu ministério terreno veio da parte de Deus. Mas o Senhor Jesus não alterou o teor da mensagem para ganhar adeptos. Certa vez Ele disse: “Pois a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue permanece em mim, e eu, nele” (Jo. 6:55-56). Estas palavras causaram espanto nos seus discípulos: "à vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele. Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura, quereis também vós outros retirar-vos?" (Jo. 6:66-67).

Paulo também foi fiel na transmissão da mensagem que recebeu do Senhor. Ele escreve a carta de 2 Coríntios para defender a autenticidade do seu ministério apostólico. E um dos critérios que Paulo utilizou para defender seu ministério como apóstolo, foi a fidelidade (exatidão) na transmissão da mensagem do Evangelho: “rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; antes, nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade” (2 Co. 4:2).

Com medo de rejeição ou por politicagem, muitas vezes ficamos com receio de usar as mesmas palavras do profeta, quando falamos com alguém: "estou encarregado de te dizer duras novas". Então, recuamos um pouco e aliviamos o teor da mensagem para que não surja um "mal-estar" ou algum inconveniente. Este tipo de atitude é pecado, pois reflete a nossa versão da verdade revelada na Bíblia. Deus nunca nos autorizou a modificar nada em Sua Palavra para que sejamos aceitos pelas pessoas. João Batista não aliviou seu discurso para ser aceito por Herodes (Mt. 14:1-12). A mensagem que Deus nos outorga é dura e humilhante, porque exige renúncia diária do velho homem, algo que as pessoas não querem aceitar. As pessoas estão acostumadas com mensagens que massageiam o seu ego, e as fazem sentir nas nuvens. Porém, a ênfase desafiadora da Palavra de Deus não mudou; portanto, o Senhor requer de nós que sejamos fiéis na transmissão da Sua mensagem, custe o que nos custar. Não somos autorizados a aliviar o teor da mensagem do Senhor para nossa conveniência.

Você tem sido fiel na transmissão da mensagem do Senhor? Ou será que de alguma maneira você tem diluído a mensagem para ganhar aceitação e aplausos das pessoas. Para cumprir com eficiência o papel de mensageiro, o servo do Senhor não deve adulterar o conteúdo desta mensagem, mesmo que seja dura de ouvir. Somos apenas portadores da mensagem; o autor da mensagem é Deus. Precisamos entregar com fidelidade a mensagem, sem acrescentar ou retirar nem um i ou til. O nosso lema deve ser somente “assim diz o Senhor”.


3) Dependência na transmissão da mensagem do Senhor (ele não se intimidou diante da tarefa porque dependia inteiramente do Senhor) – Vs. 4, 5 e 6

O profeta já estava velho, sem enxergar e com sua saúde debilitada. Mas mesmo sem a visão física, o profeta Aías possuía a visão espiritual porque dependia do Senhor. A estratégia que a mulher de Jeroboão utilizou foi desmascarada: Deus não se deixa enganar! Além disso, as palavras que o Senhor direcionou à Jeroboão por intermédio do profeta Aías não eram fáceis de digerir. O profeta Aías anunciou juízo para aquela nação que estava seguindo a idolatria apoiada por Jeroboão. As 10 tribos se rebelaram contra o Senhor e por isso receberiam a justa disciplina por conta de seus pecados. Para entregar esta dura mensagem, o profeta deveria depender constantemente do Senhor Deus. Suas palavras poderiam despertar a ira do rei Jeroboão: “Portanto, eis que trarei mal sobre a casa de Jeroboão; destruirei de Jeroboão todo o homem até ao menino, tanto o escravo como o livre em Israel; e lançarei fora os descendentes da casa de Jeroboão, como se lança fora o esterco, até que de todo se acabe” (Vs. 10). Alguém só se expressa utilizando este tom quando, sem reservas, confia e depende do Senhor.

Muitas vezes teremos que entregar uma mensagem que poderá despertar ira e desrespeito por parte das pessoas. Mas precisamos dependemos inteiramente do Senhor em tudo, para que o nome d’Ele seja cada vez mais glorificado através de nossas vidas. Isso não acontece automaticamente; é necessário que cultivemos a prática da oração. Paulo escrevendo à igreja dos tessalonicenses faz um pedido no final da segunda carta: “Finalmente, irmãos, orai por nós, para que a Palavra do Senhor se propague e seja glorificada, como também está acontecendo entre vós” (2 Ts. 3:1). Para o apóstolo era essencial depender do Senhor através da oração, pois a obra de pregação do Evangelho só seria feita com os recursos disponibilizados pelo próprio Deus. A igreja primitiva respirava oração e Deus abençoava grandemente o seu povo com recursos espirituais para a propagação da mensagem. O próprio Senhor Jesus nos deixou o exemplo para seguirmos os seus passos. Ele sempre se retirava para orar e ficar a sós com Deus; o Seu ministério foi de constante dependência do Pai.

Muitas vezes colocamos nossa negligência em anunciar a Palavra do Senhor na conta da “timidez.” Creio que esta desculpa está relacionada com a falta de dependência do Senhor. Será que já não é hora de confiarmos de fato no poder de Deus, para que sejamos intrépidos na transmissão da Sua Palavra? Você cultiva em seu coração a dependência através da oração. Para que haja eficiência em tudo aquilo que empreendemos para a glória do Senhor, faz-se necessário que creiamos na sua rica provisão e dependamos d’Ele inteiramente. “Sem comunhão com a Videira verdadeira (dependência constante), não poderemos fazer nada de efetivo que traga glória ao nome de Cristo.”

Pode ser que você esteja confiando em sua própria sabedoria, e não está repousando no poder capacitador que procede de Deus. Lembre-se que: “A nossa eficiência sem dependência de Deus é apenas deficiência” (Vance Havner). Que sejamos cristãos eficientes na transmissão da mensagem às pessoas ao nosso redor. Que não confiemos em nossa própria sabedoria ou melhores estratégias, pois a nossa suficiência está no Senhor, a quem precisamos recorrer sempre para desfrutarmos de Sua maravilhosa Graça. Que possamos depender sempre do Espírito Santo para execução da obra maravilhosa de anunciar “os louvores do Senhor, o Seu poder e as maravilhas que fez” (Sl. 78.4).


SERMÃO PREGADO DIA 29.02.2012 - CULTO DE ORAÇÃO
MARCOS AURÉLIO DE MELO